segunda-feira, 10 de junho de 2013

A Escola Nocturna, C.J. Daugherty


Opinião: Esta foi a leitura perfeita para ler a seguir ao Reached - um género e um tom muito diferentes. E adorei a leitura! Creio que a sinopse, a capa, e o marketing que a editora original (a britânica) usou tentavam dar um ar de história paranormal, mas acreditem, este livro não tem um pingo de acontecimentos fora do normal irreais. É uma história contemporânea passada num internato inglês (internato! inglês!) do género "miúdos em escola-internato metem-se em sarilhos e tropeçam num mistério" - quase como os primeiros livros do Harry Potter, mas sem a parte da magia. Gosto muito deste tipo de história, e por isso foi uma surpresa muito agradável ver-me perante uma desse tipo.

A Allie é uma jovem problemática cujo irmão desapareceu misteriosamente e cujos pais a ignoram, basicamente. E quanto eu odiei os pais dela por essa atitude (e por outras, como esconder um monte de coisas à Allie que ela devia saber). Ignorar a filha que ainda têm, e falhar em ver os problemas dela (a Allie tem ataques de pânico e um ligeiro transtorno obsessivo-complusivo), focando-se apenas nos sarilhos que arranja, é uma atitude completamente irresponsável.

A Allie é enviada então para a Academia Cimmeria, aparentemente por causa do seu comportamento, mas rapidamente se apercebe que a escola está repleta de bons alunos e filhos de famílias ricas, um grupo no qual não se insere. A escola está cheia de segredos vedados a Allie, e começam a acontecer coisas muito estranhas. O perigo espreita a cada esquina, e Allie vê-se numa situação em que parece que não pode confiar em ninguém.

Gostei imenso do enredo, cheio de reviravoltas e sempre a pôr-me a questionar os acontecimentos e a duvidar dos personagens. O cenário bucólico e calmo de uma escola em regime de internato opõe-se à natureza especial da Academia Cimmeria, que leva a que esteja no centro de uma série de acontecimentos singulares. E a pobre Allie, apesar de ser mais ou menos central nesses acontecimentos, não sabe de nada - não porque na escola não lhe querem contar, mas porque os pais não autorizaram essas revelações (palermas!).

Contudo, a Allie não se faz de rogada e tenta descobrir o que se está a passar. O que fez com que a Allie fosse das minhas personagens favoritas. É esperta, não se deixa que lhe atirem areia para os olhos no que toca à Academia Cimmeria, não cai em falinhas mansas, é determinada, e faz o que tem a fazer sem deixar que mandem nela. Gostei de ver a autora abordar os ataques de pânico dela e de como ela lidava com eles - a contar coisas.

E vou ter de passar pelos, er, interesses amorosos. Primeiro temos o Sylvain - FRANCÊS ESTÚPIDO!!! Não quero saber quão sexy é o sotaque dele, aquilo que ele fez (ou tentou fazer) à Allie NÃO SE FAZ. Ele pede desculpa, sim, e sabe e admite que errou, mas não creio que compreenda a magnitude do que fez ou se arrependa mesmo. Tem de ser a Allie a lembrar-lhe que aquilo não se faz a rapariga nenhuma. O que me lembra, gostei de como a Allie lidou com ele. Mandou-o bugiar, e apesar de aceitar as "desculpas" dele, não quer ter mais nada a ver com ele. O problema é (chamem-me cínica) que eu sei que a C.J. Daugherty vai tentar na sequela espremer a potencialidade do Sylvain como interesse amoroso. E EU ODEIO-O.

Por outro lado temos o Carter, que exuda aquele ar de rapaz misterioso e quebra-corações, mas até é boa pessoa, quando lhe damos uma oportunidade. A química dele com a Allie (e as constantes "questiúnculas" deles) é uma das razões porque me diverti tanto com o livro. O Carter tem o coração e o cérebro no lugar certo, respeita a Allie (ao contrário do FRANCÊS ESTÚPIDO), e é adorável vê-lo e à Allie juntos. Só que cometi o erro de ler umas opiniões do segundo livro, e não sei se o comportamento decente dele se vai manter. Ai, aquele segundo livro vai-me fazer sofrer tanto, o que é uma pena, porque este leu-se tão bem e deixou-me tão animada.

Adoro o elenco secundário de personagens, porque formam um grupo heterogéneo e a sua multiplicidade de comportamentos faz com que a Allie os veja como amigos, aliados ou inimigos em diferentes pontos da trama. Os professores intrigaram-me, especialmente a Isabelle, pela sua posição única na escola (e não só). A Rachel foi uma das poucas (e boas) constantes, a Jules revelou-se mais para o fim, a Katie preenche a vaga de miúda rica irritante e ciumenta muito bem e a Jo... pobre Jo. Tenho pena dela, porque apesar de ter feito asneira, tem uma personalidade volátil e facilmente manipulável. Espero poder vê-la numa melhor fase.

O segredo por trás da Escola Nocturna é deveras interessante. Nunca teria adivinhado. (Nem a escala a que funciona.) A ideia é algo provocadora e tem potencial para futuros enredos, se o enredo que começou neste livro acabar brevemente. Se bem que estou muito curiosa para ver como é que o personagem Nathaniel vai evoluir, e o que vai trazer. E estou morta para descobrir afinal o que é que a família da Allie esconde, e que Legado é esse a que o título do segundo livro alude.

Ah... eu não vou resistir. Já tenho o segundo livro, e vou ter de o ler brevemente, ou caio para o lado de curiosidade e impaciência.

Título original: Night School (2012)

Páginas: 480

Editora: Alfaguara

Tradução: Miguel Romeira

6 comentários:

  1. Nossa adorei a sua resenha e fiquei super curiosa agora vou ter que comprar esse livro pra ler.
    Meu mundo particular

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    1. Obrigada! Espero que goste, é uma leitura bem boa. ;)

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  2. oii,amei o blog!!!
    e voce tem uma otima visão sobre livros!
    vc sabe onde posso ler este online ou baixar?

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  3. Já li este e o segundo... Alguém sabe quando vai sair o terceiro em Portugal? Não o encontro em lado nenhum :(

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    1. Tenho tentado estar atenta à saída de um terceiro livro, mas até agora não tem havido novidades por parte da editora, infelizmente. Começo a pensar que desistiram de continuar a publicar... :/

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