segunda-feira, 30 de maio de 2016

Feira do Livro de Lisboa 2016 - Primeiras Impressões

Tenho a sensação que este é o primeiro ano (é a minha nona Feira) que a perspectiva da Feira me deixa algo... indiferente. Talvez seja finalmente a noção de ter demasiada coisa para ler cá em casa. Talvez seja porque tenho grande parte das novidades que queria, e porque normalmente não é na Feira que rende comprá-las, este ano ainda mais. Talvez já tenha adquirido praticamente tudo o que não é novidade que eu queira, ou tenha conseguido manter a lista de desejos desocupada o suficiente para não haver coisas mais antigas que eu queira.


Mas talvez este ano seja aquele em que eu venha a gastar mais em comida que em livros na Feira. Talvez.

As minhas primeiras impressões da Feira é que todos os anos fazem uma fanfarra a dizer que têm muitas novidades, mas honestamente a mim me parece tudo na mesma. Podem ter umas coisinhas diferentes, e isso pode atrair o público geral. Mas não é por isso que vou lá, e na verdade as coisas parece que cada vez se encaminham mais para eu não ter tanta vontade de lá ir.

Acho que a única boa surpresa que tenho a destacar por agora é o facto de no lado direito (para quem sobe o Parque Eduardo VII), antes dos alfarrabistas, haver uns dois ou três espaços de jogos de tabuleiro e afins. É bastante giro, porque com muitos deles temos o elemento de storytelling, e é um bom complemento.

Cada vez me irritam mais os espaços interiores das barracas em sítios tipo Leya. Podem ser muito úteis por causa do tempo, mas quando está muita gente é horrível, aliás, impossível, de ver sequer os livros. Dá-me vontade de fugir a sete pés. E depois, nestes dias a Leya costuma ter apresentações e concertos e assim, e o resultado é que mal dá sequer para entrar no espaço porque se acumulam ali muitas pessoas. Não é nada convidativo.

Este ano até a Fnac aderiu a esse modelo, e bem, também não gostei. Não dava para ver nada com tanta gente, é um espaço muito pequeno. Até a Tenda dos Pequenos Editores está um horror. Quem é que achou que era boa ideia fazer daquilo um longo corredor estreito com livros dos dois lados? Mesmo quando não está muita gente é impossível passar se pararem duas pessoas de cada lado, mesmo à frente uma da outra.


Outra coisa que me desmotiva para a Feira são as promoções. Dantes ficava superanimada para ir à Feira, ver que havia de descontos e planear as minhas compras; mas a cada ano parece que há menos variedade de ofertas neste aspecto. Agora com a nova Lei do Preço Fixo a apertar mais o cerco, nem sequer dá para aproveitar aquelas promoções tipo "leve 4 pague 3" para comprar novidades, porque as novidades estão automaticamente excluídas de entrar nesse tipo de promoções.

Ai... a vida está mal para quem gosta de ler em Portugal. E até para quem não gosta de ler. Não consigo perceber como é que este tipo de restrições vai ajudar às vendas. Não me parece que vá. Tenho a sensação que este tipo de promoção podia dar um empurrãozinho a quem não compre habitualmente livros, para comprar a quantidade de livros certa para usufruir da promoção.

Agora? Mal expressem um interesse num livro levam a resposta "ai, esse não pode ser, está na Lei do Preço Fixo". E depois a razão porque não dá é demasiado complicada para explicar. Qualquer pessoa que trabalhe em vendas nos pode dizer que não se diz a palavra "não" a um cliente, e que promoções com restrições demasiado complicadas vão dar asneira.

Para quem compra muitos livros? Agora compra menos, está claro. Não é com isto que as vendas sobem. 18 meses são uma vida, no mundo da edição, e tanto tempo a bloquear promoções com novidades faz com que fácil e rapidamente certos livros sejam esquecidos. O que é pena.

Enfim. De momento as minhas aquisições reduzem-se apenas a estes livros:

São da Tenda dos Pequenos Editores, e estavam com um bom desconto, a mais de metade do preço, se não me engano. Nem tinha reparado neles da primeira vez que lá passei, tal era a quantidade de gente lá dentro. Mas tenho estado a apostar na banda desenhada, e tendo em conta que têm um par de criadores com que estou familiarizada e me deixam curiosa, foi mesmo de trazer para casa. Já me fazia falta esta sensação de "tenho mesmo de ter".

E pronto, vamos lá ver o que mais a Feira me traz. Não estou com grandes expectativas, por isso estou sempre a jeito para ser surpreendida.

5 comentários:

  1. Li isto no site da Apel: "Também de volta, está uma ação muito apreciada entre os visitantes das edições anteriores da Feira: a HORA H. Esta é uma excelente oportunidade para comprar livros fora dos 18 meses do preço fixo, com o mínimo de 50% de desconto nos pavilhões dos participantes aderentes. A HORA H inicia-se no dia 30 de maio e realiza-se de 2.ª a 5.ª feira durante a última hora da Feira (22h00 às 23h00)."

    Porém, desconheço os "aderentes" e suponho que isto só é fixe para quem vive perto da feira!

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    1. A Hora H não é propriamente uma novidade, já tem havido noutros anos, mas uma coisa se mantém de ano para ano: a falta de divulgação atempada. Creio que os participantes só saíram no dia, o link está aqui.

      É um bocado chato ser ao fim do dia, é mais fácil para quem, pelo menos, vive em Lisboa e se consegue deslocar sem problemas ao Parque Eduardo VII. E mesmo assim, é um jogo de sorte. Algumas editoras são justas e levam à letra - todos os livros com mais de 18 meses contam -, outras são mais criativas nessa interpretação. :S

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  2. É mesmo triste, honestamente isso de não valer a pena esperar pela Feira para comprar um ou outro livro a melhor preço foi o que me começou a desmotivar, ao ponto de já não ir a uma Feira do Livro há anos, ao ponto de passar por lá por acaso e nem parar porque sabia que não valia a pena.
    Da última vez que ia com intenções de comprar um livro era para oferecer a uma amiga mas depois nem o comprei lá porque o livro que eu queria estava a melhor preço na FNAC, em melhores condições na FNAC (deviam ter mais cuidado com os livros na Feira, a sério, especialmente se há poucos exemplares em exposição), e na feira nem sequer me faziam um embrulho. Portanto, não havia uma misera vantagem de comprar o livro lá. Deprimente. -_-
    (É mais deprimente ainda quando lês sobre a BEA ou sobre os ene eventos em que os americanos conseguem livros a preços fantásticos e até de borla e portanto conseguem trazer caixotes de livros para casa. Eu sei que é um bocadinho injusto comparar os mercados mas ora bolas será que as editoras tugas não faziam dinheiro se baixassem os preços, será mesmo? custa-me acreditar que é preciso vender capas moles a €20 para dar profit.)

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    1. É realmente triste. Dantes ficava superanimada para a Feira, livros a perder de vista, boas oportunidades... Agora? Enfim...

      Essa questão da Fnac é particularmente hilariante se pensares que a Fnac é um intermediário de venda, e tem uma margem do PVP que lhe dá lucro; ou seja, uma quantia que as editoras, vendendo directamente na Feira, podiam dispensar, nem que fosse em parte, para captar o cliente. Mas se calhar o cliente que lhes interessa captar, aquele que não compra muitos livros, também não olha a essas coisas...

      É claro que nós que compramos muito acabamos por ter cada vez menos benesses por ser clientes fiéis... o que dá cabo da parte do clientes fiéis.

      A barreira dos vinte euros é complicada. Se é para dar esse dinheiro, ao menos que seja por um HC em inglês dos grandes dum autor muito conhecido, ou assim. Às vezes vê-se livros minorcas e já nos pedem um balúrdio, o que não faz sentido nenhum... e assim se vai perdendo a vontade de comprar/ler em português.

      Ah, o BEA e afins. Quando for grande quero ir viver para os EUA e ir a coisas destas. xD Bem sei que nestas alturas muitos dos livros estão em ARC, mas seria bom poder ler antecipadamente certas coisas, que é outro conceito que é praticamente desconhecido cá.

      Bolas, entre as duas, estamos mesmo desiludidas com o estado de coisas, não estamos? :/

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    2. Nunca tinha pensado nisso mas realmente é uma boa observação, se calhar a Feira nem é bem para o pessoal que compra e lê muitos livros durante o ano todo, mas mais para o pessoal que lê muito menos e lá vai para basicamente fazer as suas compras de livros para o ano inteiro e nem reparam se os livros estão mais baratos aqui ou ali. Faz algum sentido.

      Pois, parece que sim. Já me chateou mais, agora é só mesmo aquela coisa de pensar, até ia à Feira mas para quê? -_-

      Bem, pelo menos está bom tempo, parece que pela primeira vez na vida não vai chover durante a feira xD

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