segunda-feira, 4 de março de 2013

Não julgues um livro pela capa: uma tarefa impossível

Quando criei esta rubrica, com o objectivo de falar de vez em quando de edições bonitas de livros, escolhi o título precisamente por ser irónico. Todos julgamos um livro pela capa, não há nada a fazer quanto a isso, é um factor importante para nos incitar a pegar-lhe, ou a investigar a sinopse e que tipo de livro será. Somos humanos, e sendo as primeiras impressões de qualquer coisa com que contactamos recebidas visualmente, é muito difícil ignorá-las em favor de outros factores.

O que não é necessariamente mau, apenas leva a que hoje em dia se tenha de fazer com que este elemento gráfico cative o leitor e lhe transmita imediatamente algo sobre o livro. Numa altura em que em Portugal os livros não aguentam tempo nenhum nas montras e expositores das livrarias, é preciso usar a capa como mais um elemento de marketing que faça a venda visualmente e diga ao leitor "sim, é a mim que tu queres, pega-me lá, por favor".

A capa pode transmitir muita coisa ao leitor, se bem usada. Pode representar uma cena da história, a faixa etária a que se destina, ou dar uma ideia do género literário em que se insere. Capas coloridas e cheias de bonecos e ilustrações? Infanto-juvenil. Meninas em vestidos com efeitos ou a pairar no ar? YA (adolescente/jovem adulto) paranormal. Meninas em vestidos de época? Romance histórico. Capas cor-de-rosa, cheias de flores e efeitos com redemoinhos e outros que tais? Romance contemporâneo. Pronto, estou a generalizar grandemente a coisa, mas se procurarem dentro de cada género, de certeza que se encontram muitos exemplos como os que descrevi.

O que me leva às mudanças de capas. Dum ponto de vista do marketing e da venda do livro, compreendo porque se tenta reintroduzir o livro no mercado com uma nova capa. Vai dar a oportunidade de trazer novos leitores à história, e possivelmente alguns que não lhe pegariam com a capa antiga, porque transmitia algo diferente e não tão apelativo para esses leitores - a tal coisa de julgarmos um livro pela capa.

Como bibliófila, são a minha perdição. Se perguntarem à minha irmã, ela há de vos dizer que eu volta e meia estou a resmungar em frente ao computador por causa de uma mudança de capa. Dá-me comichão ter os livros duma colecção/série/saga diferentes, o que é que querem? Sou capaz de aceitar melhor a mudança se for daquelas capas lindas de morrer (sim, eu vendo-me por pouco), e raramente estas mudanças impedem que eu compre mesmo o livro. Mas é possível que leve mais tempo até o comprar, porque por alguns momentos afectam o meu entusiasmo e expectativa pela leitura.

Onde é que eu estou a tentar chegar? Bem, apesar de tudo diria que não sou assim tão esquisita com capas. Pelo menos, agrada-me ver uma grande variedade de coisas nas capas, e acho que nunca uma capa me impediu mesmo de comprar um livro. Espreito sempre a sinopse, e se me agradar, leio algumas opiniões em blogues e no Goodreads para ver se pode ser algo que vá gostar de ler. Por outro lado, posso é ter olhado para a capa e pensado "hmm, não me parece o meu tipo de coisa" e passado à seguinte sem sequer ler a sinopse. Mas, ei, errar é humano, e os olhos também comem.

12 comentários:

  1. Quantas vezes já não bati nas mãos para deixar o livro na prateleira por causa da capa! :( Boa capa, não significa bom livro *repeats inside her head*

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Quão verdade! Essas sereias em forma de capa de livro que chamam por nós... :/

      Eliminar
  2. E se comem! Então os meus, regalam-se sempre. xD Sou uma coveraholic assumida, sendo que a capa é mesmo a primeira coisa para a qual olho num livro, tendo já, por diversas vezes, adquirido livros ou adicionado os mesmos à wishlist sem sequer espreitar a sinopse. Para mim, a capa é a componente que fala mais alto no momento de escolher entre a ou b, numa compra, o que pode ser um pouco superficial mas, como bem dizes, os olhos comem e os humanos erram. Às vezes. xD
    Mas referiste um assunto que ultimamente me tem dado também muita comichão – a questão da recapagem. Compreende-se a questão financeira da coisa, assim como a de marketing, se trouxer novos e mais leitores a uma determinada série/autor que não tem estado a ter boas vendas, prefiro que lhe mudem as capas de modo a que as publicações continuem, do que simplesmente coloquem a série/autor de lado. No entanto, é realmente frustrante chegares à bela da estante e veres livros de uma mesma saga com tamanhos/capas/cores/tons/design diferentes. Sou tão picuinhas como tu, e a minha estante é “o meu orgulho”, pelo que gosto de ter tudo direitinho – e não em arrumação por excelência, mesmo em semelhança de livros lol – e fico realmente danada quando acontecem este tipo de situações – como a saga do Sangue Fresco (não me incomodou muito porque tenho vindo a coleccionar os livros sem os ler), mas, por exemplo, a da Hamilton já me levou a bradar aos céus. Gosto das novas capas e tamanho (parece-me que o primeiro livro é um pouco mais pequeno mas posso estar enganada) mas deixam muito aquela sensação de “romance erótico” (que é o que actualmente vende) quando a série é tão mais do que isso. Depois dizem-me que a fantasia não vende... claro, com capas alusivas a outros géneros literários, como haveria de vender? Com pouca aposta em marketing, que mais estavam à espera? De milagres? Não existem.
    Enfim... é um daqueles assuntos que tem pano para mangas. =)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também já tenho adicionado livros à wishlist sem prestar muita atenção à sinopse, só pela capa, mas depois acabo sempre por explorar opiniões. Ando um pouco mais selectiva, e faço por perceber se o livro me pode vir a agradar ou não. Também me acontece a capa pesar muito na decisão entre edição americana e britânica, por exemplo, quando compro em inglês.

      Oh, se tem pano para mangas, esta coisa da recapagem. É uma coisa que também me frustra um bocado, por lá está, deixar de ter os livros com o mesmo design de capa, mas também pelo outro aspecto que referes - usarem a recapagem para agarrarem a moda do momento. Se a sinopse esclarecer o leitor para o tipo de livro que é, ainda vá lá, mas agora no exemplo que deste (Beijo das Sombras) fui ver a sinopse e em lado nenhum dá a entender o lado paranormal da história. Acredito que há quem compre o livro sem saber do mesmo, e se a pessoa não gostar, vai sentir-se enganada. Vendeu-se mais um livro, sim, mas não se vendeu os próximos livros da série, e a assim a recapagem não ajudou em nada. :/ Enfim, tento repetir o mantra "vai vender mais livros, e vou conseguir pôr as minhas mãos no próximo livro da série" quando vejo uma situação destas, mas a verdade é que às vezes parece que estou a vender a alma ao Diabo. xD

      Eliminar
  3. Isto quer dizer que vais deixar de fazer a rubrica?

    Às vezes uma capa chama-me a atenção mas se vou pesquisar no BD e encontro outra edição menos bonita mas a um preço mais baixo, vem antes essa. Mas há excepções, por exemplo, o meu Dearly Departed---não resisti a comprar a edição ligeiramente mais cara porque 1. achei-a mais bonita, e 2. era a que tinha o segundo livro no mesmo estilo, para o caso de querer continuar a série.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não. Vou é começar a fazê-la mais frequentemente. Se é para me babar por capas, ou dizer mal delas, há que usar o blogue como escape para isso. :D

      Então e qual foi a edição? I'm curious.

      Eliminar
    2. Aquela edição paperback da Corgi www.bookdepository.com/Dearly-Departed-Lia-Habel/9780552563260
      Ironicamente agora está com 41% de desconto e está uns cêntimos mais barata do que a edição com a moça a segurar a sombrinha.

      Eliminar
    3. Já sei qual é... calculei que fosse essa, mas fiquei na dúvida porque quando procurei também já estava mais barata que a outra.

      Eliminar
  4. Já comprei imensos livros pela capa. Já tive óptimas surpresas e outras menos boas. Mas já deixei de comprar livros pelas capas: basta terem meninas ou meninos meio despidos para que um redondo "NÃO" apareça na minha mente. E quando estão vestidos mas com aquele ar "meloso" acontece-me o mesmo. E esta mania de pôr sapatos nas capas dá-me agonia. Certamente já fui muito injusta com o interior de alguns livros.

    Depois detesto aquelas capas que aparecem sempre que sai um filme (ou mesmo sem filme): vão diretamente para o lixo.

    Não me faz confusão que uma nova edição tenha uma capa diferente... excepto quando me parece uma forma de "enganar" os leitores vendendo a preço de novidade livros antigos (e estou a lembrar-me especificamente das Brumas de Avalon - acho um roubo o que foi feito).

    pronto, depois disto tudo tenho que confessar que afinal tenho algumas manias em relação aos livros - ou mais especificamente às capas dos livros.

    Boas leituras
    Patrícia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Partilho dessa relutância com capas de meninos despidos e de objectos a imitar o 50 shades... no primeiro caso porque apesar de não me envergonhar com a capa, também não me dá muita vontade de andar com ela por aí; no segundo porque já bastou a experiência com o 50 shades. xD E não sou fã das capas de filmes, mas felizmente não tenho apanhado muitas dessas. :)

      Não me choca o caso das Brumas, não é novidade, mas o livro é feito hoje. Sempre quis ler as Brumas, mas quando comecei a procurar os livros, a edição da Difel estava descatalogada e só procurando em alfarrabistas, e era preciso ter muita sorte. Provavelmente gastava mais tempo e dinheiro com a procura de que a comprar esta edição... mas admito que posso estar a ser facilitista nisto.

      Temos todos, não é? É a piada da coisa. ;)

      Igualmente. ;)

      Eliminar
    2. Eu não tenho vergonha das capas... Mas tenho uma certa alergia ao interior.Sabes o que me chocou/ irritou mais no caso das Brumas? Na semana em que sairam os novos livros (ou melhor, o primeiro) fui à FNAC e vi o "A senhora da Magia" a 16 ou 17 euros. Numa caixa um pouco mais à frente, a 5 euros, estavam os livros antigos. Irrita-me a constante falta de informação de que os livros não são novos, porque afinal são de edição/reedição de 2012.... Da mesma forma acho uma vergonha que, por causa do filme, o Anna Karenina esteja a mais de 30 euros. A sério? 30 Euros por um livro de 1877? Não me faria confusão pagar mais por um livro se soubesse que o escritor era remunerado como devia. Faz-me confusão o puro aproveitamento.
      Sorry, sei que isto já nada tem a ver com o tema do post

      Eliminar
    3. Acaba por ser um assunto relacionado com livros, e um bem interessante. ;)

      O que me confunde mais na edição das Brumas em si é que parece ser a mesma tradução da outra (pelo menos o nome da tradutora é o mesmo), e a tradução já tem o quê, 20 anos? Acho que valia a pena terem-na revisto.

      O Anna Karenina é mesmo um daqueles casos abusivos, sempre esteve a esses preços de bradar... tenho a edição da Relógio de Água em capa dura, que tem o PVP de 35€, mas comprei numa promoção com 50% de desconto, se não passava bem sem o ter. Eu já tenho dificuldade em dar 20€ por um livro... E este preço deve-se a quê? O tamanho do livro? A tradução directamente do russo? A capa dura? :S Há coisas bizarras no mercado do livro em Portugal, lá isso há.

      Eliminar