terça-feira, 8 de julho de 2014

Rosa Selvagem, Patricia Cabot/Meg Cabot


Opinião: O Lorde Edward Rawlings tem um problema: é preciso encontrar o sobrinho, um miúdo de 10 anos filho do irmão mais velho e verdadeiro herdeiro do ducado de Rawlings, e convencê-lo a vir para Rawlings Manor; mas os seus esforços não vêm de um lugar generoso, pois Edward despreza as responsabilidades inerentes ao título. Só que tem uma inimiga nos seus esforços: Pegeen, tia de Jeremy e sua cunhada, que bem se lembra do tratamento que a família lhes deu quando o menino nasceu, por ser originário de um casamento não sancionado pela família Rawlings.

Foi uma boa leitura. Há algum tempo que não lia romance histórico, e por isso foi com prazer que voltei a espreitar o género. A premissa é curiosa, pois coloca um rapaz de 9 ou 10 anos a herdar um ducado, quando anteriormente o avô o tinha mantido afastado, pois o seu pai, John, tinha fugido com uma rapariga para casar com ela, encontrando total oposição por parte da família. E por isso, o pequeno Jeremy foi educado pelo lado materno, pelo avô materno e pela tia Pegeen.

Adorei o pequeno Jeremy, um miúdo completamente reguila, sempre a arranjar sarilhos, que só dá ouvidos à tia Pegeen, e em sério risco de ficar mimado demais por descobrir que é um duque. Achei tanta piada às reacções meio-protectoras dele em relação à tia, e à sua preocupação com ela; e no entanto, ele não deixa de ser um menino pequeno, que se assusta com a sua primeira caçada à raposa e com a aparição de uma pessoa do passado que lhe tiraria tudo o que tem.

Também me diverti bastante com a relação entre a Pegeen e o Edward; as suas cenas eram sempre hilariantes, pelas trocas verbais que continham (adorei a Pegeen a meter-se com ele e a sua masculinidade). Aquela "guerra" entre ambos, por serem pessoas com feitios e vidas tão diferentes, fez uma leitura bem mais deliciosa.

A Pegeen tem um feitio fabuloso, e é uma defensora das classes sociais mais baixas, e de que os aristocratas usem a sua posição para melhorar a hierarquia social; achei que a autora ia fazer mais com este assunto, que acaba por ficar de lado a meio da história. Por outro lado, a primeira cena com ela é tão engraçada, com o vigário armado aos cucos a pedir-lhe em casamento; também é uma bela cena de homenagem a Jane Austen, pelas parecenças com o pedido do Mr. Collins à Lizzie Bennet em Orgulho e Preconceito. Já o Edward tem um feitio de "vou levar tudo à minha frente", um pouco bruto, dando-se com companhias deploráveis, mas a Pegeen é uma adversária à altura para o fazer dar a volta.

Gostei bastante do elenco secundário, especialmente das pessoas em Rawlings Manor, que ficaram rendidas à Pegeen, de modo que se comportavam como se ela fosse a dona da casa; mas também dos Herbert, a única família digna desse nome por ali; e do Alistair, um bom melhor amigo para o Edward. Estava convencida que o comportamento de enamorado dele para com a Pegeen era uma farsa, para obrigar o Edward a confrontar os seus sentimentos, mas a autora chega ao fim e não me confirma essa suspeita, com muita pena minha. Não que o Alistair também não tenha o seu final feliz, bem engraçado por sinal.

Em suma, um bom romance histórico, nada memorável, mas já com as marcas do tipo de narrativa e de personagens que a Meg Cabot favoreceria mais à frente na sua carreira. Estou contente por o ter lido, porque sempre tive muita curiosidade em relação aos romances históricos dela, sem poder adquiri-los, pois estão descontinuados em inglês há muito. Uma bela leitura para entreter e divertir, com um estilo que nada fica nada atrás do típico romance histórico, sendo um exemplo decente do género.

Título original: Where Roses Grow Wild (1998)

Páginas: 368

Editora: Livros d'Hoje

Tradução: Patrícia Oliveira

2 comentários:

  1. Fiquei com imensa vontade de ler isto.

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    1. Não é nada de especial, no sentido em usa os tropes típicos do romance histórico, mas já tem o sentido de humor característico da autora... faz-me pensar no que poderíamos ler nos dias de hoje se ela tivesse continuado no romance histórico. :)

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