quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

An Offer From a Gentleman, Julia Quinn


Opinião: Quando ouvia dizer que este livro era baseado no conto da Cinderela, não achei que pudesse vir a ter tanta profundidade. Dos contos de fadas, o da Cinderela acaba por não ser ser dos meus favoritos porque põe demasiado peso no embelezamento da rapariga, e no amor à primeira vista, e no príncipe vir e arrebatá-la duma vida difícil.

Creio que a Julia Quinn fez um óptimo trabalho a adaptar o conto. O facto da Sophie aparecer como a mulher bela e misteriosa no baile de máscaras não quer dizer que o Benedict a vá reconhecer imediatamente quando se encontram dois anos depois, com ela a trabalhar como criada; o amor à primeira vista causa-lhes na verdade mais obstáculos que os ajuda; e o Benedict realmente quer arrebatá-la duma vida difícil, mas para a tornar sua amante e sem ter propriamente muita consideração pelo que ela quer.

Achei bastante interessante que a autora aproveitasse para falar sobre classes e sobre aquilo que era visto como correcto ou não (bastardia, ter uma amante) ou o que podia ser feito ou não (violar uma criada, tratar os criados como pessoas ou não). Quis esganar o Benedict por aquela falta de tacto - ora salva a Sophie de ser violada, ora está a atirar-se à rapariga e a sugerir-lhe ser sua amante, não tentando perceber quando ela se recusa.

Penso que a Julia Quinn está melhor a criar os conflitos internos dos personagens principais, que me pareceram menos forçados que os dos anteriores. E gostei que quebrasse com o tipo de história que tinha contado nos dois primeiros livros (os personagens casam, geralmente por um qualquer faux pas, e depois é que resolvem os seus issues) - desta vez, os personagens resolvem os seus problemas, depois é que casam. Foi refrescante. O Benedict e a Sophie, como casal, são adoráveis, embora não sejam os meus favoritos (Kate e Anthony).

Adorei ver mais pedacinhos dos outros Bridgertons, porque permite conhecê-los melhor antes de chegarmos aos seus respectivos livros. Especialmente o Colin e a Penelope. A sério, Colin? Tinhas mesmo de gritar no meio da rua "I am not going to marry soon, and I am certainly not going to marry Penelope Featherington!"? Que falta de jeito, até eu fiquei embaraçada a ler aquilo, pobre Penelope. Pior, a crer naquela árvore genealógica no site da Julia Quinn, hão de passar uns 6 ou 7 anos até chegar a altura deles. E eu que me queixei quando vi que tinham passado dois anos neste livro!

Já agora, sou capaz de ter tido uma coisinha má ao pôr os olhos no livro. Grrrr dei-me conta que é uma edição diferente (e mais pequena, e mais antiga) do que as que já tinha, e pior, acho que a editora ainda não fez as edições maiores e mais novas para o resto dos livros dos Bridgertons. Resultado: não vou poder ter os livros todos uns ao lado dos outros em condições. Estou a habituar-me à ideia, mas não gostei destas trocas e baldrocas.

Páginas: 384

Editora: Piatkus

4 comentários:

  1. Parece mais uma história interessante (especialmente essa parte da diferença entre as classes sociais).
    tenho mesmo de ler esta autora. Todos falam bem dela. :)

    Já agora, Boas festas!

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  2. Ah! Pois é, o Ben enerva um bocadito (um bocadão!!) quando não percebe que ela não quer ser amante dele, ponto final, parágrafo. Por outro lado também percebo que naquela altura era o máximo que um gentleman e uma empregada podiam ser, mesmo que gostassem um do outro, isto se não quisessem ser excluídos da sociedade. Mas ele abriu os olhos -- yay! Quase me deu uma coisinha má naquela cena em que a Sophie é levada e o totó não sabe de nada :0 que nervos...mas foi muito comovente depois. A Violet é que está sempre lá, é demais aquela senhora... xD
    Ai tu nem me digas nada -- estava eu tão embrenhada na história do Ben com a Sophie, e dá-se essa cena do Colin e da Pen...tive que fazer um esforço para me voltar a concentrar no casal protagonista...o meu coração ficou apertadinho, apertadinho, apertadinho. Ela não faz mal a uma mosca e ainda tem de ouvir coisas daquelas...BAD COLIN, BAD!!!

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  3. Oh Ana C. Nunes, tens mesmo de experimentar esta autora... é tão divertida. ;)
    Gostei nesta história que a Sophie, a protagonista feminina, se visse numa posição semelhante à da Jane Eyre - é duma classe social inferior à do homem por quem se apaixona, e fica dividida entre a paixão e o respeito por si mesma e pelas suas convicções.

    jen7waters, bad Ben! xD Também percebo que ele estivesse a fazer aquilo que era comum na época, mas se a rapariga lhe estava sempre a dizer que não, ele estava a ser um bocado totó em continuar a insistir. :roll eyes:
    Ahaha, adorei a Violet nessa cena, salvou a Sophie e ainda lhe arranjou um passado respeitável. xD Ainda me ocorreu colocá-la na minha lista de suspeitos para a Lady Whistledown, porque acho que ela era bem capaz de o conseguir fazer, excepto talvez falar dos filhos na coluna, mesmo que seja sempre falar bem.
    A Julia deixou um monte de pistas neste a apontar para a Eloise... por isso a não ser que ela queira enganar o leitor com as pistas deve ser mesmo a Eloise. :S
    Oh, pensei mesmo que o Colin tivesse mais tacto do que fazer aquelas figuras no meio da rua, mas parece que os irmãos estavam a apertar os botões certos. Só não acredito que passe tanto tempo até chegar a vez deles. SETE ANOS!!!!! Pobre Penelope, até o Benedict percebeu tudinho. :(

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  4. Pois, já não tenho ideia que se passa assim tanto tempo entre um livro e outro, mas deve ser realmente porque depois daquela cena em que o idiota berra aquilo, é quando ele começa a viajar, vai andar desaparecido durante vários anos... corta muito o coração a história deste casal #4 (o meu favorito!! ...a par da Kate e do Anthony) sem dúvida que NÃO é um amor à primeira vista -- da parte dele.

    Aahh...a Lady Whistledown.

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