sábado, 21 de agosto de 2010

Sebastian de Anne Bishop

Sinopse: Bem-vindos a Efémera, onde a terra se altera em resposta aos mais profundos desejos e medos dos seus habitantes. Há muito tempo, Efémera foi dividida em inúmeras paisagens mágicas ligadas somente por pontes. Pontes que podem levar quem as atravessa para onde realmente pertence e não ao local onde pretende chegar.

Numa dessas paisagens habitada por demónios e onde a noite impera, o meio-íncubo Sebastian delicia-se em prazeres obscuros. Contudo, aguarda-o um destino devastador. Uma aprendiza descuidada libertou um mal antigo que agora se agita - e o reino de Sebastian poderá ser o primeiro a sucumbir... Mas em sonhos, ela chama por ele: uma mulher que não deseja mais do que ser amada e sentir-se protegida - uma mulher pela qual ele anseia mas que sabe poder vir a destruí-la. Ela é Lynnea, e o seu improvável romance está no centro da batalha que se trava entre a luz e as trevas.

Opinião: Tinha muita curiosidade em ler um livro da Anne Bishop que não fosse do mundo das Jóias Negras, para poder comparar a história e o mundo criados para autora e comprovar que a autora é capaz de escrever para além das Jóias Negras. Mantendo a comparação, posso confirmar que neste livro (tal como na Filha do Sangue), é nos apresentado um mundo e uma história criados com uma magnífica imaginção, a que se aplica a máxima "primeiro estranha-se depois entranha-se". Pois se no início se anda um bocado perdido, a tentar perceber as regras daquele novo mundo cirado pela autora, rapidamente se é cativado pela descrição dos cenários, dos personagens e do enredo.

O mundo criado neste livro, Efémera, consiste num conjunto de regiões que outrora estavam ligados geograficamente, mas que presentemente estão separados no contexto físico. Estas regiões são denominadas Paisagens e tudo sobre elas, o aspecto, os habitantes, etc. são determinados pelas emoções, boas ou más, das pessoas que lá vivem - no entanto cada Paisagem tem uma Paisagista responsável para manter as correntes de Luz e Escuridão (determinadas pelas emoções) equilibradas. A fazer ligação entre as várias Paisagens temos Pontes, construidas pelos Construtores de Pontes, que por vezes levam-nos não aonde a nossa mente quer ir, mas sim aonde o nosso coração condiciona que "merecemos" ir.

É um mundo prestes a ser desequilibrado, pois um ser conhecido como o Devorador do Mundo foi libertado da sua prisão, e só se satisfaz ao invadir as Paisagens e provocar discórdia, violência e outros maus sentimentos entre os habitantes das mesmas. Por outro lado, temos os Magos, seres que regulam a justiça e o uso de "magia" pelas Paisagistas. Podemos ver ao longo do livro quão este grupo é corrupto e tem em mente um objectivo obscuro.

No meio disto estão três jovens, Sebastian, Belladonna e Lee (o primeiro é primo dos outros dois, que são irmãos). Lee é um Construtor de Pontes e Belladonna uma Paisagista, talvez a mais poderosa desde sempre, por conseguir infuenciar a construção de uma Paisagem. E aqui um ponto de contacto com as Jóias Negras, pois a personagem principal é em ambos uma jovem muito poderosa, absolutamente incompreendida e perseguida pelos poderes "executivos". Tal como Jaenelle, Belladonna poderá ser a única a ser capaz de salvar o seu mundo.

Sebastian por outro lado é um jovem meio-humano, meio-íncubo, que dada a sua natureza nunca foi bem aceite ou se conseguiu intergrar em qualquer lado. Apenas foi bem tratado pela sua tia e primos, e o sítio onde melhor se integrou foi o Antro da Devassidão, onde habitantes das outras Paisagens vêm para beber, jogar ou ter sexo. No entanto, este não é um espaço verdadeiramente mau, apenas com pessoas e as suas emoções, tanto boas como más. Sebastian está ligado a este espaço mais do que pensa, e terá possivelmente um papel na defesa desta Paisagem e na luta contra o Devorador do Mundo.

Dado o título, o livro é focado no ponto de vista de Sebastian, mas com espaço para nos mostrar o que se passa com outros personagens, tanto principais como secundários. E o romance com Lynnea, uma jovem tímida e que irá descobrir-se ao longo do livro, acaba por ser um enredo secundário, com importância principalmente para aqueles que os rodeiam - acaba no entanto por ter um papel mais destacado no fim do livro e no desenlace da narrativa.

O humor de Bishop denota-se em algumas passagens, e a escrita continua deliciosa. Os personagens são cativantes e estou curiosa por saber mais sobre este mundo. Quero bastante ler o próximo.

Título Original: Sebastian (2006)

Páginas: 384

Editora: Saída de Emergência

Tradutora: Cristina Correia

3 comentários:

  1. Descobri o teu blog e gostei! Voltarei :)

    Quanto a este livro em particular, não foi o que mais gostei de ler da Anne Bishop, mas de qualquer forma foi uma leitura que me agradou ;)

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  2. Desconhecia totalmente do que falava esta saga, mas segundo a tuz descrição fiquei super-interessada.
    Ainda não li a Saga das Joías Negras, mas espero poder fazê-lo em breve.

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  3. @ Célia M.:
    Obrigada e muito bem-vinda ao meu cantinho. :)
    Quanto à Anne Bishop, a Trilogia das Jóias Negras é a que mais se destaca; por isso é que apreciei ler este livro - com tanto barulho à volta das Jóias Negras estava com medo que os outros livros dela fossem piores, mas fiquei bastante satisfeita.

    @ Ana C. Nunes:
    Recomendo Anne Bishop vivamente. Dos livros que li dela, tem uma escrita, um sentido de humor e criação de mundos muito próprios.
    Se começares pelas Jóias Negras, o conselho que posso dar é não desistir logo - ao início aquela sociedade matriarcal e os conceitos de magia podem ser um bocado estranhos, mas este ano li a saga quase toda e fiquei a adorar. :)

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