quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Curtas: BD

Oh, céus, isto é tão divertido. Boa aposta, Marvel. Não é muito usual as grandes editoras de BD apostarem neste género de coisa, tão fora da caixa, e pelo menos não me recordo de ter lido sequer algo neste estilo - por isso, foi uma bela oportunidade e uma boa surpresa.

A Doreen Green é adorável, na sua dedicação aos seus amigos esquilos e no modo como vê o mundo. Gosto que ela tenha uma visão tão positiva do mundo, que seja tão determinada, e mais importante - resolve os problemas e conflitos a discutir as coisas, antes de partir para a porrada. (A não ser quando saca a armadura do Homem de Ferro e a refaz à sua imagem. Brilhante.) Dois dos vilões que enfrenta ela "derrota" a argumentar com eles. E um é o Galactus. Fantástico.

Também gostei bastante da amiga e companheira de quarto da Doreen, a Nancy, graças à sua dedicação ao seu gato e a fanfiction do Cat Thor. O sentido de humor é brutal (adorei a música-tema da Squirrel Girl). Já a arte é engraçadita, toda cartoonesca, no geral divertida, mas não sou fã das caras. (São sempre as caras que me lixam.)

Pontos bónus para a edição, que tem uma profusão de capas, e o material que vem normalmente nas revistas - as cartas dos leitores, bem divertidas por sinal. Além disso, este volume tem a história com a primeira aparição da Doreen, também bem engraçada, com o Homem de Ferro, e a derrota do Dr. Destino às mãos de... esquilos.

Batwoman vol. 3: World's Finest, J.H. Williams III, W. Haden Blackman
Acho que tinha dito no comentário ao volume anterior que estava um pouco aborrecida com a história, porque não se conseguia fazer um puzzle coerente nem encontrar interesse na coisa, e que o que me mantinha a ler o livro era a personalidade da Kate e as peripécias que lhe acontecem - pois bem, plot twist, conseguiram recaptar a minha atenção.

Oh, a mitologia aqui toma um rumo muitíssimo interessante e as coisas finalmente fazem algum sentido, e por isso adorei seguir o desenvolvimento do enredo. A isso não é estranho terem introduzido fortemente mitologia grega (a minha pancada por mitologia revela-se), e juntado em equipa a Kate com a Wonder Woman. As duas a trabalhar juntas fazem uma equipa fantástica, e gosto mesmo da relação que se desenvolve entre elas.

Ambas quase descem aos infernos, ou pelo menos ao mais escuro e complexo que a mitologia grega tem para lhes oferecer, e a imaginação dos autores nos detalhes é fabulosa e fascinante. Gostei muito de ver a arte nestes pontos, porque se excedem, no melhor dos sentidos.

Outros pontos altos: uma Hidra (yep, o monstro mitológico) no meio de Gotham, a Medusa (sim, outro monstro mitológico) no meio de Gotham, a Bette Kane - qual fénix renascida - no seu novo uniforme, verdadeiramente impressionante, que miúda rija, a relação da Kate e da Maggie, que (apesar de eu lhes ver um ou outro problemas) são adoráveis.

Destaque ainda para o número zero da revista, um número publicado após um ano (ou o número 12), se bem compreendi. É uma retrospectiva da Kate sobre como se tornou a Batwoman, o que fez para lá chegar, para obter o treino necessário, com ajuda do pai. Enquadrada como uma espécie de carta ou mensagem para o pai, é comovente, pelo estado da relação dos dois, e impressionante, pela relação que tinham antes, que levou o pai a tentar protegê-la da maneira que sabia, ensinar-lhe a defender-se e a suportar uma série de coisas terríveis.

A arte, como sempre, deixar-me um pouco apaixonada por ela, e aqui nas partes da mitologia então é linda, intrincada, obrigando-nos a pensar e a esforçar. O final é ligeiramente cliffhangeresco, e estou tão curiosa em ver como eles vão descalçar esta bota.

Batgirl vol. 3: Death of the Family, Gail Simone, Daniel Sampere
Ao contrário da Batwoman, a Batgirl tem conseguido manter-me super interessada no desenrolar da sua história ao longo destes livros, e este volume não é excepção. Entre o término do enredo das Corujas, uma reaparição tétrica do Joker, e a presença cada vez mais ominosa do seu irmão, James Gordon Jr, a Batgirl (Barbara Gordon) tem as mãos cheias.

As fraquezas do volume prendem-se com as partes em que é suposto haver uma ligação com os eventos maiores a acontecer simultaneamente em várias revistas. No caso do fim da história das Corujas, a aparição da assassina Talon é mesmo interessante, e adorei a colaboração da Batgirl com a Catwoman. Mas é uma história que ficava melhor no volume anterior, com o resto desse evento.

No caso do segmento Death of the Family, again, mesmo interessante. O Joker volta, decidido a aterrorizar novamente a Barbara, mas ela recusa-se a ser um joguete nas suas mãos e lida fantasticamente com a situação. A parte chata é quando é necessário meterem no meio deste volume um número da revista Batman para terminar a história. (Se não estivesse aqui, o salto entre números da revista Batgirl não faria sentido.) Ugh. Uma revista devia valer por si própria, poder-se ler sem muletas de outros lados.

Mas, atenção, continua a ser uma storyline fascinante. O Joker, coitado, não tem mais nada que fazer, e passa o tempo a ver se inventa maneiras de chatear o Batman, e o ataque a todos (quase todos) os (anteriores e presente) Robins e a à Batgirl é só mais uma. É uma boa história pelas questões que coloca sobre a relação do Batman com os seus protegidos.

O último segmento do volume é sobre o irmãozinho psicopata da Barbara, o James, e o caos que ele gera, os dois tentando-se superar um ao outro. Uma história que traz algum drama quanto ao passado da família Gordon, e que gera mais drama no presente. Pelo final stressante, pontos bónus.

A escrita é quase toda feita pela Gail Simone, que escreve duma maneira que me faz mesmo gostar da história e da personagem; menos em dois números, numa altura em que a DC meteu a pata na poça e a despediu por duas semanas. (O drama nos bastidores dos comics é melhor que qualquer revista de cusquices.) Nota-se bastante que é um escritor diferente. Ele tenta fazer algo diferente, que não se cole à Gail, e não é mau, mas perde na comparação com ela, coitado.

Quanto à arte, gostei bastante do trabalho deste artista, captou-me o olho, e gostei em especial do trabalho da equipa no primeiro número do volume, o das Corujas, porque o trabalho de cor é lindo, quase parece uma pintura.

Hawkeye vol. 4: Rio Bravo, Matt Fraction, David Aja, Chris Eliopoulos, Francesco Francavilla
Ah, acabei de ler esta série e já estou com saudades. Foram alguns momentos bem passados com esta série, que me tornou fã de toda a gente envolvida, autores e personagens incluídos, e foi um belo fim para a história desenvolvida ao longo dos quatro volumes.

Acho que posso dizer, depois de ler, que não sou muito fã da divisão entre o volume da Kate (o 3) e este volume do Clint. Faz sentido, a divisão, mas sinto que preferia ter lido os números da revista pela ordem em que foram publicados. Teria sido mais fácil acompanhar certas transições e certas referências, e mais fácil localizar onde é que as histórias encaixam.

Este volume começa com uma história que se passa no Natal, durante a primeira história do segundo volume. Nela, o Clint fica a acompanhar a vizinha e os filhos numa visualização de "Winter Friends", um desenho animado que os miúdos adoram. O Clint rapidamente se deixa dormir, e a sua imaginação constrói um mundo que reflecte o seu, só que com os personagens de Winter Friends.

Foi superdivertido ler a história, para encontrar os paralelos entre a vida real e a imaginada. Adorei particularmente ver as versões das mulheres na vida do Clint Barton, a Jessica, a Bobbi e a Natasha. Oh, e a Kate. Totalmente adorável, a versão dela. Dá uma boa ideia de como o Clint a vê. A sidekick fofinha, demasiado animada. Eh. Acho que a Kate teria um problema com isso.

Outros destaques do volume: a aparição do irmão Barton, o Barney, e a exploração da relação dos dois. A completa falta de jeito e clareza do Clint para lidar com as mulheres da sua vida. (A cena dele a escrever à presente ex-namorada e telefonar à ex-mulher para saber como se escreve uma palavra... pateticamente hilariante.) O showdown final, que me fez ficar a roer as unhas. O final do número 15 e o número 19, que são tocantes à sua maneira.

A arte continua deliciosa para o olho. O número 17, dos Winter Friends, é um pouco diferente, mas muito adequada. O número 12 tem o Francesco Francavilla, com um estilo mais escuro, mas que encaixa. E o resto é David Aja. O número 19 tem muitas imagens com linguagem gestual, e é brilhante, pela desconexão que transmite, e as dificuldades de uma pessoa com surdez que mostra. Mas tudo o resto enche-me o olho, também, e continuo a admirar o trabalho de cor.

5 comentários:

  1. Voltei a ler BD, vou devorar até mais não!
    Ando a ler mangas, daqueles da Devir, e estou de olho nalgumas novidades que estão a sair no AmadoraBD.

    Devo dizer que esse Squirrel Girl chamou-me muito a atenção. Podia-se dizer que não é muito do meu género mas imagino que ainda acaba por ser um prazer dos guilties :p

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    1. Uau, que fixe! Alguma coisa que recomendes? :)

      Também achei que não fosse muito o meu estilo, assim como tinha acontecido com as Lumberjanes, mas acabei a divertir-me imenso. ;) Primeiro estranha-se, depois entranha-se, especialmente com projectos assim com queda para o humor. :D

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    2. Assassination Classroom e Blue Exorcist têm a sua piada mas o que gostei realmente foi do All you need is kill. São apenas dois volumes, muita acção e a história está incrível (e fiel ao romance no qual se baseia, ao que soube)! É FC, com fenómenos espaços-temporais, um género que aprecio imenso. Adoro a arte mas tem páginas sobrecarregadas de coisas.

      Vai ser lançado também pela Devir o Samurai X. Eu acompanhava a série nas manhãs da tvi quando fui adolescente, fiquei fascinado com aquilo, durou anos... quero mesmo ler o manga.
      E no AmadoraBD lançaram também livros de autores portugueses, interessam-me todos :)

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    3. Uau, ando há uns tempos com vontade de espreitar a linha de manga da Devir, estou a ver que tenho muito por onde escolher... ^_^ Só o Samurai X! Cresci a ver aquilo, era com cada episódio... agora estou com curiosidade para ver se resiste bem às memórias daquela época. :)

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    4. É uma altura boa para dar uma espreitadela. Durante algum tempo as edições manga sofreram percalços e eram livros que poucas pessoas adquiriam, na altura só podiam ser esses (penso que sabes quais são :) ), a editora Asa fez um bom esforço; mas agora as novidades são mais entusiasmantes, são todas boas escolhas, finalmente! :)

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