sexta-feira, 23 de julho de 2010

Os Leões de Al-Rassan de Guy Gavriel Kay

Sinopse: Imagine uma Península Ibérica de fantasia, durante o período sangrento e apaixonante da Reconquista, onde realidade e fantasia se entrelaçam numa história poderosa e comovente

Inspirado na História da Península Ibérica, Os Leões de Al-Rassan é uma épica e comovente história sobre amor, lealdades divididas e aquilo que acontece aos homens e mulheres quando crenças apaixonadas conspiram para refazer – ou destruir – o mundo. Lar de três culturas muito diferentes, Al-Rassan é uma terra de beleza sedutora e história violenta. A paz entre Jaddites, Asharites e Kindath é precária e frágil, mas é precisamente a sombra que separa os povos que acaba por unir três personagens extraordinárias: o orgulhoso Ammar ibn Khairan – poeta, diplomata e soldado, o corajoso Rodrigo Belmonte – famoso líder militar, e a bela e sensual Jehane bet Ishak – física brilhante. Três figuras cuja vida se irá cruzar devido a uma série de eventos marcantes que levam Al-Rassan ao limiar da guerra.

Opinião: Bem, este livro foi uma boa surpresa e uma bela montanha-russa de emoções. Passa-se num espaço muito similar à Península Ibérica, num tempo muito próximo do da Reconquista Cristã em que 3 povos, e religiões, conviviam num equilíbrio precário. Neste mundo, convivem jaditas (= cristãos), adoradores de Jad, o deus sol; kindates (= judeus), adoradores das duas luas, branca e azul, existentes nesse mundo; e asharitas (= muçulmanos), adoradores das estrelas e Ashar.

São-nos apresentados 3 personagens representativos de cada uma das religiões, respectivamente Rodrigo Belmonte, militar, Jehane bet Ishak, médica e Ammar ibn Khairan, que é um pouco de tudo. Num acaso do destino, os seus caminhos cruzam-se; num tempo de turbulência e intolerância religiosa, irão formar um laço de amizade e, dados as circunstâncias, fazer o melhor que podem com as cartas que lhes calham.

Ainda bem que estive a ler este livro nas férias; se o lesse em tempo de aulas, no trajecto casa-faculdade no autocarro, as pessoas haviam de pensar que viajavam ao lado de uma maluquinha, por eu estar a dar risadinhas/lacrimejar/gritar algum impropério ao escritor. Pois a sua escrita é elaborada mas muito cativante, descrevendo cenários, personagens e acções de uma forma que os torna muito reais e que nos deixa completamente imersos na história. Outra coisa de destacar é as reviravoltas que o enredo dá e que não estamos à espera, ou o uso de linguagem deliberadamente vaga ou até evitar falar de determinado personagem durante um bocado (cheguei a estar 80 páginas para saber o que tinha acontecido a uns personagens secundários!) para nos manter em suspenso durante mais um pouco.

Recomendado a todos os que gostam de uma boa história, com um toque de fantástico e de história alternativa, de personagens fascinantes e de um enredo complexo mas muito interessante.

Título original: The Lions of Al-Rassan (1995)

Páginas: 548

Editora: Saída de Emergência

Tradutor: João Henrique Pinto

4 comentários:

  1. Lembro-me de ler uma cena em particular (em que o autor nos leva a pensar que aconteceu determinada coisa, mas afinal não) numa viagem de comboio. Vieram-me as lágrimas aos olhos e tive de o fechar no resto da viagem...

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  2. Estás a falar do fim do Carnaval de Ragosa? Ou mesmo dos últimos capítulos? Confesso que também me fartei de lacrimejar... A partir de Ragosa até ao final foi constante, com tantas emoções. :)

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  3. Hum... acho que não. Estava mesmo a falar de uma situação em que parece que alguém tinha ido desta para melhor ;)

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  4. (Atenção a quem não leu: POTENCIAL SPOILER.)

    Isso deixou-me curiosa. No final do Carnaval em Ragosa o autor faz-nos pensar que um determinado personagem tinha morrido mas afinal tinha sido outro... O que ele volta a fazer no confronto final, e por isso é que também pensei que podia ser dessa cena que estavas a falar.

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