sábado, 26 de abril de 2014

Quando Aqui Estavas, Daisy Whitney


Opinião: Este é um livro sobre luto, sobre fazê-lo, sobre compreender as razões que levam alguém, e as razões para ficar. Danny Kellerman terminou o secundário, e a sua mãe não está cá para a sua cerimónia de graduação, como tinham projectado. A sua batalha contra o cancro terminou dois meses antes.

No início do livro Danny está envolto numa nuvem de tristeza, fúria, e desprezo. Faz um monte de asneiras só porque pode, porque ninguém está responsável por ele, e ninguém está para o responsabilizar pelas asneiras que faz. (O pai morreu 6 anos antes.) A mãe morreu antes de o poder ver graduar-se, Danny tem de lidar com heranças, contas e investimentos, e bens pessoais, entre os quais as perucas da mãe, e a rapariga da sua vida terminou com ele no ano anterior, de modo abrupto.

É interessante, ainda que exasperante, ver as reacções do Danny no início do livro. Dominado pelo luto e pela dor, faz um monte de porcaria que me fez revirar os olhos pela infantilidade de algumas coisas... mas consegui compreender o porquê de o fazer. Era a sua maneira de exprimir a dor, um comportamento bastante típico de um miúdo, e acabou por gerar um momento engraçado, o discurso de final de ano que o Danny fez.

Tenho de reconhecer, a voz narrativa que a autora usa evoca bem um rapaz de 18 anos. Combina bem aquele quê de honesto (diverti-me com a sua avaliação de que não terá sido um bebé planeado), irritante, pouco subtil (é um rapaz de 18 anos, afinal), emocionalmente confuso, e a tentar evitar determinadamente a dor. E é por isso que gostei de acompanhar a sua evolução ao longo da história. O Danny vai para o Japão tentar compreender os últimos dias da mãe, para se sentir mais perto dela e fazer as pazes com a sua morte.

Achei fascinante conhecer um bocadinho do Japão pelos olhos de um visitante frequente, e apreciei a viagem do Danny pelos últimos dias da mãe. Grande parte das coisas que ele tinha de descobrir e perceber eram claras à partida para mim, mas não foi por isso que ver o Danny percorrer esse caminho se tornou aborrecido.

Parte do interesse da história prende-se não só com o que Danny compreende acerca da mãe, mas com as pessoas da vida dele, e um novo entendimento que ele ganha acerca delas. A Laini, irmã adoptiva e afastada da família desde que o pai morreu, ganha dimensão com a razão do seu afastamento, algo emocional e relacionada com a procura das suas raízes. A Holland, a ex-namorada que continua a aparecer, sempre presente, cujo afastamento me parecia tão estranho e ridículo até conhecer as razões que tinha, que são de partir o coração.

Outros personagens secundários contribuem para a história, marcando-a. A cadela Sandy Koufax, parte irrevogável da vida do Danny, que o acompanhou em tudo. A Kate, amiga da mãe de Danny e mãe de Holland, uma mulher determinada mas incapaz de lidar com um Danny em luto. A Kana, a miúda japonesa que acompanha Danny por Tóquio, a qual eu adorei pela sua irreverência.

Creio que algumas das minhas partes favoritas da narrativa são aquelas que têm os flashbacks da vida de Danny com a família. Deram a conhecer melhor a sua história, permitindo dar dimensão à carência que sente, permitindo compreender o seu processo de luto. É uma boa maneira da autora permitir ao protagonista fazer as pazes com a dor que sente por todos os abandonos que sentiu nos seus curtos 18 anos.

É um livro bonito e simples, uma história coming of age sobre luto e sobre continuar a viver depois da perda. Deixou-me curiosa acerca da autora.

Título original: When You Were Here (2013)

Páginas: 244

Editora: Asa

Tradução: Inês Castro

4 comentários:

  1. Quero muito ler este mas não consigo abstrair-me desta capa horrorosa :P

    espero um bom YA mas o que queria mesmo era a continuação de o Tempo entre nós, buhh :(

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    1. Lol, eu passava bem sem o Justin Bieber na capa, lá isso é verdade. xD Honestamente, o rapaz parece demasiado novo para dar um Danny convincente. :/ Mas tapemos a capa com qualquer coisa, nem que seja papel de jornal, que o conteúdo até é giro. ;)

      Ehhh que saudades do Tempo Entre Nós, realmente bem que merecíamos a sequela... :/

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    2. O Justin Bieber?????
      O rapaz da capa não é nem se parece nada com ele...

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    3. Caro Anónimo, sei perfeitamente quem é o Justin Beiber. Estava a fazer uma comparação, não sei se percebeu... quanto ao achar ou não que o rapaz da capa se parece com ele, lamento, é a minha opinião. Concordemos em discordar, sim?

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