A minha opinião para a leitura conjunta deste livro, relativa à primeira parte (Capítulos I a XIII). Poderão ler a opinião da Rita no blog A Magia dos Livros.
Começamos este livro com uma Jane nos seus 10 anos, vivendo na casa da tia, a Mrs. Reed, e odiada por esta. A Jane só está lá a viver porque o tio (Mr. Reed), irmão da mãe, ao morrer pediu que a Mrs. Reed cuidasse dela. É claro que a definição de "cuidar dela" da Mrs. Reed é um pouco enviesada... Pobre Jane, é uma miúda tímida e calada, mas capaz de dizer coisas que parecem que sairam da boca de um adulto, e talvez seja por isso que a tia não gosta dela, por mais que ela se esforce.
Esta infância vai deixar uma forte impressão na Jane, parece-me, pois esta fica com um forte sentido de (in)justiça e com a capacidade de se indignar com as injustiças feitas a outros (e a ela também). Um certo episódio de infância da Jane, em que ela fica fechada num quarto que pensa que tem um fantasma, e durante o qual tem uma crise nervosa, também deve contribuir algo para o seu feitio e para a sua capacidade de indignação (quando fala, por exemplo, com a Helen Burns).
Acusada de mentirosa pela tia, é enviada para Lowood, uma instituição que recebe jovens raparigas e as educa, e dirigida pelo Mr. Brocklehurst, um clérigo mais papista que o Papa e que dirige a instituição com mão de ferro, aonde as alunas são sujeitas a muitas privações.
É aqui que a Jane conhece a Helen Burns, uma jovem que me pareceu ter algum tipo de dificuldade de aprendizagem. Por vezes consegue tomar atenção (com a Miss Temple, por exemplo, ou com assuntos que lhe interessem muito), mas por vezes não consegue, sendo também pouco arrumada e levando castigos. No entanto, ao contrário da Jane, a Helen não se indigna, sendo paciente e aceitadora do que lhe acontece. A sua crença em Deus e na recompensa divina dão-lhe uma serenidade quanto ao seu problema e aos castigos, e acho que a Jane aprende muito com ela.
Entretanto, Lowood é assolada por uma epidemia de febre tifóide, e devido às péssimas condições da instituição e às privações, muitas alunas adoecem, e uma parte morre, a Helen incluida (se bem que ela tem tuberculose, o que agrava a situação). É um golpe para a nossa Jane. Mas esta epidemia serve ao menos para alguma coisa, pois chama a atenção de muitos benfeitores para as condições a que as jovens estavam expostas, e a instituição é melhorada por causa disso.
Achei interessante esta parte da instituição porque parece que é algo autobiográfica. A Charlotte e as irmãs estiveram num internato semelhante a Lowood, e duas morreram devido a tuberculose, como a Helen, que apanharam na escola. Uma das irmãs até parece ter sido o modelo da Helen.
Depois do melhoramento de Lowood, Jane fica lá por 8 anos, 6 como aluna e 2 como professora. Com o companheirismo de Miss Temple, a directora de Lowood, Jane cresce num ambiente mais agradável do que aquele em que viveu nos primeiros anos da sua vida, tornando-se numa jovem inteligente e independente. Mas o espirito inquisitivo da Jane quer mais, ver mais, e atreve-se a pôr um anúncio a oferecer os seus serviços como perceptora (outro aspecto autobiográfico da vida da Charlotte).
Acaba por ir parar a Thornfield Hall, uma casa cujo dono (o Mr. Rochester) está fora durante muito tempo, sendo que é recebida pela governanta, Mrs. Fairfax. Jane tem de educar Adèle Varens, a protegida do Mr. Rochester, que é uma miúda muito vaidosa e algo tolinha, mas que começa a melhorar sob a supervisão da Jane.
Thornfield Hall tem uma atmosfera gótica, emanando já uma ou outra pista de algo estranho, mas Jane é bem recebida e sente-se em casa em Thornfield Hall. Entretanto chega o dono da casa, o Mr. Rochester, e ele e a Jane têm logo um encontro de 3º grau, com o cavalo dele a deitá-lo abaixo à frente da Jane, que o tem de ajudar a subir para o cavalo.
Esta parte termina com uma conversa à lareira em que o Mr. Rochester como que interroga a Jane, e descobrimos a faceta dela de desenhadora. O Mr. Rochester mostra ser na conversa uma pessoa algo rude, com um feitio peculiar, mas também com um certo sentido de humor.
Sem comentários:
Enviar um comentário