terça-feira, 29 de maio de 2012

Persuasão, Jane Austen


Opinião: Bem, não é que eu não tenha lido o livro ou visto os filmes um milhar de vezes, mas no domingo à tarde dei por mim indecisa entre o que iria ler a seguir, e no meio de tanta indecisão acabei por me decidir pela releitura de um favorito. Há algo de apaixonante e viciante nesta história, e a verdade é que os filmes acabam por mudar algumas coisas, acabando por dar uma ideia ligeiramente diferente do livro.

O que mais me encanta são os pequenos detalhes. A Jane Austen encheu o livro de pequenos gestos entre os protagonistas, que eles mais ou menos obsessivamente observam, e que podem ser interpretados de tantas maneiras... É muito interessante seguir as reacções deles, especialmente as da Anne, a que temos acesso directo, porque o mundo interior dela é muito rico, e a sua personalidade acaba por se revelar nas suas reflexões. É uma personagem calma, e à superfície poderá parecer aborrecida, mas é tão completa.

É claro que também posso confessar alguma frustração com a Anne e o Wentworth... afinal andaram oito anos a engonhar, e depois ainda mais meio ano a ignorar o que sentiam e a suspirar um pelo outro - é de revirar os olhinhos, ter duas pessoas que têm idade para ser mais maduros, e são-no, mas ao mesmo tempo ainda se comportam um pouco como dois miúdos... e não gostamos nós, leitores, de sofrer com os nossos personagens literários favoritos? Neste caso, parece que o final feliz é mais doce só pelo drama prolongado.

De resto, a autora mantém a sua veia observadora e irónica, ao criar personagens que nos divertam (ou irritam) com as suas idiossincrasias. O Sir Walter Elliott e a Elizabeth são uns snobes, a Mary tem toques de hipocondria só para que lhe dêem importância (Mrs. Bennet, estás por aí?), o Charles é um aluado obcecado com a caça, a Henrietta e a Louisa umas tontas. Livra! Só se safam a Anne e o Wentworth, mesmo.

Título original: Persuasion (1817)

Páginas: 172

Editora: Europa-América

Tradução: Isabel Sequeira

3 comentários:

  1. O mais curioso é que também me bateu a saudade destes dois na semana passada, e estive a rever a série. :D
    É bem mauzinho o Wentworth, grande filme que ele faz só para chamar a atenção da Anne, mas depois quando aparece o Mr Elliott ele já não acha graça, ahah. xD (É tal e qual como o Rochester ao dar cabo da paciência da Jane até que aparece o St. John Rivers.) Mas dá-me sempre um aperto no coração esta história, tadinhos. :3 Ainda por cima toda a gente à volta deles não passam de um bando de ridículos--coisa que é normal nos livros da Janey.

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    1. Ahahah, o Wentworth é um bocadinho patife a certa altura, passa o tempo a meter-se com as miúdas Musgrove e a ignorar/fazer ciúmes à Anne, e quase que lhe saia o tiro pela culatra. xD É tão divertido mas agoniante ver os personagens a dar cabeçadas na parede até se entenderem. :P

      Grrr que vontade de distribuir chapadas pelos familiares da Anne, não se safa um! Abusadores, sempre a aproveitar-se do bom temperamento e paciência da rapariga.

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    2. Mesmo, abusam dela até não poderem mais. My poor Anne! :(

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