quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Pistoleiro, Stephen King


Opinião: Por esta altura, já ouvi falar do Stephen King assim para cima de um milhão de vezes. Seja elogios, comentários, opiniões, críticas. Seja o que for. E tinha a impressão que ele era o "mestre do suspense". No entanto, se tivesse de me apoiar neste livro, tinha de lhe chamar o "mestre de fazer caixinha, engonhar até à exaustão, e aborrecer o leitor de morte no processo". E isto é um livro curtinho, com 216 páginas, por isso é obra conseguir com que eu me aborreça e me desmotive e leve dias a acabá-lo.

É que todo o livro me transmitiu uma sensação dual. O cenário é fabuloso, um mundo desértico, abandonado, a evocar o Velho Oeste, sem piedade, cru, terrível. O worldbuilding tem os seus momentos (quando o autor não está a fazer caixinha), com a sugestão de mundos paralelos, uma civilização perdida, uma busca impossível, uma torre elusiva. A escrita até tem os seus momentos, sugerindo muito bem o cenário em que o protagonista se move. Certos momentos da narrativa têm o seu interesse. Há a promessa de que isto venha a ser uma história grandiosa.

Então o que é que correu mal? Primeiro, mas não o mais importante, o ritmo. Que tem a lentidão de um caracol. E deu comigo em doida, porque parecia que não estávamos a chegar a lado nenhum. Depois, o fazer caixinha. O autor revela pouco, muito pouco, acerca deste mundo, e o que revela é insuficiente. Navegar por este mundo, e perceber por que raios eu devia interessar-me pela busca do Roland é um bocadinho difícil quando o autor se recusa a revelar seja o que for que explique melhor este mundo. Não peço um info-dump, mas era simpático ter mais informação. E ainda há o(s) personagem(ns). Não me parecem desenvolvidos o suficiente. Quase como se o autor, em jeito de pintor, tivesse dado as pinceladas que definem uma forma humana, um rosto, mas lhe faltasse desenhar os pormenores.

O resultado? Achei um livro muito incompleto. Como um prelúdio à história principal, mas incapaz de valer por si próprio. E um livro deve poder ser lido por si próprio, ter uma linha narrativa que comece e termine no próprio livro, sendo minimamente satisfatório para quem o lê isoladamente.

Acho que estou disposta a dar-lhe alguma tolerância. Sei que o livro foi publicado há 30 anos, e tem pelo menos uns 10 anos a mais desde o momento da sua concepção. Mas a verdade é que se fosse com outro escritor menos conhecido, tinha arrasado o livro, ponto final, e livrado-me dele.

E aqui, tendo em conta o que ouvi falar, estou disposta a dar uma oportunidade ao próximo livro. Estou com a esperança que esta saga seja um pouco como a série Feira da Magia (Carnivàle) - os primeiros episódios foram um verdadeiro WTF?, levou algum tempo a tomar-lhe o gosto, mas no fim tudo fez sentido dum modo estupidamente perfeito e eu ainda hoje amaldiçoo a HBO por ter cancelado aquilo.

Nota à tradução: a sério, traduzir "strawberry blonde" por "cabelo cor de morango"? E depois digam-me que eu não tenho razão quando passo a vida a queixar-me dos tradutores. Mas dou um desconto, pela tradução de "bodice ripper" por "arranca corpetes", que é um termo... interessante. Nunca me teria ocorrido, mas funciona.

Nota à edição: toda a gente já falou disto, mas questiono a decisão da Bertrand de publicar primeiro o livro considerado como #4,5, A Lenda do Vento. Se este já é confuso imagino como seria ler um livro que ocorre a meio da série.

Título original: The Gunslinger (1982)

Páginas: 216

Editora: Bertrand

Tradução: Rosa Amorim

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Oi! Obrigada, vou espreitar e ver se consigo fazer nos próximos dias. ;)

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  2. Olá P7,

    Nunca consegui atinar com o King e bem tentei e esta serie era a minha esperança mas está visto que fiz bem em não comprar. Ainda vi o livro a 10 € no Cais do Sodre mas não comprei.

    E ainda por cima temos o problema de ser a Berthand, que se for preciso deixa tudo a meio, lá está a situação, se compramos ajudamos a que venda e claro divulgamos se não nada como esperar por tudo publicado.

    Vou continuar a ler os comentários aos livros, mas já não me sinto arrependido de não o ter comprado ;)

    Bjs e boas leituras

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    1. Oi! Se não te deste bem anteriormente com o autor, não sou eu que te vou recomendar adquirir este, podes crer. Talvez se pedires emprestado, ou na biblioteca... :S

      Oh, eu tentei ignorar o facto de isto ser publicado pela Bertrand... se pensar sempre assim, nunca consigo ler nada em português. Pode ser que desta se portem bem, eu apesar de tudo estou disposta a ler o segundo livro, e ver como é que a história evolui. ;)

      Bem, pelo menos a minha opinião ajudou. ^_^

      Boas leituras! :D

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