domingo, 12 de junho de 2011

Não julgues um livro pela capa

O que me motiva hoje a escrever sobre capas é o seguinte: costumo acompanhar a colecção 1001 mundos com algum interesse, porque publica num género que me agrada ler. Daí que tenha reparado ultimamente nalguns títulos cujas capas, como direi, são uma tristeza. Atenção que não sou designer nem nada que se pareça. A minha opinião é puramente pessoal, como leitora, compradora e amante de livros.

O primeiro caso já está nas bancas e consiste no livro A Viagem, de Tim Kring e Dale Peck. Aquela amálgama de cores, combinada com a tagline inscrita na capa, dão a sensação de uma teoria da conspiração regada a drogas. Para mim a capa não foi muito atractiva, se bem que ao vivo é bastante melhor - graças a tudo o que é sagrado que não se lembraram de usar acabamento brilhante na capa, porque assim as cores saem um pouco mais sóbrias. É claro que as edições em inglês não são nada assim (ver no Goodreads), e se formos ler bem a sinopse, a ideia que o livro nos dá é bastante diferente - um thriller com uma componente de história alternativa, acho eu. Se fosse confiar só na capa e sinopses portuguesas... não ficava nada interessada no livro.

Outro caso está aí a sair - Prazeres Inconfessos, de Laurell K. Hamilton. Acho que tudo o que há de errado com a capa e com o livro já foi bem descrito pelo João Seixas aqui. Porque eu não saberia enumerar tudo o que não gosto na capa. Desde o terem-se enganado no nome da autora na versão original da capa divulgada no blog 1001 mundos, às cores neon, à capa que não sugere fantasia urbana (como penso que os livros da Anita Blake eram suposto ser originalmente... é claro que com o aumento exponencial de erotismo-pornografia descrito nos livros mais para a frente da série, a capa até encaixava)... Senhores designers, nunca ouviram dizer que menos é mais? Cortem-me as malditas taglines (que ficam bem é nos posters de filmes), o "Anita Blake, a caçadora de vampiros", e a modelo com pose sugestiva. Já tinha a edição britânica, mas estaria tentada a comprar em português não fosse a capa.

Terceiro caso - A Lâmina de Joe Abercrombie, divulgada no blog da 1001 mundos. Acredito que há quem goste, mas a mim faz-me perder toda a vontade de comprar o livro. As capas das edições em inglês têm um grafismo apelativo com aquele pergaminho (ver no Goodreads), e até já nem peço os brilhozinhos na capa. Mas isto... bleh.

Quarto caso - Vidro Demónio, de Rachel Hawkins, também divulgada no blog da 1001 mundos. Aqui é falta de continuidade e falta de gosto. Se usaram a capa americana para o primeiro livro, porque não fazer aqui o mesmo? É tão bonita e em consonância com a do Hex Hall (again, Goodreads para o primeiro livro, Hex Hall, e para este, Demonglass). Quando vi esta capa tive um impulso fortíssimo para ir ao Book Depository encomendar a edição americana do Demonglass (impulso que [ainda] não segui), apesar de ter a edição portuguesa do Hex Hall. Porque isto não é nada apelativo. Senhores designers, if it ain't broke, don't try to fix it.

Em suma, penso que os dois primeiros casos poderão ser mais um caso de capa e marketing (muito) mal dirigidos, e os últimos dois um caso de "se não está estragado, não tentem arranjá-lo" (porque fizeram asneira). Bem sei que o título desta rubrica é "Não julgues um livro pela capa", e sinceramente, até costumo fazê-lo. Geralmente não sou esquisita com capas, e é preciso uma capa estar bastante desapelativa para me incomodar. Nestes casos em particular tenho que impôr um limite - se vou dar 15 ou 20 euros pela edição portuguesa, ao menos que seja minimamente apresentável.

4 comentários:

  1. Gostei muito deste post, deixa-me que te diga. Concordo com tudo o que disseste (embora, pessoalmente, ache a capa do livro da Laurell bastante atractiva). Infelizmente – em muitos casos – sou daquelas compradoras que se deixa motivar por uma capa bonita. Se vejo uma capa de que gosto, corro a ler a sinopse. Se não me agrada, dificilmente pegarei no livro. No caso da 1001 Mundos, que é o que retratas, não poderia concordar mais. Por exemplo, fiquei desmotivada com o primeiro caso – o livro do Tim Kring. Se não soubesse quem Tim é, o mais provável era passar à frente. A capa não motiva e a sinopse muito menos. Com “A Lâmina” – que não faço a menor ideia de que história se trata – coloquei logo a hipótese de o adquirir de lado. A capa não me cativou o suficiente e o mesmo vai para a última situação – “Vidro Demónio”. Já não basta terem traduzido o título à letra que, neste caso, e pessoalmente, não acho que faça muito sentido, ainda tiverem de optar por um estilo completamente diferente do primeiro volume. Podiam, à mesma, não enveredar pela capa original mas ao menos poderiam ter feito algo que fosse mais ao encontro da capa que já foi publicada anteriormente. Enfim... Por vezes não compreendo. O intuito de se publicar uma obra é vendê-la. Tão simples quanto isso. É realizar lucro para que se possa investir noutros autores – mais ou menos conhecidos. Então, sendo esse o caso, porque é que vão buscar capas assim? O estilo “dark” já não está na moda... Agora gostasse de coisas bonitas, algo que nos salte à vista, um brilho aqui, uma expressão ali ... Não sei, algo efectivamente agradável... e depois é isto. Enfim ... Acho que já me alonguei demais, desculpa.

    ResponderEliminar
  2. Oi P7 ;)

    Eu também concordo contigo, estas capas não suscitam, de todo, o futuro leitor.
    A única capa que gosto, pessoalmente, é da Rachel Hawkins mas como bem citas-te não vai ficar nada bonitinha ao lado da anterior... =/

    Beijinhos*

    ResponderEliminar
  3. Gostei muito do post! Concordo com tudo! Eu estava ansiosa com a continuação de Hex Hall e quando vejo no blog da 1001 mundos esta capa, desisti de comprar a versão portuguesa e de certeza que vou comprar no Bookdepository, Demonglass! Além de ser mais barato, a capa é infinitamente mais gira.
    Estas capas da Gailivo estão a desiludir-me!!
    Beijinhos xx

    ResponderEliminar
  4. @ Pedacinho Literário, obrigada pelo comentário. Chamaste a atenção para um ponto importante - os livros são produtos que vão ser vendidos. Por isso é que me custa ver capas que do ponto de vista do consumidor não são nada apelativas. Como mencionaste bem, se não fosse saberes mais sobre o autor nem ligavas ao primeiro. Quanto ao "A Lâmina", aconselho a pesquisares mais sobre ele, pode ser que te interesse. Tem tido boas recomendações. ;)

    @ Elphaba J., que pena não é? O Hex Hall até tinha uma capa interesante, esta destoa ao lado da outra. :/

    @ Cantinho Literário, obrigada! :) Pois também estava na expectativa pelo Demonglass, mas quando saiu em inglês pensei "espero pela edição portuguesa... assim fico com os livros na mesma edição", e depois saem-me com isto! De certeza que numa próxima compra no BookDepository sou capaz de o mandar vir... como dizes é mais barato e ficamos com a capa igual ao outro. ;) Espero que quanto à 1001 mundos/Gailivro este problema de capas seja só uma fase, pois até são capazes de apresentar na colecção capas bastante giras (estou a pensar por exemplo nos livros da Madalena Santos). :)

    ResponderEliminar