Homem-Aranha: A Última Caçada de Kraven, J.M. DeMatteis, Mike Zeck
Esta é uma história estranha. Por várias razões. Primeiro, porque o que conheço do Kraven vem dos desenhos animados de sábado de manhã, há muito, muito tempo atrás. Acho que nunca me cruzei com ele nos comics. (Esta história explica o porquê.)
Depois, porque o Kraven é completamente doidivanas. E não, não estou a exagerar. As neuroses dele evoluíram de maneira tal que culpa o Homem-Aranha por todos os seus problemas, e vê o Aranha como um avatar de tudo o que está de errado com o mundo. Ou com a civilização.
Contudo, isto faz uma história semi-interessante. A necessidade do Kraven de aniquilar o Homem-Aranha e tomar o seu lugar, para se provar melhor que ele, e mostrar do que é capaz... hmm, isto soa-me familiar. A psicologia do personagem é algo interessante de explorar, ainda que a sua loucura seja um pouco extrema e se tornar repetitiva.
Mais interessante ainda é o efeito que o Kraven e as suas acções têm no Peter Parker e nos seus. O Peter passa por um ciclo de morte e renascimento que retempera o personagem, o faz confrontar com a mortalidade e compreender melhor o perigo do que faz todos os dias. E a Mary Jane, pobrezinha, acho que a história peca por não mostrar mais dos dias em que ela esteve sozinha, temerosa, preocupada com o Peter, e sem saber o que fazer. Daria um ângulo mais dramático e significativo à vida pessoal do Peter, o que é parte do objectivo da história.
Acho que é uma história que funciona melhor se fizermos de conta que não existe na continuidade normal, porque mesmo aceitando as reescritas retroactivas dos personagens de comics e dos comics em geral... mesmo assim, acho que não podemos explicar esta história à luz da lógica da comicslândia.
Gostei bastante do trabalho de cores, que faz um óptimo trabalho com as técnicas mais limitadas que haveriam na altura; e o desenho em si é bastante dinâmico, cativante para o olho.
Guardiões da Galáxia: Legado, Dan Abnett, Andy Lanning, Paul Pelletier
Já conheci a encarnação mais recente dos Guardiões da Galáxia, a publicada depois do evento Marvel NOW!, e por isso é algo desconcertante voltar atrás no tempo e conhecer uma encarnação diferente e anterior - ainda que tenha sido uma que me agradou muito.
Neste volume, a equipa ainda se está a formar, esforçando-se para combater ameaças imediatas pelo espaço fora. O fundo necessário para perceber a formação da equipa está lá, e há um certo sentido de humor na narração que me agrada. As missões são intrigantes, e ligam os personagens, ao mesmo tempo que mostram as diferenças e tensões entre todos, e parte da piada está aí, em tentar perceber como é que este grupo de pessoas vai funcionar como equipa.
O diálogo é bom e interessante, e diverte, e há uma dinâmica cativante no desenrolar do enredo. Só peca por introduzir vários fios de enredo que vão ser explorados em livros consecutivos, mas que aqui são apresentados e não resolvidos. Adequado para uma história contínua, mas que dificulta a coisa para o leitor ocasional.
Diverti-me imenso com muitos dos personagens, mas dois dos favoritos foram o Cosmo, o cão falante e telepata, e o Rocket. O Rocket da Narvel NOW! tem um ar mais raivoso, mais mauzão, e este tem um ar mais... antropomorfizado. Continua a ser um texugo de cima abaixo, mas é possível ver melhor as suas expressões, as suas emoções quando fala, e dá-lhe mais profundidade. É um integrante singular da equipa, e como cereja no topo do bolo tem um humor fantástico, algo cego quando implica com o Cosmo, mas muito divertido.
Parte dos personagens são novos, alguns já conheço... este Peter parece-me mais velho, acho. O Groot aparece muito menos, o que é pena. A Mantis suscita-me alguma curiosidade, pelas suas capacidades. Só que a equipa enfrenta no final do volume a sua primeira crise, e temo que a coisa tenha acabado antes de começar. Fiquei muito curiosa para ver o que acontece a seguir.
Achei a arte vívida e encheu-me o olho, mas não tenho mais nada a comentar.
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