sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Uma imagem vale mil palavras: Anna Karenina (2012)

Primeiro que tudo, e porque não consigo deixar de comentar os trailers que vejo antes dos filmes - vi o trailer d'Os Miseráveis! Estou a tentar não ficar com muitas expectativas, mas gosto muito de musicais e o elenco é estelar, o que torna a tarefa difícil.

Sobre o filme objecto do post... bem, que filme difícil. Compreendo que o modo como o filme foi construído possa passar ao lado de alguns espectadores, mas para mim o artifício de usar um teatro como cenário para a história resultou muito bem para mim a transmitir o modo como a sociedade russa funcionava, toda teatralidade e sufoco. Uma opção interessante do realizador Joe Wright.


Um realizador de que fiquei fã, pelo menos a ver os seus filmes de época (e adaptados de livros). Adoro o visual que dá aos filmes, e este não é excepção. Não é só o teatro, é os cenários usados e as transições de cena. (Quase parecia que estava a folhear um livro pop-up.) Os vestidos e adereços fabulosos. Os movimentos coreografados dos actores. (Fez-me sorrir, o vestir e despir de casacos do Oblonsky.)

As próprias coreografias do momento de dança! *baba-se* Já sabia que o Joe Wright é um fã de transmitir momentos-chave da narrativa com uma dança entre os protagonistas, mas esta cena é particularmente intensa e acelerada, conseguindo transmitir com clareza os sentimentos dos três protagonistas. (Pobre Kitty.) A cena da corrida de cavalos é de loucos. (Cavalos! Num teatro!) Toda a tensão, os sons, para acabar num lapso patético da Anna e na morte do pobre do cavalo.

Mas a narrativa abranda, quando nos focamos na Kitty e no Levin. Contraponto à história da Anna e do Vronsky, a cena em que comunicam com os cubos é tão fofinha e tocante. Os momentos em que a Kitty chega à propriedade e ajuda o irmão do Levin também. Acho que o Levin se apaixona por ela outra vez, ao se aperceber duma nova faceta da mulher.


A Anna e o Vronsky? Ah... compará-los-ia à Catherine e ao Heathcliff de O Monte dos Vendavais. É fascinante ler sobre o seu louco, intenso caso, mas não aspiraria a viver a mesma história. Achei a Anna mal ajustada... É corajoso ir contra a sociedade em que se insere para seguir um grande amor, mas ela acaba por não saber lidar ou gerir a situação em que se encontra, levando ao seu fim trágico. Aí, lembrou-me mais de Os Maias. Suspeito que ambos os livros terão muito em comum.

O elenco é delicioso, especialmente por reconhecer muitas caras de outras coisas, o que ajuda a dar um contexto à torrente de princesas e condessas e sei lá mais o quê. (Aquela sociedade russa é mesmo complicada.) Os vislumbres que tive da Ruth Wilson, da Olivia Williams, da Kelly MacDonald, da Emily Watson ou da Michelle Dockery deixaram-me superanimada.

A Keira Knightley, bem, eu vê-la-ia em qualquer coisa de época. O Jude Law é discreto mas intenso no seu Karenin. Não acreditava que ele conseguisse parecer o papel que tem, mas conseguiu. O Matthew Macfadyen é tão divertido como Oblonsky. O papel é a cara dele. É impossível ficar zangada com o personagem, por mais sarilhos em que se meta.


Destacaria mais dois aspectos, a cinematografia - adoro o aspecto do filme em geral -, e a banda sonora. Acho que fiquei fã deste senhor (Dario Marianelli), porque ainda que invisível, o seu trabalho consegue ser muito evocativo. Lembro-me que costumava ouvir as bandas sonoras do Orgulho e Preconceito ou do Irmãos Grimm e recordar-me facilmente de cenas dos filmes. Tenho a certeza que quando ouvir a banda sonora deste filme vai acontecer o mesmo. Ao sair da sala, ouvindo o trecho do genérico, tive o meu primeiro dèjá-vu, e depois de pensar um bocadinho, cheguei à conclusão que a música me lembrava, estranhamente, de Cell Block Tango, do musical Chicago.

Acho que o maior elogio que posso fazer ao filme é penso que consegui apreender os grandes temas do livro, talvez vislumbrar alguns detalhes da história, e perceber as intenções do autor ao desenvolver o enredo geral. (Claro que só vou poder confirmar isto ao ler, de facto, o livro.) É uma abordagem original, a do realizador, mas para mim resultou.

10 comentários:

  1. Concordo com tudo, tudinho!!!*.*

    É engraçado referires vários dos momentos que me marcaram no filme, talvez por estarem tão bem-feitos e simbolizarem tanto na sua simplicidade...eu li o livro e consigo perfeitamente adaptar cenas dele no filme, o essencial está lá e é o que importa =)

    Por acaso adoro a Cell Block Tango xD

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O facto de o filme ter a aprovação de alguém que já leu o livro, como é o teu caso, animou-me muito. E o meu receio realmente não era justificado, deu para acompanhar muito bem a história, e até aperceber-me de muito coisa sobre o livro. Acho que o Joe Wright acertou em cheio com a adaptação, se tanto eu que não li, como tu que leste, conseguimos igualmente gostar do filme e emocionar-nos com os mesmos momentos. :)

      Eu tambèm! Quase que sei a letra de cor. "He had it coming, he had it coming, he only had himself to blame...". ;)

      Eliminar
  2. Achei este filme absolutamente maravilhoso, e também não resisti a escrever um pouco sobre ele, lá no blogue. =) As duas cenas específicas que referes, a dança e a corrida de cavalos, foram dois dos momentos que mais me marcaram em todo o filme. E cheguei a pensar: como raio vai ele enfiar uma corrida de cavalos num teatro? E depois veio um magnífico: aahhhh! Lol Estranhamente, não me recordo muito bem da banda sonora... talvez por ter estado tão cativada pela imagem?! Não sei. Mas foi bom, muito bom.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mais uma fã! :D Gostei de ler a tua opinião... fez-me pensar que podias desenvolver mais a rubrica e opinar mais alguns filmes baseados em livros. ;)

      Ah, a cena dos cavalos deu cabo de mim. Primeiro pensei na loucura de meter cavalos num teatro, mas depois a emoção e tensão da cena e os sons e aquela parte em que toda a gente está parada... esqueci-me completamente da implausibilidade da coisa. Tiro o meu chapéu ao realizador, na altura nem lhe dei muita importância, mas quanto mais penso na cena mais gosto dela. :)

      Se tiveres oportunidade, hás de ouvir bandas sonoras deste senhor cujos filmes já tenhas visto... ele é muito subtil a introduzir música, por isso não se dá por ela, mas depois ouves a banda sonora e faz-te lembrar de cenas do filme. ;)

      Eliminar
  3. O Joe Wright é um demo a escolher histórias para adaptar (só dramas e tragédias!! minus o P&P) mas tenho de concordar que ele é genial no que respeita a tudo o resto que perfaz um filme---elenco, cenários, cinematografia, etc.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tão verdade! O Expiação deu cabo de mim com aquele fim. :'(

      O estilo visual dele é fabuloso, e tão distinto - mesmo neste, que é um bocadinho diferente, do OeP ou do Expiação, tinha coisas que são mesmo dele... há uma cena em que a Anna/Keira está ao espelho que me lembrou de quando a Lizzy está ao espelho a arranjar-se com a Jane para o baile no OeP. :D

      Vais ver, ou já viste?

      Eliminar
  4. Olá!

    Deixei um selinho para o blog em: http://howtoliveathousandlives.blogspot.pt/2012/12/campanha-de-incentivo-leitura-selo.html

    Boas leituras! ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada! Boa recomendação, o livro é um pouco diferente do filme mas tão bom. ^-^

      Eliminar
  5. Eu vi no fim-de-semana que fui a Lisboa e adorei.
    Tem um efeito visual que mistura filme e teatro que o tornou lindo. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo, o teatro deu um aspecto fantástico ao filme, e os cenários eram fabulosos. :) É claro que os vestidos lindos também ajudaram... xD

      Eliminar