domingo, 26 de julho de 2015

Curtas: mais BD, parte II

Fatale - Volume Dois: O Negócio do Diabo, Ed Brubaker, Sean Phillips
Neste volume, a acção principal passa dos anos 50 para os anos 70, mudando o tom do policial noir com polícias corruptos para o horror insidioso com uma dose de loucura e drogas do meio Hollywoodesco. Josephine entrincheirou-se em casa, escondida do mundo, em parte para evitar aqueles que a perseguem, em parte para evitar levar tragédia a mais vidas, como o seu percurso tem feito até agora.

Pelo meio, temos algumas páginas a desenvolver o percurso de Nicolas Lash no presente, enquanto continua a investigar Josephine e a sua relação com Dominic Raines, um amigo do pai. Nicolas fica cada vez mais obcecado com a sua demanda, mesmo tendo-se cruzado apenas por momentos com Jo, o que mostra a capacidade dela de influenciar os outros.

Ok, este foi um livro bastante intrigante, os autores conseguem escrever e desenhar a história de modo a manter o meu interesse, graças a todo o mistério em torno da Josephine, e ao pendor sobrenatural e de horror da narrativa. No entanto, este é muito claramente um volume de ligação, um em que ainda se apresentam mais perguntas que respostas, o que me frustra um pouco, porque nem um véu sequer é levantado acerca da origem da Jo, apenas nos é mostrado mais do conflito que ela tem com os seus antagonistas.

Ora sem contextualização do conflito torna-se difícil compreender ou preocupar com o que está a acontecer, é só mais do mesmo em relação ao primeiro volume. Não que a história deste volume não tenha qualidade mesmo assim, mas gostava que o decorrer das coisas avançasse um pouco mais depressa.

A arte, creio que já o disse, é muitíssimo adequada a evocar um mistério e uma história tão sombria como esta, e cativa-me bastante. Menção ainda para o mini-cliffhanger envolvendo o Nicolas no fim - outro que traz mais perguntas que respostas, mas que é extremamente intrigante.

Oh, céus, este livro/história é tão estranho, com a premissa mais bizarra de sempre, e curiosamente, os autores conseguem fazê-la resultar. É fascinante. Melhor, conseguem expandir a premissa e construir sobre ela, desenvolvendo novos e velhos detalhes que encaixam com o que sabíamos anteriormente, e que complementam este mundo.

Portanto, sim, esta é uma das coisas que apreciei neste volume. Num mundo em que o frango foi banido devido a uma gripe das aves que matou milhões, aparece agora um fruto que cozinhado tem sabor a frango, mas é claro que com a natureza humana pelo meio, as coisas não correm brilhantemente.

Outras coisas a destacar no volume: o sentido de humor. O retorno do antigo parceiro do Tony, o John Colby, e a relação deles. O sentido de humor maluco inerente à premissa daquilo que é Tony Chu. A aparição do irmão dele. Mais categorias de pessoas com relações estranhas com a comida. O retorno de um personagem mencionado no primeiro volume. Toda a loucura na ilha.

Coisas que não são as minhas favoritas: o Mason está desaparecido, à parte de um breve comentário. A sensação de que este é um volume de ligação, de que ainda há muitas perguntas e poucas respostas, de que ainda não temos o panorama geral. E uma certa sensação de homofobia na maneira como o Applebee é caracterização. (Ugh.)

2 comentários:

  1. Fatale é uma das poucas leituras que ando a fazer, gosto muito do que o Brubaker costuma escrever e adoro a arte do Phillips. Tony Chew não me tinha prendido a atenção mas ando a descobrir que toda a gente gosta, não adivinhava que o livro ganhasse tanto consenso!

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    1. Cheguei à conclusão que também gosto bastante da maneira como o Ed Brubaker escreve, consegue sempre tornar as coisas tão intrigantes, também tenho adorado ler Velvet. ;)

      Chu é uma surpresa! A premissa é positivamente bizarra, talvez difícil de engolir (heh), mas tem um sentido de humor brutal, e cativa facilmente. Daí o consenso, apesar de tudo. :)

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