sábado, 26 de fevereiro de 2011

Flashman - A Odisseia de Um Cobarde, George MacDonald Fraser


Opinião: Este livro até me tinha chamado a atenção quando foi publicado, mas foi ficando para trás por entre outras novidades. Se não fosse a leitura conjunta do fórum Bang! imagino que tinha ficado em lista de espera por bastante mais tempo.

Achei imensa piada a este anti-herói que se mete em sarilhos sempre que pode e sai deles quase por acaso. Apreciei a ironia de o Flashman ser, no fundo, um cobarde, mas arranjar sempre maneira de se meter em sarilhos mortais e, pior, safar-se sempre deles, e raramente por mérito próprio. Curiosamente aqueles que o topam acabam sempre por morrer.

A parte histórica é muito interessante e dou por mim a querer ler mais sobre a época, mas infelizmente são poucos os relatos não ficcionais que têm a honestidade brutalmente completa que este relato ficcional tem. Tomara que a História que se aprende nas aulas do básico fosse contada assim.

A parte passada no Afeganistão (2ª parte do livro) está muito boa. É interessante ver descrita uma altura menos boa da história; afinal esta é feita dos bons e maus momentos, se bem que acaba sempre por haver uma selecção (pouco) arbitrária dos que literalmente ficam para a história. Aliás, é isso que nos é mostrado no fim do livro. Acho que dois ditos populares podiam ser reescritos à luz deste livro - em "dos fracos não reza a História" eu poria qualquer coisa como "dos tolos"; em "a História é escrita pelos vencedores" eu poria "pelos sobreviventes".

Suponho que o humor no caso deste livro pode ser subjectivo. É preciso suspender as nossas sensibilidades de século XXI para entrar na mentalidade deste personagem do século XIX. Há algumas coisas que acontecem que não têm cabimento no nosso tempo. O livro em si pode não agradar a todos, acho, dado que a premissa é um tanto peculiar e o humor muito baseado na ironia, mas a mim cativou-me. Quando tiver oportunidade vou certamente pegar no Royal Flash.

Uma última nota para a capa, que mantiveram a original britânica (gosto!), e para a tradução, que usou certas expressões muito tipicamente portuguesas e que deram um sabor diferente à leitura.

Título original: Flashman (1969)

Páginas: 256

Editora: Saída de Emergência

Tradutora: Susana Serrão

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