segunda-feira, 21 de julho de 2014

Um Pequeno Escândalo, Patricia Cabot/Meg Cabot


Opinião: Creio que posso dizer que me diverti ainda mais com este histórico da Meg Cabot do que com o anterior, Rosa Selvagem. Quero dizer, a situação do livro em si nada tem de divertido - a protagonista, Kate Mayhew, tenta deixar para trás das costas uma tragédia pessoal que a afastou do meio em que se movia, a aristocracia; e o protagonista, Burke Traherne, vive uma vida boémia, com a reputação de quem atirou o amante da esposa pela janela anos antes, e com uma filha debutante muito complicada.

Contudo, as coisas em que se metem são bastante caricatas. A primeira cena mostra-nos o Burke a tentar obrigar a filha a ir a um baile, levando-a às costas porque não consegue convencê-la de outra maneira. E surge a Kate, desconfiada de toda a cena, acusando-o de tentar raptar uma jovem, já que não sabe que é filha dele. E o que se desenvolve a partir daqui é bem engraçado, e melhor, com um desrespeito tal pelas convenções que é refescante. Os personagens estão afastados da sociedade aristocrática por várias razões, apesar de pertencerem ou terem pertencido a ela, e isso permite-lhes uma liberdade diferente. Vivem quase que como numa bolha.

Acho cativante o processo de aproximação dos protagonistas. Temos o Burke, feliz da vida porque contratou a Kate como dama de companhia da filha, e finalmente terá sossego, mas que dá por si a irritar-se com o silêncio, e que começa a racionalizar as coisas de tal modo para ir ao baile a que ambas as senhoras foram, porque acha que a Kate vai ser devorada viva pela aristocracia (não sabe do passado dela). A Kate, por sua vez, fica fascinada com a sensualidade do Burke, e o despertar sexual dela torna-se algo curioso de acompanhar. É um casal com uma química cativante.

Entre os personagens secundários, destaca-se a Isabel, a filha do Burke, que é a moça mais teimosa, mais rabina, de que há memória. Só a Kate a mantém na linha... mas as peripécias que envolvem a Isabel são qualquer coisa, especialmente porque lhe falta completamente a noção... uma espécie de Lydia Bennet, mas sem a malícia. E, bem, de vez em quando até tem bons momentos, como aquele em que repreende o pai por ser um tolo e não ir atrás de Miss Mayhew.

Já o Freddy, o melhor amigo da Kate, é um personagem sub-utilizado, acho que podia ter sido feito mais com ele. Ele até tem um desenvolvimento interessante a certa altura, mas que não é propriamente sugerido ao longo da narrativa... tal como no outro livro histórico da autora que li, o casal secundário junta-se muito apressadamente.

Também o fio do enredo que envolve o passado da Kate e um certo... "vilão" podia ter tido mais tempo de antena, não senti que fosse encaixado harmoniosamente com a parte do romance, e a certa altura aparece só para causar algum conflito e resolução ao casal, não porque é uma parte da história de pleno direito.

Volto a dizer, fico contente por ter tido a oportunidade de ler os romances históricos escritos por esta autora. Já não são recentes, e não são o melhor dela, mas são bem divertidos, satisfazem-me com a sua história e passo um bom momento com eles.

Título original: A Little Scandal (2000)

Páginas: 416

Editora: Quinta Essência

Tradução: Eugénia Antunes

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