Era só o post que me faltava escrever e publicar acerca das leituras e balanços de 2013.
Tencionava publicar este post mais cedo, idealmente na primeira semana do mês, mas entretanto o read-a-thon em que tencionava participar começou, e achei que o post se ia perder no meio do mesmo. O resultado: fui adiando e adiando, pois ainda não estava terminado (acho que dá para ver porque é que me levou tanto tempo). Pois bem, agora é um momento tão bom como os outros. Aqui vão as minhas alegrias e desilusões do ano que passou.
Porque eu tenho sempre que arranjar maneira de fazer batota nestas coisas. O que é que querem? É muito difícil reduzir as boas leituras do ano passado a apenas 10. Aqui vão, sem ordem de preferência, ordenados por data de leitura.
The Diviners, Libba Bray - Só esta
autora para me combinar anos 20 com misticismo e paranormal e fazê-lo
resultar. Foi uma leitura devoradora, adorei descobrir os pequenos
detalhes desde mundo, estive completamente imersa na história do
princípio ao fim e só me queixo porque soube a pouco, no final, e na
altura em que o li a sequela estava à distância de mais de um ano.
A Voz, Anne Bishop - Já nem me lembrava,
mas adorei a mensagem que a autora transmitiu aqui. Acerca das mulheres,
e do seu papel no mundo. E como conseguiu transmitir tão bem os
conceitos do seu mundo Efémera, sobre o modo como aquilo que pensamos,
sentimos, ou queremos, molda o mundo.
Clockwork
Princess, Cassandra Clare - É capaz de ter sido um dos livros, senão O
livro, mais antecipado por mim. Tive que me esconder do Tumblr para não
ser spoilada. E o resultado acabou por ser mais e melhor do que
esperava. A autora fez aqui uma coisa inesperada, mas que faz tanto
sentido. É o final que eu não sabia que queria.
With All My Soul, Rachel Vincent - A Rachel é das
minhas autoras favoritas, pelo modo como cria e desenvolve as suas
histórias, e como transmite tão bem as emoções dos personagens. A Kaylee
mostra-se aqui uma protagonista tão valorosa e generosa, fazendo tudo
pela família e pelos que ama. Aquele final apertou-me o coração.
Estrada Vermelha, Estrada de Sangue, Moira Young -
Saba, não mudes! Adoro heroínas resmungonas e mal-humoradas
como ela. Fiquei vidrada na história, e adorei o tom da mesma. A
construção deste mundo fascinou-me, e deixou-me a chorar por mais.
Espera por Mim, Gayle Forman - Outra autora que me faz sofrer. A história do Adam é tão crua,
tão dura, e tão cheia de dor pura. Custou-me horrores vê-lo no estado em
que estava, mas fui recompensada pelo trilho que ele percorre em
direcção à cura.
Crown of Midnight, Sarah J. Maas - Mais um livro muito esperado, e que não
desapontou; pelo contrário, foi mais do que esperava, e trouxe muita
coisa surpreendente. O caminho da Celaena é espinhoso e cheio de
dificuldades, mas não consigo deixar de torcer por esta assassina que
adora ler, vestidos bonitos e cachorrinhos adoráveis. E pronto, ela e o
Chaol fazem-me sofrer. Parece que o caminho para o meu coração é um
livro fazer-me sofrer.
Endless, Jessica Shirvington - Esta senhora tortura-me, tanto, tanto mesmo. As coisas
nunca correm bem para a pobre da protagonista, a Violet. E eu ando há
tanto a torcer para que finalmente algo lhe corra bem. Este volume é o
meu favorito da saga pelas questões de sacrifício, amor, e solidão que
apresenta.
A Quinta dos Animais, George Orwell - Com este livro cheguei à conclusão que sou capaz de ter
encontrado um autor favorito novo, o que é particularmente difícil nos
clássicos. Gosto muito da sua voz, algo sarcástica e boa observadora da
natureza humana, e dos temas que aborda.
Wait for You, Trust in Me, Jennifer L. Armentrout (como J. Lynn) - Este vou
considerar como um só livro porque é basicamente a mesma história doutra
perspectiva. Gostei muito do desenvolvimento da relação entre a Avery e
o Cam, que foi evoluindo aos poucos de um conhecimento para uma amizade
para amor. E achei muito interessante a maneira como a Avery se
relacionava com o mundo, tendo em conta o que tinha acontecido no
passado. Foi um(uns) livro(s) excepcionalmente bom(bons) duma autora que em geral me
põe a devorar os seus livros.
Porque não podia só destacar aqueles 10 livros (e meio), também achei por bem destacar algumas séries que li o ano passado... e por séries quero dizer que li mais do que um livro da mesma durante o ano de 2013. Era para ser um top 5, mas por alguma razão dei por mim a escrever sobre estas séries todas, só para chegar ao fim e dar-me conta que eram 6 e não 5. Fica assim. Novamente, estão por ordem de leitura (do primeiro livro).
Cinder,
Scarlet, Marissa Meyer - Ah, quem diria que eu ia ficar fascinada com
estes livros... mas a autora consegue juntar aqui uma série de coisas
que aprecio, e melhor, fazê-las funcionar. O recontar dos contos
tradicionais tem pontos absolutamente geniais, adoro as heroínas, e os
personagens secundários compõem um excelente elenco, vilã incluída.
Shadow and Bone, Siege and Storm, Leigh Bardugo - Esta série nem sei explicar.
É que nem sou propriamente fã do Darkling, um dos atractivos da série
para a maioria dos leitores. Mas adoro a Alina e o caminho que tem
percorrido para ajudar Ravka. Gosto imenso deste mundo, algo inspirado
na Rússia czarista. E vale a pena mencionar o Sturmhond, que é um
persongem secundário apresentado no segundo livro, e é um personagem tão
divertido.
Dearly, Departed, Dearly, Beloved, Lia Habel - Aqui, um pouco como com a série do Cinder, a autora junta uma série de coisas - steampunk,
um mundo pós-apocalíptico, zombies - distintas, mas que a escrita da Lia
Habel faz resultar. Tenho um fascínio por este mundo, adoro a Nora e o
Bram como casal, e só tenho pena que a autora não tenha planos para
continuar a escrever neste mundo.
Losing It, Faking It, Keeping Her, Finding It, Cora Carmack -
Este é o culpado disto ser um top 6 e não um 5. Porque a Cora tem um
sentido de humor impecável, mas consegue abordar as suas histórias de
modo completamente distinto em cada livro. Cada personagem é a sua
própria pessoa, e apreciei seguir o seu percurso.
Matched, Crossed, Reached, Ally Condie - Admito, parece-me que é uma série que pode dividir as
pessoas. Mas adorei a escrita, mais contemplativa. O mundo, que acho uma
verdadeira homenagem a algumas distopias clássicas do século XX. O amor
pela palavra escrita. A viagem de descoberta de Cassia, Ky e Xander, em
direcção a um mundo melhor.
For Darkness Shows the Stars, Across a Star-Swept Sea, Diana Peterfreund -
Este é outro dos casos em que eu fiquei virada no mundo que a autora
criou, pós-apocaliptico, e as sociedades que apresenta. Nos dois livros
conhecemos duas sociedades muito diferentes, e que até têm visões bem distintas do acontecimento apocalíptico que as criou. Além disso, a autora consegue integrar nisto tudo,
de maneira maravilhosa, as histórias que se propõe recontar.
Este é o top mais difícil de definir. Ler é uma actividade altamente subjectiva, na minha opinião, e por isso não acredito em dizer que acho estes livros maus. Em muitos casos, até consigo perceber o que têm que os possa tornar agradáveis para outrém. Apenas não consegui sentir-me ligada a eles. Não consegui sentir aquela sensação "estou a adorar ler este livro". Apenas consegui passar o tempo a reparar nas coisas que não me agradavam na história, precisamente porque a leitura não estava a ser cativante.
Sobre alguns tinha determinadas expectativas, que acabaram por não corresponder à realidade. Outros introduzem coisas na narrativa que na minha opinião só enfraquecem a história. Um ou dois detestei, mesmo, mas acho que é óbvio pelos textos que se seguem. Porque quando não se gosta, às vezes temos que nos justificar o dobro do que se tivéssemos gostado, e por isso os textos também são mais longos.
E, outra vez, dou por mim a fazer batota e a fazer um top 11 em vez de top 10. Acabei por adicionar uma série que me desiludiu ao longo do ano, é o bónus do top. Volto a repetir, estão por ordem de leitura durante o ano, não por ordem de (des)favoritismo.
Em Parte Incerta, Gillian Flynn - Intelectualmente, consigo compreender o apelo do livro, e porque agradou a tanta gente. Reconheço que a autora tem umas boas ideias, escreve duma maneira viciante, e que os twists são bons, e seriam fabulosos se estivesse a ler outro livro (ou o mesmo, escrito de forma diferente). MAS. Tenho uma aversão ao modo como a autora decidiu escrever e abordar certos aspectos da narrativa, e por isso nunca vou poder considerar que foi uma boa leitura. Reconheço que um livro que um ano depois ainda me põe a debater para encontrar palavras para o descrever é qualquer coisa de extraordinário, mas aqui não é no bom sentido. (Sobre o descrevê-lo, finalmente encontrei alguém que o fez muito melhor que eu. Encontrei há pouco tempo a opinião das The Book Smugglers sobre o livro, e subscrevo, especialmente a parte da Ana, que descreve EXACTAMENTE como me senti. Haja alguém que me compreende.)
A Laranja Mecânica, Anthony Burgess - Este tem um problema semelhante ao do anterior: não suporto pseudo-psicopatazinhos que acham que eu devia ter pena deles. Não concordo com o que o autor está a tentar dizer sobre a juventude. (Basicamente, vão levar este mundo para o Inferno. O livro foi escrito há 50 anos. Ainda aqui estamos.) Não concordo com o que o autor está a tentar dizer sobre a psicopatia e sobre a violência. (Basicamente, que crescemos e se vai embora. Isto está tão errado.) A única coisa boa que tenho a reconhecer é a tentativa de debate sobre bem e mal e a nossa capacidade de livre arbítrio. Mas uma questão tão boa está embrulhada num pacote tão mau.
O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald - Este é um caso de desilusão e de expectativas desencontradas. Não esperava aborrecer-me com a história, nem com os personagens. E não esperava ficar com a sensação de que o Fitzgerald estava demasiado apaixonado pela própria escrita para prestar atenção à história que estava a escrever.
Dead Silence, Kimberly Derting - Kim, querida, porquê? Porque é que tinhas que escrever um livro que repete os temas do livro anterior? E pior, escrever um livro que é o último duma série e não transmite nada a sensação de ser o final? Não precisava dum fim fechado, um aberto serve perfeitamente (dependendo da história), mas precisava de uma sensação de encerramento, de término. Não tive direito a ela.
Matadouro Cinco, Kurt Vonnegut - Expectativas, expectativas,
expectativas. Estava à espera que o livro fosse fabuloso (até que gosto
de narrativas desenquadradas), mas não me cativou. Estava à espera que
me emocionasse (é um livro sobre a 2ª Guerra Mundial, bolas, e nem uma lágrima!), mas não
aconteceu.
Requiem, Lauren Oliver - Acho que o pior deste livro foi a traição emocional que senti ao terminá-lo. Adorei a Lena (a protagonista) no segundo livro, Pandemonium, mas aqui ela regride, e pior, parece que não aprendeu nada. A maneira como ela se comporta é a coisa mais egoísta que eu já vi. Não consigo acreditar que uma autora que tinha umas coisas tão interessantes a dizer acerca do amor termine a trilogia com a moral: o amor é egoísta e mesquinho. Simplesmente não consigo. É por isso que enquanto me lembrar desta experiência não sei se vou conseguir pegar noutro livro dela. (Bem, tenho cá por casa o Antes de Vos Deixar, por isso se calhar ainda vou ter de morder a língua. Mas lá que não estou com muita vontade de comprar mais livros dela, ou sequer tentar interessar-me pelo que ela vai publicar a seguir, não estou.)
O Pistoleiro, Stephen King - Um caso de expectativas, que acredito que me tenham colorido de maneira negativa a leitura. E o facto de isto ter sido escrito originalmente pelo autor quando tinha 19 anos (a acreditar no que li algures) - ainda que pelo meio tenha existido muita reescrita e edição - também não ajuda, porque todo o livro me soou a incompleto, imperfeito, como se as ideias não estivessem bem assentes. Não importa que a série melhore para a frente. O livro devia valer por si próprio, não por ser parte duma série.
The Falconer, Elizabeth May - Isto tinha o potencial para ser tão bom. O mundo - Edimburgo do século XIX, ligeiramente steampunk, ligeiramente paranormal - e o conceito - uma menina de sociedade é uma assassina devotada de seres féericos - são fabulosos. Mas a execução deixa a desejar. A evolução do enredo é escrita de forma desajeitada, e o desenvolvimento dos personagens é péssima. E aquele fim. Ugh. Nem sequer é um cliffhanger, parece apenas que se esqueceram de publicar o último capítulo do livro.
O Homem do Castelo Alto, Philip K. Dick - Queria mesmo gostar do livro. Suponho que apenas não tinha as expectativas no lugar certo. Mas não sou fã da sensação de randomness que a leitura me transmitiu. O fim é demasiado aberto, e não consegui gostar de nenhuma das personagens. Não houve nada que no fim me fizesse dizer "uau, foi uma boa leitura". Boas ideias não fazem um livro interessante.
Fahrenheit 451, Ray Bradbury - Também é um caso de expectativas mal colocadas, provavelmente. Tudo o que tinha ouvido falar do livro fez-me pensar numa coisa completamente diferente do que obtive. E dei por mim a revirar os olhos quando o autor se punha com aquelas metáforas. Ugh, que exagerado. Não me ajudou a levar a história a sério.
Imperfeitos, Perfeitos, Especiais, Scott Westerfeld - Junto os três num
porque os li durante o ano e são uma só história, ainda que em três
livros. Mas foram a modos que uma desilusão. O autor tem boas ideias,
tem sempre, e aqui tinha uma oportunidade muito boa para falar de beleza
e de como é subjectiva. Mas perde-se completamente. O fim do Especiais é
especialmente ridículo nesse aspecto. É principalmente a sensação de que podiam ser
tão melhores que me faz considerá-los uma desilusão.
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Em jeito de despedida, prefiro focar-me nas coisas que gostei de ler em 2013, e esquecer-me das que menos me agradaram. E espero que 2014 seja ainda mais recheado de boas leituras. (A julgar pelo mês de Janeiro, está no bom caminho.) Se ainda estão a ler isto, muito obrigada pela vossa atenção.