sábado, 6 de julho de 2013

Espera por Mim, Gayle Forman


Opinião: Imagino que não tenha escapado a ninguém que andou a suspirar por este livro 2 (como eu) ou 3 anos a ironia de a sinopse do mesmo mencione que se passaram 3 anos desde Se Eu Ficar, o mesmo intervalo que decorreu entre a publicação do primeiro e segundo livros da série em português. Não se compreende, e é inaceitável, tal lapso de tempo entre ambos os livros. Mas pronto, a editora é a Presença, que anda a publicar os livros das Princesas de Nova Iorque, da Anna Godbersen, ou a trilogia da Gemma Malley, com 2 anos de intervalo. Pelo menos espero que não seja mais que isso... acho que não aguento se o ultimo da Anna Godbersen não for publicado este ano. Já andava a namorar edições em inglês para este livro nos últimos tempos, e às tantas terei de fazer o mesmo com o Splendor.

Como mencionei, li o primeiro livro, Se Eu Ficar (SEF), há 2 anos. Devido ao longo intervalo, creio que alguns pormenores estavam esquecidos, mas Espera por Mim (EPM) faz um bom trabalho em ajudar o leitor a relembrar o mais importante com a sua narração. E são dois livros bem diferentes. O SEF era tão triste, e tremendamente emocional, sobre perda e luto, aceitação e vontade de viver, e é um livro que pede um pacote de lenços a jeito, porque a história e a jornada da Mia provavelmente vão fazer chorar.

Este é um pouco mais subtil e cru, e de certo modo muito mais doloroso, porque não permite exteriorizar emoção da maneira como o SEF faz. Narrado por Adam, cedo se percebe que os acontecimentos do SEF tiveram um efeito grandioso e horrendo sobre ele, directa e indirectamente, através do luto pela família de Mia e pelo ruir da relação dos dois. Quebrado, e funcional apenas por um fio, arrasta-se pela sua vida como um fantasma, assombrado pelo passado.

E consegue-se sentir o seu sofrimento, que salta vividamente da página e nos deixa a questionar o que o deixou neste estado. Apertou-me o coração vê-lo assim, e ainda mais ao perceber tudo o que aconteceu. Foi muito interessante perceber que deitou cá para fora parte desse sofrimento escrevendo um álbum inteiro de músicas, e que foi esse álbum que levou a sua banda ao estrelato. E ver como essa situação ajudou a deixar o Adam ainda mais num farrapo.

É claro que no dia relatado por Adam, um dia confessional e reflectivo, acaba por se cruzar com a Mia. E ao percorrerem juntos as ruas da cidade, revêem o que correu mal, o que fizeram e deixaram de fazer. E partiu-me o coração outra vez, ao ver como se magoaram um ao outro depois duma situação trágica, em que precisavam de apoio mútuo, e ao ver o quão dessincronizados estavam, este casal adorável e aparentemente sólido.

Precisavam ambos deste encontro. Para fazer as pazes, para se curarem, para encontrar alívio. Não sei se posso defender que a separação de 3 anos lhes tenha feito bem. Não consigo defender algo que lhes tenha trazido tanto sofrimento. Suponho que posso dizer que os 3 anos fizeram deles pessoas diferentes, que cresceram, e que estão num ponto em que novas possibilidades se abrem para eles.

O final é relativamente aberto, mas sugere um final feliz. Agrada-me. Não é possível fingir que o que está para trás não aconteceu, mas há cura e há evolução, e isso promete que as coisas sejam diferentes e melhores desta vez. É tudo o que peço para ambos - dois personagens que me emocionaram e cativaram tanto ao longo dos dois livros -, que tentem ser felizes.

Título original: Where She Went (2011)

Páginas: 216

Editora: Presença

Tradução: Maria Georgina Segurado

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