terça-feira, 2 de setembro de 2014

Uma imagem vale mil palavras: If I Stay (2014)

Tenho feito por feito a maior parte das adaptações de livros YA ao cinema, porque é um género que me interessa, porque li grande parte dos livros adaptados, e porque fico curiosa acerca da adaptação e de como a história vai ser adaptada. Umas vezes fico satisfeita, outras passo o filme a revirar os olhos, outros dão-me vontade de bater com a cabeça nas paredes. Fico muito feliz em poder dizer que If I Stay é mais o primeiro caso, uma boa adaptação sem perder de vista a história original, mas que é a sua própria história, podendo ser acompanhada perfeitamente sem ter lido o livro. (Aliás, a reacção das pessoas que não conhecem a história será muitíssimo interessante, imagino.)

E antes de começar, pontos bónus por uma vez na vida, os palermas do cinema a que vou aproveitarem uma adaptação de livro YA para, sei lá, passarem de facto trailers de futuras adaptações YA. Haja alguém que saiba fazer render o peixe, e tente conhecer a audiência alvo. (Os trailers eram do The Giver e do Maze Runner.)

Bem, a parte chata de eu achar que o filme é relativamente fiel à história original é que acabo por não ter muito que comentar. Gosto muito de como montaram a narrativa, e da oposição que fizeram do ambiente estéril e frio do hospital, com as memórias e flashbacks da Mia, muito mais coloridos e vívidos. Contrapõe a normalidade da vida do dia-a-dia, com o horror do que está a acontecer a esta família.

Adorei a família da Mia, a maneira como se relacionavam, o humor, as piadinhas, a relação que os pais tinham com ambos os filhos... o Teddy era uma coisinha tão fofa, já pronto para seguir as pisadas rockeiras dos pais, enquanto que a Mia era a menina certinha, que mesmo assim não deixava de passar por aqueles momentos adolescentes de se ficar embaraçado com os pais. Mesmo sendo uns pais pouco convencionais, os pais da Mia não deixavam de ser pais, dando carinho e estrutura à família, apoiando-a nos seus sonhos, e inusitadamente dando-se bem com o namorado Adam, tendo gostos mais próximos dos dele que dos da Mia.

Creio que é uma história que vai agradar a quem tenha lido o livro, mas que também vai cativar quem não o leu. Tenho o caso da minha irmã, que não conhecia a história, e que apesar do seu gosto por spoilers, consegui mantê-la no escuro acerca do destino da Mia; e sei que ela passou o filme a roer as unhas e a sofrer com a Mia, a torturar-se acerca do fim que lhe estava destinado. Coitada, no fim estava um pouco abananada com a história e com "o comboio emocional que a tinha abalroado". Portanto, é uma história poderosa para qualquer espectador.

Gostei bastante do elenco no geral, pareceu-me que os actores tinham alguma quimica, que as relações da Mia com os pais e com o Adam eram credíveis. A Chloë faz um relativamente bom trabalho com a certinha e clássica Mia, mas faltou-lhe ali intensidade nas cenas mais dramáticas. Estou a pensar numa cena em que a Mia descobre um facto devastador, e em que a actriz se joga para o chão, mas dum modo tão pouco credível que passei a cena a desejar que ela se jogasse para o chão a sério, esfolasse os joelhos, berrasse como não houvesse amanhã, e sei lá mais o quê. Qualquer coisa para me fazer acreditar que o mundo da Mia acabava ali. (Não me fez. Acreditar, isto é.)

Gostei da interpretação do Jamie, não esperava que ele fosse cantar mesmo as cenas em que o personagem canta, por isso foi um toque engraçado. Já disse que adorei os pais da Mia, e o irmãozinho Teddy. A enfermeira que fala com a Mia no hospital também é uma personagem secundária muito boa. Mas quem rouba o espectáculo é o actor que faz de avô da Mia e que tem uma cena tremendamente emocional lá mais para o fim. Uma cena super difícil, mas ele conseguiu transmitir todas as emoções, o luto, o quão difícil lhe era dizer aquilo, mas o quanto sentia que era necessário dizê-lo também. Partiu-me o coração.

Acho que a única outra coisa que gostava de destacar é uma cena em que a Mia e o Adam conversam sobre ele nunca lhe ter escrito uma canção, e ele dizer que não consegue escrever sobre estar feliz. E depois ela pergunta-se o que tem de fazer para conseguir um álbum inteiro. Bem. Não me lembrava disto no livro, mas conhecendo a premissa e a história do segundo livro, Where She Went/Espera por Mim, é bastante revelador e profético. Até já estou a ficar triste só de me lembrar do livro em questão.

Em suma, uma adaptação muito meritória, e que acho que valeu mesmo a pena ver.

Sem comentários:

Enviar um comentário