quinta-feira, 14 de março de 2013

Shadow and Bone, Leigh Bardugo


Opinião: Ok, queria mesmo dar-me uma descasca a mim própria por não ter lido este livro há mais tempo, mas não consigo ficar zangada, porque a verdade é que assim só tenho de esperar algo como 3 meses para ler o segundo livro, Siege and Storm. E depois da maneira como devorei este, eu preciso mesmo de ter nas minhas mãos o próximo.

O livro foca-se numa jovem, Alina Starkov, que trabalha como cartógrafa para o exército de Ravka. No ponto em que começa a história, ela e o seu amigo Mal estão num destacamento que vai percorrer o Unsea ou Shadow Fold, uma faixa, composta por sombras e monstros (os volcra) horrendos, que rasga o país ao meio, isolando-o de recursos preciosos. Sob ataque, um poder adormecido acorda em Alina, um poder que pode salvar todo o país. Só que para aprender a controlá-lo, Alina juntar-se-á aos Grisha, a elite mágica do país, e chamar a atenção do Darkling, o seu líder temido e misterioso.

Gostei muito da Alina e da sua evolução ao longo da história - de um ratinho tímido a uma rapariga corajosa, poderosa e que distribui misericórdia e morte em partes iguais. Achei que se entrincheirou muito, no início, na sua recusa em pertencer realmente aos Grisha, mas vendo as suas razões, consigo compreender. Estava presa ao passado e a uma infância (talvez) idílica, e isso estava a impedi-la de chamar e controlar o seu poder. Só quando deixa o passado no passado pode realmente evoluir. (A cena em que ela se apercebe disso é comovente.)

A relação que ela tem com os dois ... er... rapazes (isto não é bem a palavra certa para um deles, mas enfim) é intrigante. O Mal irritou-me de início, porque era tão absorto em relação aos sentimentos da Alina, e também no meio, porque era a razão para ela "afundar" o seu poder, e porque quando eles se reencontram é que lhe dá para a ciumeira, ao ver a Alina tão gira e tão feliz. Mas pouco depois ele prova a sua dedicação ao ajudar a Alina numa fuga deseperada e ao apoiá-la pelo resto do livro. E a parte em que ele se declara é tão fofinha e adorável. Estou a torcer por eles, mas creio que a autora tem em mente introduzir alguma turbulência, não sei se gosto da ideia.

Por sua vez, o Darkling parece jovem, mas tem uma longevidade pouco usual, até entre os Grisha, e é um personagem encantador mas escorregadio, e por isso sempre estive de pé atrás quanto a ele e aos seus motivos (tinha razão). Contudo, também é cativante, na sua maldade e manipulação, e gostava que ele e a Alina tivessem um tête-a-tête, de igual para igual, porque há muita coisa que gostava de ver esclarecida. E tendo em conta que ele é o yin para o yang do poder da Alina, até consigo vê-los juntos, numa de "os opostos atraem-se", mas tenho dúvidas que possa ser redimido (perfila-se mais como o vilão), e é também areia a mais para a camioneta da Alina.

Achei muito interessante quando a Alina é levada para a capital, Os Alta, e para o quartel-general dos Grisha. Gostei de conhecer a história de Ravka, os Grisha e os seus poderes, como se movimentam entre a nobreza e o rei (czar), e ver como a Alina se ambientou aos poucos ao seu novo mundo. Ravka é um país decadente, refém das suas circunstâncias, e está preso num impasse que possivelmente só a Alina pode resolver. Achei que a Genya é uma personagem a ter em atenção, a sua história é trágica, mas há muita coisa de bastidores que é apenas sugerida, e quero ver mais da sua história.

Os capítulos finais, desde que a Alina descobre uma terrível verdade, estão carregados de tensão e urgência, e dei por mim a torcer pela Alina e pelo Mal, a querer que andassem mais depressa, que chegassem ao seu objectivo. Quando os seus esforços são frustrados, fiquei chocada e preocupada, especialmente à medida que as coisas evoluíam na direcção errada para eles. Mas o fim foi tudo o que estava à espera, e mais, ao pôr a Alina numa posição impossível e fazê-la tomar uma decisão terrível. Conto vê-la debater-se com isto no próximo livro. E, apesar de tudo, acredito que ainda não vimos o Darkling pela última vez, por isso o reencontro vai ser explosivo.

Uma fantasia épica fascinante, inspirada numa Rússia czarista, que me pôs a ler furiosamente e me cativou absolutamente, lembrando-me o Throne of Glass ou o Grave Mercy nesse aspecto.

Uma última palavra para a capa, que não me pareceu nada de especial ao início, mas cada vez gosto mais dela. Aquelas hastes brancas têm um significado muito bom e relacionado com o enredo. (O que me faz perguntar o que é que o segundo livro promete, com aquele dragão na capa.) A arte por dentro, no início dos capítulos, é linda. E adorei o mapa - pareceu-me familiar, e depois percebi porquê, o artista do mapa é o mesmo que trabalhou na trilogia steampunk do Scott Westerfeld, que começa com o livro Leviatã.

Páginas: 368

Editora: Henry Holt and Company (MacMillan)

14 comentários:

  1. Devo admitir que me deixaste bastante, mas mesmo bastante, curiosidade. Contudo, como não é bem o meu estilo de livro – em termos de sinopse – acho que lhe vou dar uma hipótese em ebook, que, por acaso, transferi hoje. =) Sim, que só pela capa já ando a pensar que merece um lugarzinho na minha estante, eheheh. xD

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    1. Boa aposta, espero que gostes. Se precisares dum empurrãozinho para comprar a edição física, olha que eu posso partilhar fotografias do livro aqui. ;D

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  2. Vi este no blog da Wendy e também fiquei curiosa.

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    1. As boas reviews lá fora deixaram-me curiosa, mas também nervosa, nem sempre um livro corresponde ao burburinho à volta dele... mas este sim, felizmente. :)

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    1. É assim, eu não considero um triângulo, porque uma das partes é demasiado evil para ser um competidor a sério pelas afeições da Alina... há ali alguma atracção, mas a partir de certa altura ela está perfeitamente ciente do tipo de pessoa que o Darkling é, e isso leva a que para ela as coisas não possam ir mais longe.

      Imagino que nos próximos livros a autora possa tornar o personagem do Darkling mais dúbio (aqui também ele manteve uma postura pouco clara até certo ponto da narrativa), talvez redimi-lo um bocadinho, e pôr algumas dúvidas na cabeça da Alina, mas por agora é um personagem mau, e que não pede desculpas por isso. (E por isso é que é tão divertido ler sobre ele. ;) )

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    2. Essa descrição do Darkling lembra-me o Loki. xD

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    3. Agora que falas nele, diria que não é uma má comparação. ;)

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    4. Ai, agora não sei se disseste isso só para eu não ficar com dúvidas e desistir do livro devido ao triângulo ehehe xD kidding kidding, eu vou lê-lo eventualmente.

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    5. Lol, eu? Nahhh... o Darkling fala por si, não precisa que eu faça campanha por ele. ;) Mesmo que um triângulo fosse uma coisa central neste livro, acho que ainda assim valia a pena dares uma espreitadela. :)

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  4. Olá,

    Parece muito interessante, fiquei curioso, mas os médicos recomendam-me a não me meter em muitas mais sagas, em especial se não estiverem já todas publicadas :D

    Bjs

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    1. Parece-me um bom conselho do médico, especialmente porque as sagas que seguimos já nos dão "dores" que cheguem... xD A única coisa boa desta saga é que sei que é uma trilogia, e que sei quando sai - o segundo em Junho deste ano, e o terceiro em Junho do próximo ano. :)

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