Há uns anos coleccionei fervorosamente duas colecções, organizadas pelo Correio da Manhã, chamadas Os Clássicos da BD e Os Clássicos da BD Série Ouro (ou algo do género), e uma coisa que adorava nessa colecção era a introdução, que contextualizava as escolhas do editor em termos de histórias para cada livro, e era o cuidado que dedicavam a escolher histórias quase auto contidas e que não deixassem o leitor pendurado.
(Interlúdio: Bem, como em todas as regras, a regra acima teve uma excepção, que foi o livro do Blueberry, que acabou com uma história com um cliffhanger gigantesco e que me deixou obcecada em encontrar a história seguinte, Angel Face. Só que na altura era impossível encontrar BDs deste herói, e eu fiquei traumatizada por meses por não saber o fim daquilo. Oh well... sobrevivi.)
Bem, mencionei isto porque os dois livros de que vou falar carecem de um pouco de contextualização na escolha das histórias para os respectivos volumes. Acho interessante que a ASA e o Público se juntem tantas vezes para divulgar colecções de BD, mas julgo que aqui, se a intenção era apresentar novos autores e novos títulos aos leitores, as histórias podiam ser melhor escolhidas, ou pelo menos a sua inclusão melhor explicada.
Dito isto, a qualidade da edição é bem boa, com o tipo de papel e o tamanho do livro muito adequados a um álbum de BD; e até a capa mole tem uma certa resistência, badana incluída.
Adèle Blanc-Sec, Jacques Tardi
Contém a 3ª história da heroína titular, mais uma história que ao ler me deixou a pensar "o que raio é que isto tem a ver com este universo?". Pesquisei e descobri que os personagens desta história voltam a aparecer na 4ª história da Adèle. (Vêem? Contextualização teria sido útil.)
Gostei da primeira história, O Sábio Louco, e da sua mistura entre histórico e fantástico. Gostaria de ler mais alguma coisa da Adèle. Desgostei de que esta fosse a 3ª história, porque tem personagens que já apareceram na 1ª e 2ª, e há referências a isso. A arte estranha-se, depois entranha-se, e gosto do modo meio "doido" do autor desenhar.
A segunda história, O Demónio dos Gelos, é a tal que não pertence tecnicamente às aventuras da Adèle Blanc-sec, mas fiquei bastante disposta a perdoar tal pecado ao ver a arte. O autor faz um trabalho fantástico a preto e branco, especialmente nos cenários no Árctico. Vale a pena o álbum todo.
Título original: Le Savant Fou (1977) e Le Démon des Glaces (1974)
Páginas: 112
Editora: Asa/Público
Tradução: Andreia Gomes e Catherine Labey (respectivamente)
Valérian e Laureline, Pierre Christin, Jean-Claude Mézières
Contém as histórias número 19 e 21, Nas Imediações do Grande Nada e O AbreTempo, respectivamente a antepenúltima e última da saga. Sente-se bastante a falta da vigésima história, a penúltima, já que os acontecimentos em O AbreTempo são uma continuação directa da mesma. Também preferia ter lido histórias mais no início da saga, já que assim já sei o final...
Mas gostei do enraizamento da história na ficção histórica. A arte é muito bonita, especialmente quando o desenhador pode dar largas à imaginação e mostrar a sua visão do espaço e dos seus habitantes. As histórias são complexas, mas não difíceis de seguir. Gosto de ver os dois personagens titulares juntos e de como a Laureline não é a bimba de serviço - ela é corajosa e inteligente, e uma parceira à altura do Valérian.
Título original: Ao Bord du Grand Rien (2004) e L´OuvreTemps (2010)
Páginas: 104
Editora: Asa/Público
Tradução: Paula Caetano
Eu amei o filme :( Achei a actriz espectacular, mas a Adele Blanc-Sec da BD parece uma solteira matrafona :( A personagem não é nada feminina, os traços são rudes, o que é o oposto de algumas mangas japonesas cujas personagens masculinas parecem autênticas mulheres ^^ Vá-se lá entender esta gente!
ResponderEliminarGostava imenso de ter visto o filme quando passou nos cinemas, parece lindo!
EliminarPois, o ar da Adele foi uma das coisas que estranhei mais ao início... cheguei à conclusão que pode ser o modo meio pateta de o criador nos avisar que aquela personagem não é a típica "donzela em apuros". :P
essa foi uma colecção que não quis iniciar após a leitura do Valerian. Fiquei um pouco à deriva com a última história e achei que também seria assim no resto da colecção. Gostei do livro e despertou-me a atenção para as personagens, a iniciativa cumpriu o propósito.
ResponderEliminarA Adele deve ser das poucas excepções do caracteristicamente belo mundo franco-belga...
Tendo espreitado agora estes dois volumes, também fico relutante em adquirir outros da mesma colecção, os outros artistas/heróis/histórias não me interessaram tanto, e ler in media res não é muito atractivo... Mas pelo menos fiquei a conhecer duas séries muito recomendadas, agora era genial se publicassem a sério o Valerian e Laureline do início. :D
Eliminareu tambem gostava :D, mas não vamos ter essa sorte.
EliminarA Asa publicou os últimos 3 (dois através da colecção do Público), os outros já foram editados através da Meribérica desde a semi-longinqua década de 80. Não fica fácil encontrar os livros, melhor seria pedir emprestados aos que já têm 40 anos :P
Pois, realmente fui pesquisar e em português só em alfarrabistas. É uma pena... assim só lendo em francês (de preferência não), ou em inglês (ao ritmo a que estão a publicar os livros, ainda tenho netos antes de acabarem a série xD).
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