domingo, 10 de agosto de 2014

Rivals in the City, Y.S. Lee


Opinião: Pronto, mais uma série a terminar; este Verão tem sido, e vai continuar a ser, terrível para mim nesse aspecto. Bem, mais ou menos. É triste dizer adeus a personagens e histórias favoritas, mas também um prazer ter seguido as suas histórias até ao final.

Nesta série da Mary Quinn, a autora fez uma série de coisas que me cativaram. Primeiro, escreve sobre a época vitoriana, e dum modo bem trabalhado, que denota pesquisa, cheio de detalhes, sem nunca se tornar aborrecido. Consegue mesmo conjurar a época. E mesmo assim, consegue desafiar as convenções da época. A Mary Quinn é uma filha de duas culturas, uma das quais discriminada pela sociedade inglesa (o pai era chinês), e mesmo assim consegue mover-se nesta última com uma certa liberdade; e é uma mulher, para quem muitas portas estariam fechadas, mas consegue ganhar a sua liberdade e independência a pulso. Alguém tão inteligente e activo como a Mary não conseguiria deixar-se circunscrever ao que é esperado das mulheres nesta sociedade, e fico contente que nunca o tenha de fazer.

Neste volume, que é o último, volta a reaparecer um certo vilão do primeiro, algo recompensador, pois era alguém que tinha conseguido escapar; e assim, a Mary e o James têm a oportunidade de trazê-lo à justiça, cada um pelo seu lado. Contudo, a presença desta pessoa exige que estejam separados, por enquanto, e isso desanimou-me. Acho que para o último livro da série merecia vê-los a trabalhar juntos, como iguais, nessa agência de detectives que fundaram, e não separados, a trabalhar para o mesmo objectivo, mas marginalmente.

No entanto, temos direito a algumas cenas adoráveis com os dois, que lembram porque é que eu ando a torcer por eles desde o primeiro livro. O companheirismo e os comentários divertidíssimos que trocam mais do que compensam. É interessante ver como a Mary se sente um pouco reticente em avançar já, porque vê o casamento como um restringir de liberdade, algo que lhe é muito caro; só ela pode decidir se é um passo que está preparada para dar. Por outro lado, gosto de ver o James um pouquinho inseguro mas constante, adorando a Mary e tentando dar-lhe o que precisa. Está uma posição curiosa, ele é progressista, mas a mulher com que pretende casar é tudo menos convencional, e a sociedade em que se inserem vai sempre ter problemas com isso. Acredito que são capazes de sobreviver a isso, a tudo mesmo, mas seria uma leitora mais feliz se pudesse ver um pouquinho da felicidade conjugal.

Em termos da história, é bom ver pontas soltas atadas, com o retorno de um vilão, e gosto de como essa pessoa andou a trocar as voltas a tanta gente, sendo apanhada pela persistência e diligência da Mary e da Agency. E por falar na Agency, é triste ver a separação que se deu, porque tenho a sensação que as duas facções trabalham melhor juntas... creio que tinham resolvido o enredo do vilão bem mais depressa.

Ainda outra coisa que tenho de mencionar... o passado da Mary e a dificuldade que ela tem em enfrentá-lo. Creio que, por fim, ela está capaz de viver com as coisas que aconteceram. Tanto o que ela fez depois de perder a família, até entrar para a Agency... coisas que ela finalmente conta ao James, que era um passo importante para aprender a viver com elas, parece-me; como o que aconteceu à família, principalmente ao pai - há uma oportunidade de ficar a saber mais sobre o passado dele, e ela descobre que não está sozinha no mundo, o que me parece importante para ela.

Em suma, esta é uma série que valeu muito a pena seguir. Pelos personagens, dos quais gostei muito e adorei seguir, torcendo por eles a cada passo do caminho. Pelas histórias, pequenos mistérios que dá gosto revelar. E pela autora, que trabalha soberbamente cada história e a época retratada. Mesmo que ela não escreva mais nada nesta série, estou muito interessada em ver o que ela tem na manga a seguir.

Páginas: 304

Editora: Walker Books

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