segunda-feira, 31 de julho de 2017

Este mês em leituras: Julho 2017

Que mês. A procrastinação esteve em alta. Andei a adiar algumas opiniões, e mesmo no que toca a leituras, tive muitos dias em que andava entretida com outras coisas (opiniões em atraso incluídas), entre terminar um livro e começar outro. Além disso, li menos este mês por culpa do calhamaço da Cassandra Clare, mas por esse foi um sacrifício feito com gosto. Em Agosto julgo (espero) que as coisas correrão melhor.

Livros lidos


Opiniões no blogue


Os livros que marcaram o mês

  • A Única Memória de Flora Banks, Emily Barr - gosto mesmo do que a autora faz com a premissa, a caracterização dela duma personagem com amnésia e incapacidade de fixar memórias de curto prazo é incrível;
  • A Química dos Nossos Corações, Krystal Sutherland - simples, mas tão giro e tão emocionalmente honesto;
  • Lord of Shadows, Cassandra Clare - porque eu gosto de sofrer, e esta senhora gosta de torturar os seus leitores, e lá passei mais uma montanha russa de emoções e drama, e foi tudo tão fantástico e delicioso e tortuoso, e aquele final é de morrer e chorar, e tenho vontade de me trancar no quarto e enroscar-me numa bola e não sair de lá até daqui a dois anos quando o próximo sair;
  • Luz e Sombras, A Casa de Gaian, Anne Bishop - nunca tinha continuado a série porque achei um aspecto do primeiro livro ligeiramente frustrante e isso desmotivou-me, mas corrigi isso este mês, e ainda bem, porque a Anne escreve de maneira deliciosa e os temas dos livros são tão actuais, e tão de encontro aos meus interesses actuais que foi brilhante lê-los e identificar-me com a maneira como ela desenvolve o enredo; além disso, adoro o worldbuilding dela, e os personagens dela são fantásticos, especialmente as mulheres, e adoro o sentido de humor dela, fabuloso.

Outras coisas no blogue

  • Nop, nada, nothing, rien, niente.

Aquisições

Estou a tentar perceber se esta pilha se deve a poucas compras ou se se deve simplesmente a um grandessíssimo problema dos entregadores de encomendas-que-já-deviam-ter-chegado em fazer de facto o seu trabalho e, bem, entregar as ditas cujas.

(Primeiro os CTT devem ter-me perdido dois livros do Book Depository, já passaram cerca de 38-40 dias para um e 28-29 para o outro desde o envio, e nada. Note-se que os dois livros em inglês aqui na foto foram enviados pelo BD a meio do mês, e milagre! chegaram em duas semanas. Portanto... yeah.

Segundo, a entregadora que faz a entrega da colecção Graphic Novels Marvel deve ter um problema com entregar as coisas no meu local de trabalho, todos os meses arrastam os pés até fazerem a entrega no final do mês - o débito directo é feito no início, no entanto -, e este mês nem apareceu. Podem crer que nunca mais faço uma colecção por fascículos se este pessoal estiver envolvido. Não estou nada impressionada com o trabalho deles.)

De qualquer modo o mês realmente não se prestou a muitas aquisições. Não há livros em inglês a sair de autoras/séries que sigo, as colecções de BD que andava a fazer já terminaram e as que estão a decorrer agora não me cativaram... enfim. Um mês sossegado para poder ir à TBR pescar livros.

Os dois livros em português foram comprados com dinheiro em cartão, os dois em inglês são para o desafio Meg Cabot que ando a fazer.

A ler brevemente

Bem, é isso mesmo. Adoraria ler os livros que me falta receber do Book Depository e que estão em parte incerta, mas isso dependerá de muita coisa. Fora isso, tenho dois livros para ler para o desafio Meg Cabot, e 99 Dias pareceu-me bem interessante, por isso estou curiosa.

domingo, 30 de julho de 2017

A Química dos Nossos Corações, Krystal Sutherland


Opinião: Uau. Pensei mesmo que este ia ser um John Green-wannabe (tenho tido alguma sorte ou azar ultimamente com esses); felizmente, é muito mais (e melhor) que isso. É espantoso que este seja o primeiro livro publicado da Krystal; mas ao mesmo tempo, acabo de reparar que ela é australiana, e bem, todos os autores australianos em que pus as mãos têm sido extraordinários, primeiro livro ou não. Portanto, já não estou espantada. É claramente algo que os australianos metem na água.

Henry Page é o protagonista desta história. É um miúdo inteligente, divertido, geek, relacionável e observador. Tem maturidade suficiente para apreciar ver os pais apaixonados, mas é inexperiente romanticamente. Nunca teve uma relação séria.

No primeiro dia de escola, conhece Grace Town. A Grace é uma moça estranha, usando roupas que não são dela, usando uma bengala para ajudar com um problema na perna, mantendo-se à distância e evitando tudo o que a obrigue a envolver-se mais com os outros.

O Henry fica encantado e intrigado: ela tem todo o tipo de comportamentos estranhos mas ele fica interessado em desvendar o mistério que é Grace Town. No entanto, eles têm as mesmas referências culturais, gostam das mesmas coisas, entendem-se bem... resultado: ficam cativados e entram numa relação.

Como disse, pensei que este livro ia tentar emular o estilo Greeniano, mas ainda bem que é a sua própria coisa. É uma história incrivelmente interessante: tem humor e momentos tristes, boa escrita e bom timing, e o melhor de tudo - é emocionalmente honesto e credível, examinando a relação dos dois personagens e mostrando porque/porque não funciona.

Diria que a Grace tem muita bagagem emocional e não está preparada para estar numa relação, e definitivamente não numa com alguém tão inexperiente. Precisa de tempo para fazer o seu luto, voltar a abrir-se ao mundo e deixar de distorcer o que a rodeia, as intenções dos outros e o que esperam dela e o que espera dos outros.

O Henry... bem, como disse, não está no lugar ideal para ser um parceiro para a Grace. É a sua primeira relação séria, ainda tem uns óculos cor-de-rosa, e não tem nem de perto a experiência emocional para cuidar dela e deles os dois. Ele encanta-se com a Grace de agora, isso acredito, mas quando descobre quem ela era é-lhe difícil não desejar que ela volte a essa sua versão. Queremos o melhor para os que amamos, e a Grace de agora não está no melhor dos lugares.

Isso não é errado, mas todos temos a nossa maneira de processar as coisas, e desejar que ela volte a esse ponto é pressioná-la quando ela não se sente preparada para caminhar na direcção da recuperação. Em suma, eles são pessoas em pontos diferentes da vida, e é isso que cria a incompatibilidade entre eles. Aprecio a Krystal por observar a relação deles sob uma lente tão honesta. Às vezes as coisas não resultam, e ninguém tem a culpa.

Adorei o elenco de personagens secundárias. Os pais do Henry e a irmã Sadie são tão divertidos e têm uma relação gira com ele, sempre a meter-se com ele, mas mantendo-o debaixo de olho. (E o terror que a Sadie era quando andava na escola secundária dele! Hilariante.) E o grupo de amigos que o Henry tem, o Murray e a Lola, são amorosos. Tão refrescantes e credíveis como adolescentes, com as suas idiossincrasias, e o tipo de gente que devia vontade de serem nossos amigos. E adoro a nova adição ao grupo, a Maddy.

Quanto ao final, aprecio-o muito pelo que é. É honesto, e termina numa boa nota. Num livro que foi realista no decorrer do enredo, sinto que também o foi no final. Foi, em suma, o tipo de livro que me faz querer seguir um autor. Krystal Sutherland, estás na minha lista a seguir.

Título original: Our Chemical Hearts (2016)

Páginas: 280

Editora: Porto Editora

Tradução: Paulo M. Morais

sábado, 29 de julho de 2017

A Única Memória de Flora Banks, Emily Barr


Opinião: Flora Banks tem amnésia. É incapaz de formar novas memórias: tudo o que vive desaparece após umas horas. Mantém as suas capacidades cognitivas, mas é um pouco difícil ser independente quando nem se lembra que ainda não comeu, não é? Bem... errado. O problema da Flora é definitivamente uma desvantagem, e será frustrante para ela e para os que a rodeiam, mas a Flora é uma personagem deliciosa.

Pois a Flora é resiliente e inteligente, e muito capaz. E tem uma doçura e candidez naturais que encantam toda a gente. É amorosa, e apaixonada, e fabulosa. Criou uma série de mecanismos para se ajudar a recordar do essencial, como escrever num caderno e fazer pequenas notas escritas nos braços, ou distribuindo post-its em seu redor. 

Um dia, Flora e os amigos estão a fazer uma festa de despedida para o futuramente-ex-namorado da melhor amiga, que se vai mudar. E ele e a Flora beijam-se. Problemas morais à parte, essa é uma memória que fica, a única que fica num mar de memórias que se lhe escapam entre os dedos. E Flora fica fixada nela.

E apesar de o conteúdo da memória dirigir as acções da Flora no decorrer da acção, não é propriamente o mesmo que a guia. É mais o facto de a ter. Pois isso causa uma impressão nela que parte à aventura, procurando ver uma parte do mundo tão diferente; a sua incapacidade dificulta-lhe as coisas, mas a sua resiliência fá-la conquistar os obstáculos mais simples que se lhe põem.

Uma das coisas que apreciei na história e na escrita é a maneira como a autora escreve esta personagem com amnésia. A narrativa é algo fragmentada, com muitas repetições de acções e pensamentos, e por vezes alguns saltos temporais. Pode parecer aborrecido, mas faz incrivelmente sentido para manter o leitor no escuro, tal como a Flora.

Outra coisa a destacar é a dinâmica familiar da Flora. Ela tem um irmão, que está afastado por certas e determinadas razões, e os pais escondem uma coisa que pode afectar a saúde da Flora - e cuja revelação me lembrou de um outro livro que já li este ano. (Se bem que aqui a mentira faz mais sentido e não me fez comichão: a evolução da revelação é natural e credível.) É um pouco distorcida, a dinâmica entre eles, mas assim que descobrimos a verdade, faz muito sentido.

E pensar no mundo que se estende perante a Flora, as oportunidades que terá, é bastante recompensador. Gosto de pensar que o mundo está a seus pés. Pois este é um livro que não é convencional em muitas coisas, e não termina de forma convencional: o que é melhor ainda, pois não infantiliza uma personagem como a Flora e confia nas suas capacidades, e eleva-a a tudo o que ela pode fazer. É inspirador.

Título original: The One Memory of Flora Banks (2017)

Páginas: 288

Editora: Topseller (20|20)

Tradução: Ana Mendes Lopes

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Curtas BD: Graphic Novels da Marvel, vols. 36, 39-41

Deadpool: A Guerra de Wade Wilson, Duane Swierczynski, Jason Pearson
Bem, isto é interessante. E estou a falar a sério, ao contrário do Deadpool. Apreciei bastante o estilo de história, uma narrativa fragmentada com um narrador inconfiável, que nos faz questionar a sua realidade (ou a nossa) - quase ao estilo Inception.

É também refrescante ler uma história tão divertida/com um sentido de humor fantástico, meio retorcido e mórbido; e com violência a rodos, da qual não se desculpa. Além disso, aprecio a história por funcionar como uma espécie de introdução ao personagem, fornecendo uma possível história de origem para ele.

A história extra contida no volume é do mesmo argumentista e é sobre o Deadpool vender a sua história a Hollywood... que, expectavelmente, a retorce toda para a tornar mais vendável/palatável aos espectadores. O protagonista tem duas reacções: uma na cabeça dele (que é surpreendente), e outra na vida real (que é surpreendentemente emocional). Cativante.

Terra das Sombras, Andy Diggle, Billy Tan
Já li, e já opinei aqui. Volto a repetir-me, acho uma premissa francamente interessante. Pela carga religiosa que o personagem tem, é fascinante vê-lo fazer coisas cada vez mais moralmente "más", uma queda de graça profunda que o aterra no fundo do poço.

Contudo, entristece-me pensar que a responsabilidade pessoal do Matt nas suas acções é subvertida pelo facto de estar, essencialmente, a ser controlado por outra entidade. Acharia muito mais interessante tê-lo ver enterrar-se no buraco cada vez mais, justificando coisas cada vez piores, e depois ter uma história em que lida com a sua culpa e tentar perdoar-se pelas suas acções. (Bem, a história existe, mas não é especialmente boa, e é diminuída por este problema.)


Vingadores: A Cruzada das Crianças, Allan Heinberg, Jim Cheung
Esta, por sua vez, foi tão cativante. É uma premissa aparentemente simples: dois dos Young Avengers, Veloz e Wiccano (mais este), querem encontrar a Feiticeira Escarlate. A coisa complica-se quando descobrimos que desconfiam ser os, erm, filhos espirituais da Feiticeira, aqueles que morreram algures e deram cabo da sua mente ao ponto de ela criar a cronologia House of M, e depois destruir a população mutante, retirando os seus poderes a uma larga percentagem deles.

A história intrigou-me e cativou-me por expandir eventos passados que tinha acompanhado com interesse, como a House of M, e toda a coisa de não haver mais mutantes, o que sempre achei preocupante (quer dizer, podemos argumentar que além de matar Vingadores, ela terá matado um sem-número de mutantes que dependia da sua mutação para sobreviver no mundo); isto dá um fecho, uma sensação de resolução à história - sempre achei que a Feiticeira não tinha expiado esse "pecado", e pelo menos essa história corrige isso e coloca-a num ponto em que quer procurar uma espécie de redenção.

Além disso, adoro os Young Avengers e divirto-me sempre a ler uma história deles. Esta não fica atrás - é boa, cativante, com bom ritmo, e cada vez mais complexa. Não me fez odiar ninguém dos envolvidos, o que não seria o caso com outros eventos como House of M, ou AvX. (Gosto contudo de como as coisas estiveram encadeadas nos eventos até AvX - consegue-se ver como umas histórias evoluem para as outras, e a evolução faz sentido. Não sei se é o caso nos "eventos" que a Marvel anda a deitar cá para fora agora.)

Hulk: Destruição Total, Jeff Parker, Gabriel Hardman, Ed McGuinness
Já disse aqui várias vezes que o Hulk é personagem que não me assiste, perdão, que não me cativa, ou que raramente conseguem escrever de forma a cativar-me. Contudo, esta é uma história que eu posso apreciar, nem que seja pela ironia.

Ora o General Ross, que tantos anos perseguiu o Hulk, é ele agora também um Hulk, o Red Hulk. A ideia em si é hilariante, pela forma obsessiva com que ele o fazia. Mas também achei divertida a ideia de como Red Hulk, ele ter feito asneiras desde o início, e neste volume ter de pagar - o Red Hulk é obrigado a cumprir missões nesse sentido, e é emparejado com personagens que sistematicamente querem dar cabo dele, devido a esses eventos. Pronto, e é uma narrativa que permite expandir-lhe um pouco a mitologia, e permite-me gostar do personagem em toda a sua resmunguice.

A história final é tão engraçada (e nada tem a ver com o resto), por obrigar o Hulk e o Red Hulk a trabalharem juntos duma forma inusitada. Hilariante.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Meg Cabot: Vanished, books 1 and 2

When Lightning Strikes / Code Name Cassandra

Páginas: 560 (edição omnibus)

Editora: Simon Pulse

Sempre tive muita curiosidade em ler esta série, mas como era mais antiga nunca tive a oportunidade, porque encontrar edições antigas é um aborrecimento até mais não. Mas estou muito contente por finalmente ter tido a oportunidade.

Porque a premissa é giríssima e tão interessante. A Jess é uma miúda normal até que um dia, a caminhar com a amiga para casa, refugia-se debaixo dumas bancadas para fugir a uma tempestade... é claro que o resultado seria ser atingida por um relâmpago. O que ela vai descobrir é que o relâmpago lhe deu poderes psíquicos: vê a foto dum miúdo desaparecido antes de dormir, sonha durante a noite com o seu paradeiro, e quando acorda sabe, simplesmente sabe, onde a criança está.

Uma das razões pela qual gostei tanto é a Jess. É uma heroína/protagonista e tanto; a Jess está sempre em sarilhos, sendo rápida a agir com os punhos e tendo uma queda para reagir impulsivamente e afogueada pela raiva - teria aquilo a que se chama anger issues. Tem uma queda pela velocidade. É definitivamente a protagonista Cabotiana mais subversiva e menos certinha, o que tem o seu interesse.

O primeiro volume apresenta a premissa, e Jess dá por si descoberta pelo FBI quando começa a telefonar para uma linha de apoio a desaparecidos para dizer onde estão os miúdos. E tenta dar uma hipótese aos federais, mas quando percebe o que eles querem que faça, põe-se na alheta.

É algo de curioso considerar: o livro foi escrito antes do 11 de Setembro e da paranóia terrorista e da privacidade, e por isso os personagens reagem de maneiras que não seriam válidas nos dias de hoje. A Jess de hoje nunca telefonaria de forma a ser tão facilmente identificada à linha de apoio; e também algo na atitude do FBI e dos seus agentes parece um pouco datada. Além disso, a Jess confia demasiado facilmente nos federais. (A Jess hoje seria mais desconfiada.)

O enredo podia ser mais complexo e mais preenchido: há coisas que não funcionam bem como estão escritas, como o facto de a Jess confiar tão facilmente nos representantes do governo, e depois mudar de ideias quase dum momento para o outro, sem explicação convincente na narrativa para a sua mudança de ideias.

Personagens que gostei de seguir: a família da Jess, que a apoia, especialmente o Doug, fragilizado pelos seus demónios, e o pai, que se preocupa com ela sem a atrapalhar; a Ruth, por ser um contraponto engraçado à Jess; e o Rob, o jeitoso por quem a Jess se interessa. (E que também se interessa por ela.)

O segundo volume foca-se numa ida para um campo de férias musical, onde a Jess será uma monitora. No último minuto, fica como monitora de um grupo de rapazes de 10 a 12 anos, e oh céus, é hilariante. Adorei como ela lidou com eles para os manter sossegados. E há um miúdo que lhe dá um trabalho especial por ser um rufiazinho, e é tão hilariante vê-la a dar-lhe a volta e dificultar-lhe o ele andar a fazer asneiras.

Neste volume o FBI ainda anda a segui-la: ela pode ter dito que perdeu os poderes no fim do livro anterior, mas não quer dizer que eles acreditem. E nos entretantos, encarrega-se de encontrar a filha de um senhor que a procurou no campo, por ter sabido das suas capacidades: desconfia-se que a menina foi levada pela mãe; e Jess não resiste a ajudar, especialmente sem antes saber se a menina realmente precisa de ser resgatada.

Neste esforço recruta o Rob para a ajudar, que passa o dia a conduzi-la dum lado para o outro - se isso não é prova do seu interesse por ela... mas eles não podem fazer nada quanto a esse interesse: o Rob já é maior de idade e aparentemente no estado do Indiana uma relação entre um maior de 18 anos e uma menor de 16 é contra a lei. (Ou era na altura. As pessoas naquela altura, no Indiana, andavam porventura à caça de relações ilegais nas escolas secundárias? Estou curiosa para saber que contornos tinha esta lei.)

O final do livro envolve mais uma partidinha do rufiazinho, e a Jess passa por um evolução dos seus poderes. Estou curiosa para ver o que se segue.

domingo, 16 de julho de 2017

The Girl with the Make-Believe Husband, Julia Quinn


Opinião: Ah, simplesmente amoroso. Acho bastante piada a este "truque" do romance, o do falso casamento, por forçar duas pessoas a uma intimidade que de outro modo não teriam, e gostei de como a Julia o explorou aqui.

Cecilia Harcourt acabou de ficar orfã. O pai morreu, deixando-a desamparada, e as suas hipóteses são casar com um primo detestável para poder ficar na casa de família, ou ir viver com uma tia. Num arremedo de coragem, a Cecilia procura outra opção: viaja para a América para encontrar o irmão, Thomas, que foi ferido nas lutas contra os rebeldes independentistas. Só que chegando a terra firme, nem tudo é fácil: o dinheiro está contado e Thomas não se encontra em lado nenhum.

No seu lugar encontra o Edward, amigo do irmão, ferido e inconsciente no hospital; e como não a deixavam vê-lo, a não ser que fosse de família, atreve-se a dizer que é sua esposa. Cecilia sabe que a armação vai acabar mal o Edward acorde, mas aí é que a porca torce o rabo, como o ditado diz: é que o Edward acorda sem memória dos últimos meses, e portanto não faz ideia do que aconteceu ou não entre eles. O balanço é precário: ela ajuda-o a recuperar, e ambos se focam em encontrar o irmão dela - mas este é um casamento falso que ameaça tornar-se verdadeiro...

Adorei mesmo esta premissa. A Cecilia e o Edward conheceram-se apenas por carta; ela enviava cartas frequentemente ao irmão e ele partilhava o seu conteúdo com o Edward, que ficava fascinado, e começou a mandar recados pelas cartas, até que o Thomas o começou a deixar escrever ele próprio os seus comentários. É tão fofo: eles nunca poderiam comunicar desta maneira sem o intermédio do Thomas (só se fossem noivos), e suspeito que o Thomas fazia isso porque tinha esperança que os dois se juntassem, ao perceber que tinham interesse nas palavras um do outro.

A minha parte favorita do livro, no entanto, é mesmo a questão do casamento falso: o início do livro é mais calmo, mas caiu-me bem, porque permite uma caracterização mais profunda dos personagens e das suas motivações. Por um lado, o Edward debate-se com a sua incapacidade, o problema de memória - o não se lembrar do casamento ou do que andou a fazer nos últimos meses; mas também tenta perceber os seus sentimentos em relação à Cecilia, e conclui que gosta da ideia de estar casado.

Por seu lado, a Cecilia detesta a mentira que contou, e esperava inteiramente já ter sido apanhada em falso; mas compreende que ter outro apelido, ser nora dum conde, faz uma diferença tremenda enquanto procura o irmão, e isso fá-la retrair-se de contar a verdade. É um pouco retorcido, mas é um sentimento tremendamente humano, assim como o é vê-la debater-se com o contar a verdade à medida que o tempo passa e ela e o Edward se envolvem emocionalmente.

Comete alguns erros, sim, mas não consigo evitar sentir compaixão por ela. A Cecilia foi muito corajosa em viajar e atravessar o oceano para encontrar o irmão, mas o livro é dolorosamente honesto acerca da posição duma mulher que ficou sozinha e sem família, sem poder social nenhum. Desamparada e num teatro de guerra, acredito que toma as acções que pode para sobreviver, tendo em conta as hipóteses que tinha. O coração dela está no lugar certo, e assim que pode cortar com a situação, fá-lo.

(Menção honrosa para a madrinha do Edward, esposa do governador de Nova Iorque e uma senhora com um feito determinado e tremendamente assustadora. Não admira que a Cecilia tenha caído para o lado ao conhecê-la.)

O final é tão excitante e divertido: clássico da Julia. É tão amoroso ao estilo comédia romântica, mas com uma pequena situação caricata pelo meio, que é mesmo típico dela. Fabuloso. (E o epílogo deixa no ar o destino do Andrew, o que me deixa incrivelmente intrigada.)

Enfim, gostei muito, identifiquei-me com a maneira como ela o escreveu. Gostei de ver um cenário um pouco diferente, e a reflexão e enquadramento dos dois protagonistas nele; gostei também de ver como tinha um dilema moral, em que o fazer a coisa certa choca com o que se precisa de fazer, e em como os sentimentos complicam tudo um pouco. (Não o fazem sempre em romance?)

Páginas: 384

Editora: Piatkus (Little, Brown Book Group/Hachette)

sábado, 15 de julho de 2017

Roar, Cora Carmack


Opinião: Gosto muito da Cora Carmack. Sempre tive a ideia que, mesmo tendo ela começado a sua carreira a escrever romance contemporâneo na categoria New Adult, o seu coração estava na fantasia. (Mais ou menos como o meu. Gosto cada vez mais de contemporâneo, mas fantasia é o meu favorito.) Não tenho a certeza se terei razão quanto ao favoritismo dela pela fantasia, mas estava brutalmente curiosa por lê-la no género, e por isso, este livro era algo muito antecipado.

O veredicto? Passei os dias da leitura completamente obcecada com ele. Nem consigo explicar porquê, exactamente: se pesar bem as coisas, há alguns aspectos que ela podia trabalhar melhor, ou pormenores que se fosse outro autor a fazer, eu já estava a trepar às paredes. (Ou a malhar nele.)

Só que há qualquer coisa na maneira como a Cora escreve. Ela escreve com uma honestidade e realismo emocionais; é possível identificarmo-nos com os seus personagens, com o seu percurso, e a sua caracterização é cativante e fantástica. Simplesmente, faz dos seus livros algo completamente imersivo para mim.

Este livro passa-se num mundo dominado por tempestades elementais; cheias de magia, há pessoas que se dedicam a derrotá-las e coleccionar a sua magia. Quantos mais tipos de tempestades enfrentarem, mais versáteis serão as suas capacidades. E oh, parece tão simples mas adorei este worldbuilding. Não é muito comum vê-lo ser construído desta maneira, e o seu conteúdo é fascinante. Só de imaginar as possibilidades! Estou enamorada.

Aurora é uma princesa de uma cidade-estado regida pela sua família. Só as famílias reais têm poderes mágicos para lidar com as tempestades, que se transmitem hereditariamente. (Ou assim a Aurora pensa.) O problema da Aurora? Ela não mostra ter nenhuma gota de magia. É um facto altamente escondido por ela e pela mãe, a rainha; e um casamento arranjado com um príncipe de outra cidade poderá resolver o problema delas, de quem protegerá a cidade das tempestades no futuro.

O enredo começa a rolar quando a Aurora descobre que as coisas não são bem assim, e que muito do que sabe sobre o mundo é errado ou cheio de lacunas. Isso faz com que ela fuja de casa e se junte a um grupo de caçadores de tempestades, e o mundo abre-se para ela num largo campo de oportunidades.

E aqui é que vem o ponto principal: gostei mesmo, mesmo da Aurora. Ela foi muito protegida toda a vida, e é ingénua e inexperiente nalgumas coisas, mas não é parva nenhuma. Sabe cuidar de si, é decidida, sabe procurar o que quer e precisa, sabe aceitar que não sabe tudo e procura aprender com quem sabe.

Nas mãos doutro autor, a ingénua seria uma parvinha; ou tentaria esconder a inexperiência com arrogância e ser uma personagem irritante. Qualquer destas abordagens é aborrecida para mim porque foi usada até à exaustão. Em face disso, o que a Cora faz é refrescante.

A Aurora pode não saber nem uma fracção do que há para saber sobre tempestades, e pode não ter experiência da vida fora do palácio; mas sabe defender-se, luta bem, tem uma curiosidade natural e educou-se extensivamente. Tem confiança no que sabe fazer, e tem confiança suficiente para aceitar o que não sabe fazer, e deitar-se a tentar corrigir isso. Adoro isso.

Outro aspecto meu favorito do livro é a relação da Roar com um dos caçadores de tempestades, o Locke. Ele é um pouco irritante em certas alturas, todo armadão em alfa, e fico feliz que na maioria do livro não embarque nisso, porque daria comigo em doida...

Oh, mas é tão divertido vê-los juntos. Começam de uma relação de, ermmm, "ódio", sempre a implicar um com o outro e a discutir (ao ponto de os outros caçadores se divertirem a observá-los), e quando damos por nós estão às beijocas a tentar perceber como é que lá foram parar. Este género de relações é tão divertida de acompanhar, e aqui é adoçada por ver que a Roar é incrivelmente capaz e impõe-se, defendendo as suas capacidades, e não deixando que façam gato-sapato dela. A maneira como o desafia é fabulosa e hilariante. (Especialmente pelas discussões deles.)

Em adição, gosto bastante do elenco de personagens secundários. A Nova é uma personagem fantástica, amiga da Aurora, mas que tem os seus próprios problemas, e gosto que a Cora lhe dê tanta densidade de caracterização. E o grupo de caçadores de tempestades é amoroso de seguir, e rico em caracterização e variedade, e adorei segui-los.

Se tivesse que apontar um defeito, apontaria para o desenvolvimento do enredo. A narrativa é muito claramente uma de descoberta e desenvolvimento, e não há nada de errado com isso; mas o arco de história maior da série é abordado muito pela rama: há demasiadas questões que podiam ser apresentadas, como o vilão, e as suas motivações, e o que se passa em Pavan, e as motivações da família real de Locke. Adoro intriga política, e podia tê-la desenvolvido mais, porque a história presta-se a isso.

Faltou-lhe preparar o próximo livro mais claramente; e gostaria que o fim fosse, bem... que não fosse tão aberto. Ou que fosse um cliffhanger, ou que fechasse mais a história. Os personagens ficam a meio duma transição, e é um pouco desconcertante, especialmente porque a Roar ainda não revelou a sua identidade aos outros, mas estão a encaminhar-se para Pavan novamente. (No entanto, estou mesmo curiosa para ver como isso vai decorrer.)

Em suma, passei os dias da leitura totalmente a fangirlar acerca do livro. Tem os seus altos e baixos, mas maioritariamente tem altos muito bons e que me caíram mesmo bem. A Cora escreve duma forma que ressoa comigo, e estou aqui a torturar-me com a ideia de esperar um ano pelo próximo livro. Sei que vai valer a pena.

Páginas: 384

Editora: Tor Teen

domingo, 9 de julho de 2017

O Coração de Simon Contra o Mundo, Becky Albertalli


Opinião: Awww, este livro é mesmo adorável e fofo... gostei mesmo de como a Becky decidiu escrever a sua história. Dá para perceber que ela passa (passou?) muito tempo à volta de adolescentes. A sua caracterização dos personagens no livro é fantástica.

Simon Spier é um rapaz de 16 anos. É gay e está bem resolvido quanto à sua sexualidade; apenas ainda não está preparado para sair do armário. Começou a trocar e-mails com alguém da sua escola, e está enlevado com o Blue, o seu correspondente, mas dele apenas sabe que é outro rapaz gay que também ainda não saiu do armário. Um colega da escola descobre a troca de e-mails, e chantageia-o com o objectivo de conhecer melhor uma amiga do Simon; a partir daí, todo o tipo de sarilhos pode acontecer.

Como disse, adorei a caracterização. Gostei muito de ler a maneira como a Becky escreveu o Simon: com as suas inseguranças e interesses, asneiras e dramas adolescentes. É um miúdo normal, e aprecio que não seja feito um dramalhão em torno da sua sexualidade. A exploração discreta da sua vida é muito mais interessante.

Gostei também da sua relação com os seus: os pais, os amigos... toda a gente comete erros, mas todos se adoram; e sair do armário, quando acontece, merece uma chuva de apoio e preocupação de todos. Por falar em sair do armário, gosto mesmo de como a Becky descreve a saída forçada a que o Simon é sujeito: a sensação de traição é algo com que todos nos podemos relacionar, independentemente da nossa sexualidade.

Em adição, acho interessante ver que não há um bullying exacerbado derivado desse momento: há bullying, sim, e vemos os professores preocupar-se e defender um dos seus alunos, mas também há uma série de microagressões, coisa com que qualquer minoria se debate no dia-a-dia, o que é bem realista.

Outro aspecto do Simon que achei amoroso: enquanto tenta perceber a identidade do Blue, encontra alguns rapazes que acha interessantes, desenvolve umas paixonetas por aqui e ali, mas desapaixona-se com a mesma rapidez. E apercebe-se que está mesmo encantado com o Blue pela pessoa que é, e que revelou ser ao longo dos seus e-mails.

Quanto à identidade do Blue... foi divertido tentar adivinhar. As pistas da Becky são subtis, mas estão lá, e permitem ao leitor lá chegar. Também é engraçado tentar ver o Simon lá chegar: especialmente porque a certa altura ele se queixa que heterossexual é visto como a norma, e depois a identidade do Blue fá-lo confrontar-se com uma norma que o Simon assume, relacionada com outra minoria. Ser parte de uma minoria não o protege de ter as suas ideias pré-concebidas, o que é interessante de ver.

Bem, em suma, consigo definitivamente ver de onde vêm as comparações à Stephanie Perkins ou à Rainbow Rowell. A Becky é capaz de escrever livros igualmente adoráveis, e tem o potencial de vir a tornar-se uma favorita como as outras autoras. Faltou-lhe um bocadinho assim (sinto que o enredo devia ser mais "preenchido", mais convoluto para chegar ao que faz das outras autoras minhas favoritas), mas é definitivamente uma autora a ter debaixo de olho.

Uma última nota: não tenho exactamente queixas em relação à tradução... mas não consegui deixar para trás a sensação que devia ter lido isto em inglês. Creio que perdi uma ou outra piada por não estarem no contexto e/ou língua original.

Título original: Simon vs. the Homo Sapiens Agenda (2015)

Páginas: 248

Editora: Porto Editora

Tradução: Miguel Marques da Silva

sábado, 8 de julho de 2017

Curtas BD: Mulher Maravilha, volumes 1 a 3

Mulher Maravilha: Terra Um, Grant Morrison, Yanick Paquette
Hmmm. Posso não ter lido muito da Mulher Maravilha na minha vida (esperançosamente isso vai mudar no futuro), mas não seria isto que eu escolheria para recomendar a outrem uma história que conte um regresso às origens da personagem.

Quero dizer, o Grant Morrison tem a distinção de ter escrito o pedaço das revistas do X-Men que mais marcou a minha leitura dos personagens... e aqui tem a distinção de fazer uma leitura da personagem que retorna às origens e ao que o criador estava a tentar fazer (a questão da submissão).

Mas por isso mesmo, não me parece adequado dar isto a alguém que não conheça a personagem (ou que, como eu, se tenha dado ao trabalho de investigar e ler um pouco sobre a mesma e o seu criador). Além disso, tenho algumas dúvidas quanto ao retrato feito de Themyscira - em partes parece mais a fantasia masculina daquilo que uma ilha só com mulheres seria. Não me parece que concorde com a interpretação de como a sociedade Amazona seria em certos aspectos.

Adicionemos ainda uma certa falta de tacto - o Steve Trevor é um homem negro, o que poderia ser uma ideia interessante, mas aquilo que representa acaba por ser demasiado pouco subtil - e a falta de tacto revela-se numa cena em que a Diana pede ao Steve para se submeter... usando aquilo que há cento e tal anos seria um instrumento de tortura e de controlo de escravos negros.

A arte é bonita, interessante, cativante visualmente. Tem uns momentos menos bons, mais estáticos, em que dá um ar porno à Diana, o que não faz sentido algum. E bem, em contrapartida o livro tem a recomendação de mostrar uma Diana ingénua, inexperiente no mundo dos homens, o que é curioso de acompanhar.

Mulher Maravilha: Um Por Todos, Christopher Moeller
Ok... a premissa da narrativa em si parece um pouco estranha. Eu sou uma moça da fantasia, mas vê-la cruzada com a Mulher Maravilha (na verdade, é ver fantasia misturada com super-heróis) é desconcertante.

No entanto, a história em si é muito boa. Os aspectos SFF são fascinantes, bem clássicos, o que é reconfortante. E gosto muito do tema em torno da protagonista, sobre sacrifício e as escolhas difíceis que tem de fazer, deixando os que a rodeiam de fora. (Gostei de ver como dá a volta a todos os membros da JLA. Tenho a sensação que ela não se safava tão facilmente com uma mulher.)

A arte é bem bonita - já tenho mostrado que sou fã deste estilo pintado, apesar de não ser o melhor para as cenas de acção (é algo estático), que neste tipo de história abundam.

Mulher-Maravilha: Hiketeia, Greg Rucka, J.G. Jones
Pronto, aqui a história é muito, muito, muito boa. A Diana aceita um pedido de Hiketeia de uma jovem que sente não ter escolhas, e tenta ajudá-la, por muito turvo que o seu passado tenha sido. É uma história que mostra o espírito da Mulher Maravilha, determinada e corajosa e protectora e preocupada. Só que neste caso em particular aceitar a Hiketeia leva a que fique num campo oposto ao do Batman, que procura a jovem para a fazer pagar pelos seus crimes.

É uma bela história que mostra que não há só preto e branco, há nuances e tons de cinzento no que toca a moralidade - o Batman tende a assumir mais a primeira perspectiva e a Mulher Maravilha inclina-se mais para a segunda. A jovem teve as suas razões para praticar alguns actos terríveis, e é de partir o coração perceber sequer o porquê de ela ter sentido que devia fazê-lo.

O tema grego é prevalente, na aparição das Fúrias e do conceito de Hiketeia, mas também pelo modo como a narrativa está apresentada ao estilo duma tragédia grega. E como todas as tragédias gregas, parece encaminhar-se para um fim tremendo...

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Uma nota final às edições. A colecção anterior da Levoir, sobre os vilões da DC, não tinha introduções, que fizeram falta, e por isso gosto de vê-las reaparecer e de ver textos mais aprofundados. No entanto, entristece-me perceber que as edições são mais caras, mas mais curtinhas. Entendo que a relação entre preço, tamanho e tiragens não é linear; uma colecção da Mulher Maravilha será vista como mais arriscada, as tiragens serão menores, os preços maiores... mas mesmo assim, gostava de ter visto um esforço para fazer render o esforço monetário do leitor. Ou então, que a série não soubesse tão a pouco, tendo apenas cinco volumes.