quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Este mês em leituras: Novembro 2016

Mal posso acreditar que estamos a menos de um mês do Natal! E que o ano está quase a acabar! Para onde é que 2016 foi? Bem, não é que lhe vá sentir a falta. Estou mais que preparada para 2017, e para pôr as mãos nos livros e filmes que este me reserva.

No que toca ao mês em si, estou bastante contente por ter escrito e postado mais, e ter-me posto mais actualizada no que toca a opiniões. Quando Outubro terminou, estava tragicamente atrasada nesse aspecto e com receio de me esquecer de tudo.  Fiz um esforço concertado; alguns dias, em vez de ler no caminho para o trabalho levei material de apontamentos e delineei as opiniões. Tinha-me andado a portar mal nesse aspecto, portanto a ver se Dezembro corre ainda melhor.

Livros lidos


Opiniões no blogue


Os livros que marcaram o mês

  • Gemina, Amie Kaufman, Jay Kristoff - ahhh foi tão bom continuar a ler neste mundo, estava tão animada e ao mesmo tempo cautelosa, e fico contente por ter sido, à semelhança do primeiro, uma coisa que me encheu completamente as medidas e fez uma série de coisas que gosto de ler;
  • Anexos, Por Um Fio, Rainbow Rowell - porque uma releitura da Rainbow leva sempre a que eu redescubra as suas histórias;
  • Every Move, Ellie Marney - é o livro final da trilogia, estou tão triste por ter de deixar os meus meninos, mas feliz por ter gostado da sua história final, e por tê-los acompanhado ao longo da trilogia... a Ellie Marney faz com os seus livros e as suas histórias uma série de coisas que adoro ler, e por isso vai ficar na lista de favoritos;
  • Tens Coragem?, Megan Abbott - esta é mais pela negativa; tinha tantas expectativas acerca da autora, e apesar de ela fazer uma coisas fixes, também faz algumas cenas de que não sou fã, e são daquelas que eu não suporto mesmo, portanto acabei a não gostar do livro tanto como queria.

Outras coisas no blogue

  • Nada? Não se pode ter tudo. Prefiro a maior produtividade deste mês.

Aquisições

Ora bem, temos os livros das colecções de BD que estou a fazer, a colecção Sandman e a Graphic Novels Marvel. Depois temos uma edição de Pride and Prejudice que tecnicamente é uma aquisição do fim do mês anterior, mas da qual me esqueci quando andei a tirar fotos; ficou-me uma pechincha, já que aproveitei numa altura em que a Fnac estava com 20% de desconto nos livros.

O conjunto dos dois livros da Rainbow Rowell mais o do Brandon Sanderson encomendei no site da Saída de Emergência; os primeiros dois para fazer uma releitura (e porque a Rainbow merece que eu tenha mais que uma edição dos livros dela), o do Sanderson para aproveitar que o autor ia estar cá e conseguir um autógrafo.

Comprei A Empregada com dinheiro em cartão Continente (e só não comprei mais porque o resto do dinheiro que tinha gastei, uma vez na vida, em outras coisas giras que não livros). E o Heartless e o Tales from the Shadowhunter Academy são os livros em inglês do mês, de autoras e séries que sigo.

A ler brevemente

Para já, só tenho planos fixos de ler o Heartless. A Marissa Meyer tem feito um tão bom trabalho com retellings que estou curiosa. Ainda não sei se vou ler mais alguma coisa do desafio Meg Cabot este ano - faltam-me poucos livros, mas aqueles que tencionava ler estão demasiado caros para o meu gosto (e para um paperback, que infelizmente é o único formato em que existem).

Fora isso, tenho algumas coisas que sobraram da pilha de desejos de meses anteriores a que ainda gostava de dar atenção este ano. Também gostava de ler o Mind Games, o segundo da Heather W. Petty, mas ainda não encomendei e de momento está excessivamente caro e esse facto está a dar-me muita comichão. Talvez quando encomendar as pre-orders de Janeiro, mais ou menos a meio de Dezembro...

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A Empregada, Laura Amy Schlitz


Opinião: Não sei porquê, não esperava muito deste livro. Uma parvoíce, na verdade. Tem os seus altos e baixos, mas no todo é um conjunto muito agradável, e escrito duma forma inteligente e sensível.

Joan é uma jovem sonhadora e inocente que trabalha na quinta do pai, em nenhures (vamos chamar-lhe assim). Um homem rude, cruel e bruto, o pai não vê uso para a instrução, e por isso afasta a Joan da professora, das aulas, e por fim dos livros que adora. E por isso, pela destruição dos seus amados livros, Joan ganha coragem e põe-se na alheta, deixando a quinta e esperando encontrar um trabalho numa grande cidade como Baltimore.

Diria que este livro vive e respira apoiado na força da caracterização da protagonista, a Joan. Afinal, este é  diário dela que estamos a ler. E posso dizer que na maioria, gostei bastante da Joan e da sua caracterização. Ela é uma jovem com pouca instrução, mas esperta, e com um desejo ardente de saber mais, ler mais, conhecer mais. É ambiciosa nesse aspecto, e é óbvio que a quinta onde vive com o pai e os irmãos mais velhos é demasiado pequena para contê-la.

E então a Joan, mesmo sabendo pouco do mundo, arrisca-se e sai de casa, querendo encontrar um emprego como empregada doméstica numa casa da cidade, esperando que no futuro possa continuar a sua instrução e tornar-se professora. Do seu pensamento, em parte pela idade, em parte pelos seus desejos, longe estão ideias de casamento.

A chegada à cidade não é desprovida de peripécias, mas a Joan também tem sorte, e acaba empregada na casa duma família judia. E a partir daí vai crescer e conhecer uma nova realidade, muito diferente da sua; com avanços e recuos e boa vontade, a Joan vai-se esforçar para alcançar os seus sonhos.

Entre as melhores partes do livro está mesmo isso: a vivência da Joan entre uma família judia. A Joan é uma fervorosa católica, mas talvez por ter vivido tão isolada, ela não conheceu qualquer tipo de sentimento antisemita durante a sua vida. Ela nem sabe o que a palavra significa. E aí é que está o cerne da coisa, ela pode ser pouco educada, pode ser inocente, mas é essencialmente boa pessoa, tolerante, até feminista.

E portanto, numa época em que ainda haviam pogroms em partes do mundo, não a choca nada trabalhar para judeus. Aliás, choca-a é descobrir que ainda existem pogroms; a sua incredulidade quando lhe contam o quanto judeus ainda sofrem, muitas vezes às mãos de católicos e cristãos, é quase adorável. Ela foi educada pela mãe para o catolicismo, num misto de amor e fé e compaixão e contrição, e por isso não cabe na cabeça dela o mal que as pessoas fazem em nome da religião.

E lá está, à parte um par de situações, a Joan convive excelentemente com os costumes judeus, e interessa-se muito por eles e por exercer a sua função o melhor que pode de acordo com o que é preciso fazer. A sua lealdade aos Rosenbachs é inspiradora.

Outra parte excelente do livro é o pendor feminista. Em momento algum passa pela cabeça da Joan que não vai conseguir fazer o que quer da vida por ser mulher. Era só o que faltava. Para ela, uma mulher pode ser médica, ou até presidente. Ela ambiciona instrução, e muito mais do que uma vida caseira ou uma a trabalhar como empregada.

Mais partes boas: os personagens. Toda a gente é caracterizada com um cuidado fantástico. A Malka é deliciosa, os Rosenbachs têm todos a sua personalidade e uma relação diferente com a Joan, e é fantástico de as ver desenvolver...

A própria Joan é uma pequena caixinha de surpresas. É pouco instruída mas não é burra, é inocente mas não é parva. Tem momentos de grande sensibilidade e percepção (foi bem esgalhada, a coisa da visão da Mimi), e momentos de ingenuidade de bater com a cabeça nas paredes. (Afinal, ela só tem 14 anos. Em 1911. Tendo vivido toda a vida isoladamente.) É frívola, mas preocupa-se com uma série de assuntos importantes. É ela que leva a narrativa avante, e sem ela não seria a mesma coisa.

Se tivesse de destacar algo negativo, diria que seria mesmo a ingenuidade da Joan. Às vezes mete-a em buracos que dão um novo sentido à expressão "vergonha alheia". E na maior parte dos casos não me importei nada de acompanhar esses momentos, por mais tolinha que ela tenha sido... mas na recta final, custou-me particularmente fazê-lo.

A Joan estava avisada que certa pessoa era assim e assim, e mesmo assim caiu na ratoeira e deixa-se enredar. Bem sei que é o ano que é, ela é a pessoa que é. Mas soou-me ingenuidade a mais, e tanto burburinho por uma paixoneta imerecedora soou-me mal, e tenho pena que a história termine a seguir a essa situação. Preferia que acabasse com um momento mais alto para a Joan. Que até existe, porque damos um salto no tempo, mas sabe a pouco.

A outra coisa é que o livro não soa como se ela tivesse evoluído alguma coisa ao longo da narrativa. É claro que aprendeu algumas coisas, mas termina a história ainda muito juvenil, muito ingénua; quase parece a mesma Joan do início, pelo menos a escrever. Acho que a autora poderia ter sido um pouco mais óbvia na demonstração da sua evolução, denotando isso até na maneira como ela escreve o diário.

É que mesmo depois do salto temporal, ela ainda soa ao mesmo. E quando está a falar do quanto aprendeu e de quão mais crescida está, soa a falso. Porque ela está a dizer-nos, não a demonstrá-lo. Não me parece que a autora tenha feito um trabalho bom o suficiente na coisa do show, don't tell.

Enfim, de qualquer modo, são pequenas objecções, num livro que tanto tem de bom e de delicioso. Diria que lê-lo foi como se estivesse a ler um clássico, um Mulherzinhas ou assim, o que denota que a autora até sabe imergir-nos na época e retratá-la como se fosse a sua época. Só se nota que é contemporâneo pelo tratamento respeitoso dos Rosenbachs. Foi uma pequena grande (e boa) surpresa, diria eu, e bastante recomendada.

Título original: The Hired Girl (2015)

Páginas: 368

Editora: In Edições (Zero a Oito)

Tradução: Susana Serrão

domingo, 27 de novembro de 2016

O Último Adeus, Cynthia Hand


Opinião: Este é um livro simples, enganadoramente simples. Lex é a protagonista, e ela e os que a rodeiam estão a tentar lidar com o suicídio do seu irmão mais novo, algumas semanas antes. No entanto, é incrivelmente difícil explicar o modo brilhante como a Cynthia Hand desenvolve a narrativa e apresenta os personagens e os pequenos momentos que os moldam.

Como disse, a premissa do livro passa por explorar os estilhaços deixados pela morte de Tyler, o irmãozinho mais novo de Lex. Ela limita-se a avançar pelos dias, afasta-se dos amigos e do namorado. Pensa que começou a ver o fantasma do irmão. A mãe afundou no desespero e bebe em excesso ao fim do dia.

Um dia, o terapeuta da Lex desafia-a a escrever uma espécie de diário, já que outras abordagens não resultaram com ela. E é o decorrer do tempo, juntamente com a escrita do diário, que vão levar a Lex a trabalhar o luto, enfrentar os seus muito complicados sentimentos acerca do assunto, tingidos com uma massiva dose de culpa.

Porque é isso. Este livro não oferece todas as respostas. Não tem um fim que embrulha tudo muito bem feitinho e deixa toda a gente num caminho mais feliz. Apenas limita-se a mostrar como um acontecimento trágico deixa marcas em todos em redor, e como essas pessoas tentam lidar com a tragédia e com a rotina entorpecedora de ter de avançar no dia-a-dia.

Talvez seja porque a Cynthia escreve de um lugar de experiência própria (o seu próprio irmão suicidou-se quando eram jovens, apesar de este não ser um livro autobiográfico, nas palavras da autora), mas achei a história muito imersiva, realista, credível. Não vamos descobrir aqui o sentido da vida; é "só" uma história sobre uma rapariga (e aqueles que a rodeiam) a tentar fazer sentido de algo que é impossível explicar.

Adorei a Lex com o seu pensamento inteiramente analítico, que para ela também é uma desculpa para não ter de sentir. Gostei de ver como ela tenta fazer sentido das acções do Ty, tenta perceber, mas compreende que só para a pessoa que o faz, as suas razões farão sentido. Gosto de vê-la compreender que não há explicação para tudo, nem precisa de haver.

Achei interessante vê-la debater-se com a culpa que sente por não ter falado com o irmão quando ele a tentou contactar, pensado que era sua culpa por não o afastar do precipício. Apreciei vê-la debater-se com o conceito de um último adeus, de as últimas palavras que disse ao mano serem ou não carinhosas, porque para ela isso era importante. Gostei de a ver encontrar paz quanto a isso.

Gostei ainda do elenco de personagens secundários. Os amigos da Lex, a tentar confortá-la sem saber realmente o que é estar nessa situação. O (ex-)namorado, o Steven, completamente totó e adorável como a Lex, com quem ela termina no meio do luto, culpando-o e a si própria por coisas em que eles não tinham mão. A Sadie, uma amizade reencontrada e refeita devido a voltarem a ter coisas em comum. A mãe da Lex, perdida no desespero e tristeza, quase desleixando a filha que ainda tem. (Gostei de a ver fazer um esforço, depois da Lex lhe gritar sobre o seu comportamento.)

O pai, menos presente devido a um divórcio que ainda deixa a Lex enraivecida. Gostei de a ver trabalhar na relação com o pai depois disso, e depois do papel que ela lhe atribui na espiral descendente em que a família entrou. E de vislumbrar o luto do pai, ao qual ele também tem direito. O terapeuta da Lex, sempre a tentar puxar por ela sem ser excessivo. E ainda toda esta comunidade de pessoas que foi afectada por um acto tão trágico. Especialmente os jovens, especialmente os amigos do Ty. (Menção especial para o Damian, coisinha preciosa, tão discreto e cheio de vida.)

Este não é um livro extraordinário, que vá mudar o mundo ou inventar a toda. Mas é um livro especial por si mesmo, por recortar um bocadinho da realidade e imortalizá-la nas suas páginas. Há algo na escrita da Cynthia que é honesto e emocional, com um toque de familiaridade e boa disposição, que permite que esta não seja uma leitura pesada; mas ainda assim, emocional e que deixe uma marca. Estou contente por ter apostado nele.

P.S.: É definitivamente picuinhas entrar nisto depois dum livro assim, mas pronto... gostei da capa, na sua maioria. E do design. Honra a capa original e usa a ideia de escrita e de post-its. No entanto, não sou fã da maneira como o nome da autora está enquadrado. Parece tão... antiquado. Já não se faz assim em capas, e não é particularmente interessante como opção gráfica.

Título original: The Last Time We Say Goodbye (2015)

Páginas: 304

Editora: Topseller

Tradução: Cláudia Ramos

sábado, 26 de novembro de 2016

Gemina, Amie Kaufman, Jay Kristoff


Opinião: Ah, estava tão preocupada. Sem razão nenhuma, mas pronto. That's how I roll. Tinha uma secreta ou não tão secreta esperança que me divertisse tanto como com o primeiro livro, mas pronto, também estava nervosa acerca de a fórmula perder o seu encanto, ou de não gostar tanto de acompanhar personagens diferentes. Bah, que tonta, não é?

Neste segundo livro, os seus acontecimentos seguem mais ou menos a partir do fim do Illuminae, fazendo dele tanto uma sequela como um companion - este último é porque não segue os mesmo personagens ou até directamente o mesmo enredo, o primeiro porque continua um arco de história maior que acredito que vai seguir para o terceiro livro.

A acção decorre na estação espacial Heimdall, um local mencionado várias vezes no primeiro livro e que era visto como um potencial porto de abrigo. É que a Heimdall gere um wormhole, modo de viagem para naves chegarem rapidamente a outros pontos daquela zona do universo, ou até ao local central de administração da sociedade que vemos nos livros. E é por essas razões que a Heimdall se vê então envolvida na guerra intercorporações que ditou os acontecimentos do Illuminae.

No centro disto tudo estão dois jovens que residem na estação. A Hanna Donnelly, filha do comandante da estação, aparentemente mimada, rica e protegida. No entanto, a Hanna foi treinada por um pai militar. É excelente em autodefesa, e passavam os serões em jogos de estratégia. O melhor de tudo neste livro foi mesmo a Hanna. Uma caixinha de surpresas, uma miúda capaz de muito mais do que aparenta.

E adoro a sua apresentação no início: rapidamente afasta a potencial etiqueta de "certinha e menina do papá" - a Hanna está a tentar comprar uma substância alteradora de sobriedade. Uma droga, basicamente, com a diferença que esta não parece ter adição como desvantagem, e por isso também não terá estigma associado. E também acho bastante interessante a Hanna ter um namorado, e eles serem fofos juntos, mas não parecerem particularmente amorosos ou carinhosos juntos. Talvez seja porque rapidamente a acção principal entra em cena, mas achei a relação deles mais física que outra coisa. E bem, depois ela tem um fim bastante justificado, por isso eu tinha razão em não torcer por eles.

Já o Nik Malikov nem sequer é um residente registado da estação. Cresceu e faz parte da máfia - que não podemos dizer que é russa, porque neste mundo as nacionalidades já não são como as conhecemos, mas é uma evolução da mesma. Está na estação para ajudar o tio a conduzir negócios mais ou menos ilegais (e para fugir ao passado, mas isso é parte da história). O Nik conhece a Hanna porque é a pessoa que lhe vai vender a "substância" (eles flirtam um bocado, mas são apenas conhecidos), e é isso que os salva na parte inicial da acção. Além disso, gostei do Nik porque ele parece mais do que é. Quase que se vê que ele está a tentar demasiado ser o membro da máfia que é suposto ser, e gosto que também seja uma caixa de surpresas.

O acontecimento motor que garante que tudo vai mudar é a chegada de uma equipa de elite especializada em exterminação e recuperação e obtenção de... coisas. Foi enviada pela corporação que provocou os acontecimentos no Illuminae, para prevenir que os sobreviventes do primeiro livro consigam ajuda. E têm carta branca para destruir a Heimdall e todos nela para obter os seus objectivos. É claro que vai tudo para o inferno. E como a lei de Murphy é a lei de Murphy, tudo o que pode correr mal neste cenário, vai correr mal.

Diria que a evolução do enredo neste livro tem algumas semelhanças com o anterior, como se ambos tivessem um "esquema" geral: há um elemento antagonista principal e deliberado, e um antagonista secundário, que se manifesta duma maneira quase incontrolável e mais insidiosa que o principal. Além disso, os personagens têm de navegar uma série de "missões" ao longo da história (faz-me pensar num jogo de consola). Para além disso, diria que cada uma é a sua própria história, distinta e única à sua maneira.

Gosto das pequenas ligações que este livro tem com o Illuminae, como personagens relacionados presentes nos dois; e o facto de quem sobreviver ao primeiro livro, vai seguramente aparecer neste. Nem sequer é um spoiler; as coisas não seriam interessantes se as duas narrativas não se interceptassem, portanto é claro que ia acontecer.

Outras coisas de que gostei: personagens secundários como a Ella, uma miúda com uma deficiência física que é essencial na narrativa da Hanna e do Nik. A Ella é tão fofa e tão durona, uma verdadeira aranha a criar a sua teia para apanhar as moscas. Absolutamente odiei e adorei o antagonista secundário, porque me lembrou das aulas de Parasitologia, e tendo eu tirado um curso na área de saúde, é dessas que me lembro como arrepiantes, com a ideia de parasitas a inflitrar-se na nossa pele e bichos microscópicos mas com coisas que pareciam dentes feiosos. Ugh.

Gostei da parte final. Sabendo nós que um wormhole faz parte da equação é claro que se espera que os autores façam alguma coisa gira com ele. Aquilo que eles fizeram? Para já, foi surpreendente, mesmo estando eu à espera que acontecesse algo, não pensei que fosse isso. Depois, foi tão fixe, tão estranho mas bem esgalhado, toda a noção de coisas paralelas e como resolveu o final para os personagens. Muito bom.

E pronto, estou muito curiosa para o que vem a seguir. Cada livro é, na sua essência, sobre a força e engenho da humanidade, a sua vontade e capacidade de sobrevivência, mas a trilogia no seu todo é sobre vencer os maus, na forma de uma corporação intergalática que destruiu as vidas dos nossos protagonistas como as conheciam.

Quero muito ver como termina porque agora que já conheço o formato, quero ver a evolução natural dos primeiros dois livros para o terceiro. E quero ver o futuro, quero saber o que acontece no seguimento dos relatórios que vemos no início e fim deste livro. Estou tão curiosa que podia morrer de curiosidade.

Por fim, dois destaques: a maneira como os autores nos imergem na cultura vigente, apresentando coisas que nos são familiares e estranhas ao mesmo tempo. Como a subvocalização, que cria chats entre as pessoas na Heimdall, mas em que o emissor não tem de escrever. Ou a noção dum vírus que obriga a passar uma música dum certo artista sempre que a estação tem algo sonoro a passar. É claro que neste futuro as corporações musicais usam vírus para promover as suas músicas. É genial. (Além disso, a música em questão cria momentos hilariantes no livro.)

O segundo destaque é para o design do livro. Brilhante, fantástico, até me dá uma coisa só de contemplar o trabalho necessário para isto. Os chats, as pretensas entradas na Unipedia, as formas imaginativas usadas para descrever certos momentos na acção (os autores ainda se divertem com a coisa; em momentos em que morrem figurantes ficcionais, eles usam o nome de autores amigos no diagrama).

Adorei neste livro a lista de pessoas na equipa táctica que invade a Heimdall; deu uma cara às pessoas e deu mais impacto quando lhes vemos acontecer coisas. E adorei que quando alguns morressem, a lista aparecesse actualizada, com cruzes a riscá-los da equipa. Só me queixo de a lista não aparecer actualizada no fim, com os verdadeiros e pretensos sobreviventes. E por fim, diverti-me tanto com o diário da Hanna, que desenha para contar a sua vida, e tem observações fascinantes. E bónus, é desenhado pela Marie Lu, outra autora que aprecio. Uma bela e simpática surpresa.

Páginas: 672

Editora: Alfred A. Knopf Books (Penguin Random House)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Curtas BD: Graphic Novels da Marvel, vols. 22 a 25

Mulher-Hulk: Solteira, Verde, Perigosa, Dan Slott, Juan Bobillo, Paul Pelletier
Há abordagens de autores sobre certos personagens que nos fazem ficar fãs dos personagens. A dupla Matt Fraction-David Aja é culpada pelo Hawkeye (e principalmente por eu adorar a Kate Bishop); já a série mais recente da Mulher-Hulk, de Charles Soule e Javier Pulido, é bastante fixe. Mas se tivesse de escolher entre essa e este livro, aquela com a qual fiz clique mais facilmente foi mesmo esta.

A premissa é brutal: a Jennifer vai trabalhar para uma firma de advocacia de sonho, para exercer advocacia... na área dos superseres e pessoas com capacidades extraordinárias. Pelo meio, ela parece estar demasiado dependente de ser a She-Hulk e dos benefícios que isso lhe traz, e mete-se num monte de sarilhos pelo meio.

Gosto do humor com que os sucessivos números da narrativa são escritos. Cada história tem uma série de sarilhos e coisas hilariantes a acontecerem, e foi muito divertido de acompanhar o livro. Como bónus, achei piada à arte, toda abonecada e arredondada, duma maneira gira.

O Espetacular Homem-Aranha: Nascimento do Venom, David Michelinie, Todd McFarlane
Ok, há coisas que se lêem só para ficar a par delas; lê-las na intrincada e complexa cronologia dos super-heróis é útil para compreender como afectam o que vem a seguir. Acho que este é um dos casos. Ler a história não me aqueceu nem arrefeceu, mas aprecio poder tê-la lido.

Suponho que teria mais um factor "uau" para mim, se já não tivesse visto o Venom depois disto, num milhar de maneiras diferentes. Ou se não tivesse visto a sua história de "origem" recriada nos filmes. De qualquer modo foi instrutivo, ver o Peter a lidar originalmente com os desafios do fato alienígena, e a compreender que aquilo não o estava a ajudar de maneira nenhuma. (Passava bem sem as histórias do Puma, que me pareceram mais para encher chouriços.)

Também foi giro ver como estava a vida pessoal do Peter neste ponto; primeiro separado da Mary Jane, depois a descobrir que ela já sabia do seu segredo; e por fim, casados. Gosto muito deles em modo casado. De todo o volume, a arte do Todd McFarlane é a mais distintiva, nem que seja porque faz sempre um cabelo doido na Mary Jane. A sério, aquilo parece uma florestra tropical. (Estou a brincar. Mais ou menos.) Por outro lado, põe o Aranha a fazer umas poses doidas. E o Eddie Brock pareceu-me tão estranho. Muito mais matulão que imaginava.

Quarteto Fantástico: Ação Decisiva, Mark Waid, Howard Porter, Mike Wieringo
Mais outro caso de criadores a fazerem-me preocupar com personagens a quem não ligava nenhuma antes. Nunca fui particularmente fã do Quarteto, mas lendo este conjunto de histórias por estes criadores, acho que não me importava de continuar a lê-los.

Que raios, esta história é tão, tão doida, no melhor dos sentidos. Depois de afastar o Dr. Destino, o Quarteto (principalmente o Reed) instala-se na Latvéria para "libertar" o país, protegê-los dos inevitáveis movimentos armados de jogadores interesseiros à escala global, e fazer o povo latveriano perceber que são livres, senhores do seu destino.

Começa como a melhor das ideias, mas descamba rapidamente, escalando e complicando-se, até ter consequências trágicas. O Reed tinha a melhor das intenções, mas a sério, não confiar nos que o rodeiam é uma péssima ideia. Enfim, pontos bónus porque a parte final tem uma reviravolta, vai a lugares inesperados, e ainda tem um momento metafísico deveras fascinante.

Nota: não há capa para este... porque não há capa em qualidade decente pela net fora, talvez por deficiente divulgação da editora. E porque não tenho disponibilidade e/ou vontade para me ir pôr a fazer uma digitalização do meu livro de propósito. Talvez mais tarde a acrescente.

O Incrível Hulk: Gritos Silenciosos, Peter David, Dale Keown
Pronto, já quanto ao Hulk, acho que não há ninguém que consiga mesmo cativar-me para o personagem inteiramente. Há sempre qualquer coisa que me impede de seguir o personagem com o mesmo gosto que outros.

Suponho que posso dizer no entanto que estes autores passam lá muito perto. Gosto bastante do conceito explorado neste volume, a presença dos vários Hulks e como eles se relacionam com a psique do Bruce Banner.

É bastante interessante ler sobre o Hulk Cinzento e ver uma nova faceta e personalidade que não a do Verde; e a história em si é bastante dinâmica, até, muito bem construída e cativante. Não me importaria nada de ler mais para trás e para a frente, para ver o que os autores têm reservado.

domingo, 20 de novembro de 2016

Anexos, Por Um Fio, Rainbow Rowell

Anexos / Por Um Fio, Rainbow Rowell

Título original: Attachments (2011) / Landline (2014)

Páginas: 352 / 320

Editora: Chá das Cinco (Saída de Emergência)

Tradução: Fernanda Semedo

Em ambos os casos foi uma releitura, e por isso não vou repetir o que disse na minha primeira opinião de cada livro (Attachments e Landline, links nos respectivos títulos). Ambas ainda se aplicam inteiramente, por isso vou apenas acrescentar o que a releitura me trouxe.

Sobre o Anexos: divirto-me tremendamente com a premissa. Gosto muito de livros que brincam com a forma de narrar a história, como neste caso usando e-mails, apesar de a base ser a escolha não propriamente ética de um dos personagens continuar a ler os e-mails de outras pessoas, a que tem acesso.

Contudo, lá está, é impossível ficar zangada com o Lincoln. Como disse na minha opinião original, ele é pateticamente adorável. É o ter de estar neste emprego que detesta, o ler os e-mails de outros, o ficar envolvido nos dramas pessoais da Beth e da Jennifer... tudo isso contribui para o fazer sair da casca, perceber o que quer da vida e seguir nessa direcção.

O mais importante no meio disto tudo, e que lembra que ele é um bom tipo que se enterrou numa situação difícil, é que ele nunca tenta beneficiar da informação privilegiada que recebe de ler os e-mails da Beth. Quando ganha juízo, simplesmente afasta-se, compreende que nunca poderá ter o que deseja por ter começado assente numa premissa menos própria, e afasta-se. O coração dele está no local certo.

Tenho pena de nunca termos um POV real da Beth. Os e-mails dela são cândidos, mas nunca contam a história toda. Conseguimos perceber que ela está mais envolvida na história do "tipo giro" (=o Lincoln) do que dá a entender, mas mesmo assim, ah, adorava ler o que ela realmente estava a pensar. E na parte final do livro, ui, aí era excelente ler o que lhe estava a passar pela cabeça.

Chego à conclusão que adoro o final. Lembra-me o final do filme Amélie, uma pessoa passa o raio do filme a torcer para que ela ganhe juízo, e no momento crucial, acobarda-se. E depois *respira fundo* a maior da surpresas acontece (a sério, o realizador deve gostar de brincar com as nossas expectativas), e aquilo é tão intenso e excitante, apesar de ser uma cena muito simples.

O final deste livro lembra-me isso. Uma coincidência misturada com uma surpresa, uma cena final simples e intensa que nos faz torcer por toda a gente envolvida. Aquela vontade de gritar "SIM" em altos berros por finalmente tudo se ter encaminhado na direcção certa. Céus, a Rainbow gosta de brincar com as minhas emoções.

Sobre o Landline: gosto especialmente de a autora conseguir transmitir tão bem uma situação pela qual nem toda a gente terá passado, e com a qual se poderia não identificar. Ela transmite bem a "crise" no casamento da Georgie e do Neal, e este é um excelente livro para mostrar como a Georgie se lembra de porque é que casou com ele, e porque é que ele casou com ela.

Gosto do aspecto "viagem no tempo", porque é bem executado e faz sentido. Reviro os olhos à ineptitude da Georgie em relação a, bem, quase tudo. (A sério, é como um bebé no que toca a life skills.)

Gosto de ver que o livro não aponta dedos entre o casal. Sim, a Georgie é uma despassarada e de certo modo negligenciou em parte a vida familiar, mas vê-se como os adora e morreria sem eles. O Neal é extraordinário em quase todos os aspectos, um pai-dono-de-casa-barra-doméstico, mantendo o barco à tona... mas é muito claro que ele é péssimo a comunicar, e algo passivo-agressivo quando não está contente com algo. O que com a Georgie é impraticável, porque ela nunca repararia.

Ou seja, ambos têm culpas no cartório pela maneira como as coisas estão... de certo modo gostava que o livro passasse por eles falarem sobre estas coisas, estarem cientes que elas não ajudam a manterem-se como casal, e mostrarem-se decididos a melhorar no que puderem. Do lado da Georgie vemos alguma coisa, mas como o POV é todo dela, nunca vemos a perspectiva do Neal, e eu acho que isso era importante, ele ver que tem direito a estar zangado, mas que tem de se manifestar em vez de meter uma rolha, arriscando-se a rebentar mais tarde.

Gosto que nunca seja um problema a Georgie ser a parte trabalhadora do casal, e que ela nunca se sinta culpada por "não ficar em casa"/ser mais doméstica. Por vezes a sociedade ainda vê estas coisas de forma muito tradicional, e é importante ver uma inversão de papéis de forma positiva, como ocorre neste casal. Cada um é perfeito para o papel que ocupa, e não podia ser doutra maneira.

Uma leitura gira, mas que como muitos livros da Rainbow, me sabe a pouco. Fico sempre com vontade de ler mais sobre os personagens que ela escreve.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Between the Lives, Jessica Shirvington


Opinião: Há uns tempos, estava eu a ler uma opinião num blogue, sem ter reparado sequer no título do livro, quando penso para mim "isto parece-me estranhamente familiar", Fui ver... e era o Disruption, desta mesma autora. Fiquei horrorizada. Eu que gosto tanto dela, e não me tinha dado conta que o mercado americano ia lançar mais um livro dela, e pior, eu ainda não tinha lido o anterior! Procedi a sentir-me imensamente culpada e a corrigir a situação.

É que, convenhamos, os livros anteriores dela que li, a série da Violet Eden? Suspeito que me estão tatuados no coração, ou no cérebro, ou lá onde é que me ficam os livros dos quais nunca mais me esqueço, aqueles que me ficarão sempre com um carinho especial. Há qualquer coisa na maneira como a Jessica escreve que ressoa comigo. Intensa, emocional, realista. E por isso, mea culpa. Distraí-me e de repente já tinham passado dois anos desde o lançamento deste nos EUA/Reino Unido (a minha edição é deste último).

A premissa deste livro tem, à semelhança dos livros anteriores da autora, um quê de ficção especulativa, mais a atirar para a ficção científica, mesmo, se bem que ainda assim firmemente enraizado na ficção contemporânea. Sabine é uma jovem de 18 anos que tem duas vidas. Antes da meia-noite está numa delas, depois da meia-noite, dá por si imediatamente na outra. Vive cada dia duas vezes.

Em Roxbury vive uma vida mais carenciada, revoltada com as suas circunstâncias, os pais são gerentes duma farmácia, e adora a sua irmãzinha mais nova. Em Wellesley, é duma família rica, e tudo aparentemente é perfeito - família, namorado, vida, amigos; até os pais são divorciados de forma amigável - mas a mãe é algo neurótica com a aparência, e não sente grande ligação aos dois irmãos mais velhos.

Sabine sabe desde sempre que as suas posses materiais não transferem de vida para vida; apenas o seu corpo e mente sim - e por isso, memórias e capacidades cognitivas existem nas duas vidas, e uma doença passa de uma para a outra. Só que, após o 18º aniversário, Sabine parte o braço numa das vidas. E as regras mudam. Dantes o braço partido passaria para a outra vida, mas não é isso o que acontece.

Sabine sente-se exausta de viver duas vidas, enganar toda a gente sobre a pessoa que é, e fingir muito do que é para benefício dos outros. Como vive cada dias duas vezes, tem em teoria o dobro da idade - 36 em vez de 18. E Sabine está farta. Depois de tanto tempo assim, ela só quer que acabe. E então começa a magicar sobre os efeitos da fisicalidade já não se transferir entre as duas vidas.

E se seguir essa linha de pensamento até às últimas consequências, o que ela estará a considerar é suicídio numa das vidas, para ficar a viver na outra. A inteligência da coisa é que a autora nunca deixa de sublinhar a gravidade dessa decisão, mas também faz acreditar que para a Sabine, é a única saída que ela vê numa situação que considera insuportável.

É também o que me agrada no livro: pega numa premissa de ficção científica, mas o como não é importante. O foco aqui é o impacto humano dessa premissa extraordinária; há um excelente trabalho de mostrar como algo muito fixe e aparentemente agradável a alguém, uma bênção, digamos, pode revelar-se também como uma maldição, algo insuportável para quem recebe este "dom", esta capacidade.

Também mostra que nem tudo é a preto e branco, no que toca à potencial decisão drástica da Sabine. A sinopse é redutora na exposição que faz da situação ("perfect life or perfect love"), mas realmente as vidas parecem perfilar-se nesses dois sentidos.

Em Wellesley, a vida parece perfeita, invejável. (Apesar de mais à frente a propria Sabine compreender que não, nem por isso, e ela estava a contentar-se com pouco, sabendo que podia ter melhor, sentir-se mais completa.) Em Roxbury, a vida é mais complexa, nuanceada... no meio das suas "experiências" com as duas vidas e o que transporta entre elas, Sabine é apanhada pelos pais, e conta-lhes a verdade...

... só que eles não acreditam, e internam-na, a pensar que está com um distúrbio psicológico, numa reacção bastante realista, mas também algo revoltante, pois parecem agir como se as aparências fossem mais importantes que a saúde dela. E é no hospital psiquiátrico que a Sabine, desesperada, abandonada, conhece finalmente alguém que está disposto a acreditar nela.

O Ethan, que se revela bastante intrigante, pela sua postura e atitude na vida, e pela sua inclinação para acreditar na Sabine. Há qualquer coisa nele que me faz desejar que a autora tivesse explorado mais o seu personagem, escrever umas histórias laterais no ponto de vista dele; é quase hipnótico, de fascinante que parece ser a sua personalidade.

O Ethan tem o seu próprio mistério, razões para querer acreditar; no entanto, é engenhoso, presta atenção ao que a Sabine lhe conta e apresenta-lhe testes que possam comprovar que ela diz a verdade. Eles passam uns dias fantásticos juntos; contudo, se eu pudesse fazer algo ao livro, actuaria nesta parte, que é a menos bem explorada.

Faria por desenvolver mais a relação deles; até poderia acreditar que uma semana chegou para se apaixonarem, mas teria de ver isso. Faltaram mais cenas com eles juntos, capítulos sobre o tempo que passaram juntos; em alternativa, alguns parágrafos em jeito de reflexão da Sabine já teriam sido suficientes, se mostrassem a intensidade dos momentos que passaram juntos. Faltou aprofundar esse tempo, para ser mais credível esse "perfect love" de que fala a sinopse.

De qualquer modo, é isso mesmo que faz a Sabine vacilar na sua decisão. Enquanto Wellesley parecia a clara vencedora no início, indirectamente o Ethan mostra à Sabine que tem muito por que viver na vida de Roxbury também. E ele bem tenta não influenciar a sua decisão ao máximo; sabe que se lhe revelar certas coisas sobre si mesmo, ela podia fazer tomar uma decisão precipitada, e por isso prefere não revelar uma parte de si mesmo.

É essa a verdadeira tragédia do livro. (No bom sentido.) Quando a Sabine começa a apreciar o que tem, o livro acaba. O final é agridoce, triste e com uma boa dose de esperança, e com uma pequena reviravolta que seria tão cativante, deliciosa de ver explorar. Mas a história termina aqui, em aberto, com um monte de possibilidades. Acho que é esse o objectivo, apreciar as possibilidades da vida. Mas morria se pudesse ser uma mosca e ver a cena final do livro evoluir para algo mais.

Ah, este livro não é tão perfeito como o que eu já li da autora. Merecia ter umas 50 páginas a mais, e explorar mais a fundo a sua premissa e a relação dos protagonistas. Mas é uma pequena boa surpresa. Gosto de como a autora pensa e de como decidiu explorar a premissa aqui, o ângulo que apresenta. Certamente vou continuar a lê-la.

Páginas: 336

Editora: Orchard Books (Hachette)

sábado, 12 de novembro de 2016

The Midnight Star, Marie Lu


Opinião: Woe is me. Tenho apanhado demasiados livros bons/favoritos e/ou de autores favoritos ultimamente, e acabo por engonhar no opinar... livros acerca dos quais tenho sentimentos fortes pedem uma reflexão mais aturada que às vezes a rotina do dia-a-dia não me permite, e são aqueles cujas opiniões ficam para o fim. Bem, hoje é o dia deste. Não quero deixar passar mais tempo.

É singular, a minha apreciação da Marie Lu. Normalmente sou uma leitora mais virada para livros e autores character-driven, isto é, com uma excelente caracterização de personagens. Os personagens podem até estar a ver tinta secar como enredo. Se a caracterização me apaixonar, eu vou ler com gosto.

A Marie é um caso único. Ela é claramente mais plot-driven, focada no desenvolvimento do enredo (e do worldbuilding). A sua falta de foco mais atenta na caracterização foi o que me fez gostar da série do Legend, mas não amá-la. Passei a série a tentar gostar dos personagens, mas nada se destacava neles para mim. Eram bons personagens, só que preferia que fossem escritos de modo a imergir na sua personalidade por completo. No entanto, o fim dessa trilogia matou-me, no bom sentido. Foi tremendamente agridoce, mas incrivelmente adequado. Lá está, a queda da autora é para o enredo. Ali teve a sorte de isso dar um empurrão à caracterização.

A relevância disso tudo para esta série? Bem, tenho-o dito nas opiniões dos livros anteriores, a Marie dá um salto incrível na sua capacidade de caracterização de personagens. A protagonista em particular, Adelina, é soberba. Má, capaz de coisas horríveis, mas tão merecedora de compaixão. A vida nunca foi fácil para ela, e as suas escolhas são reflexo disso, mas ela mantém um lado que é capaz do melhor, apenas raramente cede a ele.

No que toca à evolução dela neste livro, suponho que posso dizer que é tudo o que esperava ou desejava. Vemos no início a evolução natural do final do segundo livro, e aí ela está no seu pior, gloriosamente maléfica, no limite da loucura. Quase que se pode dizer que é cativante. Mas uma descoberta que os Daggers fazem leva a que ela se veja a trabalhar com eles num objectivo comum...

... e gostei dessa evolução da narrativa. Tirou toda a gente da sua zona de conforto, e obrigou-os a enfrentar as consequências do mundo em que vivem. O final, tal como na outra trilogia, é bastante agridoce. Não é a minha coisa ideal para a Adelina, mas sei que essa era mais wishful thinking que realista. Da maneira como foi executado, é fantasticamente adequado. Dá-lhe a redenção que eu esperava, e dá-me uma sensação de esperança. E ainda assim, muda o mundo deles irreversivelmente.

Acho que o que posso queixar-me no que toca à caracterização... é que o livro é tão pequeno. E não permite uma evolução mais completa de grande parte dos personagens secundários. Tinham-me cativado nos volumes anteriores, e sinto que neste livro não tiveram oportunidades para brilhar, para uma maior complexidade.

Aquilo que acontece afecta toda a gente, todos os Young Elites que tenho adorado acompanhar... e diria que só o Teren tem um pouco de maior clarificação sobre o seu carácter. (Muito bem-vinda, gostei. Mostra que não é preciso muito para conseguir uma melhor caracterização.) Desejaria o mesmo para a Violetta, o Magiano, o Raffaelle, a Maeve, o Sergio... qualquer um é fascinante de pleno direito.

O livro não ser tão longo como gostaria significa que o enredo em si também me soube a pouco. Quero dizer, a maneira como as coisas evoluem está bem orquestrada; faz sentido; e adoro o caminho que a narrativa tomou. Gosto que a Marie me tenha surpreendido. Mas a própria premissa tem tanto sumo que podia ser espremido. Sinto que as coisas tinham um potencial que não foi inteiramente aproveitado. O... local... que eles visitam? Podia ter bem mais capítulos para explorar, ter mais obstáculos. Permitiria à história e ao worldbuilding ficarem mais completos, e ajudaria mais nas minhas queixas da caracterização.

E isto vindo dum lugar de quem adorou esta evolução. A sério, que ideia brilhante para resolver a questão dos Young Elites. Envolve isso tudo com a mitologia dos deuses/anjos duma forma tão fixe. (E que me fez pensar... em termos de cenário e mitologia, esta série lembra-me um bocado dos livros de Kushiel da Jacqueline Carey. No bom sentido e com as devidas diferenças.)

E pronto, como disse, a resolução é agridoce, triste e bem feita, e que me deixa curiosa para saber mais, mas ainda assim satisfatória. Vou ter saudades, mas deixo esta história convicta que tudo terminou como devia. É o máximo que posso pedir duma série. Diria que a este ponto do campeonato, duas séries passadas, a Marie Lu não é exactamente uma autora-favorita-de-todo-o-sempre, mas faz muita coisa bem feita que me agrada, e por isso está na lista para continuar a acompanhar.

Páginas: 336

Editora: Putnam (Penguin Random House)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Curtas BD: Sandman. volumes 1 a 4

Sandman v.1: Prelúdios e Nocturnos, Neil Gaiman, Sam Kieth, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III
Sandman v.2: Casa de Bonecas, Neil Gaiman, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III, Chris Bachalo, Michael Zulli, Steve Parkhouse
Sandman v.3: Terra do Sonho, Neil Gaiman, Kelley Jones, Charles Vess, Colleen Doran, Malcolm Jones III
Sandman v.4: Estação das Brumas, Neil Gaiman,  Kelley Jones, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III, Matt Wagner, Dick Giordano, George Pratt, P. Craig Russell

... pois. Acho que basta ler um par de volumes para perceber porque é que toda a gente é louca por isto. Não diria que basta o primeiro volume, Prelúdios e Nocturnos, porque sei que li o seu conteúdo no passado, e apesar de ser interessante não é memorável por si só.

Não, o que é memorável é continuar a ler e ver o tapete de histórias que está a ser tecido ao longo dos livros. A aparente simplicidade e genialidade da série está em pegar numa miscelânea variada e abundante de lendas e mitos do imaginário popular, jogá-las todas para dentro do mesmo saco, abanar, e sair de lá uma coisa brutalmente coerente e cheia de ligações estranhas e obscuras...

...e que fazem estranhamente sentido. E nem sequer vou fingir que apanhei todas as referências. Quero dizer, considero-me uma pessoa com uma boa cultura geral, mas estes livros estão tão recheados de coisas que não me parece que seja possível. Sobreviverei. Passei a leitura tão fascinada que não posso ficar aborrecida por isso. É simplesmente uma boa desculpa para uma futura releitura.

O primeiro volume, Prelúdios e Nocturnos, conta a história de um ser, Sonho dos Eternos, que é aprisionado durante anos e anos. Mostra-nos as consequências da sua prisão (e aqui começa a genialidade, porque esta aparentemente simples história coloca uma série de elementos que o autor aproveita para expandir mais à frente), como é libertado, a sua "vingança", e como tenta recuperar os seus artefactos de poder.

Algumas das histórias aproveitam para entrelaçar pedacinhos do universo DC entre elas; e o caminho que Morpheus percorre é longo e complexo. As minhas histórias favoritas deste volume incluem a em que Morpheus desce aos infernos para recuperar o seu elmo, e a batalha que trava para esse efeito; a história "24 horas", pelo conceito e pela degeneração entre um grupo de pessoas (assustadora); e a última história, em que o Morpheus está com pena de si próprio e a sua irmãzinha, a Morte, vem dar-lhe nas orelhas para parar de ser parvo (é interessante por mostrar as possibilidades da Morte e as suas várias facetas).

Segundo volume, Casa de Bonecas: é maioritariamente a história de Rose Walker, uma jovem relacionada com uma situação que ocorre devido à prisão do Sonho, e a sua procura pelas suas raízes e pelo seu irmãozinho raptado. Achei que a história tinha algum sentido de humor - afinal, há uma "conferência cereal", que mais não que é uma reunião de... serial killers. Explora algumas potencialidades fascinantes do mundo do Sonho.

O volume tem duas histórias intercaladas. A primeira é sobre uma mulher que amou o Sonho. (E quão bem isso correu. O Morpheus parece um idiota nesta lenda, pelo menos como é contada. Mas é bastante inteligente o modo como é enquadrada.) [Isto vai voltar no quarto volume. É fabuloso pensar nestas ligações todas.] A segunda história é sobre um homem a quem é concedido viver enquanto não desejar morrer, e os seus sucessivos encontros com o Sonho ao longo dos séculos. Muito giro ver como às vezes ele estava em alta, outras em baixa. Destacam-se as aparições de William Shakespeare e de uma antepassada do Constantine. E é engraçado ver o último reencontro deles, pelo que havia acontecido no anterior.

Terra do Sonho, o terceiro volume, reúne quatro histórias soltas com aparições do Sonho (na última, da Morte), explorando o mundo fantástico criado na série. Creio que gostei mais das duas primeiras que das últimas duas. A primeira, Calíope, é sobre uma das musas, aprisionada por homens egoístas e brutais (a sério, que vontade de lhes apertar o pescocinho) para aproveitarem a sua capacidade inspiradora. A segunda, Um Sonho de Mil Gatos, é tão gira pela presença dos nobres felinos, pela sua ligação ao mundo do Sonho, e pela compreensão da natureza felina.

A terceira história, Sonho de Uma Noite de Verão, é sobre William Shakespeare (que já tínhamos visto no volume 2) e a sua trupe de actores, que representa a peça homónima para uma audiência... especial. (As fadas mencionadas na peça.) Acho que apreciaria mais se estivesse familiarizada com a peça. Afinal, isto fez a proeza de ganhar um World Fantasy Award. A última história, Fachada, tem elementos interessantes, mas acho que apreciaria mais se estivesse mais familiarizada com a personagem principal.

O último volume, Estação das Brumas, tem uma premissa brutal: o Sonho percebe que foi um idiota com a Nada, a mulher que amou e que apareceu no segundo volume; e deseja retornar ao Inferno para tentar ajudá-la. De caminho, Lúcifer, para se vingar da fuga do Morpheus no primeiro volume, cria um plano inusitado: esvazia o Inferno e oferece as chaves ao Morpheus. (A vingança serve-se fria.)

É claro que algum caos e hilaridade se seguem. Uma série de deuses, panteões e seres míticos interessam-se pela posse do Inferno, e oferecem e ameaçam o Sonho para lhes dar o dito cujo. É muito engraçado seguir a estrutura da história ao longo de todos oferecerem a sua dádiva. (Ou fazerem a sua ameaça.) Gosto da resolução dada, faz sentido, vai para quem menos irá desviar o curso das coisas. E no início do volume temos uma reunião entre os vários Eternos (menos um), que foi cativante de acompanhar para os conhecer melhor.

domingo, 6 de novembro de 2016

Meg Cabot: Avalon High

Meg Cabot

Meg Cabot, Jinky Coronado

Páginas: 320 / 128 / 192 / 160

Editora: Harper Teen / HarperTeen + TokyoPop (para o manga)

Avalon High é possivelmente uma das minhas histórias favoritas da Meg Cabot; pelo menos, lembro-a com bastante carinho; e a releitura não me estragou nada das boas memórias. Ainda é um bom livro, um livro divertido, imaginativo e que reconta uma lenda duma forma muito interessante, podemos dizer que até é original, especialmente por ter sido publicado num tempo em que os retellings ainda não estavam na moda.

É a história de Ellie Harrison, uma jovem que está a fazer o 11º ano longe de casa, porque os pais são professores universitários e estão a ter um ano sabático. A Ellie até lida muito bem com a mudança de casa e escola e ambiente, tem uma atitude fantástica nesse aspecto, e gosto disso.

Rapidamente ela conhece alguns dos alunos de Avalon High e se aproxima deles - particularmente Will Wagner, atleta, bom aluno e rapaz com uma excelente personalidade e bom coração, mas também Jennifer, a sua namorada, e Lance, o seu melhor amigo. Eles são parte da elite da escola, os alunos mais populares - mas curiosamente, e talvez por ser um recontar da lenda que é, a popularidade não quer dizer falta de carácter.

Gosto que na escola não haja más atitudes entre populares e não populares, é o tipo de coisa que é tão cliché e que aqui não ajudaria nada à história. A própria Ellie não é o que se chamaria popular, mas facilmente é aceite no círculo do Will. Não há estruturas sociais rígidas, o que é refrescante.

O curioso da história é que a Ellie quase que cai no meio de um drama que está parcialmente já a acontecer; a sua chegada simplesmente precipita alguns dos acontecimentos. Um dos professores, o Mr. Morton, faz parte da Ordem do Urso, que acreditam que o Will é uma de várias reencarnações do rei Arthur que ocorreram ao longo do tempo; e que a escuridão e os poderes do mal envidam esforços para impedir que ele se manifeste, reencarnação após reencarnação.

A Ellie chega quando parte da história já está a ocorrer: a Jennifer e o Lance apaixonaram-se nas costas do Will, quais Guinevere e Lancelot, e é a descoberta dessa traição que o professor Morton acredita que irá destruir o Arthur desta geração. Para além disso, os paralelos com a lenda são mais profundos que toda a gente acreditava, e a descoberta dos mesmos pode complicar a situação.

O que é fascinante é que a Ellie é alguém da lenda, é verdade, mas há uma reviravolta na pessoa da qual ela é um paralelo. Além disso, a sua presença quase que funciona como um tampão, como uma pedrada no charco que leva o Will a compreender certas coisas acerca de si próprio, e a aceitar bem melhor as descobertas que faz ao longo da história. Mesmo que não seja exactamente activa durante a primeira parte da história, é a sua mera presença que muda os acontecimentos; há uma sensação de destino acerca de toda a coisa.

Acho que uma das razões pela qual eu gosto tanto do livro é que a Meg trabalhou tão bem os paralelos com a lenda, a adaptação em si. A atmosfera é perfeita, os conflitos são credíveis, quem é quem da lenda arturiana também, e as pequenas revelações acabam por encaixar tão bem. E depois, como a lenda enquadra os acontecimentos do presente, há uma sensação de inevitabilidade, de que estava tudo predestinado; ao mesmo tempo que as reviravoltas dadas à lenda lhe dão um tom fresco e de alguma imprevisibilidade.

Até o desenvolvimento de relações entre os personagens, que é um pouco rápido, acaba por soar credível à luz de tudo isto. Simplesmente isto é Meg Cabot no seu melhor, não há muita gente que me fizesse ler e acreditar tão facilmente no que estava a escrever e apresentar. O livro em si é envolvente, e ata muito bem as pontas. Termina com um final relativamente fechado, mas com uma porta aberta para poder desenvolver mais um pouco deste mundo.

O que explica a existência da banda desenhada. Os três volumes de manga. Mais ou menos. Não explica porque é que se lembraram de fazer um manga (podia simplesmente ser uma sequela em prosa), ou sequer como acharam que isto era uma boa ideia de trazer ao mundo.

O problema da sequela em banda desenhada? A história não é muito boa. Não sei se o problema é da Meg, que se calhar nunca tinha escrito um argumento para BD e claro que isso não ia correr bem; ou se simplesmente entregaram a escrita a um ghost writer ou à desenhadora, e simplesmente meteram o nome da Meg na capa para chamar a atenção... mas a história é uma confusão pegada, tão fraquinha que até dói.

Primeiro, o primeiro volume passa um bocado significativo a recontar a história para trás. E os volumes dois e três fazem o mesmo no início. Se cortássemos essas partes, podíamos fazer um único volume, ligeiramente mais longo e mais sólido, com toda a história.

Depois, mesmo dentro da premissa "rei Arthur reencarnado"... o conflito do enredo destes livros é ridículo. Não faz sentido algum. Limita-se simplesmente a percorrer novamente um problema que já tinha sido resolvido no livro anterior (o Will ser reconhecido como o rei), e a meter-lhe uma urgência, devido a uma suposta profecia, que não encaixa. Cai muito mal na narrativa, e quebra o sentido de encantamento que o livro por ter feito um recontar da lenda tão bom.

E por fim... oh, céus. Envolver o conflito principal em drama adolescente e mesquinhez de escola secundária? Ugh. Soa tão básico, tão pateta. O que tinha resultado no livro era mesmo que não havia dramas típicos de escola secundária. Que os conflitos eram realistas, e ancorados na vida dos protagonistas, na família deles, nos segredos escondidos. Soava tudo muito mais universal. Menos infantil.

Em adição, a maneira como o enredo avança é tão forçada e cliché. A Ellie ganhar a coroa de rainha de Homecoming? Yep. A ameaça sem fundamento da Morgan "revelar" (isto é, mentir) que a Ellie anda enrolada com o Marco se não desistir de se candidatar a rainha? Também. O Marco a tentar estragar o baile? A sério, não há coisas mais importantes na vida? A parte final, em que o Will finalmente "acredita"? Matem-me. Matem-me já para eu não ter de ler mais parvoíces.

O único pedaço de enredo que tem algum interesse é o conflito do Will com o pai, que realmente no livro anterior não fica resolvido, mas aqui é encerrado da maneira mais cliché possível. (O pai vai ver um jogo de futebol americano do Will e fica impressionado com ele e com quão bom líder é, e fica orgulhoso do filho.) O que até podia resultar, mas numa narrativa que já é o mais banal possível, ainda soa mais rotineira.

Quanto à arte... bem, tem coisas giras. Gosto de como apresenta certas cenas, é uma artista competente o suficiente, e gosto principalmente de como desenha as coisas do período "arturiano", quando os personagens são desenhados nas suas outras encarnações. Mas faz-me um pouco de espécie vê-la desenhar os personagens duma forma não exactamente adequada à sua idade. A Ellie parece demasiado adulta para a idade que tem, já a mãe do Will parece uma miúda.

Enfim... acho que tinha passado bem sem esta sequela. Pelo menos nestes moldes. Até gosto da ideia duma sequela para estes personagens a quem me tinha afeiçoado. Mas vou fingir que esta não existe.