Leitura conjunta com a jen7waters do Cuidado com o Dálmata (opinião aqui) e a quigui do Spoilers and Nuts (opinião aqui).
Opinião: Este livro é enganadoramente simples. O estilo de narração é belo e desconexo, usado para descrever o dia-a-dia dos vizinhos de uma pequena rua, como para relatar os horrores da guerra. O uso da Morte como narradora permite ao leitor distanciar-se de momentos horríveis, ao mesmo tempo que a sua honestidade dá conta dos mesmos.
Este livro fez-me reflectir no poder das palavras, em como podem decidir a vida ou a morte de muitos, em como podem manter um povo refém de si mesmo e em como podem ligar pessoas tão diferentes. Gostei muito da Liesel, a titular ladra de livros. Gostei de como se demonstrou determinada a aprender a ler, e como manteve o hábito de leitura, apesar de ter de desviar alguns livros dos seus legítimos donos.
Também gostei bastante do Max, o judeu alemão pugilista, que é escondido durante dois anos pelos Hubermann. A sua história é triste, e mais triste ainda é o facto de se sentir culpado por sobreviver. O momento em que espreita à janela para ver a rua após dois anos fechado é comovente. Gostei ainda de ver a sua relação com a Liesel, de como foram marcados pelo mesmo tipo de tragédias e de como se ligaram através das palavras e dos livros. Adorei as pequenas histórias do Max.
A força deste livro também está nas suas personagens secundárias, muitas delas inesquecíveis. Temos o Rudy, cuja história mais parecia uma tragicomédia, entre as cenas engraçadas na Juventude Hitleriana com o Tommy e o Deutcher, e a sua crescente revolta ao longo do livro; o sr. Hans Hubermann, pai adoptivo da Liesel, que tem uma relação ternurenta e adorável com ela; a sra. Rosa Hubermann, resmungona profissional que me conquistou com os seus raros momentos de bom coração; ou a mulher do presidente da câmara, que apresentou Liesel à sua vasta biblioteca.
Fiquei triste com o fim, pois não estava mesmo à espera de que acontecesse tamanha desgraça. Ficou uma sensação de vazio, depois de certa coisa ter acontecido. A única coisa que me animou foi que sobreviveram à guerra os personagens por que estava a torcer, contra todas as probabilidades, diria eu, embora o seu fim fosse demasiado aberto para me satisfazer completamente.
Título original: The Book Thief (2006)
Páginas: 468
Editora: Presença
Tradução: Manuela Madureira
Cá está ela!
ResponderEliminarÉ incrível como este livro consegue entreter e divertir mesmo com o tema que tem. É emocionante, e revoltante ao mesmo tempo. Ainda hoje não sei bem o que dizer dele.
Quanto ao final aberto, na minha cabeça eles ficaram mesmo juntos e viraram escritores (e ilustradores) de livros para crianças :D
Um dos melhores livros que li o ano passado! Sem dúvida que recomendo :)
ResponderEliminarO meu livro preferido, adoro :)
ResponderEliminarConcordo plenamente com a parte das personagens secundárias (ai, o Rudy...) - dão uma vida fantástica ao livro. Claro que depois custa mais o final.
ResponderEliminarObrigada pelos comentários. ;) Dá gosto ver que este é um livro muito querido pelos que o leram, porque merece mesmo. :)
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