quinta-feira, 11 de abril de 2013

Matched, Ally Condie


Opinião: Foi uma leitura agradavelmente surpreendente. O título e a sinopse dão uma ideia algo errada da narrativa, como se esta fosse ficar fixada na ideia das Matches e do que acontece quando algo não corre bem nas mesmas. Na verdade, o erro nas Matches aludido na sinopse é apenas o motor para a personagem principal, Cassia, começar a ver com outros olhos toda a sua vida e a sociedade onde se insere.

De certo modo, é uma história mais subtil e serena do que outras que tenho lido no mesmo género. Por um lado, pela escrita mais lírica, cheia de imagens visuais lindas. Mas também pelo lento desabrochar de Cassia, que inicialmente acredita na Society e no que esta lhe destina. E porque não havia de acreditar? A Society funciona à base de probabilidades, calculando qual é o melhor par para cada um, qual o emprego mais adequado a essa pessoa, e qual a idade óptima para morrer. Não há doenças, e todos os aspectos da vida de uma pessoa são controlados de modo a garantir um estado de saúde perfeito - o tipo e doses de comida, as horas de entretenimento, os tipos de entretenimento disponíveis... parece quase perfeita.

Palavra-chave: parece. É insidiosa, no modo como parece perfeita e tão bem organizada. Dá às pessoas a medida certa de liberdade para não questionarem as escolhas que a Society faz para elas. Mas à medida que Cassia vai despertando para as falhas na Society, também nós vamos descobrindo problemas com esta. As pessoas não sabem escrever à mão. (Desde crianças que trabalham com uma espécie de tablet, porque haveriam de o saber?) A cultura foi resumida a 100 poemas, 100 músicas, 100 obras de arte... tudo o mais foi destruído, e estas pessoas nunca o conhecerão. E é com o erro na sua Match que Cassia começa a aperceber-se de todos os erros, todas as manipulações, toda a influência que a Society tem na sua vida.

Gostei de ver como a ligação entre a Cassia e o Ky se fez através das palavras, duma história, dum poema. A história do Ky é triste, e antevê muitas falhas na fachada de perfeição que a Society emite. Gostei da personalidade do Ky, discreto, sonhador, muito inteligente, capaz de passar despercebido. É irónico que sendo a sua relação permeada de rebeldia em relação ao poder instituído, a Society, esta tivesse tanta razão sobre eles. Achei interessante o papel que um poema teve no desenvolvimento da Cassia ao longo da história - como que a inspirou a questionar-se, a procurar saber mais.

É curioso, o final... não tem um clímax narrativo definido, mas ao contrário do que já tem acontecido, não me fez confusão. Pareceu estranhamente adequado à história da Cassia. Apesar de tudo, tem as suas surpresas, e gostei de as ler. Estava mais ou menos à espera delas, mas funcionaram muito bem dentro da história. Acredito que o segundo e terceiro volumes tenham mais acção, mas este é mais contemplativo, o que é muito adequado à evolução da Cassia - a minha parte favorita da história.

Páginas: 384

Editora: Dutton (Penguin)

7 comentários:

  1. Disseste tudo, o livro é bom, o Ky é fofo, a Cassia tem potencial, e mesmo que o fim não seja wow, de certa maneira é adequado. Deixa-te ansiosa para ler o resto mas não te deixa de rastos, *como por exemplo* faz o Delirium. Ainda bem que gostaste, afinal compraste os 3 de uma vez, ia ser muito mau leres o resto contrariada. :)
    Adorei aquele flirt através das palavras! e ele ensina-a a escrever! isto para uma nerd é totalmente gaaah :3

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    1. Isso mesmo. Aquele fim do Delirium foi horrendo, e para ser honesta distraiu-me do resto dos temas do livro. Aqui tive oportunidade de me concentrar na Cassia e na Society. :)

      Yup, foi uma aposta arriscada, mandar vir os 3, mas acho que estou a ficar boa em acertar nos livros que me vão agradar. :D

      É mesmo! Adorei essa parte do livro, aliás, perco-me sempre com personagens que se ligam através dos livros e das palavras. É nosso gene bookish a actuar. xD

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    2. Totalmente!! e ainda por cima não havia Pandemonium na altura em que lemos a coisa, credo, uma pessoa ficou ali com o coração apertadinho a sofrer horrores.

      A Ally Condie SABE. Imagino-a em casa a pensar, como posso fazer deste romance uma coisa super hiper mega fofa, aaaahh já sei!

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  2. Deixei-te um selinho em http://ionlyhave.blogspot.pt/

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  3. Este livro...é tão fofo, tão lindo *.* E o Ky deve ser os protagonistas mais queridos deste tipo de livros... A relação deles fez-me chorar horrores, tem cada cena mais cutchi!
    Claro que também gostei das cenas da Sociedade, é brutal e Ally consegue criar uma história daquelas com muito pouco =)

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    1. Ah, tão verdade, a relação deles é tão adorável. Gosto imenso que eles se liguem através das palavras, e tão romântico, e subversivo (neste mundo). :D

      Foi uma coisa que gostei, a autora, através de tudo o que acontece à Cassia, consegue descrever aquele mundo sem se perder em info-dumps, e quase que consigo ver aquela Sociedade a acontecer no nosso futuro. :)

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