quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Demanda do Visionário, Robin Hobb


Não, isto não é um documento classificado da CIA, LOL. A minha opinião tem bastantes spoilers, por isso como é o fim da saga vou "esconder" as partes mais sensíveis. Para ler o texto é só seleccioná-lo.

Opinião: Um final espectacular e bem satisfatório para a saga. Que foi também estranhamente contraditório. Achei que as cenas na Estrada se arrastaram um pouco, mas adorei-as. Achei que as coisas na Pedreira iriam ser monótonas, mas foram excitantes. Creio que o final foi o mais acertado possível, mas estou aqui melancólica a desejar que muitas coisas fossem diferentes.

É assim que a Robin Hobb nos deixa: com a montanha-russa emocional por que faz passar os seus personagens, é impossível não os acompanharmos e rir e sofrer com eles. O Fitz deve ser o protagonista mais sofrido que eu já li. Primeiro, está sempre a ser ferido fisicamente. Depois, para acompanhar, a autora lança-lhe uns belos murros emocionais para dar cabo do rapaz. A única coisa que me anima é que ele não está propriamente sozinho, e tem pessoas que se preocupam com ele.

Este livro, mas do que o anterior, corresponde à demanda (quest) do título. Foi muito interessante acompanhar o grupo que parte (finalmente!) em busca de Veracidade e dos Antigos. Se bem que esta parte me deixou impaciente quanto à capacidade do Fitz a juntar as peças do puzzle - não percebeu nada do que se passava com a Esporana; a Panela e o Veracidade iam deixando, através das suas meias-palavras, muitas pistas sobre o que estava para vir; epercebi logo o que se estava a passar com o Bobo e a "praia do Capelim".

Mas as cenas na Estrada foram bastante interessantes. Vemos as tensões entre pessoas que viajam juntas. Gostei de ver melhor a relação entre o Bobo e o Fitz e os seus papéis nesta demanda (citando a Panela, são o Parvo e o Idiota, ahahah). Especialmente o Bobo, que finalmente se me revelou como personagem.

Quanto aos Antigos, já calculava o que eram (as capas anteriores, do 4º volume à frente e do 3º atrás são bem óbvias). Nunca me teria lembrado do modo de lhes pedir ajuda, seja a maneira do Veracidade como a do Fitz. A do Veracidade deixou-me triste, claro, porque apesar do tempo que ele esteve desaparecido nunca duvidei que a Kettricken o trouxesse para casa. A do Fitz, ainda me deixou mais espantada, porque é tão simples que até parece ridículo. É irónico que em animais esculpidos com Talento, seja a Manha crucial para os libertar. Ainda para mais por ser Manhoso ser uma coisa mal vista nos Seis Ducados...

Penso que a opção da autora de o Fitz não chegar a entrar na batalha final com os dragões contra os Salteadores faz todo o sentido. O seu papel já tinha tido lugar, e nem sempre os protagonistas duma história conseguem estar no centro de TODOS os acontecimentos, o que seria ridículo. Gostava que as coisas em torno dos Salteadores e de como eles criavam os Forjados tivessem sido mais desenvolvidas. Aquilo que os dragões faziam e como isso estava ligado aos Forjados podia também ter sido mais explícito.

Achei piada ao que o Fitz fez ao Majestoso. Sempre achei que o Fitz era muito mais capaz no Talento do que parecia, não esperava era a razão pela qual ele estava "empatado". Também gostei que a Robin Hobb conseguisse dar-nos o ponto de vista do Majestoso, e fê-lo muito bem.

Quanto ao final, acabei por achar bastante acertado o destino dos personagens. Incluindo o do Fitz. É triste, mas do modo como ele se vê de momento e é visto nos Seis Ducados só podia virar eremita. Até da Moli e do Castro já estava mais ou menos à espera, já que há pistas desde o 3º livro. O Breu tem um final que merecia. E Majestoso também tem finalmente o final que merecia.

Enfim, adorei esta série e estou curiosa para pegar na próxima, porque houveram coisas que ficaram em suspenso e estão mesmo a jeito para desenvolver na segunda trilogia. Recomendo vivamente, pela história, pela criação de mundos e até pela escrita.

Título original: Assassin's Quest (1997) [2ª metade do original]

Páginas: 480

Editora: Saída de Emergência

Tradutor: Jorge Candeias

2 comentários:

  1. Confesso que não li o teu comentário só as últimas linhas porque comecei a ler hoje o quarto, mas fico contente por saber que adoraste a série e que este foi um final assim tão bom. Embora ainda não tenha lido muito, sinto que o Fitz irá deixar saudades...

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  2. Sei que o final do livro deixou algumas pessoas desiludidas, mas precisamente pelos comentários que li é que não ia com expectativas grandiosas e acabei por apreciar mais aquilo que a Robin Hobb fez com o fim. ;)

    Oh se deixou saudades, estou aqui mortinha para pegar no primeiro da segunda trilogia, mas estou a ver se descanso um bocado deste mundo, e se mais livros da trilogia são publicados antes de me lançar a ele. :)

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