Primeiro que tudo, e porque não consigo deixar de comentar os trailers que vejo antes dos filmes - vi o trailer d'Os Miseráveis! Estou a tentar não ficar com muitas expectativas, mas gosto muito de musicais e o elenco é estelar, o que torna a tarefa difícil.
Sobre o filme objecto do post... bem, que filme difícil. Compreendo que o modo como o filme foi construído possa passar ao lado de alguns espectadores, mas para mim o artifício de usar um teatro como cenário para a história resultou muito bem para mim a transmitir o modo como a sociedade russa funcionava, toda teatralidade e sufoco. Uma opção interessante do realizador Joe Wright.
Um realizador de que fiquei fã, pelo menos a ver os seus filmes de época (e adaptados de livros). Adoro o visual que dá aos filmes, e este não é excepção. Não é só o teatro, é os cenários usados e as transições de cena. (Quase parecia que estava a folhear um livro pop-up.) Os vestidos e adereços fabulosos. Os movimentos coreografados dos actores. (Fez-me sorrir, o vestir e despir de casacos do Oblonsky.)
As próprias coreografias do momento de dança! *baba-se* Já sabia que o Joe Wright é um fã de transmitir momentos-chave da narrativa com uma dança entre os protagonistas, mas esta cena é particularmente intensa e acelerada, conseguindo transmitir com clareza os sentimentos dos três protagonistas. (Pobre Kitty.) A cena da corrida de cavalos é de loucos. (Cavalos! Num teatro!) Toda a tensão, os sons, para acabar num lapso patético da Anna e na morte do pobre do cavalo.
Mas a narrativa abranda, quando nos focamos na Kitty e no Levin. Contraponto à história da Anna e do Vronsky, a cena em que comunicam com os cubos é tão fofinha e tocante. Os momentos em que a Kitty chega à propriedade e ajuda o irmão do Levin também. Acho que o Levin se apaixona por ela outra vez, ao se aperceber duma nova faceta da mulher.
A Anna e o Vronsky? Ah... compará-los-ia à Catherine e ao Heathcliff de O Monte dos Vendavais. É fascinante ler sobre o seu louco, intenso caso, mas não aspiraria a viver a mesma história. Achei a Anna mal ajustada... É corajoso ir contra a sociedade em que se insere para seguir um grande amor, mas ela acaba por não saber lidar ou gerir a situação em que se encontra, levando ao seu fim trágico. Aí, lembrou-me mais de Os Maias. Suspeito que ambos os livros terão muito em comum.
O elenco é delicioso, especialmente por reconhecer muitas caras de outras coisas, o que ajuda a dar um contexto à torrente de princesas e condessas e sei lá mais o quê. (Aquela sociedade russa é mesmo complicada.) Os vislumbres que tive da Ruth Wilson, da Olivia Williams, da Kelly MacDonald, da Emily Watson ou da Michelle Dockery deixaram-me superanimada.
A Keira Knightley, bem, eu vê-la-ia em qualquer coisa de época. O Jude Law é discreto mas intenso no seu Karenin. Não acreditava que ele conseguisse parecer o papel que tem, mas conseguiu. O Matthew Macfadyen é tão divertido como Oblonsky. O papel é a cara dele. É impossível ficar zangada com o personagem, por mais sarilhos em que se meta.
Destacaria mais dois aspectos, a cinematografia - adoro o aspecto do filme em geral -, e a banda sonora. Acho que fiquei fã deste senhor (Dario Marianelli), porque ainda que invisível, o seu trabalho consegue ser muito evocativo. Lembro-me que costumava ouvir as bandas sonoras do Orgulho e Preconceito ou do Irmãos Grimm e recordar-me facilmente de cenas dos filmes. Tenho a certeza que quando ouvir a banda sonora deste filme vai acontecer o mesmo. Ao sair da sala, ouvindo o trecho do genérico, tive o meu primeiro dèjá-vu, e depois de pensar um bocadinho, cheguei à conclusão que a música me lembrava, estranhamente, de Cell Block Tango, do musical Chicago.
Acho que o maior elogio que posso fazer ao filme é penso que consegui apreender os grandes temas do livro, talvez vislumbrar alguns detalhes da história, e perceber as intenções do autor ao desenvolver o enredo geral. (Claro que só vou poder confirmar isto ao ler, de facto, o livro.) É uma abordagem original, a do realizador, mas para mim resultou.
Concordo com tudo, tudinho!!!*.*
ResponderEliminarÉ engraçado referires vários dos momentos que me marcaram no filme, talvez por estarem tão bem-feitos e simbolizarem tanto na sua simplicidade...eu li o livro e consigo perfeitamente adaptar cenas dele no filme, o essencial está lá e é o que importa =)
Por acaso adoro a Cell Block Tango xD
O facto de o filme ter a aprovação de alguém que já leu o livro, como é o teu caso, animou-me muito. E o meu receio realmente não era justificado, deu para acompanhar muito bem a história, e até aperceber-me de muito coisa sobre o livro. Acho que o Joe Wright acertou em cheio com a adaptação, se tanto eu que não li, como tu que leste, conseguimos igualmente gostar do filme e emocionar-nos com os mesmos momentos. :)
EliminarEu tambèm! Quase que sei a letra de cor. "He had it coming, he had it coming, he only had himself to blame...". ;)
Achei este filme absolutamente maravilhoso, e também não resisti a escrever um pouco sobre ele, lá no blogue. =) As duas cenas específicas que referes, a dança e a corrida de cavalos, foram dois dos momentos que mais me marcaram em todo o filme. E cheguei a pensar: como raio vai ele enfiar uma corrida de cavalos num teatro? E depois veio um magnífico: aahhhh! Lol Estranhamente, não me recordo muito bem da banda sonora... talvez por ter estado tão cativada pela imagem?! Não sei. Mas foi bom, muito bom.
ResponderEliminarMais uma fã! :D Gostei de ler a tua opinião... fez-me pensar que podias desenvolver mais a rubrica e opinar mais alguns filmes baseados em livros. ;)
EliminarAh, a cena dos cavalos deu cabo de mim. Primeiro pensei na loucura de meter cavalos num teatro, mas depois a emoção e tensão da cena e os sons e aquela parte em que toda a gente está parada... esqueci-me completamente da implausibilidade da coisa. Tiro o meu chapéu ao realizador, na altura nem lhe dei muita importância, mas quanto mais penso na cena mais gosto dela. :)
Se tiveres oportunidade, hás de ouvir bandas sonoras deste senhor cujos filmes já tenhas visto... ele é muito subtil a introduzir música, por isso não se dá por ela, mas depois ouves a banda sonora e faz-te lembrar de cenas do filme. ;)
O Joe Wright é um demo a escolher histórias para adaptar (só dramas e tragédias!! minus o P&P) mas tenho de concordar que ele é genial no que respeita a tudo o resto que perfaz um filme---elenco, cenários, cinematografia, etc.
ResponderEliminarTão verdade! O Expiação deu cabo de mim com aquele fim. :'(
EliminarO estilo visual dele é fabuloso, e tão distinto - mesmo neste, que é um bocadinho diferente, do OeP ou do Expiação, tinha coisas que são mesmo dele... há uma cena em que a Anna/Keira está ao espelho que me lembrou de quando a Lizzy está ao espelho a arranjar-se com a Jane para o baile no OeP. :D
Vais ver, ou já viste?
Olá!
ResponderEliminarDeixei um selinho para o blog em: http://howtoliveathousandlives.blogspot.pt/2012/12/campanha-de-incentivo-leitura-selo.html
Boas leituras! ;)
Obrigada! Boa recomendação, o livro é um pouco diferente do filme mas tão bom. ^-^
EliminarEu vi no fim-de-semana que fui a Lisboa e adorei.
ResponderEliminarTem um efeito visual que mistura filme e teatro que o tornou lindo. :)
Concordo, o teatro deu um aspecto fantástico ao filme, e os cenários eram fabulosos. :) É claro que os vestidos lindos também ajudaram... xD
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