sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Espada de Fortriu, Juliet Marillier


Opinião: Oh Juliet Marillier, porque é que tens que ser tão mazinha com os teus personagens? E, já agora, com os teus leitores? O meu coraçãozinho frágil não aguenta tanta emoção de fazer chorar as pedras da calçada. xD

Este livro foi em muitos aspectos, tipicamente da Juliet - épico, emocional, cativante e mágico. Dado que a série se chama As Crónicas de Bridei, pudemos acompanhar a corte do Rei Bridei 5 anos após O Espelho Negro, ao se preparar para a guerra com o intuito de expulsar os Celtas. É aqui que entra a Ana - princesa de sangue real, é enviada para assegurar uma aliança com um chefe tribal que poderá pender para o auxílio aos Celtas.

É aqui que aparece uma coisa idiota - mandar uma noiva quando o homem ainda não a aceitou? Não importa a pressa em assegurar a aliança, foi mesmo idiota e achei que o Bridei seria mais inteligente que isso. Podiam ter pensado num monte de outras coisas que assegurassem que o chefe tribal estaria do lado deles sem ter de mandar a pobre da Ana sem saber se era aceite ou não.

Adiante. A viagem corre terrivelmente mal e a Ana e o Faolan (o super-espião-assassino-e-sabe-se-lá-mais-o-quê-sem-sentimentos do outro livro) ficam sozinhos e a ter de ir a pé até Briar Wood, o reduto do chefe tribal. Descobrimos que a Ana até é uma jovem inteligente e corajosa (ao contrário do que o Faolan pensa) e o Faolan tem - gasp! - sentimentos (ao contrário do que a Ana pensa). Gostei desta parte.

Briar Wood também não é o local que esperavam e Alpin, o chefe tribal, um bronco idiota violento cruel que me deu mesmo vontade de o eliminar da história. Briar Wood está marcado por uma espécie de acontecimento horrível cujo desfecho eu suspeitei logo que não estava assim tão bem contado. Mas gostei bastante desta parte, de ver desvendar aos poucos que tipo de local Briar Wood era e que tipo de homem Alpin (não) era (mas que curiosamente o seu irmão já será).

Chegamos à parte que eu não gostei. Estou a criar um (bem, é uma palavra forte, mas vai mesmo assim) ódio a romances instantâneos, que muitas vezes soam a vazios, e não gostei de ver a Ana, que eu tomava por uma moça inteligente e com a cabeça no lugar, perder-se de amores pelo Drustan quase mal lhe põe a vista em cima. Senti-me defraudada, que talvez fosse o que a autora queria - pôr-nos no lugar do terceiro lado do triângulo amoroso, que neste caso é o coitado do Faolan.

O que me leva a outro, hm, ódio literário - triângulos amorosos. A certa altura eu já estava a rezar para que a viagem de volta de Briar Wood acabasse, porque aquilo parecia um jogo de "ora vamos lá ver quanto tempo é que o Faolan (e o leitor) aguenta a segurar a vela". Que tortura ter de aturar a Ana a choramingar porque o Drustan não tinha vindo ter com eles (ela). Não admira que toda a gente fale do Faolan - com o que teve de aturar, o homem devia ser elevado a santo.

Esta parte só se salva porque tem dois momentos extremamente emocionais-de-fazer-chorar-as-pedras-da-calçada - nomeadamente, a partida do Deord e a narrativa do Faolan. Foram daqueles momentos em que precisava de virar só mais uma página porque tinha mesmo de saber o que se tinha passado.

Do outro lado da narrativa, acompanhamos o Bridei e os seus homens enquanto partem para a guerra (para expulsar os Celtas, blablabla), e acompanhamos os que ficam na corte, em Monte Branco. Gostei também desta parte, particularmente de acompanhar os que ficaram para trás. Achei extremamente interessante o desenvolvimento entre a Tuala e o Broichan (e mais não digo).

E (re)descobri uma personagem favorita - a Ferada, uma jovem com uma força de carácter extraordinário e que sabe o que quer. Se a Juliet não escreveu para ela nada de especial no 3º livro, espero que ainda tenha oportunidade de escrever mais um livro desta série e dedicá-lo à Ferada, se se justificar, que ela até merecia.

Em suma, até gostei bastante deste livro. Só acho que o par romântico que saiu daqui não me vai ficar na memória, porque não há nada que os houvesse destacado - não os vimos muito tempo juntos, não se puderam redimir um ao outro como parece que acontece com muitos dos casais nos livros da Juliet, ... Mas parto para o terceiro livro esperançosa que a Juliet me dê a volta quanto a estes dois, e quanto ao Faolan também, que ninguém merece ficar com o coração destroçado e com o peso que este carrega.

Título Original: The Blade of Fortriu (2005)

Páginas: 672

Editora: 11x17

Tradutor: Luís Miguel Santos

4 comentários:

  1. *ROFL*

    É preciso fazer este esforço de ler o Espelho e a Espada para poder ler... o Poço! Porque o Faolan é o único que realmente interessa nesta série (sofre tanto este desgraçado...*sigh*) Acho que poucas pessoas se lembram do Bridei e da Tuala, do Drustan e da Ana, depois de ler o terceiro. :'D

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  2. Ri-me tanto com a tua review :D 5*

    Bem, a Espada é um livro terrível para quem adora o Faolan. Por um lado sim que aparece muitas vezes, por outro, o pobre do moço tem uma sorte desgraçada e está sempre a levar em cima. É impossível não ficar com o coração às voltas e apetecer esganar a Ana. Mas adiante...

    Acho que vais gostar ainda mais do Poço das Sombras (mais Faolan, um pouco mais de Ferada, mais Tuala-Broichan, escrita da Juliet e mais Faolan. Ahhh, e esqueci-me de dizer: mais Faolan).

    Mas quanto a um livro dedicado à Ferada, a Juliet já disse que era sua intenção para o 4º da série. O problema é que a editora não o considera uma prioridade (devido às poucas vendas da serie), por isso, a sair, acho que só la para 2013 ou 2014 (contando que o mundo não acaba no ano que vem).

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  3. Adorei a tua opinião! Ai fiquei com tantas saudades de ler Juliet ao seu nível! Para mim as Crónicas são os seus melhores livros, e O Poço das Sombras o seu melhor. Não necessariamente o meu favorito, mas são os melhor escritos sem dúvida. As personagens, o enredo, as voltas na história... Sigh...
    Se soubesses a minha raiva qdo a parva da Ana pôs os olhos em cima do Drustan e morreu para o mundo... Grr.. pobre Faolan, ninguém merece! Não gostei do facto de ela se apaixonar instantaneamente por ele e a subsequente criação do triângulo amoroso, mas gostei deste triângulo em particular, porque como disseste, neste caso estamos "do lado" do pobre rejeitado.

    O Poço é tudo o que este Espada teve de melhor, e muito mais! É lindo!(Quando o acabei andei uma semana com ele na carteira, a fazer o luto) Tenho muita pena que a Juliet nao possa escrever o 4º das crónicas, como seria o seu desejo... :(

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  4. @ jen7waters, lol. Pois, o Espelho pareceu-me um pouco "arrastado" em algumas partes, e este deu-me vontade de arrancar os cabelos, de tanta frustração em volta da parte romântica da história. :P Vamos lá ver como corre o terceiro... Acho que vou ler um ou dois livros pelo meio para não confundir este com o Poço. ;)

    @ Quigui, obrigada! Estava a sentir-me um pouco estranha e ao mesmo tempo inspirada depois de ler o livro, por isso achei melhor deitar cá para fora antes que me esquecesse das impressões que tive ao ler. Foi um livro definitivamente estranho de ler. Queria ler mais e ao mesmo tempo atirá-lo contra a parede por certas e determinadas coisas. xD Mas deste-me uma boa notícia. Sabia que a Juliet não vai escrever tão cedo mais alguma coisa das Crónicas de Bridei por razões editoriais, mas não sabia que já nos tinha prometido ser um livro da Ferada! :D *suspiro* Eu espero. Seja quanto tempo for até ter o livro nas mãos, eu espero. Não há de levar mais tempo que o George R.R. Martin a pôr um livro dele cá fora. xD

    @ Cat SaDiablo, gracias! :D Definitivamente o enredo das Crónicas é um pouco mais complexo do que os outros livros que já li. ;) Ai, o facto de estarmos do lado do rejeitado foi o que me deu força para continuar a ler, mas ao mesmo tempo também foi o que mais me enervou... Então quando chegamos à parte em que o Faolan parte para o Monte Branco e a Ana e o Drustan decidem ir atrás dele... "Ah, mas podemos ficar mais uma noite em Abertornie e, ahem, ir prá cama." Só me faltou começar a bater com a cabeça nas paredes. xD Mas fico mais descansada com aquilo que disseste do Poço ser o que este teve de melhor e ainda mais. ;)

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