segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Com a Cabeça na Lua (antologia)

Sinopse: Em 20 de Julho de 1969, Neil Armstrong tornava-se o primeiro homem a pisar o solo lunar e, consequentemente, o primeiro ser humano a visitar um outro mundo que não a Terra. O feito, desde então inigualado, permanece como o maior desafio tecnológico a que a Humanidade se propôs. Antes, porém, de o Programa Apollo ter proporcionado o célebre pequeno passo para o Homem, um salto de gigante para a Humanidade, inúmeros autores de Ficção Científica - até então considerada um género menor - tinham levado o Homem à Lua pelos mais variados meios e pelos mais diversos motivos.

Opinião: Gostei muito desta antologia. A escolha dos contos está muito boa - está de facto variada e demonstrando diferentes aspectos do sonho de ir à Lua. Gostei muito de quase todos os contos, e apreciei as introduções. Complementam a edição, tal como a biblio/filmografia. Fiquei muito curiosa para ler mais FC, particularmente contos. Posso estar errada, mas fiquei a achar que é um género que se presta muito bem a contos.

O Homem Que Vendeu a Lua de Robert A. Heinlein: Muito engraçado, este conto sobre Harriman, o homem que sonha ir à Lua. Pelo caminho, inventa uma enxurrada de esquemas para garantir lucro com a empreitada, mas lá consegue pôr a humanidade a sonhar com o feito. Com um final ligeiramente amargo.

Uma Vez em Volta da Lua de Vic Phillips: Perdi-me um pouco com todos os tecnicismos, mas chamou-me a atenção para todos aqueles que fazem feitos extraordinários e não ficam para a história.

Tendências de Isaac Asimov: Adorei a caracterização deste mundo em que a ciência está pela hora da morte e o fanatismo religioso quase condena a tentativa de um homem para ir à Lua. E a reviravolta final fez-me rir.

Destino: Lua de Robert A. Heinlein: Aqui é a burocracia que quase enterra a ida de quatro bravos à Lua. Conseguem partir, mas já na Lua confrontam-se com a dificuldade de voltarem à Terra sãos e salvos. Acaba numa nota esperançosa, sem no entanto sabermos o que foi feito destes quatro homens.

Umas Férias na Lua de Arthur C. Clarke: Neste conto já existem colónias na Lua, nas quais estão instalados principalmente cientistas. Acompanhamos a família de um dos cientistas na sua visita à Lua, particulamente sob o ponto de vista da filha mais velha do cientista. Bónus por estar escrito no ponto de vista de uma rapariga; como é mencionado na introdução, dirige-se claramente a chamar a atenção das raparigas para este assunto.

Heróis Relutantes de Frank M. Robinson: Destaque para a caracterização dos homens que foram forçados a fazer sacrifícios em nome de um bem maior. Fiquei mesmo preocupada com o que fizeram ao personagem Chapman; no entanto, o início e o final do conto, a itálico, deixam entrever um final mais feliz que o próprio conto.

A Luz de Poul Anderson: Este conto é dominado pelos medos da Guerra Fria de quem chegaria primeiro à Lua. Achei absolutemente hilariante a revelação final de quem seria o "artista" a chegar à Lua primeiro que os Americanos.

Passeio Lunar de H. B. Fyfe: Uma exploração lunar corre mal, com apenas um dos quatro tripulantes do Tractor Um a sobreviver. Muito interessante e verídica a descrição do seu retorno à base lunar. Entretanto na base todos se preocupam com a tripulação, especulando sobre o que terá acontecido. Na base está também a mulher de um dos tripulantes, mas o escritor só nos diz de qual (dos mortos ou do vivo) quase no final, deixando-nos em suspenso (grrrr).

Poeira Lunar, Aroma de Feno e Materialismo Dialético de Thomas M. Disch: Escrito da perspectiva de um astronauta que não poderá regressar à Terra, confrontando-se com a sua mortalidade nos seus últimos minutos de oxigénio. Muito triste. Deixo dois trechos do conto:

"E se tivesse realmente sido bem sucedido? E se se tivesse mesmo tornado um herói? Teria isso alterado o facto de que tinha de morrer, e de que, perante a morte, nada é glorioso, nada é orgulhoso, nada tem valor a não ser um pouco mais de vida, mais uns segundos, mais um fôlego?"
"Depois morreu e, embora não o soubesse, nunca há uma boa razão para morrer."
Requiem de Robert A. Heinlein: Voltamos a encontrar Harriman em idade avançada, a tentar cumprir o seu sonho: ir à Lua.

Páginas: 416
 
Editora: Saída de Emergência
 
Tradutores: Mário Matos, João Seixas, José Saraiva, Sofia Moreiras
 
Organização e Notas: João Seixas

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