domingo, 19 de maio de 2013

Uma imagem vale mil palavras: O Grande Gatsby (2013)

Primeiro que tudo, e mais importante: vi o trailer de Catching Fire! Weeeeee! Muito bom vê-lo num ecrã gigante. Ainda que a melhor parte seja a Effie com a sua fala "chins up, smiles on"... gostava que não se esquivassem a mostrar-nos algo da arena ou dos tributos. Os outros trailers mostrados foram do filme Now You See Me, e do Man of Steel - que finalmente é mesmo o trailer, e não o parvo do teaser, que eu já devo ter visto umas 10 vezes no cinema, e que me fez enjoar do filme ainda antes de lhe ter posto a vista em cima.


Adiante. Sendo o realizador que é, não pude deixar de fazer comparações entre esta história e o Moulin Rouge - ainda antes de ter lido o livro me apercebi que há um paralelismo entre os ambientes e os temas de ambos. E nessa linha de pensamento, admito que os primeiros minutos do filme foram altamente reminiscentes do Moulin Rouge, com o enquadramento de ambas as histórias com um escritor destruído com o que viveu, e que nos conta a sua história. Neste filme há até aquilo que me pareceu uma referência meta, porque o "diagnóstico" na ficha do Nick parece mais algo correspondente ao estado do próprio autor ("alcoolismo crónico, ..."), o F. Scott Fitzgerald. A comparação não é de todo descabida, tendo em conta que acredito que o Nick é uma representação do autor na história, mas há uma diferença: o Nick conseguiu libertar-se e sair daquele mundo.

Como adaptação de um livro, gostei. Pega bastante no texto original para os diálogos, parece-me, e em certos monólogos ou narrações do Nick - o que é de louvar, porque a prosa é a melhor parte do livro. Apenas não apreciei que tivessem mudado o conselho que o pai do Nick lhe dá, relatado no início da história, que no filme é apenas "tenta ver sempre o melhor das pessoas" em vez de "quando quiseres criticar alguém, lembra-te que nem todos tiveram as vantagens que tiveste" - que é um conselho mais adequado, e guia mais a atitude do Nick na história. Acho que conseguiram transmitir certas nuances que são apenas sugeridas ao de leve no livro, mas que vão de encontro ao que deduzi ao ler a história.


Os cenários são, já era de esperar, visualmente deslumbrantes, mostrando verdadeiramente uns "loucos anos 20". Adorei as cenas das festas, mas também as cores das roupas, dos vestidos, ou da comida. Gosto da teatralidade posta em certas cenas, especialmente no início, quando o Tom, a Daisy ou a Jordan nos são apresentados, porque transmite uma verdade inerente a estes personagens - os ricos vivem das aparências e do que mostram ser, mas não são. A música é uma escolha controversa, mas agradou-me, e faz sentido. Não é possível retratar fielmente o verdadeiro jazz dos anos 20, mas sabemos que era um tipo de música underground, mais apreciada entre as camadas jovens da sociedade, e uma música de origem afro-americana, por isso qual é o equivalente moderno? Isso mesmo, rap e hip hop. A banda sonora não está sobrecarregada com este estilo, combinando-o com outros tipos de música e artistas.

Gostei bastante do Leonardo DiCaprio como Gatsby, transmite a dose certa de mistério ao início, combinando-o com a crescente esperança de recuperar a Daisy que conheceu. E não o imaginava cómico, mas a cena em que se reencontra com a Daisy é tão divertida. Gostei da actriz que fazia de Jordan, tinha a fisicalidade e a atitude da desportista destemida que esperava. E gostei do Joel Edgerton como Tom, transmitiu na perfeição as nuances do personagem, a atitude odiosa, mas também um homem que luta pelo que quer, fez-me encontrar algo de admirar no Tom, quando é basicamente um bully.


É claro que esta nova percepção do Tom não veio sem eu perceber mais uma coisa que me aborrece imenso no livro. Os homens da história sabem o que querem, e lutam por isso. Tanto o Tom, como o Gatsby, fazem por ganhar a sua dama no final, e fazem argumentos cativantes. Mas a Daisy, a principal personagem feminina, em comparação, é tão fraca. Não sabe o que quer, não luta por nada, apenas se deixa levar ao sabor do vento. É praticamente o estereótipo da Manic Pixie Dream Girl. Compreendo que o Fitzgerald estivesse a sonhar com uma dama irreal e inatingível, mas isso é apenas uma má desculpa para a péssima caracterização de uma personagem feminina.

É por isso que detesto a Daisy. Mas acho que a Carey Mulligan fez um bom trabalho com a personagem, apesar disso. O Tobey Maguire... deixa-me dividida. Por um lado fica apagado no meio daquelas personalidades todas, mas essa é uma característica do Nick, um narrador presente nos acontecimentos mas muito à parte deles também. Mas as melhores cenas dele são as em que está sozinho, ou com o médico, em reminiscências sobre o passado. A Isla Fisher como Myrtle surpreendeu-me. A actriz tem aquele ar fofinho, mas aqui transforma-se.


A cena final entre os personagens principais (Nick, Jordan, Tom, Daisy e Gatsby) é fabulosa, funcionando muito bem sem precisar de artifícios; a tensão está toda lá. (Se bem que a "explosão" do Gatsby se dá por uma razão diferente, e por isso soou-me mal no meio da cena.) A parte final é amarga, muito amarga (como devia ser), mas faltou-me o funeral, para fixar (perdoem-me a piada) o prego final do caixão na história do Gatsby. A aparição do pai, mais a aparição de apenas um dos personagens que povoavam a casa do Gatsby é tragicamente patética. E o fim, bem, é fiel ao livro, com o monólogo do Nick a fechar a história com um tom agridoce e simbólico, e uma das minhas partes favoritas das história.

2 comentários:

  1. Adoro o estilo do Baz Lurhman!Se há coisa que ele sabe fazer é filmes sumptuosos e deliciosos visualmente! Quero muito Ver este Gatsby mas ainda não tive oportunidade:(.

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    1. Espero que ainda consigas vê-lo no cinema, acho que vale a pena. ;) É um filme muito ao estilo dele, tanto visualmente como musicalmente, por isso acho que vais gostar. :)

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