segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Siege and Storm, Leigh Bardugo


Opinião: Declaro oficialmente que esta autora e esta série são as melhores descobertas deste ano. E possivelmente uma das melhores descobertas da minha vida literária.

Admito, estava com medo de que este livro sofresse daquele a que gosto de chamar a "maldição do segundo livro". Porque os livros do meio duma trilogia têm de fazer de ponte entre o primeiro e o terceiro, acabam por ter muitas vezes imperfeições a nível do desenvolvimento e evolução do enredo, e podem tornar-se algo arrastados. E sei do que estou a falar, tendo em conta que este é o segundo de três "segundos livros" que li de seguida. E apenas este não me deu essa sensação.

Há uma qualidade na maneira como a Leigh Bardugo cria este seu mundo, que dá a sensação de estarmos num mundo simultaneamente novo e conhecido. Ela pega nalguns paradigmas da fantasia épica mas faz a sua própria coisa, tornando este mundo uma coisa deliciosa de descobrir juntamente com os seus personagens.

Em termos de enredo, a autora reserva-nos uma série de surpresas, sem se conter nos murros emocionais que lança ao leitor, nem nos momentos "uau" ou "boca aberta" que nos rouba. Suspeito que um livro da autora nunca será uma viagem calma e sem ocorrências. E adoro que seja assim, que me deixe na expectativa de ir acontecer algo, mas esse algo acaba por nunca ser aquilo que esperava.

A história começa uns tempos depois do fim de Shadow and Bone, e a autora não perde tempo em atirar a Alina e o Mal de volta à confusão em Ravka que tinham deixado para trás. Novos jogadores são apresentados, os poderes da Alina (e do Darkling, já agora) expandem-se em novas direcções, e os Grisha dividem-se numa luta pelo poder que pode decidir o futuro de Ravka.

A Alina, como esperava, tem um caminho difícil a percorrer. Neste livro ganha mais confiança nas suas capacidades, assume uma posição de liderança (e vê-la impor-se é algo de divertido), mas também se deixa tentar pelo, er, seu lado negro, devido ao grande poder e capacidades que tem. Felizmente o Darkling não tem nada a ver com isso, muito obrigada, Darkling, mas a Alina sabe perder-se no lado negro sozinha, não precisa da tua ajuda. E por falar nele, acho que gostei que não aparecesse tanto neste livro. A Alina precisava de compreender certas coisas sobre as suas capacidades por si própria, sem o Darkling a chatear a cada passo. Ele é divertido, no sentido em que todos os bad boys o são, mas não é um que eu acredite que seja redimível, e isso faz toda a diferença para mim.

Quanto ao Mal... bem, eu quase tenho receio de torcer por ele e pela Alina, porque a este ponto há tanto que os separa, que não sei bem como conciliar esse fosso. (Se há pessoa que seja capaz de o fazer, é a Leigh Bardugo, acredito.) Este livro lida com os problemas que inevitavelmente surgem entre os dois à medida que a Alina continua a explorar os seus poderes, e o Mal a vê cada vez mais longe de si. E quando eles finalmente se zangam, é por uma coisa tão parva, mas também porque foram incapazes de conversar e confessar as suas preocupações antes deste momento. Mas o Mal continua a ser a pedra que mantém a Alina ancorada, e que faz tudo para a proteger, por isso tenho a esperança que a Leigh consiga desencantar um final feliz para eles.

A autora introduz neste livro um personagem que, OMG, é a melhor coisa desde a invenção da roda. Não posso dizer muito sobre o Sturmhond, porque parte da piada é descobrir os segredos dele aos bocadinhos, mas diverti-me tanto com ele. Pirata, aventureiro, estratega, mais aquela coisa, com um ego enorme e uma boca ainda maior, charmoso, bom com multidões e, curiosamente, um político hábil. É irónico que o rapaz pelo qual eu podia torcer sem reservas é aquele que tem menos hipóteses (na verdade, nenhumas, parece-me) com a Alina. Porque é que me torturas desta maneira, Leigh? (E já agora, não estou nada contente com o facto do destino dele ter ficado tão em aberto.)

A parte pior de ler um livro assim? Chegar ao fim e perceber que falta qualquer coisa como um ano para eu saber o que acontece a seguir. A sério, aquele fim... Surpreendente, intenso, e devo confessar que a Alina meteu-me um bocadinho de medo. E pena. De a ver naquele ponto. Espero que tal como uma fénix, se erga das cinzas - heh, pun intended, tendo em conta o que é aparente que ela vai ter de fazer no terceiro livro. (E por falar nisso, estou curiosa para ver como é que vai sair a capa do terceiro livro.)

Páginas: 448

Editora: Henry Holt and Company (MacMillan)

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Que eu saiba, não. Mas vi no site da autora que já foram comprados os direitos para publicar o primeiro livro desta série em Portugal. :)

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