Sinopse: Este livro da autora é inspirado no conto de fadas As Doze Princesas Bailarinas. É a história de cinco irmãs intrépidas, em luta com quatro criaturas sinistras, três misteriosos presentes mágicos, dois amantes proibidos e um sapo enfeitiçado. Há muitos mistérios na floresta. Jena e as suas irmãs partilham o maior de todos, um segredo fantástico que lhes permite escapar à vida diária nos campos da Transilvânia, e que mantiveram escondido durante nove anos.
Quando o seu pai adoece e tem de abandonar o seu lar na floresta durante o Inverno, Jena e a sua irmã mais velha, Tati, ficam encarregues de cuidar da casa e das outras irmãs. O surgimento de uma misteriosa jovem de casaco preto faz nascer o amor numa das irmãs e, subitamente, Jena apercebe-se que tem de lutar para salvar aqueles que lhe são mais queridos. Acompanhada por Gogu, Jena tem de enfrentar grandes perigos para preservar não só as pessoas que ama, como também a sua própria independência e a da família.
Opinião: Acho que de Juliet Marillier vou gostar tudo o que ela escreva, pois costuma pegar em lendas mais ou menos conhecidas e dar-lhes a sua interpretação, sempre com umas reviravoltas muito imaginativas. Neste livro, a escritora pega na história das Doze Princesas Bailarinas, transformando-as em cinco irmãs naturais da Transilvânia que saem nas noites de lua cheia por um portal no seu quarto para dançar com os seres do Outro Mundo (fadas, anões, trolls, ...). Mas o seu pai, doente, viaja para longe para se restabelecer, e são elas que têm de "segurar as pontas" enquanto tudo muda rapida e drasticamente no seu mundo.
As cinco irmãs (Tati - 16 anos, Jena - 15 anos, Iulia - 13 anos, Paula - 12 anos e Stela - 5 anos) fizeram-me pensar nas irmãs Bennett de Orgulho e Preconceito. A Iulia pareceu-me um misto de Kitty e Lydia, sempre a pensar em bailes e rapazes; a Paula, a mais intelectual, lembrou-me uma Mary Bennett menos irritante. A Jena, independente e responsável pelos negócios enquanto o pai está ausente, fez-me pensar na Elizabeth; e a Tati, maternal, sonhadora e boa pessoa em geral, recordou-me da Jane Bennett.
O mundo destas jovens altera-se quando algumas situações se dão ao mesmo tempo: o pai, doente, viaja para se restabelecer; o primo das raparigas, Cezar, revela-se na sua ausência (do pai delas) um tirano que vai retirando a pouco e pouco a independência a estas jovens; e entre os seres do Outro Mundo surgem alguns seres do Povo da Noite (= vampiros), entre os quais um jovem, Tristeza, pelo qual Tati se vai apaixonar. Esta última situação foi a que menos me convenceu. Apesar do rapaz não exactamente o que aparenta, a Tati pareceu-me demasiado inconstante e pouco crente no seu amor; além disso andava a suspirar pelos cantos feita tolinha enquanto as irmãs precisavam de ajuda na quinta e a enfrentar o primo Cezar.
A crescente tirania do Cezar (que chato, irritante, mandão, convencido, ...) deixou-me irritadíssima, mas no bom sentido, narrativamente gostei bastante da história à volta de porque é que ele começou a ficar mais furioso com o Outro Mundo. Era um enredo que eu já estava a prever mais ou menos desde o início, mas apreciei o desenvolvimento das consequências que teve no seu comportamento. A história por trás do sapo de estimação da Jena, Gogu, foi uma que eu não adivinhei logo, logo, mas o facto de ser um sapo e alguns comentários da Jena fizeram-me topar que o sapo tinha mais que se lhe diga.
Em suma, um livro mágico, ao nível dos outros que tenho lido da autora, de que gostei muito. O enredo está bem construído e coisas que parece que estão lá a enfeitar afinal têm importância, o que prova a maestria na construção de uma história por parte da escritora. Os personagens são interessantes, e bem delineados, pondo-nos a experimentar as emoções por que passam. O final é muito agradável para quem vinha a sofrer com as personagens e parece que o livro seguinte (O Segredo de Cibele) pega nalgumas personagens deste livro - o que só me deixa ainda mais contente e satisfeita.
Título original: Wildwood Dancing (2006)
Páginas: 336
Editora: Bertrand
Tradutora: Maria das Mercês Sousa
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