Opinião: Adorei o que o Scott Westerfeld fez aqui com o cenário da 1ª Guerra Mundial (1GM). Em Leviatã, temos também a tensão entre as grandes potências europeias, e a corrida ao armamento, só que com uma reviravolta steampunk, com descobertas científicas e desenvolvimentos tecnológicos muito à frente desse tempo.
Dum lado temos os Clankers, representados pelos Impérios Germânico e Austro-Húngaro, que usam máquinas de guerra como zeppelins, fragatas de guerra com pernas e robôs-mecha. Do outro, os Darwinistas, representados pelos Britânicos, os Russos ou os Franceses, cujas armas de guerra são de origem natural, mas manipuladas: o ADN e o modo de o manipular foi descoberto muito mais cedo e os Darwinistas criam animais não encontrados na Natureza.
Um desses exemplos é o titular Leviatã, uma nave de guerra semelhante a um zeppelin, mas composta por uma baleia gigante cheia de hidrogénio, combinada com uma série de espécies responsáveis por tornar a nave quase auto-suficiente: é um ecossistema móvel fascinante.
No rebentar do conflito, com o assassinato do arquiduque Francisco Fernando, conhecemos dois jovens: Deryn Sharp, uma britânica que se alista na Força Aérea como um rapaz, Dylan; e Alek, filho do arquiduque e perseguido pelas tropas alemãs.
Gostei bastante da Deryn. Achei incrível como ela conseguiu fazer passar-se por um rapaz, imitando até a fanfarronice e trejeitos dos outros jovens aspirantes a bordo do Leviatã. Houve uma cena com que me pôs a rir, em que põe espuma da barba na cara para fingir que se está a barbear. Até o Alek se deixa enganar, chegando a pensar que o "Dylan" era o rapaz que gostava de ter sido, se não tivesse tido uma educação privilegiada.
Não que seja muito difícil enganar o Alek, pensando bem. O rapaz passa o livro a cometer pequenos (ou grandes) faux-pas, como deixar escapar demasiadas pistas sobre a sua identidade, ou meter-se à frente da linha de fogo de aviões alemães. Acho que é um pouco convencido, dada a sua posição social, mas não é possível deixar de nos compadecermos com ele, já que perdeu os pais e se vê envolvido na guerra involuntariamente.
O enredo, usando a 1GM como pano de fundo, acaba por ser bem interessante e criando uma boa história de acção e aventura. Ressenti-me um pouco do tom mais juvenil que não encontrei nos outros livros do autor que tenha lido, mas habituei-me e não é assim tão incómodo. Os personagens secundários pareceram-me bem interessantes, com destaque para o conde Volger e a doutora Nora Barlow. A premissa steampunk já elogiei e volto a elogiar, pois achei bem interessantes as formas de armamento que o autor criou.
Fico muito curiosa para ver o que vem a seguir, se bem que me parece que ainda não é no próximo livro que a Deryn/Dylan "sai do armário", com muita pena minha, porque estou morta para ler as reacções dos personagens quando isso acontecer. Enfim, vou de certeza ainda rir um bocadinho à custa disso, porque os enganos em torno do sexo de um personagem dão às vezes pano para mangas. Também fico interessada em ver o que está reservado de seguida para o Leviatã.
Título original: Leviathan (2009)
Páginas: 336
Editora: Vogais
Tradutora: Raquel Dutra Lopes
Ah! Fiquei ainda com mais altas expectativas para este! Tenho ali em inglês para ler :D
ResponderEliminarSteampunk é tão divertido \0/
Bem giro. ;) Como não é muito grande, lê-se num instante.
ResponderEliminarEstou a gostar bastante desta estética do steampunk, encontram-se por aí uns livrinhos giros... :D