domingo, 31 de março de 2013

Gates of Paradise, Melissa de la Cruz

This book was read for the 2013 Don't Let It End Reading Challenge hosted by Fiktshun.


My thoughts: So, my story with this series starts in 2011, when I devoured books 1-5 (Blue Bloods to Misguided Angel), plus book 5.5 (Bloody Valentine), plus the companion (Keys to the Repository), almost back-to-back. And I read book 6 (Lost in Time) later that year. Which ended up being pure torture, since I had to wait way more than a year to read this lastest and last instalment in the Blue Bloods series, Gates of Paradise. (Yes, there was Wolf Pact, the spin-off, to tide me over until this one came out, but it wasn't the same - I found Wolf Pact a bit lacking.)

Was it worth, all the waiting and worrying? Completely. I expected closure for my favorite characters, and that's what I got. I expected to have some loose ends tied, and to finally learn some details about the past, and that I got too. In the end, I loved these series for what it is: pure, silly fun, but also cleverly plotted and using vampiric, angelic, and a bit of werewolf and Norse mythology in an impressive way.

This book goes back to the first few books' main narrators (Schuyler, Mimi and Bliss), but it doesn't shy away from having a few chapters with the point of view (POV) of some other characters. Schuyler, separated from Jack, struggles with her role in the final battle and how she may be able to fulfill it. Her story goes on a tangent for a bit, but one that gave her purpose, and I loved how in the end she managed not to repeat the mistakes of the past.

Mimi and Jack, meanwhile, are working for the Dark Prince, as part of their attempt to break their bond. Both face impossible choices and are asked to endanger loved ones. I think Jack played the part of traitor better (probably because I wasn't in his head and didn't get to witness his doubts), he took a chance and he did manage to protect Schuyler after all, and he wasn't afraid of sacrificing himself.

Mimi, on the other hand, tried to stall everything she was asked, and she did only half-hearted attempts at everything, and I'm glad Kingsley saw right through her pathetic attempts at being bad. And, by the way, Kingsley is awesome - he is clever, he kicks ass, and he fights for Mimi. Well done.

Bliss is with the pack, trying to reopen the passages of time and fix something that may well break her heart. The storyline with the wolves is still the weakest one for me, though it is much better than Wolf Pact. I wish there was more time to develop the wolves, because I think they are promising. And I do enjoy how Melissa was able to weave werewolf and Norse mythology in the series.

There are a few chapters on Tomasia's POV, Gabrielle's alias on Florence, and on Gabrielle's POV, and with those we finally get to find out what happened exactly in Florence (and prior to that, Rome). It ties everything nicely, and it answers some doubts I had concerning the Uncorrupted, Lucifer, Ben Chase and Gabrielle's children. I enjoyed to figure out and learn the final pieces of the puzzle. Bliss' origin had had me questioning a few things in earlier books, and it was heartbreaking to learn some of what had transpired between Gabrielle, Michael and Lucifer.

In the end, I found it interesting that, although all of these characters are very old, and have endured many cycles of reincarnation, the physically younger characters in this cycle are the ones that broke the rules, and that brought change to the Blue Bloods. How fitting to have youth to bring forth a new status quo.

I enjoyed to read the final chapters, because they close the story nicely and allowed me to give everyone a farewell knowing they'll be okay, wherever they are, and whomever they are with. The ending that intrigues me is Oliver's. I believe the author mentions in her website a possible second cycle in the Blue Bloods stories, and I think Oliver may play a big part in that. But that's just me speculating.

Pages: 368

Publisher: Atom (Little, Brown Book Group UK)

sábado, 30 de março de 2013

Curiosidades Literárias: Capas de Livros

Sempre me intrigou um pouco a ideia das capas de livros em tecido - são tão fofas, mas não sabia se me via a usá-las... no entanto, uma pessoa conhecida tem estado a fazer coisinhas em tecido adoráveis, e arriscou-se nas capas para livros também - e eu tinha que experimentar. Gosto imenso da minha capa, e já andei a experimentá-la com livros cá em casa. Dá para livros até 24 cm de altura, e 16-17 cm de largura... aqui depende da largura do livro e do comprimento da lombada, claro. Mas creio que dá para grande parte dos formatos/tamanhos de livro em Portugal (excepção óbvia os livros de bolso).


A lojinha tem um espaço online no Facebook - A Mãe Faz - e para além das capas de livros tem feito agendas e blocos de notas forrados, caixas de madeira, bolsas para telemóvel, porta-moedas, porta-óculos, necessaires, cestinhos, porta-lenços, estojos, e bolsinhas. Vale a pena explorar a página e ver o que a dona da página já tem feito.


Penso que é possível pedir um item personalizado, se gostarem muito de um item e respectivo tecido, mas preferirem outro tipo de fecho (como no caso das capas, que têm fechos de mola ou fitinhas), ou num tamanho diferente dos expostos - há mesmo um álbum só com os tecidos disponíveis para projectos aqui. Para espreitarem as capas de livros já feitas, podem ver aqui, aqui, aqui e aqui.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Emblaze, Jessica Shirvington


Opinião: Depois dos acontecimentos do livro anterior, Violet e os Grigori tentam encontrar um meio-termo com Phoenix e os Exiles, para trocar as Scriptures que cada grupo tem e que o outro cobiça. Contudo, os Grigori não se podem dar ao luxo de entregar a Exile Scripture verdadeira aos Exiles, pois vão usá-la para libertar um mal antigo e poderoso. Quando a negociação corre mal, cabe a Violet decidir se vale a pena sacrificar alguém que ama para impedir os planos dos Exiles...

uma várias razões para eu gostar tanto de ler estes livros. Primeiro, porque a Jessica Shirvington conseguiu incorporar mitologia angélica duma maneira muito interessante na sua história, e a cada livro vai revelando um pouco mais. Gostei muito de como ela ligou locais reais à história dos Exiles e dos Grigori, de ver os personagens a estudar a Exile Scripture e a tentar interpretá-la, e de ver revelado o que esta realmente implicava no fim.

Depois, porque está sempre a acontecer alguma coisa, ou relacionado com a narrativa geral, ou com os personagens em particular, e os livros não me dão descanso. Neste, de negociações a lutas com os Exiles, a uma tentativa de os impedir de libertar o mal encarnado na Terra. A autora entrelaça bem os momentos de acção com os emocionais, e eu saltito entre emoções, de excitação a terror a pena a tristeza a vontade de bater na Violet e no Lincoln por me fazerem sofrer tanto. (E já vou voltar a esse assunto.)

Também há os personagens secundários. Adoro a Steph, a amiga humana a quem a Violet introduziu a este mundo no livro anterior, que faz por se integrar nele e até tem contribuído muito para ajudar os Grigori. O Spence é outro personagem tão bom - tornou-se num bom amigo para a Violet, a desencaminhá-la quando ela precisa de espairecer, e a ajudá-la e a protegê-la quando pode. O pai da Violet passou dum extremo para o outro, de ignorá-la a tentar agir como um pai (podia ter sido uma transição mais subtil), mas gostei de o ver acordar da sua tristeza e finalmente prestar atenção à filha; tenho pena do pobre do homem, porque não sabe nada deste mundo e de repente cai-lhe tanta coisa em cima.

A Josephine irritou-me pela sua atitude, decidida a odiar a Violet antes de a conhecer, mas ao menos tem estilo. O Onyx vai tendo cada vez mais presença, gosto do carácter dele, muito honesto e algo brusco, mas que vai ficando integrado no grupo. O Griffin continua o líder calmo e fixe, mas gostava que arranjasse um novo parceiro Grigori, era uma maneira de introduzir um novo personagem no grupo e criar alguma tensão. O Phoenix revelou-se mais um bocadinho, com um capítulo no seu POV, mas tendo em conta o que ele fez para trás, não posso desculpá-lo, não quero saber quão coitadinho ele é, não há desculpas para certas coisas - ele continua a tentar manipular a Violet, e quando isso não resulta vira-se para as más acções, porque "oh coitadinho de mim ninguém gosta de mim".

A última razão para eu ler estes livros, é a pura tortura que é ler a relação entre a Violet e o Lincoln. OMG, os obstáculos não param de se empilhar, e metade das vezes são eles os seus próprios obstáculos. No primeiro livro era o Phoenix e o facto de serem parceiros Grigori, o que impede que sejam parceiros de verdade, apesar de estarem babados um pelo outro há sei lá quanto tempo. No segundo, descobrem que têm uma ligação especial (*cof*soul mates*cof), e eu passo metade do livro feliz da vida, porque finalmente vão ficar juntos, blá blá blá blá, mas no fim descobrem que estimular essa ligação pode ter consequências para ambos.

E aqui, no terceiro, por causa disso, passam grande parte do tempo a evitar-se, a ter mal-entendidos e a lutar (não literalmente) um contra o outro. O evitar da sua ligação causa-lhes dor, e gera todos estes problemas, e eles acham que é pelo melhor - porque, bem, ao estabelecerem a sua ligação definitivamente, se um deles morre o outro fica louco, e eles sacrificam-se porque não querem causar esse tipo de dor ao outro no caso de algo correr mal - o que é louvável, mas acho que percebemos que aqui não vai resultar. Por isso desistam, meus queridos, que isto não é saudável e now kiss!

É quando são obrigados a deixarem de ser uns palermas que temos algumas das melhores cenas - como a cena com o Keeper, que os põe a confrontar alguns medos e é muito interessante, a cena lá para o fim na casa no Lincoln, ou cena no vulcão, em que ele finalmente diz tudo o que lhe vai na alma. A sério, o Lincoln deixa-me curiosa. Por fora parece o menos afectado e super controlado, mas lá dentro é ao mesmo tempo um ursinho de peluche e um vulcão emocional à espera de explodir.

A Violet como heroína tem dois lados. Um fabuloso, em que ela continua a exceder-se e a mostrar-se cada vez mais forte, a mostrar-se capaz de lidar com tudo o que lhe atiram e a crescer como pessoa, e outro, em que ela ainda se fecha em copas e não confia nas pessoas que a rodeiam para contar algumas coisas. Quero muito vê-la cada vez mais na primeira postura, e a eliminar a segunda.

Bem, agora até tenho medo de ler o quarto livro quando sair, todas as opiniões mencionam que o fim é daqueles de deixar uma pessoa pendurada. Não que este não o seja um pouco, mas é uma situação que consigo ver resolvida, enquanto que o fim do quarto parece ser uma coisa mais a sério. Veremos, ai... be still my beating heart.

Páginas: 464

Editora: Sourcebooks Fire

quarta-feira, 27 de março de 2013

Picture Puzzle #44

O Picture Puzzle é um jogo de imagens, que funciona como um meme e é postado todas as semanas à quarta-feira. Aproveito para vos convidar a juntar à diversão, tanto a tentar adivinhar como a fazer um post com puzzles da vossa autoria. Deixem as vossas hipóteses nos comentários, e se quiserem experimentar mais alguns puzzles, consultem a rubrica nos seguintes blogues: Chaise Longue; Viajar pelos Livros; A Cup Of Coffee & A Book.

Como funciona?
  • Escolher um livro;
  • Arranjar imagens que representem as palavras do título (geralmente uma imagem por palavra, ignorando partículas como ‘o/a’, ‘os/as’, ‘de’, ‘por’, ‘em’, etc.);
  • Fazer um post e convidar o pessoal a tentar adivinhar de que livro se trata;
  • Podem ser fornecidas pistas se estiver a ser muito difícil de acertar no título, mas usá-las ou não fica inteiramente ao critério do autor do puzzle;
  • Notem que as imagens não têm de representar as palavras do título no sentido literal.

Então como na semana passada o puzzle #2 não foi adivinhado, vai voltar esta semana... e acrescentei umas quantas pistas, a ver se facilita. (Livrem-se de não adivinharem! xP)

Puzzle #1
Pista: título fantástico publicado em português.

Puzzle #2
Pista: título fantástico publicado em português que é o primeiro duma trilogia; o autor tem 4 livros publicados em português (três deles são a trilogia); a trilogia foi publicada nos anos 80 lá fora, e já em 2000 e tal cá em Portugal; a editora portuguesa já é antiga, e tem uma colecção muito conhecida de ficção científica.

Divirtam-se!

Desafio Arco-Íris

 

Regras
1. Referir quem vos deu o selo.
2. Postar uma foto de uma pilha com as cores do arco-íris.
3. Passar o selo a 10 blogs super-hiper-mega coloridos!

E obrigada ao Fiacha do Leituras do Fiacha - O Corvo Negro por se lembrar de mim para este desafio. :)

Ora bem, quando vi o desafio pela primeira vez, pensei nos livros que tenho da Biblioteca de Verão DN/JN 2011 - as lombadas são coloridas, todas de cores diferentes, e eu até as tenho cá em casa arrumadas por cor, em vez de por número da colecção, por isso não foi difícil seleccionar sete que compusessem um arco-íris.


Contos Românticos (nº 1)
Contos Guerra (nº 7)
Contos Amores (nº 20)
Contos Comédia Social (nº 10)
Contos Misteriosos (nº6)
Contos Vampiros (nº 3)
Contos Fantásticos (nº 15)

No entanto, não quis deixar de dar oportunidade à minha biblioteca de formar um arco-íris também.


Almanaque do Dr. Thackery T. Lambshead de Doenças Excêntricas e Desacreditadas
O Despertar (Memórias de Idhún 3), Laura Gallego García
No Anexo, Sharon Dogar
Danças na Floresta, Juliet Marillier
Uma Menina Igual às Outras, Meg Cabot
O Segredo de Cibele, Juliet Marillier
O Ídolo na Escola, Meg Cabot

E quando estava a acabar este post, a minha irmã passou por aqui e decidiu ajudar à festa, sugerindo usar as revistas Comix para obter o mesmo efeito.


Comix nº 1
Comix nº 11
Comix nº 12
Comix nº 3
Comix nº 8
Comix nº 4
Comix nº 9

Não vou passar a ninguém especificamente, mas desafio todos os que virem este post a fazer um semelhante. ;)

terça-feira, 26 de março de 2013

Losing It, Cora Carmack


Opinião: Que livrinho curto, mas fofo. A Bliss é uma aluna da faculdade e está a estudar teatro, e sente que tem de deixar de ser palerma e perder a virgindade antes de acabar o curso. Entra a melhor amiga, que a leva para uma noite de farra e onde possivelmente encontrarão um candidato à altura. É nessa noite que Bliss conhece Garrick, um rapaz incrivelmente atraente (e britânico), mas à última hora arrepende-se e foge com uma desculpa ridícula, deixando-o nu na sua cama. É só no dia seguinte que descobre que... o Garrick é o novo professor de teatro.

Oh, estou aqui a escrever a minha opinião e ainda me estou a rir. É que gostei imenso da Bliss, que com a sua necessidade de estar no controlo e a suas neuroses, me deixou na risota com grande parte dos seus comentários. Tive também um pouco de pena dela, porque numa sociedade obcecada com sexo como é a nossa, e com a pressão ridícula que há para ter sexo e uma rapariga se livrar da sua virgindade como se fosse um guardanapo, ela acaba por ficar quase aterrorizada da antecipação do momento em si - parafraseando algo que ela diz, se ela pudesse livrar-se da virgindade sem ter sexo, era o que faria. É o momento em si, o medo de fazer asneira, de correr mal, que a deixa em pânico.

É claro que estes ataques de pânico a põem a fazer coisas tão patetas como bloquear a meio dum momento íntimo com o Garrick, inventar uma desculpa sobre ter de ir buscar o gato ao veterinário, e pôr-se na alheta, deixando-o a ele na sua cama, nu, e saindo de casa descalça e sem blusa. (E pronto, lá estou a rir-me outra vez. Eh pá, a cena em si é hilariante, o que é que querem?) A manhã seguinte traz um novo tipo de mortificação, quando ela descobre que o Garrick é o novo professor. Segue-se uma série de cenas em que ambos tentam resistir à atracção entre ambos (e que atracção! aquelas cenas entre os dois até chegarem a casa dela são bem interessantes), por causa da relação professor-aluna.

O Garrick é o protagonista masculino perfeito para a Bliss. É mais calminho, é absurdamente lindo, é britânico e tem um sotaque de cair para o lado, e baba-se completamente pela Bliss. Gostei de ver a evolução da sua relação com ela - apesar das interrupções na mesma, ele nunca desiste dela, e diz-lhe coisas absolutamente escandalosas no meio dos ensaios. Adorei aquele momentos em que os dois ficam doentes, porque têm de tomar conta um do outro à vez, e passam a semana na cama e no sofá. (Infelizmente não, não é a fazer isso que estão a pensar, é mesmo a curar a febre.) Vemos as pessoas no seu pior quando estão doentes, por isso se sobreviveram os dois a isto, sobrevivem a tudo. (Incluindo as neuroses da Bliss.)

Apreciei que o enredo da virgindade não tenha controlado a história, era apenas mais uma faceta da relação deles... uma de que o Garrick nem estava ciente até a Bliss ganhar coragem e lhe contar, e ele ficar parvo não com o facto em si, mas com a desculpa que a Bliss inventou. É uma cena divertida, e sobretudo parece libertar a pressão que Bliss tinha colocado em si própria. Gostava apenas que o fim não fosse tão apressado e acelerasse o estado da relação deles... o livro podia ter mais algumas boas páginas que eu não me queixava. E os momentos em que eles se zangam são ligeiramente cliché, um em que um deles deita cá para fora uma parvoíce que não pensa realmente, e outro em que uma conversa telefónica é mal interpretada.

O cenário dum conjunto de alunos a estudar teatro deu um contexto cativante à história... a Bliss pôde usar as frustrações do flirt com o Garrick num papel, por exemplo. E o drama entre os alunos de teatro é sempre abundante - noites de farra que terminam num jogo da garrafa, amigos que querem ser mais do que amigos, mononucleose espalhada por toda a turma sénior, ... há de tudo. Quero ler os próximos livros, focados nos melhores amigos da Bliss (o Cade e a Kelsey), porque acho que eles também merecem miminhos. (Especialmente o Cade, por causa da sua paixão não correspondida.)

P.S.: Destaque para a Hamlet, a gatinha que a Bliss adopta para fingir que a desculpa que deu ao Garrick era verdadeira. A gata é arisca, mas tem bom gosto. (Só fica quietinha no colo do Garrick.)

Páginas: 288

Editora: William Morrow (HarperCollins)

Selo "Blog de outro Mundo"


Um muito obrigada à Rita do A Magia dos Livros por se ter lembrado de mim. :) [EDIT: e à Kel do A Rapariga dos Livros.]

Regras:
1- Colocá-lo no teu blog;
2- Referir o link de quem te enviou;
3- Dizer quais são as três coisas que mais gostas num livro e as três que mais odeias;
4- Passar o selo a 5 (ou mais blogs) que consideres de outro mundo.

As três coisas que mais gosto num livro:
1) Personagens bem construídos. A sério, sou capaz de passar mais de metade duma opinião a dissecar personagens. Quanto mais complexos, melhor. Se não me conseguir identificar com os personagens, ou sequer perceber as suas motivações, o autor não fez um bom trabalho. Não precisam de ser os bonzinhos da fita, mas têm de ser credíveis.

2) Que me faça chorar baba e ranho. (Pelo menos costuma ser um bom sinal. Acho que nunca chorei por um livro de tão mau que era.)

3) Uma história que me agarre no início e me faça devorar o livro, sem me fazer dar conta que de repente já cheguei ao fim.

As três coisas que menos gosto num livro:
1) Insta-love - a sério, não há paciência. Acredito em atracção instantânea, mas não em amor instantâneo que faça os personagens dizer "amo-te" 24 horas após se conhecerem.

2) Triângulos amorosos - bem, eu até consigo ser tolerante com a maior parte dos pseudo-triângulos, porque não passam disso, e uma das partes nunca tem hipótese - porque ainda assim algumas vezes os autores conseguem criar um conflito ou um personagem que vale a pena seguir, mesmo (e felizmente) que nada contribua para o triângulo. O que me irrita mesmo é enfiar um triângulo à má fé para criar tensão quando a própria narrativa já está carregada de tensão e não precisa disso para nada. Ou não termos pistas de um triângulo no primeiro livro e de repente no segundo o autor achou piada a fazer com que um terceiro personagem já existente se meta no meio do par. É apenas preguiça do escritor, que acha que aquilo é uma maneira fácil de criar um enredo interessante - não, meu amigo, apenas vai dar cabo da história.

3) Personagens mal-construídos e pouco credíveis. A sério, fico a bater mal se não conseguir perceber o personagem graças à péssima capacidade do autor em escrever um personagem em condições.


E agora é a parte em que faço batota e não passo o selo. Lol, até gosto de responder a estas perguntas, mas depois sou demasiado preguiçosa para ir escolher "apenas" X blogues a quem passar o selo.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Não julgues um livro pela capa: mudanças de capas que desiludem

Então... mudanças de capas. É uma coisa a que, por princípio, não acho piada nenhuma. Não só pelo gosto que tenho em ter uma colecção na mesma edição, uma estante toda bonita, blá blá blá. Mas por a mudança de capa sugerir uma incerteza por parte do editor em relação ao livro. Será que os primeiros volumes não venderam bem? Querem atrair outros leitores, que graças à primeira capa não se interessariam pelo livro? Fizeram asneira na promoção da série e querem mudar de rumo? São até atitudes valorosas, se realmente divulgarem a série entre mais pessoas.

No entanto, pergunto-me sempre se este tipo de mudança serve o seu propósito. Uma homogeneidade de capas ao longo da série ajuda o leitor a identificar um livro novo da série, quando o vê na livraria (noutras áreas, chamar-se-ia a isso ter uma marca que os consumidores conhecem e identificam facilmente; na edição de livros, o conceito parece por vezes completamente desconhecido); com a mudança, pode passar-lhe ao lado um novo volume da série que gosta de acompanhar.

Por outro lado, a mudança de capas expõe novos leitores aos livros. Mas se a mudança é só a partir do meio da série, não será que vai enganar o novo leitor? Pensa que leva o primeiro livro para casa, quando está a levar o terceiro... Além de que nem sempre a capa transmite alguns aspectos da narrativa, que podem desmotivar o leitor na leitura. Comprou um livro, sim, mas não comprou a série inteira. Aí, a mudança serviu realmente para alguma coisa?

Enfim. De seguida destaco algumas mudanças de capas que tenho (ou vou ter) na minha estante, e exploro porque é que não as apreciei.



Em cima, as capas dos hardcovers americanos dos primeiros dois livros da série Across the Universe da Beth Revis (e no primeiro livro, Across the Universe, foi também a capa do paperback americano). Em baixo, as capas novas dos paperbacks americanos (para os primeiros dois livros) e do hardcover do terceiro livro.

A minha opinião? Preguicite aguda. O designer não sabia como continuar a explorar no terceiro livro o tema "espaço" que permeia os dois primeiros, e ao mesmo tempo combiná-lo com o novo elemento do enredo. A própria autora, ao justificar a mudança, sugere que eu tenho razão - não encontraram maneira de fazer uma capa para o terceiro sem spoilarem o leitor para o terceiro. Preguiça, preguiça, preguiça. Era tão difícil darem-me, por exemplo, um sol a nascer sobre um planeta (como aqui)? Acho que ficaria fabuloso numa capa, mas o que é que eu percebo disto, não é? Não sou eu que vou comprar o livro nem nada...

Suponho que para quem conhece o enredo, as capas novas dizem alguma coisa (sugerem a nave espacial, o aspecto de congelamento no primeiro, não faço ideia no segundo, mas deve ser para condizer com o título - Suns -, e no terceiro não vou comentar para não spoilar). Para quem não sabe nada, não sei se as capas contam alguma história. É apenas uma parede metálica com parafusos gigantes. Podia ser até a escotilha no meio da selva em Lost!

Além disso, não sou nada fã da tipografia. No primeiro livro, parte da palavra Universe está em itálico. Eu sei que é para inclinar a letra depois do V e para o acompanhar, dando um aspecto fluído à coisa, mas parece apenas que quem fez aquilo estava bêbedo. No segundo livro, fundiram o A e o M. Visto de perto até se distinguem as letras (mais ou menos), mas mais ao longe alguém pode pensar que o livro se chama Million Suns ou Aillion Suns, em vez de A Million Suns. No terceiro, o formato das letras S e E está interessante, porque tentaram pôr-las no formato das letras A e U, ou A, M e S dos livros anteriores. Mas se o objectivo era a homogeneidade, podiam ter-se esforçado para o tamanho da letra ser semelhante, e a caixa que envolve o título nos três ter o mesmo formato (num está mais rectangular, noutro mais quadrada...).



Acho que aqui é a mesma coisa: em cima, as capas dos hardcovers americanos dos primeiros dois livros da da Stephanie Perkins (no primeiro livro, Anna and the French Kiss, foi também a capa do paperback americano). Em baixo, as capas novas dos paperbacks americanos (para os primeiros dois livros) e do hardcover do terceiro livro.

Eu sou capaz de ter chamado uns nomes ao(s) responsável(is) por isto durante uns bons 10 minutos. É que eu gosto muito destes livros da Stephanie Perkins. Uma das coisas que mais me agradam é que cada personagem parece tão real. Cada um tem as suas idiossincrasias, as suas peculiaridades. O Étienne é baixo e gosta de História, a Anna quer ser crítica de cinema, a Lola é estilista e todos os dias muda de estilo pessoal, o Cricket é um rapaz alto, magro, e quer ser inventor. E sentia que as capas transmitiam isso, essa sensação de ser único, e de não serem iguais a tudo o que há por aí. São fofinhas, apresentam-nos os protagonistas (se bem que cortaram o Étienne na primeira... medo de não corresponder às expectativas? ehehe), e têm por trás uma ideia da cidade em que se passa a história.

Entra a revelação da capa do terceiro livro. Ora quando o terceiro sair, o segundo saiu há dois anos. Um tempo tão grande entre publicações é incomum, mas acontece quando o autor precisa de mais tempo para escrever uma história melhor (foi o que aconteceu aqui, e não me importo de esperar). Só que no mundo editorial, costuma ser associado com uma mudança de capa, suponho que os editores acham que precisam de revitalizar a série, que esteve tanto tempo fora das livrarias. Mas na minha ingenuidade, nem me lembrei disso até agora. Quando abri o post com a revelação exclusiva da capa do terceiro livro, pensei "ena, vou finalmente ver a Isla e o Josh, vai ser uma capa tão fixe".... e dou de caras com isto. Ugh.

Bolas, estas capas são tão genéricas. Não me dizem nada, a não ser a cidade onde a história se passa. A tipografia é ridícula, parece que foi feita em 5 minutos, precisava de mais trabalho. E há livros em que o título ocupar a capa toda e ser o único elemento de design funciona (olhem só para esta), mas aqui não. Usarem as fotos por trás mata um bocado esse objectivo. Mas o que dá cabo de mim mesmo, é sentir que eu podia fazer aquilo no Paint em meia hora. Eu quero sentir que se deram ao trabalho de pensar no que estavam a fazer, não quero sentir que pensaram "vamos fazer uma coisa às três pancadas, que eles nem notam".


Estão são os paperbacks britânicos, que são as edições que tenho estado a comprar (as edições americanas, com as quais vou fazer comparações, estão aqui).

Aqui, nos primeiros dois livros seguiram o editor americano e usaram as mesmas capas. Creio que a autora revelou no seu site que eram trabalhos feitos com flores de papel. Gosto delas. A morte é um elemento da narrativa e sugerem-me a efemeridade e a beleza da vida. Não são as capas típicas para o género (YA paranormal thriller), mas acho que por isso mesmo se destacariam numa livraria.

Depois o editor britânico decide ir por outra direcção, e muda as capas do terceiro e quarto livros. Estas capas sugerem-me o elemento thriller da história, sim, mas e o elemento paranormal? Para além de que acho que são muito mais genéricas dentro do género thriller e se destacam menos. Portanto, isto vai realmente ajudar às vendas? Ou esconder ainda mais os livros? E um leitor de thrillers, que pegue no terceiro ou quarto livros, os leia, e perceba que nem aquilo é o primeiro livro da série, nem aquilo é bem o que procurava, porque também tem um elemento paranormal? Vai pegar nos livros, ou vai ter mais cuidado ao pegar num livro desta editora da próxima vez? E o leitor que realmente segue esta série, não lhe passam ao lado estas últimas publicações?

Dúvidas, dúvidas... a verdade é que não deixei de comprar os livros graças à mudança, porque apesar de estas trocas e baldrocas me irritarem muitíssimo (como puderam ver), tento não deixar que isso me impeça de continuar a ler uma série de que gosto. Mas eu sou uma leitora ávida e preocupada, tento sempre seguir as séries que me agradam. Pergunto-me se estas coisas não afastam o leitor comum, aquele que lê uma dezena de livros por ano (ou menos, ou mais, não faço ideia de quanto é a média para o leitor comum, por isso mandei um número para o ar, não me atirem tomates por causa disso), que não sabe quando o próximo livro duma série que segue sai, e que ao passar pelas capas novas não sabe que está ali um novo livro dessa série.

domingo, 24 de março de 2013

Scarlet, Marissa Meyer


Opinião: Por vezes, o segundo livro duma série sofre de um conjunto de problemas que afectam a qualidade do produto final: livro de ligação entre o início e o fim da história (especialmente nas trilogias, o que não é o caso), antecipação dos fãs, incapacidade do autor em voltar a conjurar aquilo que fez do primeiro livro um sucesso. Contudo, este não é o caso, de maneira nenhuma. A Marissa Meyer conseguiu voltar a cativar-me, fazendo-me mergulhar na história, adorando cada segundo, e até surpreendendo-me com o modo como a tem planeada.

Neste volume, a história da Cinder cruza-se com a de Scarlet, uma jovem cuja avó está desaparecida há semanas, e que relutantemente aceita ajuda de um estranho, Wolf, que afirma poder ajudá-la a encontrá-la. Estava curiosa, e até com alguma relutância, em ver se a autora conseguiria equilibrar os dois fios de narrativa, e posso dizer que passou com distinção. Gostei muito de seguir os capítulos alternados de cada protagonista (e ocasionalmente de outros personagens), e adorei o modo como a autora ligou as suas histórias. Vê-se que ela planeou muito bem certas coisas, e pequenos detalhes revelados em Cinder ganham agora uma importância que não supus, o que me deixou bem impressionada.

A Scarlet foi uma protagonista fantástica. Destemida, com princípios, senhora do seu nariz, talvez um pouco impulsiva, mas com bons instintos, e sempre acompanhada do seu capuz vermelho e da pistola que a avó lhe ofereceu para se defender. Por sua vez, o Wolf foi um personagem que me deixou dividida (e gostei disso) - passei o livro todo entre o pensar "ai não podes confiar nele, sua tonta, dah, ele chama-se LOBO! vais-te lixar" e o "ohhhh ele é tão fofinho, parece um cãozinho abandonado, Scarlet, dá-lhe umas festinhas!". Não sei, o Wolf é um personagem misterioso e dúbio, mas que felizmente escapa às armadilhas do género e do estereótipo. É perigoso, mas ele e a Scarlet nunca se esquecem disso. O seu passado está relacionado com o enredo principal, e é bem negro, vemo-lo a fazer coisas assustadoras, mas também mostra sinais de ultrapassar a sua herança e tornar-se uma pessoa melhor. Tem um lado gentil e protector, e tem química com a Scarlet (é delicioso vê-los juntos). Quero muito ver como as coisas evoluem a partir daqui... eles têm uma conversa no fim bem gira, e a verdade é que são os dois pessoas intensas, portanto isto só pode tornar-se ainda melhor.

A Cinder, bem, depois do aperto em que ela se viu no fim do outro livro, põe-se na alheta na primeira oportunidade, o problema é que tem que trazer com ela um criminoso internacional, o Cadete Capitão Thorne. Achei alguma piada a este personagem, porque está sempre preparado para tudo, mas ao mesmo tempo é um tudo-nada alheado a certas coisas óbvias. Além disso, as bocas dele são tão engraçadas - entre ele e a Iko, nunca vamos ter falta de gargalhadas. Estou totalmente à espera que ele seja o protagonista masculino de um dos próximos livros, provavelmente o Cress, o da Rapunzel - mas também o consigo ver com a Branca de Neve Winter, a tentar tirar-lhe a maçã da garganta com uma manobra de Heimlich e a seguir a fazer-lhe um boca-a-boca.

Gostei do percurso da Cinder no livro. Depois do que descobriu, é natural que esteja cheia de dúvidas e atemorizada com a extensão do que pode fazer, e vai à procura de respostas. Ficamos a saber um pouco mais do seu passado e do que lhe aconteceu durante uma parte da sua vida que estava inexplicada. Compreendo as suas dúvidas e a sua luta para não se tornar numa Levana, mas estou expectante de finalmente a ver conseguir usar os seus poderes e livrar-nos de vez da rainha má. Uma parte menos boa da história dela é que eu estou impaciente por a voltar a ver com o Kai, resolverem o que têm a resolver, mas imagino que a autora me vá fazer sofrer mais um bocadinho. O Kai, por sua vez, tenta equilibrar a frágil relação com os Lunares e com a rainha louca psicopata Levana, o que não é fácil; e no fim, ele acaba por ter de fazer uma coisa que me deixou completamente chocada e preocupada, porque sei que não é a solução, mas também sei que não há outra coisa a fazer, tendo em conta as circunstâncias.

Outro ponto que adoro nestas histórias é o modo como a autora incorpora o conto de fadas na narrativa principal. Neste caso, o Capuchinho Vermelho. Em todo o livro há pequenas referências (o desaparecimento da avó de Scarlet, o facto de ela usar um casaco com capuz vermelho, ...), mas a cena "avó, porque é que tens orelhas/olhos/boca tão grandes?" deu cabo de mim. Só percebi o paralelismo quando a cena estava a acabar e se revela, e foi tão inteligente a maneira como foi executada. Nunca suspeitei de nada, e tem alguma ressonância com a cena original. O modo como os Lunares e o que eles andam a tramar se relaciona com o conto também é muito interessante, e deixa-me absolutamente furiosa, devido à extensão do que a Levana está preparada para fazer para obter o que quer.

Próxima paragem: África e o conto da Rapunzel. Conto ver uma evolução da Cinder e dos seus poderes, a Scarlet e o Wolf a serem absolutamente fofinhos e awesome, a Iko a continuar a ser a personalidade adorável que sabemos que ela é, o Thorne a tornar-se no protagonista masculino que sabemos que pode vir a ser, e a Rapunzel ainda mais fabulosa que a da Disney, se fazes favor, Marissa. Não peço muito. (Ahahahaha.)

Páginas: 464
 
Editora: Feiwel and Friends (Macmillan)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Uma imagem vale mil palavras: Emma (1996, filme)

Sim, a adaptação cinematográfica com a Gwyneth Paltrow. O que é que passava com as pessoas nos anos 90 e a sua obsessão com este livro de Jane Austen? Só em dois anos saíram três adaptações - esta, a da Kate Beckinsale, e a adaptação moderna com a Alicia Silverstone -, e duas delas no mesmo ano.

Bem, focando-me nesta adaptação... em certos há qualquer coisa de teatral nela, em muitos dos actores, como se as pessoas se estivessem a esforçar demasiado. Falha em compreender alguns aspectos da história, e tenta explorar demasiado o ângulo da comédia romântica, mas também acerta nalgumas coisas, felizmente.

Gosto de ver o par de protagonistas. Acho que o Jeremy Northam faz um Mr. Knightley charmoso, que mantém uma relação amigável e fraterna com a Emma, mas que passa o tempo todo a olhar embevecido para ela. Gosto de como ele lhe dá a "descasca" em Box Hill, mas depois tinham de ir e dar cabo da cena em que ele se declara, que não tem nada a ver com o livro e lhe tira o encanto.

Gosto de como eles se separam, após Box Hill, em bons termos, com o Mr. Knightley a ver a Emma a tentar corrigir o seu comportamento. Mas não sei se gosto da Emma da Gwyneth. Acho que ela lhe dá um ar de malícia, de hipocrisia, de maldade que nunca encontrei na personagem ao ler o livro. O seu comportamento sem noção de certas coisas até se encaixa com a Emma que conheço, mas alguns requintes de malvadez no seu comportamento são incomportáveis com o comportamento dela ao ajudar os pobres, por exemplo.

A actriz que fez de Miss Bates era muito divertida, e ri-me também à custa da Mrs. Elton ("os meus amigos diriam que..."). Mas a Jane Fairfax pareceu-me mal escolhida, a actriz não emana nada o ar reservado que atribuo à personagem. A Toni Colette capta bem a ineptitude da Harriet Smith, mas tem um perfil demasiado prominente para o ratinho que a Harriet é no meio daquela gente. Acho a cena com a declaração do Mr. Elton tão divertida pelo mudar de lugares que ocorre dentro da carruagem (o condutor ainda pensava que estava a acontecer algo menos próprio lá dentro, ehehe).

As cenas com o Frank Churchill são ridículas, mas não tanto por culpa do actor (Ewan McGregor, de quem até gosto), mais por culpa do argumento e da montagem - então ele acaba de conhecer a Emma e põe-se a inventar uma história ridícula sobre a Jane Fairfax e o Mr. Dixon? Com uns pormenores tirados não sei de onde (do livro não é) - o Frank do livro insinua a situação, não se põe a fazer um filme de 90 minutos sobre a mesma.

Ri-me um bocado com as cenas em que a Emma se apercebe que está apaixonada pelo Mr. Knightley, quando escreve no diário, e à noite, quando está a suspirar por ele. Ou quando confia na Mrs. Weston e lhe conta os seus sentimentos, e passa metade da cena a inventar cenários para quando o Mr. Knightley voltar.

Não sei, acho que o grande problema do filme é a montagem e o argumento, e a má compreensão da história. Tentaram Hollywoodizar certas coisas, e resultou num filme pior por causa disso. Tem coisas boas, mas até nessas eu dou por mim a suspirar e a pensar que prefiro a mini-série de 2009, que é fiel à obra e a compreende melhor. Gosto muito da cumplicidade entre a Emma e o Mr. Knightley nessa adaptação, da maneira como a Romola Garai e o Jonny Lee Miller interpretaram os respectivos personagens, e o elenco agrada-me mais e é menos artificial. Adoro aquelas pequenas coisas entre os actores que é possível ver na série, e fez-me ver a história como é e ao mesmo tempo sob uma nova luz, sugerindo aspectos em que não tinha pensado. Em suma, vão lá ver a série e ignorem este filme, que tem os seus momentos mas fica aquém para quem já viu a série.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Delirium Stories: Hana, Annabel and Raven, Lauren Oliver

Um pequeno volume que reúne as histórias curtas escritas pela autora para a trilogia Delirium. Nunca me tinha atrevido a pegar nas mesmas, em parte por estarem em e-book, em parte por eu estar a evitar a série até ela estar publicada. Por isso, agora que a história está a chegar ao fim, achei que  valeria a pena espreitá-las.

Gostei muito de as ler,  pois complementam a história principal e ajudam a compreender a perspectiva destas três personagens nalguns momentos cruciais da história. São curtas que são realmente satisfatórias, que se lêem num instantinho, e que me deliciaram por permitirem entrar na cabeça das suas protagonistas.

Pergunto-me é porque é que acharam boa ideia publicar este livro, e a curta da Raven, ao mesmo tempo que Requiem, o último livro da trilogia. Teria sido uma melhor ideia terem saído um mês ou dois antes, para abrir o apetite aos fãs - tendo em conta que este livro inclui um excerto do Requiem, é inútil ele existir se eu no mesmo dia posso comprar este livro e o Requiem.

Hana passa-se ao mesmo tempo que Delirium e conta certos acontecimentos do ponto de vista da personagem homónima. Foi curioso, ver a perspectiva de Hana sobre esses momentos, e comparar as suas emoções durante esse Verão. Acho que muitos dos seus desentendimentos provêm da falta de compreensão uma da outra, e se se tivessem dado ao trabalho de conversar, as coisas poderiam ser diferentes. Não era fã da Hana, e continuo a não ser, especialmente por causa duma coisa que ela faz no fim. Se não tivesse sido já spoilada para o acontecimento, estaria pronta a espancar a Hana, assim estou só mesmo furiosa com ela.

Annabel segue a mãe de Lena e conjuga dois momentos: o antes, quando fugiu de casa e conheceu o marido, e o agora, na altura em que está presa nas Crypts e a preparar-se para fugir. Acho a história muito curta (a Hana tem quase o dobro do tamanho), o que não permite estabelecer a personalidade da Annabel, apenas ter um vislumbre. Mas as suas reflexões sobre a sua vida, o marido e as filhas cativaram-me.

Raven segue a mesma personagem num momento crucial do Pandemonium (aquele que se passa na clínica), com flashbacks para o passado, quando a personagem chegou aos Wilds. Gostei de a ver mais nova, do que aconteceu com a Blue, e de como conheceu o Tack. Dá para ter uma ideia um bocadinho diferente dela. Ainda a acho excessivamente dura, e isso transparece na maneira como contar a sua história, mas também dá para vislumbrar porque é que ela voltou para ajudar a Lena, e gosto disso. Acho curioso ver a capacidade de compartimentalização que ela tem, com algo pessoal a acontecer-lhe e ela capaz de desligar e fazer o trabalho. Suponho que a compreendo melhor, mas ainda não lhe acho muita piada.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Picture Puzzle #43

O Picture Puzzle é um jogo de imagens, que funciona como um meme e é postado todas as semanas à quarta-feira. Aproveito para vos convidar a juntar à diversão, tanto a tentar adivinhar como a fazer um post com puzzles da vossa autoria. Deixem as vossas hipóteses nos comentários, e se quiserem experimentar mais alguns puzzles, consultem a rubrica nos seguintes blogues: A Cup Of Coffee & A Book.

Como funciona?
  • Escolher um livro;
  • Arranjar imagens que representem as palavras do título (geralmente uma imagem por palavra, ignorando partículas como ‘o/a’, ‘os/as’, ‘de’, ‘por’, ‘em’, etc.);
  • Fazer um post e convidar o pessoal a tentar adivinhar de que livro se trata;
  • Podem ser fornecidas pistas se estiver a ser muito difícil de acertar no título, mas usá-las ou não fica inteiramente ao critério do autor do puzzle;
  • Notem que as imagens não têm de representar as palavras do título no sentido literal.



Puzzle #1
Pista: título YA contemporâneo publicado em inglês.

Puzzle #2
Pista: título fantástico publicado em português; o autor tem 4 livros publicados em português, três deles fazem parte duma trilogia.

Divirtam-se!

terça-feira, 19 de março de 2013

Dearly, Departed, Lia Habel


Opinião: Uau, eu adorei este livro e estou de tal modo impressionada com o que a Lia Habel fez aqui que até estou de boca aberta. É porque o livro tem uma série de coisas que podiam actuar contra si, mas a autora consegue fazê-las funcionar duma maneira extraordinária. (E ainda melhor, tem um sentido de humor que me agrada.)

Primeiro, os zombies. Nunca percebi porque é que as pessoas acham tanta piada dos zombies, nem nunca vi filmes com zombies. (O meu único contacto com os mesmos foi o livro Guerra Mundial Z - gostei -, e The Walking Dead, primeira temporada da série e primeiro livro - também gostei, mas ainda não tive vontade de continuar a ver). Contudo, gosto muito mais do que a Lia Habel faz aqui. Cria uma série de explicações fisiológicas e científicas para, quando voltam à vida, se tornarem nos monstros irracionais ou manterem a sua humanidade. E a explicação para o que causa a doença é fantástica, e muito bem pensada. Pontos bónus para a autora.

Depois, o cenário. Para além de zombies, temos um bocadinho de uma história distópica/pós-apocalíptica (mais pós-apocalíptica, na verdade), e steampunk com uma base Vitoriana, e incorporação de outras tecnologias que não a do vapor. Toda esta mistura podia soar estranha e irreal, mas a autora consegue, não sei bem como, criar uma mistura interessante que me fez querer que ela revelasse mais deste mundo. Os primeiros capítulos têm um maior peso no worldbuilding, mas não os achei aborrecidos, pelo contrário, li com prazer.

E por fim, o romance. Até me apetece chorar de alegria por não ter tido de aturar um insta-love, porque se há história que não funcionava com isso, era esta. A reacção da Nora ao conhecer o Bram e os outros zombies é compreensivelmente os berros e o "tirem-me daqui", e lentamente, ao conhecê-los melhor, percebe que estas pessoas mantêm aquilo que eram antes de morrer, e que vale a pena conhecê-las. Melhor, a Nora e o Bram aproximam-se depois de se conhecerem como pessoas (uma lição sobre beleza interior aqui, pessoal), respeitam-se (a Nora não faz birra porque o Bram tem de ir para a guerra dar porrada a zombies e pode morrer, o Bram não a patroniza nem a trata como inútil mas faz o que pode para a manter segura... e tendo em conta que eu já vi as atitudes contrárias por aí, isto é quase miraculoso), e têm consciência que a sua ligação não é ideal, tem muitos entraves, e não vai durar para sempre. É um par interessante, e apetece-me dar-lhes um abraço, bolas. E a Lia Habel consegue fazer-me esquecer durante grande parte da história que ei, estas pessoas estão a apodrecer, lentamente mas estão, e nem me lembrei do factor nojento.

Adorei, adorei as duas protagonistas femininas da história. Sim, a Nora é tecnicamente a protagonista, mas eu vou proclamar a Pamela, a melhor amiga da Nora, como protagonista também, porque ela merece. A Pamela é a âncora da Nora quando ela esteve em baixo, é uma miúda que se debate com o seu lugar no mundo, mas não deixa que lhe dêem ordens, é esperta e percebe logo que há algo de errado, mas não quer ser ovelha e esperar que "o governo" lhe diga para panicar, e melhor, pega num arco a meio da história para salvar a família e basicamente vai dar porrada aos zombies. E no fim ainda dá uma lição a um snobezito armado em bom.

Por outro lado, a Nora é uma rapariga que não encaixa no modelo de lady Vitoriana normal, fica fascinada a ver documentários de guerra e não tem paciência para as exigências da sociedade. O que se resolve com um quase-rapto por zombies maus que a leva a aterrar no campo dos zombies bons. A sua reacção ao vê-los é a expectável (medo e fecha-se num quarto), mas ao conversar com o Bram ganha coragem e atreve-se a sair para a base, exigindo andar por ali armada com uma pistola e uma caçadeira, e ainda consegue com que o Bram se ofereça para a ensinar a lutar com uma espada. Ela chega a oferecer-se para lutar com a Companhia Z (a dos zombies bons)! E adoro quando está fechada no quarto e põe toda a gente em sentido quando larga aos berros, a pedir pelo Bram.

Quanto ao Bram, é um cavalheiro, com mais profundidade que esperava, e um líder, gostei de o ver a lidar com os zombies que o seguiam. Desenvolve uma atracção pela Nora, mas resiste, porque lembra-se de tudo o que não pode oferece-lhe. Respeita, ajuda-a, e preocupa-se com ela. Achei muito divertido como ele não consegue fechar a boca e revela tudo à Nora a certa altura. E a sua atitude ao ceder-lhe armas para a fazer sentir segura, e ao ensinar-lhe como usar a espada e como lutar contra zombies. É uma atitude melhor que a do Wolfe, que queria tratar a Nora como uma boneca de porcelana e como uma inútil.

Falando no Wolfe - para além do Bram, da Nora e da Pamela, mais dois personagens têm direito a capítulos no seu POV (ponto de vista), o Wolfe e o Victor -, era um personagem um pouco óbvio, no seu comportamento, e achei os seus POVs os menos úteis da narrativa, porque não esclarecem tão bem as suas motivações. Do Victor não posso falar muito sem spoilar, mas os seus capítulos ajudam a compreender outro lado da narrativa, apesar de não serem estritamente necessários para a mesma. (E numa nota à parte, acho piada a ver opiniões no Goodreads a queixarem-se da mudança de POVs. Meus caros, ide ler George R.R. Martin e depois falamos, sim? Depois do Martin, mudança de POVs é coisa que não me incomoda nem faz confusão, até gostei, por poder ver a perspectiva dos três personagens principais, a Nora, o Bram, e a Pamela.) Entre os outros personagens, gostei do grupo de amigos do Bram, principalmente da Chas ("Details!"), e do Renfield. E estou intrigada com a Vespertine Mink e o seu papel nos próximos livros, e com o Dr. Sam.

A história em si avança lentamente no início, mas nunca a achei aborrecida, porque estava mesmo tão cativada com o worldbuiding e as explicações que as páginas voaram. A partir do meio, a narrativa ganha intensidade, com a descoberta dos zombies em New London, e adquirindo um aspecto survivalista. Achei muito interessante a evolução da perspectiva do público em geral em relação aos zombies - de ignorância a "ok, alguns deles mantêm-se sãos, vamos ter de os aceitar na sociedade?" (o horror! a tragédia! num mundo cheio de regras e costumes, a confusão que os não-mortos vão gerar...). Acho que isto tem um grande potencial para ser explorado nos próximos livros.

Os últimos capítulos são um pouco mais apressados, no sentido em que cobrem várias semanas (em vez de vários dias no resto da história), e a Lia conseguiu pregar-me um susto ali a certa altura, mas apreciei o que ela estava a tentar fazer, fechando a história o mais que podia. No entanto, descobre-se uma certa coisa mesmo antes da última página, que vai dar pano para mangas no próximo livro, portanto diria que a história fica também algo em aberto. Oh, quero muito ver o que vai acontecer a seguir.

Páginas: 480

Editora: Del Rey/Ballantine Books (Random House)