sábado, 19 de janeiro de 2013

Orgulho e Preconceito, Jane Austen


Opinião: Este ano celebra-se o 200º aniversário da publicação deste livro. Nem me tinha dado conta, peguei nele porque estava com saudades duma história que adoro. Mas foi uma escolha oportuna, porque, entretanto, descobri uma coisa que me deixou meio histérica ao pesquisar esta história do aniversário da publicação. É que Orgulho e Preconceito foi publicado, há 200 anos... no dia em que faço anos. Ah, lol, é demasiado perfeito. :D

Bem, não sei que opinião é que devo dar quando já li o livro um monte de vezes. A este ponto conheço demasiado bem certas frases, e quase consigo ouvir os actores da minha adaptação favorita (a de 2005) a pronunciá-las. A certa altura dei por mim a ler uma fala da Mrs. Gardiner e a "ver" a Mrs. Crawley de Downton Abbey a dizê-la. Naturalmente porque é a mesma actriz nos dois papéis. Mas nunca me tinha dado conta disso até agora.

O que mais aprecio ao ler este livro é que descubro sempre novos pormenores, novas coisas ao reler. Que me fazem apreciar mais a história. É tão divertido ver o snobismo de alguns personagens no seio burguês, quando nenhum deles chega a ser nobre. O mais próximo que alguém está de ter um título é a Lady de Bourgh, filha e irmã de um conde, acho eu. (E todos sabemos o que isso faz pelo ego dela.)

Sempre achei tremendamente malandro da Jane Austen fazer um leitor menos avisado pensar que a Elizabeth Bennet tem o seu quê de interesseira ao se ver o seu interesse pelo Mr. Darcy aumentar depois de ver a magnificência de Pemberley. Na verdade, ela muda mais um pouco de atitude em relação a ele depois de Pemberley, mas isso tem mais a ver com o que intui da personalidade dele e da sua mudança de atitude depois das críticas dela.

Adoro o momento do pedido de casamento, com a Elizabeth a desancar no Mr. Darcy por ser um convencido e um metediço, mais a carta que ele lhe dá após este momento. (Aliás, sou fã do uso de cartas nos livros de Jane Austen.) Ao obrigá-la a reavaliar algumas coisas que tinha por certas, a carta opera uma mudança interior na Lizzy que a obriga a ver o Mr. Darcy com outros olhos. E as críticas que ela lhe fez não caem em saco roto, levando-o a adoptar uma atitude mais humilde.

É o que gosto mais ao ler um romance: ver ambos os elementos do casal a mudar a sua atitude na vida, a amadurecer, por causa do outro, mas não forçados. Creio que no caso destes dois, com feitios tão difíceis, semelhantes e compatíveis isto prolongar-se-ia pela vida fora. As discussões lá em casa deveriam ser algo de épico, mas acredito que chegassem facilmente a um consenso. Oh, e os filhos? Ah, gostava de ver a cara da Elizabeth ao ter uma filha como ela. :P

Uma última nota para a tradução, que imagino que já tenha alguns anos décadas. Nota-se pelo uso de palavras já em desuso hoje em dia, mas não me incomodou. Achei bem giro, há coisas que encaixam melhor com a história. De resto, mete os pés pelas mãos uma ou outra vez, em momentos em que a passagem soa menos bem. Mas tendo em conta as coisas que vejo hoje em dia em termos de traduções e revisões, não são erros particularmente chocantes.

Título original: Pride and Prejudice (1813)

Páginas: 360

Editora: Civilização Editora

Tradução: José da Natividade Gaspar

2 comentários:

  1. Olá,

    Sem duvida um livro fantástico e que acabamos por ficar com o enredo para sempre no nosso pensamento, quem diria que o enredo levaria aquela volta ? Adorei.

    Por acaso um livro, dos muitos, que fazia parte da promoção que a revista sábado fazia, belos tempos :D, e que comprei por um euro, valeu o dinheiro empregue ;)

    Belo comentário :)

    BJS

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    1. Obrigada! :) Que saudades dessa promoção da Sábado, era uma boa colecção...

      Eheheh, a reviravolta neste livro é a minha coisa favorita. Nada está escrito em pedra, e todos podemos mudar, e mudar de ideias. É uma boa moral a tirar da história. :D

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