sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Querido Inimigo, Jean Webster


Opinião: Sallie McBride é uma jovem de boas famílias, ociosa e frívola que é convidada pelos protagonistas do Papá das Pernas Altas, para dirigir o Orfanato John Grier, que tem um papel significativo no livro anterior por ser onde Judy viveu e através do qual ela e o Jervis se conhecem, por assim dizer.

Este livro está também na forma epistolar, e Sallie corresponde-se principalmente com a Judy, mas também com o Jervis, com o doutor que apoia o orfanato, Robin MacRae e com o seu amigo/interesse amoroso, Gordon Hallock. As cartas são bem divertidas, porque mostram como a Sallie vê os seus correspondentes, especialmente naquilo que lhes escreve:

À Judy conta coisas pessoais, mas também muita coisa sobre o orfanato, porque sabe que o Jervis também será informado das mesmas; com o Gordon tenta falar de coisas que lhe interessem a ele, mas não evita falar do orfanato, tão embrenhada está no melhoramento deste; e ao médico dirige as cartas com um "Querido Inimigo" (pois não consegue evita antipatizar com ele desde o início), mas ao mesmo tempo as cartas são bem humoradas, pois denotam a relação turbulenta entre os dois.

Gostei imenso de ver a evolução da Sallie ao longo do livro, à medida que deixa de ser tão frívola e se vai empenhando muito no melhoramento do orfanato e apreciei ver a maneira como se preocupa com os órfãos. O livro, escrito numa altura de grandes evoluções científicas e de evoluções a nível de pedagogia e saúde pública, mostra como Sallie (e o doutor, o Querido Inimigo) se empenham em fazer evoluir o orfanato, de modo a melhorar as condições de higiene, de alimentação e de saúde física e psicológica das crianças.

Também gostei de ler o livro por nos mostrar algum do pensamento científico da época, como as ideias que corriam sobre a hereditariedade no alcoolismo e naquilo a que a Sallie chama "fraqueza de espírito". Ela até menciona um conceito, lido num dos livros que o doutor lhe empresta, relacionado com eugenia, que era algo popular no início do século XX.

Achei muito divertida a relação entre a Sallie e o doutor, pois no minuto em que se vêem antipatizam um com o outro, por serem tão diferentes - o doutor é sério e taciturno e a Sallie divertida e algo frívola. Mas acabam por concordar em muita coisa, como no modo de melhorar as coisas no orfanato. As cartas da Sallie para a Judy mostram como eles deixam de antipatizar e se aproximam; e as cartas dela para ele, a dirigir-se-lhe como "Querido Inimigo", são muito divertidas, pois quase sempre são escritas quando eles têm um desentendido sem importância.

Enfim, um livro adorável, e do qual gostei mais do que o primeiro, pois é mais maduro, mas também bem humorado e algo informativo.

Título original: Dear Enemy (1915)

Páginas: 192

Editora: Biblok

Tradutor: Miguel Carvalho

2 comentários:

  1. oi adoraria ler este livro!!
    sou do brasil e aqui este livro foi lançado somente em uma coleçao de livros de 1957!
    triste porque não lançaram mais nenhuma ediçao, voces tem sorte.
    e o papa das pernas altas(papai pernilongo no BR) tambem muito dificil de achar! :( eu tenho uma ediçao bem antiga!
    seu blog é bem legal, parabens!!

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    1. Oi May! Bem-vinda ao meu cantinho. :D

      Foi realmente uma sorte fazerem a edição destes dois livros da Jean Webster, acho que nunca tinham sido editados por cá... ambos os livros foram vendidos com uma revista, por isso a edição é daquelas simples e baratas, mas a capa é bem gira. ;)

      Obrigada! :)

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