É um pouco triste que esta série tenha acabado depois deste volume. Não era a melhor coisa depois da invenção da roda (esse lugar está reservado para a Kamala Khan, a nova Ms. Marvel), mas era bastante divertido, com muitos pontos altos, e potencial para mais e melhor.
Neste volume, a primeira história lida com um par de cientistas que inventou uma tecnologia de diminuir, o que pede uma participação especial do especialista de serviço do universo Marvel na matéria, o Hank Pym. Acho uma ideia genial, a do edifício onde a Jen trabalha, e encontra estes clientes - um edifício para pessoas com poderes trabalharem, o que dá pano para mangas para contar histórias.
A segunda história envolve o Capitão América, ou talvez deva dizer ex; o Steve Rogers envelheceu para a idade que devia ter hoje se não fosse o supersoro de soldado e a coisa de ter estado congelado durante tanto tempo. Assumo que é por isso que outro personagem tomou o manto de Capitão América por estes dias, e até estou curiosa para ver como é que isso aconteceu, e as consequências que teve. Porque as pessoas parecem continuar a agir completamente fascinadas nas interacções com ele, por ser tão carismático e tal, com o bónus adicional de ser um velhinho de 90 anos adorável.
A história é cativante o suficiente, porque mete uma acusação contra o Steve sobre uma morte nos anos 40 pela qual ele poderá ser responsável; qualquer coisa que possa manchar a reputação do personagem é marginalmente interessante, e a batalha legal que decorre opõe a Jennifer a, adivinhe-se lá, Matt Murdock, o Daredevil. Todas as reviravoltas no tribunal se mostram engraçadas de acompanhar, lembrando bem um episódio de uma série de advogados. Talvez por experiência própria, o argumentista capta bem esse espírito.
Só me queixo que era óbvio que o Capitão ia sair inocente da coisa. Vá lá, é tipo um deus para o universo Marvel. Nada de mau lhe podia acontecer. O que torna a coisa um pouco mais aborrecida. Isso e o fim, porque a revelação do vilão por trás de tudo e a maneira como se lida com ele acontecem de maneira tão rápida e repentina, que não há clímax na história.
A história final lida com o tal ficheiro azul que tem estado mais ou menos ausente, mas que continua a ser muito misterioso. É um bocado óbvio que decidiram lidar com ela depois do título ser cancelado e antes que acabasse de ser publicado, porque é tudo resolvido um pouco à pressa e com muita conversa e info-dump à mistura... a história por trás até é interessante, e soaria tão bem se tivesse espaço suficiente para ser explorada, o que é pena.
A última nota que tenho é para a arte do Javier Pulido, que eu estranhava no início, e até já se me entranhou. Gosto de como desenha a acção, e tem um certo dinamismo que me agrada. O planeamento das vinhetas nas duplas páginas é que é estranho, porque às vezes é para ler da esquerda para a direita nas duas páginas, e às vezes... não. Primeiro uma página, depois a outra. E frequentemente não é claro qual dos dois casos é.
Hmmm. Gosto muito do conceito desta história: um mundo alternativo em que é a Gwen Stacy que é picada; o Peter Parker, numa tentativa falhada "de ser especial", torna-se o Lagarto e morre nos braços da Gwen, presumivelmente num acidente.
Sinto só que a maneira como está escrita não é das mais sólidas: parece que está tudo muito espalhado, sem rumo concreto no enredo; e ao mesmo tempo gostava que a personagem Gwen e a sua personalidade, e como ela está neste momento, fossem mais exploradas. Temos uma série de cenas que dão uma ideia, mas normalmente gosto de mais profundidade emocional nos meus personagens. Ela está a faltar às aulas? Nem sequer está em casa? Ninguém dá pela falta dela? São perguntas que passam pela cabeça a ler, e as respostas não são claras.
Por outro lado, a parte conceptual está fantástica. A Gwen é baterista numa banda chamada The Mary Janes, cuja vocalista é... a Mary Jane. O pai continua a ser polícia, mas também há outros personagens que o são, como o Ben Grimm, que aqui nunca se tornou o Coisa, e é polícia de giro na Rua Yancy; ou o Frank Castle, que se pensarmos bem nisso é uma noção hilariante, porque o homem não tem respeito nenhum pela autoridade, e aqui mesmo sendo polícia faz as coisas de todas as maneiras que pode, legais ou não.
Gosto muito do que fizeram com a Felicia Hardy, a Gata Negra. Ah, e o Rei do Crime existe, sim, e aparentemente está na prisão. Ou melhor, o tipo gordo e careca que conhecemos está na prisão, mas suspeito que ele foi um isco, uma distracção. Porque quem vemos a agir em nome dele, a fazer as coisas que o Rei do Crime faria, é o advogado dele... que se chama Matt Murdock. Ah. Gostava de ter visto como é que essa se deu.
Ao menos a maneira como a história está montada (apesar de eu desejar que fosse mais explorada) é bem interessante. A Gwen está num ponto baixo, o Peter morreu e ela sente-se responsável, e isso cria uma entropia que a impede de seguir com a sua vida. De certo modo tenho a sensação que é que o Peter faria - quero dizer, na cronologia normal a morte da Gwen Stacy aconteceu há décadas, e ainda se fala tanto disso.
O que eu queria dizer era que aprecio que pela inversão de sexos não se contenham a contar o tipo de história que é preciso, que nos mostrem a Gwen em baixo e a reconstruir-se do zero. (E quero acrescentar que é de partir o coração conhecer a May e o Ben Parker, que são vizinhos dos Stacys nesta versão.) Apesar dos meus problemas com a escrita, acredito que a história tem pernas para andar e ficar melhor, só tem um início mais frágil. Vou querer acompanhar.
A arte é algo desconcertante, com talvez demasiado peso no traço, mas não desagradável. As cores ajudam. Normalmente algo tão garrido não seria o meu estilo, contudo aqui a paleta funciona é agrada-me visualmente.
Bem. Isto é um pouco desconcertante. Não me acontece muito frequentemente gostar tanto de algumas partes dum livro, enquanto desprezo as outras, deixando uma confusão pegada no lugar do que seria claramente a minha opinião.
Ok, esta é uma espécie de mini-reboot para a série da Batgirl. A Barbara vai-se mudar para Burnside, um bairro de Gotham onde a gente nova e bonita (e provavelmente hipster até mais não) mora, o seu material super-heróico ardeu, obrigando-a a improvisar com o equipamento, e vai cruzar-se com uma série de inimigos relacionados com tecnologia, como uma boa millennial.
Acho que é isso que me irrita no livro. Em teoria um livro sobre como a Barbara faz parte da geração millennial parecia-me uma boa ideia, mostrando como uma super-heroína lida com a crescente presença da tecnologia na vida social e no crime. Na prática, acho o tom do livro demasiado vivaço, demasiado egocêntrico, demasiado absorto. "Olhem para estas pessoas jovens e bonitas a ir a festas! A beber até cair! A tirar fotos a tudo e postar nas redes sociais! A usar redes sociais para encontros!" Não sei, parece quase uma caricatura da geração.
A Barbara em partes parece demasiado estúpida, coisa que ela supostamente não é, e noutras tremendamente inteligente, o que é - aborrece-me a inconsistência. E depois cai-me mal um bocado este tom demasiado animado quando a Barbara passou os livros anteriores a lidar com o que lhe tinha acontecido. Uma queda abrupta de tom muito sério para tom muito despreocupado - quase parece que estão a varrer para debaixo do tapete o que lhe aconteceu, e a ignorar propositadamente. Não podemos encontrar um meio-termo?
Oh, céus. É que eu até gosto da premissa. E, em partes, da execução dela. (A maneira como a Barbara lida com o primeiro vilão é muito fixe.) Mas depois outras são tão patetinhas. Provavelmente com outro personagem, um desconhecido, eu deixaria passar, mas com a Barbara soa mal, parece que a personagem deu uma volta de 180º.
Passando à frente. Disse realmente que gosto da premissa. Gosto de como a tecnologia faz realmente parte da vida destas pessoas, e de como elas a têm de gerir. Os vilões, apesar de serem em geral um pouco patetas, fazem sentido dentro da observação da importância das redes sociais, da fama, e de todo o negativismo que se gera por vezes.
Gosto dos amigos da Barbara, gente variada e de todos os tamanhos e feitios. A Frankie (gosto de como elas têm uma amizade anterior, apesar de nunca termos ouvido falar, e de como a Frankie poderá assumir um papel importante nos... empreendimentos da Batgirl), a Alysia (espero que não se livrem dela, no livro anterior a última cena delas era bem gira), a Nadimah e o Qadir (gosto de como o pobre do rapaz foi "recrutado" pela Batgirl para ajudar ocasionalmente). Tenho pena de a ver tão zangada com a Dinah, toda a zanga parece um pouco forçada entre duas pessoas que passaram muito juntas.
A arte é adorável e fofinha, muito cartoon, mas no bom sentido, bastante agradável. É das coisas mais fixes do volume, das que mais me agradou, e tremendamente adequada à história.
Oh, este comic fica mais e mais adorável à medida que avançamos. Desta vez, a Kamala Khan é apanhada pelo terror dos "eventos" das editoras de BD americanas, que absorvem quase todos os títulos da editora. E apesar de não se escapar, os criadores fazem um tremendo trabalho a aproveitar o evento para centrar a história.
O mundo pode acabar. Deixar de existir. E apesar de a Kamala não poder fazer nada (se os Vingadores, que estão no caso, não puderem, ninguém pode), pode ajudar o local onde vive, New Jersey, a evitar os problemas que hão de surgir com o fim do mundo. Pelo meio, o irmão dela, Aamir, é raptado, e a Kamala lança-se numa missão de salvamento.
O melhor disto tudo é que a história é bastante emocional; o fim do mundo faz a Kamala perceber o que é importante para ela, e é tão fofinho de ver. A Captain Marvel, a Carol Danvers, faz-lhe uma visita, para ver se a Kamala está bem, e acaba por ajudá-la no salvamento do Aamir; e as cenas delas são bem giras. Primeiro a Kamala em modo fangirl; depois, acabam por trabalhar bem juntas, com a Carol a dar-lhe alguns conselhos (a cena em que elas têm de deixar os gatinhos é TÃO TRISTE), e de certo modo, a passar o testemunho.
O Aamir sai disto tão brilhantemente caracterizado, mesmo. O personagem podia ser uma caricatura, mas prova ser uma pessoa de carne e osso, mostrando que é feliz como quem é, e defendendo a irmã, quando ela pensava que o Aamir não lhe ligava nenhuma. Adorável.
As cenas finais dela com os pais, especialmente com a mãe, também são emocionantes. Uma mãe sabe, mesmo. A mãe dela é fantástica, e adoro que se sinta orgulhosa dela. E as cenas com o Bruno? Arghhh a tortura! Mas soaram tão maduras, e fazem sentido para quem estes dois são.
A arte do Adrian Alphona, já disse, é singular, mas tão expressiva, e adoro isso. A cara da Kamala (e dos outros personagens) salta à vista quando está contente, animada, excitada, triste, zangada... é fascinante de ver. Há uma cena em que ela e a Nakia estão a conversar, a Nakia está zangada, e a Kamala diz uma coisa superdivertida, e a expressão na cara da Nakia! Vê-se que está a tentar conter o sorriso. É fabuloso. Em adição, gosto bastante do esquema de cores que tem sido usado nos livros da Ms. Marvel, dão um ar distintivo à história.
O volume ainda tem um par de histórias do Homem-Aranha em que a Ms. Marvel ajuda, e as cenas dos dois juntos são giras, mas de resto as histórias não são memoráveis. Excepto pela parte em que pelos vistos quero saber que história é esta do Spider-Verse, e por que raios é que o Peter e esta outra nova super-heroína estão sempre a tentar saltar para cima um do outro.