Sinopse: Quando Euron Greyjoy consegue ser escolhido como rei das Ilhas de Ferro não são só as ilhas que tremem. O Olho de Corvo tem o objectivo declarado de conquistar Westeros. E o seu povo parece acreditar nele. Mas será ele capaz?
Em Porto Real, Cersei enreda-se cada vez mais nas teias da corte. Desprovida do apoio da família, e rodeada por um conselho que ela própria considera incapaz, é ainda confrontada com a presença ameaçadora de uma nova corrente militante da Fé. Como se desenvencilhará de um tal enredo?
A guerra está prestes a terminar mas as terras fluviais continuam assoladas por bandos de salteadores. Apesar da morte do Jovem Lobo, Correrrio ainda resiste ao poderio dos Lannister, e Jaime parte para conquistar o baluarte dos Tully. O mesmo Jaime que jurara solenemente a Catelyn Stark não voltar a pegar em armas contra os Tully ou os Stark. Mas todos sabem que o Regicida é um homem sem honra. Ou não será bem assim?
Opinião: Começo a achar, ou melhor, a ter a certeza, que esta ideia que o autor teve de dividir os POVs/capítulos entre este livro [AFfC] e o seguinte [ADwD] de acordo com critérios geográficos foi muito triste. Há um aviso no fim deste livro em que o escritor defende esta solução, argumentando que esta maneira serviria melhor os leitores que separar os dois livros com um "continua" no fim do primeiro....Suponho que se o segundo tivesse sido publicado no ano a seguir ao primeiro, como o senhor tencionava, a ideia até fosse boa. Mas assim à distância de 5 anos desde a publicação em inglês deste livro não consigo concordar, pois o foco acaba por se restringir a poucos personagens, tendo um ou outro muitos capítulos com o seu POV. Se os capítulos dos dois livros tivessem sido ordenados cronologicamente com todos os personagens, a leitura seria mais agradável pela variedade e por se evitar a irritação de "bolas este outra vez..." ou de "então e o que se passa com aquele personagem??".
Do lado das ilhas de ferro só aparece um personagem, Victarion Greyjoy, que perdeu o trono para o irmão mais velho e se lança a mando deste numa série de conquistas e invasões no zona sudoeste de Westeros - o capítulo serve só praticamente para criar uma ameaça nesta zona e infuenciar o desenrolar o enredo numa certa direcção em Porto Real. De Dorne também só temos um capítulo, cujo POV é o da Princesa Arianne Martell. Os pontos altos deste capítulo são o aprisionamento da princesa na torre, com a sensação de sufoco e prisão muito bem transmitidas, e também a revelação dos planos do regente de Dorne, o pai de Arianne, em relação ao casamento da mesma e da insinuação de como isso poderia trazer vingança em seu nome e dos Targaryen.
Do lado dos Stark, tivemos um POV para a Arya e outro para a Sansa. No primeiro caso, o POV é baseado na identidade que Arya adopta ao trabalhar nas ruas de Bravos a vender marisco. Fica mais interessante para o fim, quando esta comete um assassínio, mas cuja execução atribui à personalidade errada (Arya). O seu fim fica em suspenso. De destaque os seus "sonhos de lobo", que sugerem que também poderá ser um warg como o irmão Bran. No segundo caso, o de Sansa, esta adoptou bastante bem a nova identidade, a de bastarda do Mindinho. Destaque neste capítulo para a revelação final do mesmo a Alayne em relação aos seus planos. Continuo a achar que este tipo tem muito na manga e planeia as coisas como um general. Promete muito.
Com o Sam há o esforço de chegar a Vilavelha a partir de Bravos, mas não consigo destacar nada a não ser que espero que este rapaz vença a sua cobardia e timidez naturais. Quanto à Brienne, ainda acho que anda numa caça aos gambozinos, mas ao menos ficou/ficámos a saber o paradeiro do Cão de Caça (que desilusão, achei que este personagem tinha mais para dar, gostava que pudesse atingir algum tipo de redenção ou paz) e a verdadeira identidade da jovem Stark que este "arrastava para Correrio" - da maneira como disseram à Brienne esta achou que fosse a Sansa, mas descobri que seria a Arya. Talvez este conhecimento a possa safar, ja que o seu destino ficou em suspenso.
E o foco deste volume acaba por ser massivamente nos gémeos Lannister, Jaime e Cersei. Os capítulos do primeiro são bastantes interessantes, dando-nos conta de alguma mudança de atitude da sua parte. Conhecemos também alguns personagens que me despertaram alguma curiosidade - Sor Ilyn Payne, que pelo facto de não poder falar, acho que um capítulo no seu POV seria muito engraçado; e também a Senhora Gemma Lannister Frey, uma tia do Jaime que não tem papas na língua e diz muita verdades quando os outros não as querem ouvir. Ela chega a dizer que acha que o verdadeiro filho de Tywin é Tyrion e não Jaime - o que é irónico, dado que Tywin desprezava o filho anão por achar que este matou a mãe ao nascer; no entanto só posso concordar com ela, pois se Tywin tivesse olhado para além do ódio e da fealdade, teria visto o filho capaz de o orgulhar mais, pois é o mais esperto, o melhor estratega e o mais capaz para governar um reino se for preciso.
O que me leva à Cersei. É a que perde por ser exposta mais ao longo do livro, porque podemos ver todos os seus defeitos, sem lhe conseguir achar alguma virtude. Eu pelo menos fiquei-lhe com um pó... É muito má estratega, reage a quente em tudo, toma decisões que não lembram ao Diabo, tem um complexo qualquer de paranóia, vendo inimigos em tudo, e acabando por perigar a relação com outros pares do reino, numa altura em que Westeros está à beira da desagregação. As suas decisões são tomadas a partir de uma profecia que lhe foi feita em jovem, mas é incapaz de ver que as decisões que toma a estão a levar para mais perto da realização da parte final da profecia. o seu fim, ficando em suspenso, é merecido, e só espero que signifique que vai morrer quando a voltarmos a ver, porque já não a suporto mesmo.
Esta é a principal razão pela qual não concordo com a ideia da divisão geográfica dos capítulos - neste livro tivemos demasiados capítulos centrados na Cersei, na Brienne e no Jaime, e embora tenham algumas pérolas, levam também a uma sensação de saturação. Outra coisa que reparei é a tentativa de "acertar o tempo" dumas personagens em relação às outras - nos capítulos da Arya e da Arianne Martell há artifícios de passagem do tempo. Por fim, não achei muita piada ao autor achar por bem deixar os destino de muitas personagens - Cersei, Arya, Brienne - em suspenso. Um bom escritor como o George R. R. Martin não precisa (ou não devia precisar) desses artifícios para cativar os leitores para o(s) livro(s) seguinte(s).
Em suma, não posso deixar de recomendar, até porque as coisas menos consguidas deste senhor são muito melhor conseguidas que muita coisa que por aí anda, e porque esta saga deixa o leitor completamente imerso na história, com tanta intriga e paixão e drama, mesmo sendo este livro um dos mais "fracos" da série.
POVs: Jaime - Cersei - O Pirata (Victarion Greyjoy) - Jaime - Brienne - Cersei - Jaime - Gata dos Canais (Arya Stark) - Samwell - Cersei - Brienne - Jaime - Cersei - A Princesa na Torre (Arianne Martell) - Alayne (Sansa Stark) - Brienne - Cersei - Jaime - Samwell
Título original: A Feast for Crows (2005) [2ª metade do original]
Páginas: 336
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 336
Editora: Saída de Emergência
Tradutor: Jorge Candeias
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