Sinopse: Rio Mississípi, 1857. Abner Marsh, respeitável mas falido capitão de barcos a vapor, é abordado por um misterioso aristocrata de nome Joshua York que lhe oferece a oportunidade única de construir o barco dos seus sonhos. York tem os seus próprios motivos para navegar o rio Mississípi, e Marsh é forçado a aceitar o secretismo do seu patrono, não importando o quão bizarros ou caprichosos pareçam os seus actos.
Mas à medida que navegam o rio, rumores circulam sobre o enigmático York: toma refeições apenas de madrugada, e na companhia de amigos raramente vistos à luz do dia. E na esteira do magnífico barco a vapor Fevre Dream é deixado um rasto de corpos... Ao aperceber-se de que embarcou numa missão cheia de perigos e trevas, Marsh é forçado a confrontar o homem que tornou o seu sonho realidade.
Opinião: Esta, mais que uma história de vampiros, é uma imagem vívida do rio Mississipi numa época muito concreta - a dos barcos a vapor, em meados do século XIX. Melancólica mas nada datada - não se nota que foi escrita há quase 30 anos, a não ser por não cair nos clichés vampíricos que por aí andam. Fico satisfeita por o Martin ser capaz de nos dar uma boa história além das Crónicas de Gelo e Fogo.
Os personagens em si são absolutamente deliciosos, muito à Martin. Por um lado temos Abner Marsh, um verdadeiro homem do rio, cuja única paixão na vida foram os barcos a vapor, mas também muito leal e perspicaz. Do outro Joshua York, o vampiro inteligente, culto, idealista e carismático, que oferece a Marsh o sonho de uma vida: a compra de uma parte da sua companhia de barcos e a construção de um barco a vapor grandioso.
A terceira ponte do triângulo de personagens principais é Damon Julian, o vampiro mais antigo, desinteressado, verdadeiramente "morto", apenas ligando a quando fará a próxima refeição. É também de louvar o escritor pelos vampiros que cria. Tanto a mitologia vampírica me parece original, como pude reflectir na condição vampírica e nos conceitos de bem e mal.
Um livro interessante, válido por si só e capaz de interessar quem ainda não tenha lido Martin, mas também uma bela sobremesa para quem espera que o escritor termine o próximo livro das Crónicas.
Título original: Fevre Dream (1982)
Páginas: 400
Editora: Saída de Emergência
Tradutora: Ana Mendes Lopes
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