sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Angelfall, Susan Ee


Opinião: Ser leitora também é isto: encontrar um livro que nos encha as medidas, para logo a seguir ficarmos insatisfeitos porque nos soube a pouco, e queremos ler mais, tipo, já, agora, imediatamente, para ontem, se for possível, antes que a curiosidade nos mate.

E sim, é o caso deste livro. Angelfall passa-se no nosso planeta, num momento em que o apocalipse chegou há 6 semanas, pelas mãos de anjos. Seres que trazem a destruição e o caos à Terra, seres maus e bons e violentos e poderosas e corruptíveis e terríveis. E só isto já me deu vontade de abraçar o livro e a autora. Se é para termos um Apocalipse bíblico, é assim que eu o quero ver. Caos! Destruição! O fim do mundo como o conhecemos! Anjos absolutamente aterradores! (Bem, depende do anjo.)

Gostei de ler sobre o aspecto pós-apocalíptico da história. A sobrevivência é o aspecto mais importante na mente da personagem principal e da sua família, vê-se no que fazem e dizem (mais a Penryn). Acho fascinante ler sobre os edifícios abandonados, sobre os gadgets electrónicos descartados e usados para fazer muros, sobre a incursão por casas abandonadas para aproveitar o que for possível.

Quanto à Penryn... que caixinha de surpresas e dualidades. É uma jovem que foi forçada a tornar-se responsável pela mãe louca e pela irmã doente, cheia de recursos e determinada. Toda ela está focada na sua sobrevivência e na da família, mas às vezes nota-se que faz o luto pelo mundo que já não existe e pela vida que não teve. Tem os seus momentos de doçura e compaixão, mas também tem o seu quê de malícia e manipulação. É um pacote completo, e gosto muito dela como protagonista.

Quanto ao Raffe, é um pouco mais impenetrável, porque a história é contada do ponto de vista da Penryn; mas dá para deduzir algumas coisas do que faz e diz, e da sua interacção com outros anjos. Tem um certo sentido de humor que me agrada, e tem definitivamente mais do que se lhe diga. Achei as cenas finais mais esclarecedoras... para não falar dum certo acontecimento, que promete mudar o status quo. Intrigante. Estou com muita vontade para ver como a autora vai desenvolver as coisas a partir daqui. Há muita coisa na política entre os anjos, e na maneira como eles fazem as coisas, que me deixa curiosa. (Para não falar do que alguns andam a tramar. Vi por ali umas coisas arrepiantes.)

Quanto à Penryn e ao Raffe como par, gostei de ver a sua evolução. Começam naturalmente por uma aliança insegura por terem objectivos que se complementam, mas à medida que viajam encaminham-se para uma confiança e uma boa parceria. Até funcionam bem como equipa, o que me surpreendeu, e têm mais em comum que provavelmente admitiriam. E a parte romântica está lá, mais subtil, o que me agrada, porque a aproximação nasce duma convivência forçada mas também dum encontro de personalidades compatíveis. É delicioso ver a lealdade mútua que têm no fim, e a determinação em lutarem juntos, e um pelo outro.

Quanto ao enredo e à evolução da história, não deixa quase respirar. As coisas sucedem-se em catadupa, o livro lê-se depressa (também é curtinho), e quando dei por mim estava no fim. Parte da história é mais survivalista, enquanto a Penryn e o Raffe se deslocam para o seu destino, mas a segunda parte é mais acção pura, à medida que os protagonistas tentam atingir os seus objectivos. A recta final é viciante, não me deixava mesmo largar o livro, e fiquei vidrada naquele fim. Ah... tantas perguntas por ver respondidas, tanta coisa por ver resolvida.

No entanto - e esta é a parte que me soube a pouco - cheguei ao fim com a sensação de a história não ter mesmo terminado. Como se faltasse um bocadinho do livro. Não sei explicar... mas é desconcertante. Talvez aconteça porque este é a primeira parte de cinco que a autora tem planeadas, e parte de algo maior.

Páginas: 288

Editora: Skyscape

5 comentários:

  1. Engraçado que achei o mesmo na parte romântica, é subtil e está em crescimento mas esse crescimento será para se desenvolvido nos próximos livros, e para este não havia essa necessidade.

    A Peryn destaco-a como uma das melhores protagonistas que já tive o prazer de ler.
    Mas sinceramente tenho medo do rumo que isto vá tomar com tanto livro :S

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    1. Não sei, eu acredito na autora, acho mesmo que ela tem material para 5 livros, quem sabe mais. Senti que este era apenas o início, a introdução de uma longa história, como se houvesse tanto que ainda não sabemos... talvez seja wishful thinking, mas tenho grandes expectativas. :D

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    2. Acho que não temos que ter medo, porque quando acabei de ler o World After, ainda não tinha sido anunciado que iam ser 5 livros em vez de 3 (foi prai na semana seguinte ou assim), e fiquei a pensar "Mas ainda há tanto para contar, como é que a história acaba já no próximo livro??", por isso acho que neste caso mais livros é melhor, e eu até sou daquelas leitoras que não aprecia nada quando os autores tinham uma coisa planeada e depois escrevem mais 2 ou 3 livros e parece que "estragam" a história. Este caso lembra-me um bocadinho da série Kate Daniels que eu adoro, e cujos livros não param de ser publicados, é um atrás do outro, e eu toda contente. Há autores que conseguem continuar uma história com as mesmas personagens sem cansar os leitores, e sem encher chouriços, é notável.

      Opá, a Penryn... ela é fantástica. Eu no fim do ano tentei eleger a minha heroína favorita de 2013, mas foi um empate entre a Penryn e a Scarlet. xD

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  2. Descobri agora o teu blog :) tão lindoooo! Adorei a review, estava mesmo à procura de uma informação sobre o livro e fiquei super curiosa para o ler, depois de ver o que escreveste :) adorei! Já foi para a minha lista hehehe
    um beijinho grande
    maryredhair.blogspot.com
    * mary red hair *

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    1. Obrigada! ^_^ Fico contente por ter podido ajudar. :D Espero que se tiveres oportunidade, que venhas a gostar! ;)
      Bjs **

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