sexta-feira, 30 de junho de 2017

Este mês em leituras: Junho 2017

Ah, mês de Junho, bane of my existence. Recheado de um sem número de coisas que me distraiu e impedir de postar aqui no blogue tanto quanto gostaria. Mas ei, as leituras estiveram muito bem, e ainda tive tempo para fazer uma semi-releitura do Lady Midnight e postar a opinião que devia ter sido escrita há... 15 meses? Oh céus. O tempo passa demasiado depressa. *considera tornar-se eremita*

Livros lidos


Opiniões no blogue


Os livros que marcaram o mês

  • Isto Acaba Aqui, Colleen Hoover - parece-me ser o melhor dela até agora, porque apesar do tema "pesado" (eh, na verdade a Colleen não conhece outro tipo de temas), ela consegue desenvolver a história com nuance e com honestidade emocional, e isso ressoa com o leitor;
  • O Coração de Simon contra o Mundo, Becky Albertalli - raios, este é amoroso, gostei mesmo da personalidade do Simon, da história, e da maneira como a autora escreve: simples, mas cativante;
  • Roar, Cora Carmack - passei os quatro dias desta leitura completamente obcecada com o livro... há qualquer coisa na maneira como a Cora escreve os personagens dela que é tão emocional e relacionável, e para cúmulo adorei o worldbuilding disto e agora terminei e quero mais;
  • The Girl With the Make-Believe Husband, Julia Quinn - para juntar à festa, outra leitura que me encheu completamente as medidas - não há muito que inovar com romance histórico, mas se se contar uma boa história... gosto deste tipo de narrativa, e sinto que a Julia conseguiu criar a atmosfera emocional necessária para a mesma.

Outras coisas no blogue

  • Hmmm nope.

Aquisições

Compras da feira do livro! Cada vez mais escassas, porque honestamente já não há assim tanta coisa que me falte juntar à To Be Read list. O livro dos gatos e o do cérebro vieram cá para casa porque me pareceram giros. O da Deborah Harkness porque assim já tenho a trilogia e posso ganhar vergonha e acabá-la. O A Cidade do Fogo Celestial para completar a minha colecção em português.

Os livros do Michel Faber e da Kate Atkinson porque, bem, pareceram-me interessantes quando foram lançados, mas tenham paciência, mais que 20 euros por um livro é estar a pedi-las, ninguém vai comprá-lo e depois é claro que vão ter de metê-los na secção dos preços especiais/descatalogados/usados/whatever. (Que foi onde os comprei.) E o do Sherlock Holmes porque me pareceu interessante e uma leitura que estaria a jeito no futuro. Se eu entretanto arranjar maneira no meu calendário de leituras muito ocupado de fazer uma (re)leitura do cânone sherlockiano...

A banda desenhada comprada durante o mês, que faz parte das duas colecções que estava a acompanhar: Mulher Maravilha e Graphic Novels Marvel. Fora isso, em inglês temos autoras que estou a acompanhar (Meg Cabot, Julia Quinn e Cora Carmack), e um livro que cacei com um desconto jeitoso (argumento de Fantastic Beasts and How to Find Them). Em português, aquisições feitas com desconto em cartão.

A ler brevemente

O resto da colecção da Mulher Maravilha. O tal argumento do filme, se eu conseguir pôr as minhas mãos num DVD do mesmo e puder fazer uma leitura acompanhada ou algo do género. O livro da Emily Barr, para terminar de ler as minhas aquisições do mês. Oh, e espero receber aqueles três títulos (escritos na foto) durante o mês, e proceder a lê-los. E se os céus forem bons para mim, vou finalmente ler o All Closed Off da Cora Carmack.

Também: um livro qualquer da Cassandra Clare. Queria que fosse o Lord of Shadows: a internet é uma vaca e há sempre alguém que consegue spoilar-nos - exemplo, o mais que consegui passar sem ser spoilada recentemente foi a temporada 4 de Sherlock, por cinco meses. E no outro dia um estúpido achou por bem falar liberalmente dum ponto do enredo da temporada num post sobre algo nada relacionado com Sherlock.

Yep. Eu não vou escapar no que toca ao LoS. E por isso gostava de ler esse, mas também cheguei à conclusão que 2 anos é muito tempo até chegar ao próximo livro da trilogia, e não sei se aguento. Daí a minha ideia de ler as antologias primeiro. Mas pronto... o candidato mais provável é o LoS, mesmo. (É que me dá urticária, a ideia de ser spoilada no que toca a este livro.)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Fala-me de Um Dia Perfeito, Jennifer Niven


Opinião: Ah, estão tão cansada das comparações ao John Green. Pior, estou cansada dos livros que são escritos à moda do John Green, tentando preencher um nicho. John Green só há um, que faz o que faz com relativo sucesso e mestria, e tentar imitá-lo só vai, na minha opinião, dar asneira.

Digo isto porquê? Porque apesar de ter apreciado em parte a leitura, passei demasiado tempo a exasperar-me com a tentativa da autora de seguir a fórmula Greeniana. Ora vejamos: os dois protagonistas conhecem-se num cenário inusitado - ambos estão na torre da escola, a contemplar o suicídio. Só que o Finch vê a Violet ali mesmo ao lado e distrai-a e demove-a de seguir com um plano que ela própria não tinha pensado em toda a sua extensão.

Depois, temos a maneira como o enredo se desenvolve: é vazio. Não se pode propriamente dizer que alguma coisa acontece. E os personagens são pequenos flocos de neve preciosos, excêntricos só pelo objectivo de serem diferentes, não por terem uma personalidade rica.

A Violet, por exemplo, pareceu-me vazia, como personagem. O que a determina é a tentativa de suicídio, o seu processo de luto, e a suposta depressão que terá por causa disso. No entanto, ela é caracterizada de forma tão fraca que nunca, bem, achei credível qualquer parte deste processo.

Adoraria poder ter visto uma caracterização de depressão bem feita, mas lamento, quando a rapariga é inspirada a melhorar pelas interacções com o Finch? Não que a interacção com os outros não permita que alguém no estado da Violet não melhore, mas o processo mental de a pessoa melhorar por si mesma nunca é sublinhado, e assim parece que o Finch é o motor disso. O que é totalmente errado. Não são os outros que nos curam, não é o amor que resolve tudo.

Pronto: enredo fraco (durante um bom bocado no início falha em captar a atenção), caracterização fraca e a soar falsa, uma escrita pseudo-bonita a soar a vazia. Que tem este livro a favor dele?

Maioritariamente, o Finch como personagem. Aliás, este livro seria dez vezes mais interessante se o Finch fosse o protagonista e se nos focássemos na sua caracterização. Ele é intenso e demasiado in your face no que toca à Violet, sendo desconfortavelmente impositivo. Mas a maneira como se interessam pelo outro, a sua química, é cativante de ver (ou ler).

Além disso, a sua caracterização no que toca à sua saúde mental é algo muito interessante de ler. As descrições do que lhe acontece, do que a sua mente lhe faz... e a envolvência de ele ter uma doença mental e ninguém o reconhecer. É assustador ver o desleixo da família, o bullying que sofre, a incompreensão de que a doença mental também existe nos jovens, e a incompreensão da doença em específico que o Finch sofrerá (nunca é diagnosticado, mas o livro sugere que é doença bipolar, e a caracterização aponta para isso).

(É claro que com isto algumas atitudes dos que o rodeiam são um pouco extremas e incredíveis. Com a mãe e o pai há razões para não verem que está doente, mas e a irmã Kate, que encobre os seus momentos depressivos? Faria sentido vê-la tentar ajudar o irmão. Ou a sério que ninguém na escolta tenta parar os extremos a que vai o bullying? Quer dizer, o jornal extraoficial da escola publica um artigo sobre as pessoas mais prováveis de se suicidarem na escola. Não me tentem fazer crer que pelo menos alguns dos professores não estariam cientes do mesmo. Em suma, acho altamente incredível que não houvesse alguém que tentasse ajudar o Finch, ainda que sem sucesso.)

O final, apesar de tudo, é chocante e cru, é triste. É inevitável e envolvente. É o reconhecimento que o amor não resolve tudo. Apreciei que a Violet tentasse ajudar da maneira que pudesse, que no caso, vendo-se incapaz de ajudar directamente, consistiu em pedir ajuda aos pais. É um bom reconhecimento que nesta idade não somos capazes de tudo, e podemos e devemos pedir ajuda quando estamos assoberbados.

Sofre de alguma Greenite na recta final, mas é marcante. E franzo o sobrolho um pouco às implicações de que o Finch mudou a Violet, a transformou e colocou no caminho do melhoramento - de novo, não são os outros que nos salvam, somos nós mesmos que o fazemos.

Contudo, redime-se em parte das muitas fragilidades que apresenta. Podia estar melhor escrito, ser uma melhor história? Podia. Mas é o livro que temos em mãos. Só me resta desejar que a autora aprenda e tenha escrito um melhor segundo livro YA. (Que também já está publicado, e se chama O Universo nos Teus Olhos.)

Título original: All the Bright Places (2015)

Páginas: 360

Editora: Nuvem de Tinta (Penguin Random House Grupo Editorial)

Tradução: Isabel Veríssimo

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Brave New Girl, Rachel Vincent


Opinião: Uau, isto é mesmo o estilo de livro que se está a tornar marca da Rachel Vincent, ultimamente. Curtinho, mas empacotando uma riqueza de material fantástica, um enredo preenchido e envolvente, temas fascinantes que colocam questões a debater, personagens que cativam e dão gosto de acompanhar.

Neste mundo, em cada ano e em cada área de emprego (gestão, trabalhadores, soldados, cientistas, artistas, ...), há um genoma que é trabalhado e replicado em números contidos ou vastos, conforme a área e as necessidades da cidade. Cada genoma gera assim uma unidade de gente, e cada pessoa dessa unidade usa a mesma cara, as mesmas características físicas, aproximadamente, mas um nome diferente, normalmente relacionado com o emprego para o qual vão ser preparados durante o seu crescimento, em adição a serem referenciados por um número que indica os anos que passaram desde o nascimento da unidade - a sua idade, por assim dizer.

Dahlia 16 tem, como o seu nome indica, 16 anos. Está na unidade de trabalhadores, a ser treinada para ser uma jardineira hidropónica. Para ela é reconfortante ser mais uma num mar de iguais. Porque todas as suas "irmãs" da sua unidade usam a sua cara, mas têm pequenas diferenças de personalidade, pequenas idiossincrasias. São as suas melhores amigas, as jovens com quem partilha a sub-unidade de jardineiras.

Mas Dahlia sente orgulho no seu trabalho, e questiona-se sobre o que a rodeia. Sabe que é uma característica não desejável - se for descoberta, pode vir a condenar a sua unidade. Uma imperfeição numa jovem pode ser uma imperfeição em todo um genoma, e um genoma defeituoso é "retirado" (três tentativas para adivinhar o que isso implica).

A narrativa começa a desenrolar-se quando Dahlia fica presa num elevador com um jovem soldado, e a sua curiosidade leva-a falar com ele, mesmo sabendo que é proibido. E uma série de encontros e uma curiosidade crescente levam a que Dahlia comece a descobrir uma série de segredos que explicam o mistério de Lakeview - porque esta cidade de genomas tem mais do que se lhe diga.

O título é uma homenagem clara a Brave New World, e de certo modo, a história em si também o é. Ambas as narrativas preocupam-se com a capacidade de criação da humanidade no que toca a manipulação genética, e como isso afecta a vida em sociedade - apenas o fazem de maneiras ligeiramente diferentes. De qualquer modo, as questões que Brave New Girl levanta são fascinantes.

Gostei muito de acompanhar a Dahlia através das suas dúvidas e daquilo que vai descobrindo do seu mundo. É curiosa, mas tem medo de condenar as jovens do seu genoma. E só quando a sua mão é forçada é que se lança à procura da verdade - a tragédia é um excelente motivador, e Dahlia fica determinada em saber o porquê.

Também gostei muito de poder levantar a ponta do véu e começar a descobrir o que realmente se passa em Lakeview, e a sua relação com as cidades envolventes. É pesado e assustador, mas adoraria saber o que levou a sociedade a instalar este sistema. Traz muitas questões sobre os direitos em sociedade de alguém como a Dahlia.

O final mostra que isto é só o início de algo grandioso; é quase cliffhangeresco, não por deixar os personagens em perigo imediato, mas por deixá-los à beira dum momento que adoraria ver desenrolar-se. Promete ser divertido. E está mesmo feito para vir a dar molho. Ah... lá vou eu ter de esperar mais um ano.

Páginas: 272

Editora: Delacorte Press (Penguin Random House)

terça-feira, 27 de junho de 2017

Isto Acaba Aqui, Colleen Hoover


Opinião: Portanto, mais um para a minha história dos Altos e Baixos Com a Colleen Hoover. Neste caso, orgulho-me de dizer que é um alto. Muito alto. Emocionalmente, criativamente, tecnicamente, é o livro mais complexo e mais completo que lhe vi. Tem um par de coisas que gostava de ver mais desenvolvidas, mas é extraordinário na maneira como dá nuance a uma situação que tão frequentemente é (erradamente) simplificada.

Estava aqui a perguntar-me... é suposto fazermos caixinha acerca do que o livro é? Porque a sinopse original é muito vaga, sim - enquanto que a portuguesa é bastante óbvia -, e de qualquer modo, acho que eu já sabia do que tratava só de ler opiniões por aí. E de qualquer modo não acredito que se ganhe nada por ser uma surpresa. (Até é interessante o leitor ir com os seus preconceitos para a leitura, para os ver desafiados.)

Lily é uma jovem que acabou de se mudar para Boston, para recomeçar a vida. A vida familiar não era de sonho, e a morte recente do pai tornou mais presentes memórias passadas. Um dia, sentada num telhado dum prédio, a pensar, Lily cruza-se com um jovem neurocirurgião, Ryle, que à primeira vista aparenta estar a descontar um mau dia numas cadeiras, que pobrezinhas, não lhe fizeram mal nenhum.

Ryle é encantador e misterioso, e Lily faz clique com ele. Um momento partilhado faz com que seis meses depois, com uma ajudinha da serendipidade, se cruzem novamente e decidam encetar uma relação. É intenso, é emocionante, e absorvente.

A parte interessante de ver a sua relação desenvolver-se, no entanto, é poder fazê-lo de fora. Desde o início que Ryle mostra alguns sinais alarmantes no que toca à sua personalidade - a sua cena inicial podia ser desculpável, qualquer pessoa tem momentos de frustração... mas pareceu-me que ele tinha demasiado gosto em deixar a Lily pendente com a sua coisa de não ter relações mas andar sempre atrás dela, tipo abelha em torno do mel. Há certas atitudes meio controladoras que ele tem no início da sua relação, que são preocupantes para quem vê de fora - mas que facilmente passam ao lado para quem está enlevado, nos píncaros da paixão.

E é esse, creio eu, precisamente o objectivo, o argumento do livro. (O que a autora estaria a tentar mostrar, quero eu dizer.) É muito fácil julgarmos de fora. ("Porque é que ela continua com ele?") Vejamos a Lily, que teve um exemplo muito claro em casa do que não é uma relação amorosa estável e saudável em casa... ela conhece os sinais. E mesmo assim cai na armadilha. O amor faz-nos coisas estranhas. Coloca-nos umas palas nos olhos que nos deixa cegos a muito, e oferece-nos uns óculos de lentes cor-de-rosa que nos fazem teimar em ver sempre o melhor.

Gosto de ver a Colleen pôr as coisas nestes termos. Todos podemos cair na armadilha. Todos podemos decidir perdoar e perdoar até a situação se tornar incomportável. Mas só nós podemos reconhecer o ciclo vicioso e quebrá-lo.

Outras duas coisas que achei interessante de ver: como a Lily entende melhor a mãe depois de passar por tudo isto. Há um respeito extraordinário pela senhora, e uma cena no fim com ela é bem tocante. E como toda a situação é descrita com nuance: entendemos porque o Ryle reage como reage, mas isso nunca é uma desculpa para o seu comportamento, que é descrito de forma muito clara como errado. E quando a Lily entende que não pode tolerar mais a situação, porque o amor não é suficiente e tem a quem dar um melhor exemplo que recebeu da mãe... não há desculpas. Há um entendimento que nada é simples, que haverá sempre ali uma ligação, mas que isso não justifica tudo o resto.

Gostava ainda de fazer uma menção à Lily... fora desta situação, ela tem um sonho, e segue-o. E é bem-sucedida a fazê-lo. Nada é mais inspirador que isso. E outra menção aos personagens secundários... adorei a Alyssa e o marido, tão amorosos e engraçados.

(E já agora, aiaiai, a Colleen e a sua paixão por nomes estranhos. Ryle, Alyssa, Rylee, Atlas... a sério? As pessoas na vida real não se chamam assim.)

Uma última menção para o Atlas. Não bastava ter um tema inspirador, era preciso dois. Atrevo-me a dizer que a Colleen foi demasiado ambiciosa. Gosto muito que ela tenha abordado a história do Atlas. Chama a atenção para uma situação por que demasiada gente passa, e que é tão fácil se perderem nos meandros do sistema...

Pergunto-me no entanto se não daria para escrever um segundo livro com a sua história. o que ele andou a fazer quando se separou da Lily, e acho que faria mais sentido nesse volume eles se reconectarem a sério.

Uma menção para a tradução, e não é das melhores... não aprecio quando os tradutores deixam que a cultura popular lhes passe ao lado e façam algumas asneiras a lidar com as menções a ela. Exemplo: traduz-se SpongeBob (o que me parece desnecessário), mas depois não se traduz Dory (há muitas menções a À Procura de Nemo) por Dóri, que é como a personagem é conhecida em Portugal. Entre outras coisas... enfim.

Título original: It Ends With Us (2016)

Páginas: 336

Editora: Topseller

Tradução: Dina Antunes

sábado, 24 de junho de 2017

Meg Cabot: Allie Finkle, volumes 4 a 6


Páginas: 240 / 208 / 240

Editora: Scholastic

E a "amorosidade" destes livrinhos continua. A sério, adoro a maneira como a Meg entra na cabeça duma menina de 9-10 anos. Faz mesmo sentido, em termos narrativos. As preocupações, os dramas, as pré-concepções, os erros, as piadas, a simplicidade da vida quando se tem essa idade, a responsabilidade de ser a mana mais velha, como se age com os seus pares. Muito giro.

O quarto volume, Stage Fright, é sobre uma peça que a turma vai encenar: foi a professora que escreveu e é sobre reciclagem, mas contada ao modo de um conto de fadas. Tem uma princesa como protagonista, e a Allie, como todas as meninas na turma, quer ser a princesa. Mas entre as suas amigas, a Sophie é considerada a candidata ideal, e a Allie não se acusa quanto ao seu desejo.

Depois de lerem para os papéis, Allie é escolhida para o papel da Rainha Má, o que a desaponta; mas o melhor de tudo é que ela descobre que é uma boa actriz, e que dando um tom cómico ao papel, consegue cativar as pessoas que vêem a peça. A história também é interessante porque mostra a Allie e as amigas a gerir egos e a ser um pouco, er, dramáticas.

Glitter Girls and the Great Fake Out é o quinto volume e foca-se num convite que a Allie recebe: para ir à festa de anos da Brittany, uma menina menos simpática da sua antiga escola. Seria um não óbvio para a Allie, excepto quando descobre que a festa vai ter todo o tipo de extravagâncias que a Allie queria experimentar.

A piada do enredo foca-se em dois pontos: a Allie tencionava, no dia da festa, acompanhar as amigas a um evento de majorettes em que a irmã mais velha de uma delas entrava (a Allie queria muito ir); mas acabar por inventar uma mentirinha e dizer-lhes que está a ser obrigada a ir. (E a mentira não fica completamente esclarecida, o que achei interessante. A Allie é honesta só até certo ponto, o que achei refrescante, ela aprender sobre mentir e tentar resolver as coisas sem magoar sentimentos.)

O segundo ponto... é que a coisa resulta mal. As meninas na festa (à excepção duma) são bastante más para ela e a Allie não se diverte, mesmo desejando tanto fazer aquelas coisas. E também isso é interessante, ela aprender a gerir a situação e como retirar-se dela.

O sexto volume (Blast from the Past) é sobre uma visita de estudo que a turma da Allie vai ter. A desvantagem é que vão partilhar a visita com o quarto ano da antiga escola da Allie. Onde estão as meninas más, a Brittany e a Mary Kay (também conhecida como a ex-amiga chorona).

Foi tão divertido, ler sobre o encontro entre turmas, e o choque entre alunos. As meninas más da antiga turma chocam com a Cheyenne e as meninas más da nova turma, o que foi hilariante de acompanhar. Além disso, a Allie tem azar com o grupo em que fica para o dia, e acaba com os dramáticos todos de ambas as turmas.

O que acaba por ser engraçado, por vê-la gerir os egos e os dramas entre personalidades tão diferentes. (Tenho pena do Joey, que é tão fofo mas acaba numa posição vulnerável. E destaque para o Scott e a sua mudança de atitude.)

Em adição, a Allie tem de lidar com um potencial sentimento de perda, pois a professora fica noiva e a Allie acha que ela vai mudar de casa e deixar de ser sua professora. E também temos o Mewsie, o gatinho da Allie, que "foge" e se esconde nas entranhas da casa (porque encontra um canto confortável), e a Allie tem de lidar com a ansiedade e a preocupação com o gato. (Por fim: este livro não me soou a um livro final. Parece ter bastantes pontas soltas que poderiam ser exploradas em livros futuros. Que estranho.)

domingo, 18 de junho de 2017

Era uma vez...: Lady Midnight, Cassandra Clare


Opinião: Já passou um ano? MEU DEUS, JÁ PASSOU UM ANO??? (Tecnicamente, passou um ano, dois meses, duas semanas e quatro dias desde que terminei este livro. Não que esteja a contar.) Passei o dia de hoje a folhear este mesmo livro, a rever as minhas notas amorosamente escritas em post-its e coladas nas páginas (em 10% nem consegui decifrar exactamente o que tinha escrito, mas pronto), e a rever as minhas notas finais, escritas num bloco.

Terminei essas notas desesperada com a perspectiva de esperar um ano, mas é claro que esse ano passou, e só tenho pena de não ter escrito a minha opinião na altura, mas às vezes os livros são tão bons que temos de os guardar para nós um bocadinho. Nem sempre me é fácil ganhar coragem para desbobinar tudo e mais alguma coisa sobre o que achei do livro, sabendo que vou discorrer por milhentos parágrafos. (Mas agora até não estou a ter dificuldade nenhuma, tendo o livro refrescado e tão presente na minha mente.)

Um ano passado, o que posso dizer principalmente é isto: estou impressionada. Muito bem impressionada. A Cassandra Clare tem evoluído como escritora; estes já não são aqueles simples livros de fantasia urbana (nunca foram, para mim), a complexidade das histórias, do mundo, do enredo tem crescido fabulosamente; os desafios que ela se tem proposto têm aumentado e a maturidade com que ela aborda certas coisas é bem maior.

Além disso: esta série tem tudo para ser a minha favorita dela, não só pela complexidade que se adivinha. Entre todas, esta é uma carta de amor aos que não encaixam. Os que são diferentes, os que perderam e foram quebrados e se reconstruíram a si próprios. Os desamparados, e os que não deixaram que a tragédia os definisse. Toda a gente do elenco principal tem uma vulnerabilidade por não encaixarem na norma ou não poderem pedir ajuda quando se vêem assoberbados, e por vezes é de partir o coração.

No centro disto: a família Blackthorn. Parecem ter já uma longa relação de desconfiança para com a Clave (veja-se o seu motto, "uma má lei não é lei nenhuma"), mas na geração actual, uau, quão traídos foram pela Clave. O Mark e a Helen estão afastados da família pela desconfiança para com os faerie, perderam a mãe e depois o pai na Dark War, a família está como que abandonada, quase exilada em Los Angeles. Pior, ninguém deu conta que estas crianças estão sozinhas e desamparadas. Ninguém se importa. Pelo modo como a Clave opera, frio e impessoal, esta família viu-se encurralada, levados a extremos para sobreviver.

Esse isolamento não os impediu de florescer, no entanto. A desconfiança para com a Clave e o mundo Shadowhunter significa que usam tecnologia humana/mundana, como computadores e carros, o que faz deles pessoas melhor preparadas para interagir com o mundo actual. E são uma pequena grande família às vezes triste, às vezes disfuncional, mas que se adora e se protege mutuamente, e cada momento em família também pode ser divertido, como só as famílias conseguem ser.

Dentro e fora da família, há tanta gente que poderá ter um estatuto de outsider... temos a Diana - cujo segredo eu já sei, porque o Buzzfeed fez o favor de me spoilar ao publicar um artigo com a autora sem avisar que tinha spoilers para o livro mais recente... -, e bem, só fico contente de saber o segredo em questão porque dá uma dimensão diferente ao seu comportamento e às menções veladas que a autora faz. Ainda não sei o porquê de tudo, mas saber que cuida dos Blackthorns como pode tendo os seus próprios problemas... gosto ainda mais dela.

Temos a Cristina, que vem para Los Angeles para lidar com um coração partido... e adoro a Cristina pela sua fé, e por ser uma guerreira, e por ser inabalável e firme e uma pessoa em que se pode confiar para gerir uma crise. E por ser compassiva e querer fazer do seu mundo um lugar melhor. E temos o Malcolm Fade, que usa uma cara de desastrado e inconsequente e benevolente para esconder um desgosto inabalável.

No meio dos Blackthorns, destaque para duas pessoas. Uma é o Ty, que tem uma caracterização fantástica e respeitosa, parece-me, do que o mundo é para ele, de como se relaciona com o mesmo, e de como isso não o diminui nem às suas capacidades. A vida será sempre um bocadinho mais difícil para ele, especialmente no seio dos Shadowhunters, mas ele cresceu amado, e teve sempre quem o tentasse entender e facilitar o seu crescimento e entrosamento com o mundo.

Outra é o Mark. O seu retorno é doloroso. Passou tempo com os faerie, e isso mudou-o. Passou muito às mãos deles, e isso mudou-o também. O reajustar a esta vida é difícil para ele (também tem os seus momentos divertidos), não entende nada do mundo moderno, nem das convenções sociais humanas. Não está num lugar em que possa ser o responsável, apesar de tecnicamente ser o mais velho. Mas tem uma personalidade fantástica, e o seu lugar único traz-lhe desafios que vou gostar de acompanhar.

Quanto à nossa protagonista: ah, a Emma é uma delícia. Uma herdeira natural do sentido de humor (e até um pouco do feitio) do Jace e do Will. Mas a Emma é muito mais que isso. Determinada a resolver o assassinato dos pais, pois não acredita na história oficial; a Emma dedicou-se a treinar e treinar e treinar... pode não ter sangue angélico como o Jace, mas ela vai ser a melhor Shadowhunter que pode, e que ninguém se atreva a dizer-lhe que não pode. O melhor dela é que tem um feitio muito menos torturado; a Emma é orfã mas cresceu parte duma família, os Blackthorn, e isso permitiu-lhe sentir-se amada, parte de algo. Gosto bastante da sua leveza. Oh, e adoro a sua amizade com a Cristina. Adoro ver amizades femininas fortes, e que parecem quase sem esforço. Estas duas são capazes de levar tudo à frente, mas apoiam-se mutuamente.

Quanto ao Julian: oh, céus. Se tivesse de escolher um favorito entre todos, tinha de ser ele. Há uma complexidade incrível na maneira como o Julian compartimentaliza as coisas. É o Shadowhunter guerreiro que se espera dele. Mas também é o rapaz gentil e aquele que assumiu o papel de cuidador da família, e é de partir o coração, entender que um rapazito de 12 anos assumiu um fardo bem mais pesado do que alguma vez se deva pedir a alguém da sua idade. E ele fá-lo com um sorriso no rosto para toda a gente, raramente se vendo o quanto lhe custa, negar-se a si próprio. E tem ainda uma faceta, que é deliciosa e aterradora para alguém com 17 anos - o estratega, a mente cheia de artimanhas e astúcias, que aprendeu ao longo de anos a enganar gente bem mais velha que ele. Aquilo que ele faz no final? Brilhante, e de mestre.

Quanto aos dois juntos: é muito interessante ver a sua relação. Neste caso, é pré-existente, ao contrário das séries anteriores da autora. Cresceram com uma posição de responsabilidade quanto aos mais novos, e a relação de amizade e de parabatai que se construiu está cheia de cumplicidade e piadas partilhadas e de conforto na companhia um do outro. Mas é claro que há outros sentimentos... "engarrafados", e quando explodem... uau. O Julian está ciente disso há muito, mas a Emma, pobre alma abstraída e obcecada com ser a melhor guerreira, só agora está a aperceber-se da coisa... é claro que sendo um livro da Cassandra, há um impedimento. A ligação parabatai. Mas sendo a Cassandra, sei que ela vai encontrar uma forma de desatar o nó que deu. Depois de, muito apropriadamente, nos partir o coração de caminho, vezes sem conta. Claro.

Temas deste livro (para além do que já falei) que gostaria de destacar: como os Shadowhunters tratam a diferença. Os nossos personagens estão dolorosamente cientes disso, infelizmente. A Clave está numa trajectória de mostrar cada vez mais a sua face, a sua intolerância e intransigência e injustiça, e por mais que tentem, uns poucos indivíduos a pensar de modo diferente não conseguem milagres da noite para o dia. A Clave não aprende nada com a história, seja a humana, seja a deles, e a "Guerra Fria" com as fadas só vai escalar até explodir.

Há maneiras novas de ver os parabatai e - para além da óbvia - apreciei ver a relação da Livvy e do Ty e de como se sentem em relação a assumir esse passo. (Há menção a uma relação parabatai e amorosa no passado, e raios, que curiosa que eu estou.) Além disso, há a exploração do amor familiar e fraternal, e da vida familiar e caseira, e achei isso interessante também, a mundaneidade misturada com a acção e as reviravoltas no enredo.

Ah... sinto que este livro empacota tanta coisa. Tanto acontece no enredo, coisas mais simples e caseiras, e mais grandiosas e explosivas... a caracterização está no topo, e como disse, a narrativa é incrivelmente complexa a vários níveis. O livro tem 700 páginas, é certo, mas parece que tem muito mais lá dentro. É difícil de explicar. Mas gosto.

Questões para o futuro: as injustiças cometidas ao longo do tempo contra Blackthorns, e como isso terá a ver com o enredo da outra trilogia planeada pela autora, The Last Hours, decorrendo (salvo erro), em 1903. Mais coisas sobre o elo dos parabatai, obviamente. A doença de Arthur Blackthorn, e como os faerie agem nas suas cortes. Um pequeno grande segredo que a Seelie Queen pode estar a esconder (havia uma teoria entre os fãs muito curiosa). Oh, e vai a Cassandra continuar a torturar-me com os seus pares amorosos???

Ah. Que tonta que eu sou. É claro que sim.

Enfim... estou um passo mais perto de poder ler o Lord of Shadows, o segundo livro. Não queria lê-lo sem escrever isto, e tenciono lê-lo até ao fim do mês. Mas agora até tenho medo. Sei que ela me vai torturar, e sei que vou ter de esperar algo como dois anos para ler o fim da trilogia. Essa noção é um pouco assustadora, mesmo que signifique que no meio vamos poder ler um livro da outra trilogia, The Last Hours, sobre a qual tenho muita curiosidade. Bem, eu sempre fui masoquista no que toca às minhas leituras favoritas...

Páginas: 704

Editora: Margaret K. McElderry Books (Simon & Schuster)

terça-feira, 13 de junho de 2017

All the Rage, Courtney Summers


Opinião: All the Rage, de facto. Não a raiva que a protagonista sente (longe disso), mas o que o leitor sente ao ler a sua narrativa, e ao se aperceber do que passou e ainda passa no dia-a-dia. (E em jeito de piada, toda a raiva do mundo por aquela sinopse triste, que não dá nem de perto uma ideia do livro que se tem em mãos, e é altamente enganadora do tipo de enredo que o livro tem.)

Este é um livro que é brilhante na caracterização da sua protagonista. Romy é uma jovem a quem aconteceu uma coisa terrível, e que para complementar, nunca mereceu o crédito das pessoas da sua cidade, ou dos seus pares. Toda a gente assume que Romy é uma mentirosa - pois como é que Kellan, rapaz "perfeito", filho do xerife, faria tal coisa?

E aí é que entra o brilhantismo. Romy não sente raiva - Romy está dormente desde então. Romy usa baton e verniz de unhas vermelho, e obceca com a sua aplicação, como se fosse uma armadura, porque o é - a rapariga em que ninguém acredita assume o traje de tentadora e cabra, porque é isso que os outros pensam dela.

É de partir o coração. Ver o estado em que a Romy está - depressiva, desconectada da sua realidade. Continua a ir à escola, ao trabalho. Não pensa no que lhe aconteceu. Recebe insultos e microagressões de todo o lado. Não pensa nisso também. É difícil no trato, até com quem a ama. Isto é uma miúda cuja vida foi destruída não só por um acto isolado, mas também pela reacção de toda uma comunidade à sua história.

E é por isso que a caracterização é tão boa. Não parece acontecer nada. A personalidade da Romy não parece ser nada de especial. É aí que está o interesse. A falta de coisas que a tornam numa personagem com quem o leitor se identifique é o que mostra a extensão do que passou.

O enredo desta história, secundariamente, também é sobre o desaparecimento de outra rapariga. Uma que Romy conhecia. E com cujo desaparecimento ela pode ter uma relação. E isto também é fascinante de ler, pois a reacção da comunidade ao desaparecimento não podia ser mais diferente. Há preocupação, há luto. Romy nota com amargura que se fosse ela ninguém se preocuparia, fora a mãe e o companheiro.

(Por falar neles, adorei a mãe e o Todd. Tentam ser o mais apoiantes que podem da Romy. E o Todd é um bom comentário a quem vive com uma dificuldade - dor crónica -, e é visto como "preguiçoso", por não lhe ser possível trabalhar.)

(E já agora, detestei, detestei o xerife. Como, mas como, é que fica encarregado de investigar o desaparecimento da rapariga, quando esta era namorada do filho [não o Kellan]? Conflito de interesses é só uma frase? Ugh, e as reacções dele à Romy! Que vontade de o esganar.)

Destaque para a descrição que a autora faz do que é ser rapariga, e existir num mundo de raparigas. Os conflitos, as rivalidades, o quão duras são umas para as outras. Entende muito bem como miúdas adolescentes funcionam. (Megan Abbott, se escrevesses um bocadinho mais como esta senhora, e menos como escreves, eu podia ter gostado mais de ti. Porque a parte das raparigas adolescentes está de topo nos dois casos.)

Uma menção de passagem ao Leon e à Caro. O Leon é o primeiro rapaz por quem a Romy se interessa desde que tudo aconteceu, e é curioso acompanhar o redespertar para sentimentos e desejos que julgava esquecidos. Também gosto do Leon porque ele sabe que não pode "resolver" a Romy. Ela tem de fazer isso por si mesma.

A Caro porque é uma irmã mais velha fantástica, muito querida, gravidíssima, animada e assustada como só uma futura mãe pode ser. (Ah, e de partir o coração quando a Romy pensa que "espero que não seja uma rapariga", porque sabe todas as maneiras que o mundo tem de destruir uma rapariga.)

O final... bem, não há soluções fáceis, não há respostas para o sentido da vida. O mistério da narrativa é resolvido, claro, mas a evolução da Romy na direcção de um lugar melhor, mentalmente, só agora está a começar. Há esperança, no entanto. É tudo o que podemos pedir. (Para além de um mundo em que narrativas como esta não sejam necessárias, claro.)

Páginas: 336

Editora: St. Martin's Griffin

domingo, 11 de junho de 2017

Curtas BD: No Coração das Trevas DC, volumes 7 a 10

Super-Homem e Apocalipse: Caçador e Presa, Dan Jurgens, Brett Breeding
Ok, esta história não é nada de especial, não é particularmente bem contada nem nada, e falta-lhe sensibilidade e profundidade no geral, e até tem o contra de se seguir a um evento que não li - e que não me interessa particularmente, já que não tendo a orbitar para as histórias do Super-Homem...

Contudo, resultou para mim. Terá a ver com qualquer coisa no ritmo da acção; ou talvez por, apesar de estar a ler algo no rescaldo dum evento grande do personagem, me ser possível acompanhar bem o enredo.

Também pode ser pelos resquícios de densidade emocional numa história que de outro modo foi desenhada para ser uma narrativa de porrada. Destaque para a exploração do medo do Super-Homem quando se depara com o retorno do Apocalipse; e para a história do Apocalipse, que é super-interessante, com a ideia de ser construído e reconstruído a partir do medo e da sua capacidade de resistênciae de aprender. Não é inteiramente Darwiniana, mas é curiosa.

Joker: Asilo do Joker, Jason Aaron, Jason Pearson, James Patrick, Andy Clarke
Não gostei particularmente deste volume, não necessariamente pelas histórias (têm os seus altos e baixos), mas pelo enquadramento: a série original tem dez histórias, e cada volume que as junta em inglês tem cinco. O volume em português tem quatro histórias de um, e uma de outro - portanto, se eu quisesse ler as que faltam, nem posso apostar num dos volumes em inglês, que fico sempre a chuchar no dedo com qualquer coisa. (A este ponto preferia mesmo que tivessem seleccionado outra coisa para a colecção. Algumas das histórias não são assim tão boas... pelo menos podiam ter escolhido as melhores das melhores da série, em vez de ir pela familiaridade dos personagens.)

De qualquer modo: esta é uma série sobre os vilões do Batman, contando uma história do seu passado, tentando enquadrá-los na sua vilania. O elemento de ligação é o Joker, que apresenta cada história. (Percebo o que estão a tentar fazer com isso, mas não sou fã.)

A história do Joker é divertida pelo modo como joga com as nossas expectativas do personagem. (Mas a arte é demasiado cheia de traço para o meu gosto.) A do Pinguim é arrepiante, e interessante, pela entrada na maneira como funciona. (Gosto da arte.) A da Poison Ivy é demasiado fragmentada para o meu gosto, confusa, e não faz um bom trabalho a explicar o porquê das acções da Ivy, porque está a fazê-lo naquele momento.

A história do Duas Caras é brilhante, retorcida, a melhor do conjunto e com um final extraordinário. E a história da Harley Quinn é divertida, louca, desnaturada, com uma arte cartoonesca, e possivelmente uma homenagem a Amor Louco, pois lembra imenso o estilo frenético dessa história.

Universo DC: Mal Eterno 1, Geoff Johns, David Finch
Universo DC: Mal Eterno 2, Geoff Johns, David Finch
Esta é uma história mesmo cativante. A premissa passa por uma invasão da Terra pelo Sindicato do Crime - os vilões da Terra-3 que são espelhos dos super-heróis do mundo DC que conhecemos. A Liga da Justiça fica inactivada e ninguém os pára. O seu domínio do mundo é quase completo, recrutando os vilões desta Terra para fazer o seu trabalho sujo...

Entra em cena o Lex Luthor, que não está para aturar este pessoal nem para vê-los tomar o comando da Terra. Pega em si, num grupo de vilões que não está inclinado para aceitar o novo status quo, e mete as mãos ao trabalho - salvar o mundo.

É uma história interessante por questionar os parâmetros da vilania, pelas voltas e reviravoltas que encerra e pelos paralelos que estabelece com a outra Terra paralela. Destaque para o Bizarro e a relação que desenvolve com o Lex, o seu criador, e como cresce e aprende a existir.

Oh, e sabendo que a história decorre depois de Death of the Family, quando o Joker destrói a confiança da Batfamília... bem, é amoroso duma forma retorcida ter o Nightwing a ver a sua identidade secreta revelada como Dick Grayson, e depois estar em perigo de morte e o Batman ficar todo preocupado... o Batman tem sentimentos! Que novidade! Eheheh.

Este volume duplo tem uma segunda história, que decorre depois da primeira: a Liga da Justiça procura o Lex Luthor, mas pelo meio da sua demanda, deparam-se com uma jovem dominada pelo anel energético do paralelo do Lanterna Verde da Terra-3. (Reconheci a jovem, que me parece que depois se junta ao Corpo dos Lanternas Verdes.)

Destaque para o final, em que o Batman resolve as coisas, e não é ao murro (mais um momento amoroso para o Batman). No entretanto, a equipa deixa o Lex entrar para a Liga, para o manter debaixo de olho, o que promete ser interessante.