quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Leviatã, Scott Westerfeld


Opinião: Adorei o que o Scott Westerfeld fez aqui com o cenário da 1ª Guerra Mundial (1GM). Em Leviatã, temos também a tensão entre as grandes potências europeias, e a corrida ao armamento, só que com uma reviravolta steampunk, com descobertas científicas e desenvolvimentos tecnológicos muito à frente desse tempo.

Dum lado temos os Clankers, representados pelos Impérios Germânico e Austro-Húngaro, que usam máquinas de guerra como zeppelins, fragatas de guerra com pernas e robôs-mecha. Do outro, os Darwinistas, representados pelos Britânicos, os Russos ou os Franceses, cujas armas de guerra são de origem natural, mas manipuladas: o ADN e o modo de o manipular foi descoberto muito mais cedo e os Darwinistas criam animais não encontrados na Natureza.

Um desses exemplos é o titular Leviatã, uma nave de guerra semelhante a um zeppelin, mas composta por uma baleia gigante cheia de hidrogénio, combinada com uma série de espécies responsáveis por tornar a nave quase auto-suficiente: é um ecossistema móvel fascinante.

No rebentar do conflito, com o assassinato do arquiduque Francisco Fernando, conhecemos dois jovens: Deryn Sharp, uma britânica que se alista na Força Aérea como um rapaz, Dylan; e Alek, filho do arquiduque e perseguido pelas tropas alemãs.

Gostei bastante da Deryn. Achei incrível como ela conseguiu fazer passar-se por um rapaz, imitando até a fanfarronice e trejeitos dos outros jovens aspirantes a bordo do Leviatã. Houve uma cena com que me pôs a rir, em que põe espuma da barba na cara para fingir que se está a barbear. Até o Alek se deixa enganar, chegando a pensar que o "Dylan" era o rapaz que gostava de ter sido, se não tivesse tido uma educação privilegiada.

Não que seja muito difícil enganar o Alek, pensando bem. O rapaz passa o livro a cometer pequenos (ou grandes) faux-pas, como deixar escapar demasiadas pistas sobre a sua identidade, ou meter-se à frente da linha de fogo de aviões alemães. Acho que é um pouco convencido, dada a sua posição social, mas não é possível deixar de nos compadecermos com ele, já que perdeu os pais e se vê envolvido na guerra involuntariamente.

O enredo, usando a 1GM como pano de fundo, acaba por ser bem interessante e criando uma boa história de acção e aventura. Ressenti-me um pouco do tom mais juvenil que não encontrei nos outros livros do autor que tenha lido, mas habituei-me e não é assim tão incómodo. Os personagens secundários pareceram-me bem interessantes, com destaque para o conde Volger e a doutora Nora Barlow. A premissa steampunk já elogiei e volto a elogiar, pois achei bem interessantes as formas de armamento que o autor criou.

Fico muito curiosa para ver o que vem a seguir, se bem que me parece que ainda não é no próximo livro que a Deryn/Dylan "sai do armário", com muita pena minha, porque estou morta para ler as reacções dos personagens quando isso acontecer. Enfim, vou de certeza ainda rir um bocadinho à custa disso, porque os enganos em torno do sexo de um personagem dão às vezes pano para mangas. Também fico interessada em ver o que está reservado de seguida para o Leviatã.

Título original: Leviathan (2009)

Páginas: 336

Editora: Vogais

Tradutora: Raquel Dutra Lopes

2 comentários:

  1. Ah! Fiquei ainda com mais altas expectativas para este! Tenho ali em inglês para ler :D

    Steampunk é tão divertido \0/

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  2. Bem giro. ;) Como não é muito grande, lê-se num instante.

    Estou a gostar bastante desta estética do steampunk, encontram-se por aí uns livrinhos giros... :D

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