sábado, 22 de novembro de 2014

My True Love Gave to Me, antologia editada por Stephanie Perkins


Opinião: My True Love Gave to Me é uma antologia de contos com tema festivo, subordinando-se à época natalícia e de Ano Novo para apresentar uma dúzia de histórias escritas pelo mesmo número de autores, sendo que a totalidade das histórias se encaixa na faixa etária YA (e todos os autores me parecem publicar maioritariamente YA, também).

Em jeito de visão geral, é um bom conjunto de histórias, que me agradou imenso. Os nomes dos autores são em grande parte meus conhecidos e por isso já me sinto confortável com a sua escrita e o seu estilo narrativo - se bem que não será essa a razão principal para eu ter gostado dos contos ou não, já que gostei de contos de autores para mim desconhecidos, por exemplo.

Fiquei surpreendida com o tom ligeiramente mágico de alguns contos. Não é que não o esperasse de alguém como a Laini Taylor; mas o meu primeiro conto "mágico" da antologia foi o da Kelly Link, uma autora que não conhecia, e não sei bem porquê, não me identifiquei com a maneira como a história foi contada. Também o segundo conto "mágico", o da Jenny Han, me soou um pouco estranho, talvez inacabado, mas fiquei curiosa por ler mais coisas dela.

Por outro lado, fiquei a conhecer a voz de novos autores, e gostei muito daquilo que li do Matt de la Peña, da Myra McEntire, e até da Holly Black ou do David Levithan. Cada um deu uma perspectiva única à sua história, e isso contribuiu para manter o meu interesse no conto.

Das autoras que já conhecia, adorei reler a Rainbow Rowell, a Stephanie Perkins, a Gayle Forman, a Kiersten White, a Ally Carter, e a Laini Taylor. Qualquer uma destas senhoras é capaz de escrever uma boa história, e apreciei acompanhá-las, encontrando novas histórias e um estilo já conhecido e confortável.

Midnights de Rainbow Rowell é uma história adorável sobre dois amigos, um rapaz e uma rapariga, que se juntam nas passagens de ano em 4 anos sucessivos. Gostei do formato (ano após ano), que permitiu ver a evolução da relação deles, e foi deliciosamente frustrante esperar que pelo menos um deles se apercebesse do que tinham.

The Lady and the Fox de Kelly Link foi uma história que tive dificuldade em acompanhar. Não sei se por causa do tom ou da escrita. A ideia é interessante, um ser mágico que ano após ano aparece a uma família, preso a uma figura misteriosa, mas o tom não encaixa propriamente com o tema natalício, e a premissa precisava de ser melhor desenvolvida para funcionar.

Angels in the Snow de Matt de la Peña foi uma boa surpresa. Gostei da voz que o autor deu ao protagonista, pois senti-a muito credível, e era possível acreditar nas dificuldades e tristezas que carregava. Além disso, a história pega num tema apropriado à época, com duas pessoas que nunca se cruzariam a aproximarem-se graças à mesma.

Polaris is Where You'll Find Me de Jenny Han é uma história estranha. Fez-me confusão pegar-se nos habitantes do Polo Norte, torná-los reais, e ainda criar uma protagonista humana que cresceu educada pelo Pai Natal e rodeada de elfos. A história pareceu-me inacabada, por deixar uma situação em suspenso, mas também foi isso que me intrigou.

It's a Yuletide Miracle, Charlie Brown de Stephanie Perkins conta com dois protagonistas encantadores, e com uma química bem credível, mesmo ao jeito da autora. Gostei muito da exploração do passado dos protagonistas e como isso faz deles o que são. Cada um tem as suas particularidades, mas fazem um belo casal, e acreditei na sua aproximação.

Your Temporary Santa de David Levithan consegue sugerir muito com pouco, e apresentar uma história fofinha - o protagonista veste-se de Pai Natal para permitir a uma menininha continuar a acreditar no mesmo. Pontos bónus por apresentar um casal gay naturalmente. O fim parece um pouco fraco, mas apreciei vislumbrar as dúvidas do protagonista.

Krampuslauf de Holly Black funcionou bem para mim, pois mantém a aparência de realismo, só sugerindo o mágico, e revelando-o mais no fim. Acabou por ser interessante pela determinação da protagonista e pelas peripécias que ocorrem. A narração é singular - no início nem dá para perceber de que sexo é a personagem principal, e o seu nome só é mencionado no fim.

What the Hell Have You Done, Sophie Roth? de Gayle Forman é curiosamente nada dramático. Consegue apresentar os problemas da protagonista, fazer perceber onde ela tinha razão e onde podia melhorar. Gosto da voz sarcástica dela. É engraçado, porque apresenta a questão da discriminação dum novo ponto de vista, virando a posição dos dois personagens principais.

Beer Buckets and Baby Jesus de Myra McEntire tem um tom tão, tão divertido. O personagem principal é um ensarilhado e admite-o sem pedir desculpas. Dá para vislumbrar como é que a vida fez dele o que é, e as peripécias da história levam-no a desejar ser uma melhor pessoa, e a esforçar-se nesse sentido. Alguns personagens secundários surpreendem, no bom sentido.

Welcome to Christmas, CA de Kiersten White tem o bom humor da autora na sua concepção, mas também consegue desenhar um bom retrato do mundo interior da protagonista, do que a frustra e daquilo que falha em ver. Numa lição natalícia, acaba por apreciar melhor o que tem e aproveitar o que vem ao seu encontro. E a noção duma vila natalícia é hilariante.

Star of Bethlehem de Ally Carter tem uma premissa que roça o difícil de acreditar, mas que a autora faz resultar, tal como nos seus livros de Gallagher. A protagonista precisava de um bocadinho de paz, de encontrar um refúgio, e a família que a acolhe é fantástica nesse aspecto. Consegue ainda esboçar os problemas que afligem alguns personagens em poucas palavras.

The Girl Who Woke the Dreamer de Laini Taylor era o único conto que eu à partida tinha a certeza que ia ser bom, porque tudo o que sai da cabeça da Laini é fascinante e cativante. Sem entrar em muitos detalhes, a personagem principal tem uma vida complicada, num local que já de si é duro, e num momento de desespero pelo futuro incerto, inicia uma coisa mais fantástica e maravilhosa que alguma vez podia imaginar. Com o toque de magia habitual, a autora faz duma história simples uma bela aventura.

Páginas: 336

Editora: St. Martin's Press (MacMillan)

8 comentários:

  1. Acho que este livro vai ser uma das minhas leituras natalícias em Dezembro =)
    Bjs e boas leituras

    http://o-prazer-das-coisas.blogspot.pt/

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    1. Espero que gostes! É um conjunto de histórias bem giras, algumas mais fortes, outras menos, mas bastante equilibrado. ;) Boas leituras! :D

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  2. É um livro que eu vou ler em Dezembro e que espero gostar..
    Tem aí autores que eu já conheço bem.. e alguns que estou muito curiosa para experimentar..
    Beijinhos*








































































































































































































































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    1. Ena pá, acreditas que eu passei o tempo todo a tentar perceber o que se passava com esta página, porque a seguir ao teu comentário não via o formulário de resposta? xD Afinal o comentário ficou com este espaço todo de intervalo, não sei porquê. :S

      Bem, quanto ao livro, espero que venhas a gostar, e que encontres novos autores interessantes, na minha opinião o livro fez um bom trabalho ao mostrar-me o trabalho de autores que não conhecia. ;) Bjs e boas leituras. :D

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  3. Okay, podemos finalmente falar dos que já li, comecei ontem a história da Myra McEntire mas ainda li pouquinho, nem sei bem de que se trata ainda; até agora as minhas favoritas são as da Rainbow (claro!), Matt de la Peña, e Stephanie Perkins, a maior surpresa foi a do Matt porque não estava à espera de gostar tanto, nem conhecia o autor, acho mesmo q é a minha favorita! Foi a única até agora que me fez rir e chorar e sentir-me tão mal por às vezes desperdiçar nem que seja o mínimo de comida. Uma cena estranha: fui pesquisar os livros do autor e ele tem 2 em que o protagonista se chama Shy, pergunto-me se é o mesmo da short story?? mas acho que as sinopses não batem muito certo, não parece ser a mesma personagem, mas é muita coincidência ter o mesmo nome... *confused*

    Estavamos tão enganadas em relação ao rapaz dos chifres, bolas :(

    A da Kelly Link é um bocadinho estranha, e tenho pena mas não gostei assim muito da da Gayle Forman, quer dizer gostei das personagens mas achei tão forçado no final eles de repente começarem aos beijos.

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    1. Ahhh a história da Myra é tão divertida! :D O protagonista é um grande maluco, lol. E a Stephanie e a Rainbow são sempre adoráveis, por isso não é de espantar que se saíssem bem. :D

      Também achei o Matt uma boa surpresa, fiquei mesmo aflita com a situação do Shy, foi tão credível nesse aspecto. :/ Quanto ao outro Shy, os dois livros são da mesma série, não é? Não sei, o tipo de história parece ser completamente diferente, e o Shy deste conto diz que o seu nome é muito comum na comunidade mexicana, e como o autor escreve POCs latinos, predominantemente, talvez seja apenas uma questão de ele gostar do nome. No entanto, realmente é estranho, porque as histórias estão a sair próximas umas das outras, seria de esperar que um autor não usasse o mesmo nome desta maneira. :S

      Pois é! Fiquei um bocado desapontada quando vi o que era. Preferia o nosso Ziri, apesar do conto em si até ser giro.

      Oh, é só uma curte, eles não prometeram casar-se um com o outro. xD Os dois tinham química, por isso atribuí a beijoquice a isso, e a ser Natal, quando as pessoas tendem a sentir mais a solidão, se passam a época longe da família, como era o caso. :)

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    2. Sim, são dois livros para já, pelos vistos o primeiro envolve um terramoto... acho que não faz muito sentido se for o mesmo rapaz, mas então porque raio o autor usou o mesmo nome... mesmo que goste muito do nome Shy, quer dizer...??? so weird... Eventualmente hei-de ler o primeiro para tirar as dúvidas, e porque quero muito ler um livro inteiro deste autor.

      Pois o meu problema é que não senti a química entre eles durante a história :( quer dizer andam ali o tempo todo a falar de camisolas e do Ned Flanders, e de súbito kiss kiss bang bang. Acho que não houve build up suficiente para terminar daquela maneira. Mas também não me importava nada de ler um livro inteiro com aquelas personagens, seria interessante, ainda por cima naquele cenário onde a Sophie era uma espécie de outsider.

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    3. Bem, quando leres, let me know! Agora também estou curiosa, sobre o livro e sobre a coincidência. ;)

      Oh, eu gostei da coisa do Ned Flanders e das camisolas. Sentido de humor compatível é importante, é horrível quando não as pessoas não nos percebem as piadas. xD Ooo, até era bem fixe, um livro inteiro. Achei interessante a coisa da Sophie não se sentir integrada, porque as diferenças dela como citadina eram apontadas, e ainda que os outros não o fizessem por maldade, magoava-a. Por outro lado, ela também precisava de aprender a aceitar o local em que estava, e a lidar melhor com o sentir-se outsider. Dava uma boa premissa de livro. :)

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