domingo, 11 de outubro de 2015

Harry Potter e a Câmara dos Segredos, J.K. Rowling


Opinião: E cá estou eu de volta, a reler o segundo livro da série. Depois de ter lido o primeiro livro o mês passado, achei que me podia dedicar a tempo inteiro à série, tentando reler um livro por mês. (Aparentemente será a primeira leitura de cada mês, mas não faço promessas.)

Ok, Harry Potter sobreviveu ao seu primeiro ano em Hogwarts, e está desejoso de para lá voltar, só para se livrar dos Dursleys. Só que alguém está muito determinado em impedi-lo de voltar à escola, e apesar de retornar com sucesso a Hogwarts, algo terrível se prepara nas profundezas... uma voz sem corpo que só Harry consegue ouvir traz consigo uma série de ataques a alunos que ficam petrificados, e se o mistério não for resolvido, a escola poderá fechar para sempre.

Uma coisa que observei neste livro, e que tenho a apontar (não só aqui mas em toda a série), é o quão divertido é ler sabendo o fim. Tanto no sentido do fim da série, em que sabemos o significado de certas coisas (o diário como Horcrux... e aliás, será que podemos dizer que a Ginny Weasley se esteve prestes a tornar, ou foi-o brevemente, um Horcrux? Inquiring minds want to know.), como no sentido de já saber a solução do mistério. Recordo-me que na primeira leitura estava mesmo investida no desenvolvimento do enredo, em descobrir o que se estava a passar. Ao reler, é mais divertido analisar as pistas, sabendo o que significam.

Outra coisa a destacar é que estes livros têm mesmo uma atmosfera mais juvenil, mas com uma excepção. Têm a saudável desconfiança da autoridade e dos adultos que muitos livros juvenis têm. (O Harry e os amigos têm muita dificuldade em confiar nos professores, o que faz sentido. O Harry nunca conheceu adultos confiáveis, em Hogwarts nem todos os professores parecem ter motivos claros, e num sentido mais geral, esta idade de pré-puberdade não parece ser facilitativa da coisa. Sinto que ao longo da série, quando estão mais à vontade com os adultos que os rodeiam, os nossos jovens estão mais dispostos a não esconder coisas.)

A excepção de que falava ali em cima é que este livro é mesmo sombrio e assustador, especialmente sabendo que tem um público alvo mais novo. As coisas ficaram mesmo sérias mesmo depressa. Um monstro misterioso que anda a petrificar alunos e fantasmas. Adultos que expõem meninas de 11 anos a material muitíssimo perigoso. Um plano que, a ter sido completado com sucesso, teria trazido Voldemort de volta, e dado-lhe a imortalidade, ou algo muito perto disso, de uma nova e inovadora forma, complementar com o uso dos Horcruxes. Acho que não damos o devido crédito a este plano do diário, que é em partes brilhante.

Um último ponto que queria destacar, é que adoro ver quando algo do passado de Hogwarts é desvendado. Desta vez é a história da Câmara dos Segredos, de Voldemort na escola e de como o Hagrid foi expulso. Mas em cada livro, descobrimos um bocadinho mais da escola, e da experiência que outros tiveram com ela, e acho isso fascinante, ver a variedade de momentos diferentes dos do nosso trio maravilha protagonista.

Ah, só mais uma coisinha. Vejo a Presença a fazer novas edições com novas capas, e acho muito bem, mas a preguiça é tanta que nem actualizam o design interior do livro. Vejo a página de título na mesma, com o título no mesmo tipo de letra que havia nas primeiras edições. O que encaixa tanto com a nova capa como uns ténis num evento formal, mas pronto.

Para além disso, ugh, que tradução. Farto-me de ver expressões que soam tão mal, porque foram traduzidas às três pancadas. Uma revisãozinha com o original ao pé já se justificava. Tanta gabarolice na capa sobre estas edições serem comemorativas dos 15 anos da série em Portugal, e nem sequer são capazes de dar uma mais-valia aos fãs e aos novos leitores. As capas são um bom bónus, mas não chegam.

Título original: Harry Potter and the Chamber of Secrets (1998)

Páginas: 280

Editora: Presença

Tradução: Isabel Fraga

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