sábado, 6 de dezembro de 2014

Dash and Lily's Book of Dares, David Levithan, Rachel Cohn


Opinião: Ok, este é um livro fofinho e uma boa leitura natalícia, que imagino que vá deixar muita gente a suspirar com a sua atmosfera quase etérea e meio-de-conto-de-fadas, mas também pelo cenário - Nova Iorque no Natal, que é capaz de ser ao mesmo tempo uma coisa gira e uma loucura.

Lily é uma jovem de 16 anos cujos pais não vão estar na cidade pelo Natal (estão a festejar o aniversário de casamento nas Fiji - quem é que se casa no Natal?), o que para uma miúda que adora a época é desanimador; o irmão Langston, demasiado encantado com o novo namorado para ter vontade de a aturar, ajuda-a a criar um caderno com pistas, para o deixar numa livraria e ver quem o encontra e as desvenda.

Dash é um rapaz da mesma idade que manobrou os pais, divorciados um do outro, a pensar que ia passar o Natal com o outro, de modo a ambos estarem fora durante a época, e ele ter uns dias descansado (o divórcio foi complicado); é que Dash não gosta da época natalícia nem da maior parte das coisas a ela associadas. Gosta de ler, filosofar e passar muito tempo a passear entre as estantes da Strand, a sua livraria favorita.

É ali que encontra o caderno da Lily, o que os vai levar a uma série de desafios mútuos pela cidade fora, enquanto se perguntam se é possível criar uma ligação com significado através das palavras e das experiências, sem nunca ter encontrado a outra pessoa.

A questão das pistas e de como se foram mutuamente desafiando a fazer coisas novas foi muito interessante, porque realmente os fez sair um pouco da casca, e questionar as coisas em que acreditavam. Por isso, foi mesmo bom vê-los crescer um pouco com o caderno, através do amor mútuo pelas palavras. As trocas do caderno resultaram bastante bem, e até os problemas com o mesmo também, e achei o resultado final muito engraçado.

Gostei dos personagens, a Lily porque é refrescante ler sobre uma miúda terra-a-terra, relativamente protegida, e bastante optimista, particulamente no que toca ao Natal; o Dash pela pinta intelectual. Às vezes foi um bocadinho longe demais (particularmente na atitude "bah, Natal-altura-consumista-cheia-de-sentimentos-e-prendas-sem-significado-detesto"), mas em geral foi divertido ver um jovem com uma atitude mais madura, bastante credível se pensarmos no que o divórcio dos pais fez com ele. A atitude quanto ao Natal é praticamente a única infantilidade que se permite, também credível pela associação que tem ao divórcio dos pais.

A única coisa que me queixo é a qualidade etérea da história. Aquela sensação de conto de fadas e de que não podia acontecer na realidade. Parece tudo um bocadinho perfeito demais, e não consegui afastar essa sensação, mesmo estando a divertir-me. Isso e a falta de ligação com os personagens. Mesmo gostando deles, e compreendendo de onde vêm e porque são assim, às vezes senti falta de me emocionar com eles.

O conjunto de personagens secundários é fantástico. Adorei o detalhe de a Lily ter família por toda a Manhattan, e de eles ajudarem com as trocas de cadernos, e gostei imenso do resmungão do primo Mark e da activa e intrigante tia Ida. Ah, e do avô, coitado, que passou o tempo a viajar de Nova Iorque para Miami e vice-versa. Gostei muito do Boomer e do grupo que o Dash tinha, apesar de ele gostar de fingir que era misantropo.

Já o disse, adorei o que o caderno os levou a fazer, mas ainda gostei mais das peripécias que às vezes surgiram. Como a situação do bebé, do cão, e das mães super-protectoras (acho tal grupo um pouco ridículo, mas acredito que haja quem seja assim tão exagerado), que foi super divertida.

Por outro lado, o primeiro encontro da Lily e do Dash foi um bocadinho complicado. Pelo menos, fiquei desapontada com a reacção dele. Não esperava que se dessem imediatamente bem, nem nada disso; mas ele estava demasiado encantado com a ideia que tinha na cabeça para dar um desconto à situação. Acabou por ver a luz, com uma ajudinha, mas achei que a Lily fez um melhor trabalho em não se deixar levar pelas expectativas. Até faz sentido, para a personalidade dele, mas caiu-me mal.

De qualquer modo, este ponto, sensivelmente a meio ou a dois terços da narrativa, marca ali um solavanco do ritmo, uma altura em que as coisas perdem vapor e só voltam a ganhá-lo mais perto do fim. Segundo os autores, parece que a história não foi planeada, avançando à medida que escreviam e enviavam mais um capítulo um para o outro, e aqui nota-se. Para crédito deles, não se nota em mais lado nenhum, e não tive dificuldade com as vozes de ambos os protagonistas, nem em distingui-los, por isso aí fizeram um bom trabalho.

Em suma, uma boa história, adorável, que tem os seus percalços, mas que se revela cheia de humor, com dois protagonistas que dá gosto conhecer e acompanhar, e uma premissa deliciosa e bastante bem executada. Como leitura de Natal, está aprovada.

Páginas: 320

Editora: Mira Ink (Harlequin)

2 comentários:

  1. Também li este livro recentemente e gostei muito.. é um livro leve e divertido óptimo para esta época.. e como dizes ter como pano de fundo Nova York é maravilhoso..
    Beijinhos*

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    1. É verdade, Nova Iorque nesta altura deve ser tão gira... excepto pela neve, não sei se essa parte me convence. xD Mas sim, o livro é adorável, e a ideia dos desafios no caderno é fantástica. :)

      Boas leituras. ;)

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