sábado, 11 de outubro de 2014

Curtas: BD parte II - Wolverine and the X-Men, Hawkeye

Wolverine and the X-Men vol. 5, Jason Aaron, Nick Bradshaw, Steve Sanders, David López
X-Men são dos meus heróis favoritos para seguir, e cheguei à conclusão que gosto particularmente das histórias que metem aquilo a que vou chamar "sarilhos na escola para mutantes". Algumas das fases dos X-Men que mais gostei de acompanhar metiam isto. New X-Men do Grant Morrison, a fase dos New X-Men que se seguiu, quando seguia equipas de jovens mutantes, e agora este título de Wolverine and the X-Men.

Que é o mais divertido de todos, provavelmente. Primeiro porque, ei, o Wolverine é o director da escola para mutantes! Parece impossível, mas tem resultado. Mais ou menos. A escola ia quase sendo destruída no primeiro dia, nada de mais. Depois, porque as situações que têm acontecido ao longo dos números têm sido bem divertidas (ver: escola quase destruída no primeiro dia), e as próprias histórias têm sido escritas com um bom sentido de humor. Cada personagem sente-se como único, e não há um que me aborreça.

Este volume começa com a Kitty Pryde à procura de um novo professor para a escola, o que se torna engraçado quando tem de afastar gente como o Blade e o Deadpool; entretanto, a Rachel Grey e o Wolverine andam à procura do Hellfire Club, que na sua versão júnior (a sério, são putos psicopatas muito inteligentes) têm dado alguns sarilhos à escola; e o Anjo tenta recrutar uma nova jovem mutante no Brasil.

De caminho, os professores são enfeitiçados para se tornarem parte dum circo (e temos direito a Wolverine vestido de palhaço, que é das coisas mais hilariantes que já vi), e são os estudantes que têm de ir resolver a coisa. O enredo acaba por envolver os miúdos do Hellfire Club duma maneira surpreendente, e diria que o capítulo inicial e estes do circo são os meus favoritos do livro.

O último número é um de transição. O Wolverine fica de babysitter na escola, porque é a noite de folga dos professores. A Kitty e o Bobby vão sair num encontro, o que parece estranho, um módico de normalidade numa vida tão incomum como a que têm. O Fera tenta ajudar o Broo, que está em coma. E a Tempestade mete-se com o Wolverine, deixando-o desconfortável (o Wolverine desconfortável? ah!), e pede-lhe ajuda para o corte de cabelo mais assustador que eu já vi. Um cabeleireiro está demasiado fora de moda?

Em termos de arte, também favoreço o artista que desenhou o primeiro número (#19) e os números do circo (#21-23), Nick Bradshaw. É um traço mais seguro e distintivo e trabalhado, e que visualmente resulta melhor para mim. Gosto menos do trabalho do desenhador do número #24, David López, cuja maneira de desenhar as faces é demasiado estranha para mim, e a coloração às vezes não ajuda.

Hawkeye vol. 1: My Life as a Weapon, Matt Fraction, David Aja, Javier Pulido, Alan Davis
Isto... bem, por vezes o burburinho em torno de uma coisa é totalmente merecido. Este é um desses casos. Este é um livro tão divertido e escrito duma maneira fabulosa  A ideia-base é a de seguirmos Clint Barton, o Hawkeye/Gavião Arqueiro, quando não está com os VIngadores ou a SHIELD. No dia-a-dia. A fazer coisas normais. Bem, se considerarmos passar seis semanas no hospital normal, suponho eu.

Parte do interesse tem a ver com a caracterização do protagonista. Geralmente o Hawkeye é o tipo mais "normal" no meio de imensos superseres, e isso é capaz de o ter contagiado um bocadinho com o superheroísmo, mas também com o ego e a atitude. Porque o Clint no tempo livre acaba por tentar resolver os problemas que vê à sua volta. Só que com a sua sorte (ou azar) macaca, acaba sempre metido em sarilhos. Ou no hospital. E a cereja no tipo do bolo é a atitude "costelas partidas? gesso nas pernas durante 6 semanas? ah, isto não é nada", combinada com uma boa dose de não saber quando desistir. Acaba por ser um personagem bem engraçado de seguir, pelo seu ponto de vista único.

Também gosto tanto do papel da Kate Bishop nas histórias. Primeiro porque metade das vezes ela acaba a salvar o traseiro do Clint. E na outra metade, ela acaba a fazer um truque qualquer com as setas e o arco que até ele fica impressionado. E depois porque acho imensa piada à relação que os dois têm. O Clint assume um papel de mentor, mais ou menos, mas não dum modo formal. Os dois têm feitios tão parecidos que passam o tempo a meter-se um com o outro, mas também é por isso que trabalham bem juntos.

Este volume tem ainda um número de Young Avengers Presents, dedicado à Kate, que é sobre a primeira vez que ela e o Clint se encontram. Muito giro, dá para entever alguma da dinâmica da equipa Young Avengers, e para perceber como é que eles se encaixavam no universo Avengers. Também é interessante ver o Clint a testar a Kate para ver se ela é merecedora de usar o seu arco e o seu nome de código.

Em termos narrativos e visuais, adoro as opções que os autores tomaram aqui. Narrativamente, Matt Fraction não tem medo de usar estruturas menos comuns e mais complexas - o intercalar de narrativa entre o passado imediato e o presente, uma enumeração como fio narrativo, o uso de uma pista visual para um personagem que vai aparecer mais à frente (fiquei tão contente quando topei isto) -, o que aumentou para mim o interesse das histórias.

David Aja desenha os três primeiros números, e é qualquer coisa merecedora de se ver. O desenho em si não é muito complexo, mas usa bem sombras e o preto/branco, e o uso de vinhetas abundantes e o seu posicionamento na prancha é fabuloso. O outro artista, Javier Pulido, não arrisca tanto visualmente, mas também tem uma ou outra opção interessante.

O trabalho de cores é fantástico, e complementa muito bem o estilo de David Aja, usando o preto/branco a seu favor - os ambientes são monocromáticos, com o destaque e uso abundante duma cor em primeiro plano, como o roxo ou o vermelho. (E gosto tanto daquelas capas mais minimalistas.) É um volume que vale mesmo a pena.

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