sábado, 7 de maio de 2016

Curtas BD: Wolverine

Wolverine: Logan, Brian K. Vaughan, Eduardo Risso
Começo a achar que metade da piada do Wolverine é aproveitar a sua vida longa para o colocar em eventos importantes ao longo da história. Certamente, é o que eu acharia e me interessaria se trabalhasse em BD.

Portanto, a premissa é bastante fixe. Qualquer coisa passada na Segunda Guerra Mundial ganha interesse logo à enésima potência, nem que seja para ver como é que o escritor vai incorporar a História na sua história e personagens.

Neste caso, é bastante cativante. O Wolverine é um prisioneiro de guerra em Hiroshima, 1945, o que nos diz logo como é que esta história vai acabar. Foge com outro prisioneiro, mas separam-se quando percebe que este outro prisioneiro é demasiado violento, até para o Wolverine.

A história é curta, mas contém muita coisa. O Logan é acolhido por uma jovem filha de um soldado kamikaze, mas o clima é interrompido pelo outro prisioneiro de guerra, enraivecido e determinado a matar todos os japoneses. Entretanto, a bomba cai, e os resultados não são bonitos, tendo em conta as capacidades do Logan.

A narrativa intercala com o presente, em que o Wolverine, recordando-se do seu passado, vai ao Japão para dar um fecho a esta história. A história é boa, mas a arte ainda é mais fascinante. Consigo definitivamente ver porque é que o artista tem tanta gente a dizer bem dele. Com um tão bom trabalho de luz e sombra, consegue transmitir mesmo bem uma certa atmosfera.

Wolverine: Origem, Paul Jenkins, Andy Kubert, Richard Isanove
Já tinha lido este livro, e até já tenho uma edição anterior em português, da Devir, comprada nos bons velhos tempos em que eu comprava BD em português nas bancas. Acho que nunca mais vou comprar BD naqueles moldes, mas pronto. Tenho pena, porque foi assim que comecei a ler BD.

Bem, acho que o mais interessante na história em mãos é uma certa dualidade sobre o seu propósito. O mundo não precisa necessariamente duma história de origem do Wolverine, ele funciona perfeitamente bem sem ela. Aliás, é provavelmente por isso que se passou tanto tempo sem lhe inventar uma.

Por outro lado, fico com a sensação que os escritores do Wolverine adoram explorar-lhe o passado e inventar coisas que lhe aconteceram, por isso, a inventar algo que seja o início do personagem, prefiro que seja esta.

É que é tão diferente do personagem que conhecemos, que estranhamente, para mim, funciona. O Logan começa como James Howlett, um miúdo enfermo - uma noção hilariante, se pensarmos bem - numa família de posses, num Canada ainda muito inexplorado. Uma tragédia na mansão leva-o e a uma rapariga que trabalhava para a família a fugirem, terminando numa pedreira, onde o jovem James vai crescer e tornar-se em alguém muito diferente do esperado.

Acho que é por isso que resulta. Temos as óbvias referências ao presente do Logan, mas a diferença é suficiente para podermos separar as duas fases do personagem. O enredo tem foco, direcção, e pode ter alguns momentos fracos, mas é cativante o suficiente para manter o interesse.

O melhor de tudo é, claro, o trabalho de cor, que é tão bonito, nada a ver com um estilo mais clássico de BD, mas muito adequado para uma narrativa histórica, e bem, enche o olho.

Wolverine: Origem II, Kieron Gillen, Adam Kubert
Ah, infelizmente esta história não é tão especial como a anterior. Tem menos foco, menos direcção, e não acrescenta nada de novo à história do personagem. Tem algumas menções e ligações ao resto do mundo mutante que virá a acontecer, mas é tudo mais desinspirado, menos vibrante.

O Wolverine começa a história algum tempo depois da anterior, e está literalmente a correr, e a viver, com os lobos. Só que um urso polar manipulado e sanguinário destrói-lhe a "família", o que muda aquilo que se tinha tornado a sua rotina, e aterra com ele... no circo, a fazer de atracção.

Não sei, não me cativou, não me captou a atenção como a anterior. Tem alguns momentos engraçados, como a presença de pessoas com o apelido Creed, só que a revelação é feita tarde demais, e honestamente, aquilo que parte da cena final é que devia ser a história. O personagem apresentado tem um historial tão grande com o Wolverine que isso é que teria interesse explorar.

A arte é bem mais interessante, e tem alguns detalhes giros; reparei que no primeiro número a coloração é um pouco diferente, a puxar mais para a da história anterior, e faz sentido para separar do resto da história, que tematicamente é algo diferente.

2 comentários:

  1. Também comprava a minha BD nos quiosques, como vão longe esses tempos... Por um lado, até me agrada que as edições agora sejam enviadas para livrarias e sejam histórias completas.

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    1. Demasiado longe! Até me sinto velha. xD

      Não desgosto da distribuição em livrarias, mas tenho saudades de haver tanto revistas como livros completos nas bancas. Havia uma sensação de descoberta, de não saber em que livro ia tropeçar... "Oh, isto parece fixe, vou levar." Imagino que é sistema que não seja repetível/reproduzível, mas que saudades...

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