Opinião: Assassinos? Com piratas à mistura? Pode ser uma premissa inusitada à primeira vista, mas faz todo o sentido. Era mesmo este o tipo de livro que queria ler quando me propus a explorar um bocadinho a fantasia épica no género YA. Aventura, magia, perigo, dois personagens que não se suportam com uma tarefa impossível entre mãos ... o que não há para gostar?
Agrada-me o que a autora fez aqui em termos de definição de cenário e worldbuilding. Ela descreve o suficiente para nos sugerir que este mundo tem uma base exótica, com desertos e oceanos à mistura, e um pouquinho de cultura árabe, mas descreve apenas o suficiente para conjurar uma imagem, que deixa o leitor preencher o resto com a sua imaginação. O mesmo se passa com o sistema de magia neste mundo. Sabemos que há tipos de magia (de sangue, aquática, por exemplo). Sabemos que que há maldições e todo o tipo de encantamentos. Mas a autora não se perde muito em explicações complexas sobre este aspecto. A magia apenas é. Que refrescante não nos perdermos em divagações.
Os personagens principais, bem, têm tudo para eu gostar deles. Tenho um fraquinho por histórias em que as pessoas começam por não se suportar, mas algo as obriga a lidar uma com a outra, e pelo caminho começam a dar-se bem, e quem sabe algo mais. Neste caso, os dois personagens principais, um assassino e uma pirata, ficam colados um ao outro porque ele tem uma maldição sobre si, que o liga a quem lhe salvar a vida, de modo que essa pessoa não pode morrer sem acontecer o mesmo a ele. Adivinhem quem activa a maldição?
Achei piada à Ananna, a nossa pirata. É um pouco impulsiva - foge de improviso no primeiro capítulo, de um casamento arranjado pelos pais. Simplesmente vê um camelo, e como a direcção das coisas não lhe estava a agradar, pega no camelo e aí vai ela. Não sei como é que não se mete em mais sarilhos com esta atitude, mas suponho que também consegue ser ponderada, e acima de tudo consegue tomar conta de si. Não anda sempre a espadeirar, mas sabe decididamente usar uma espada. Consegue tripular um barco tão bem como qualquer homem (até melhor que alguns marinheiros que encontram pelo caminho). E tem uma boa intuição - a parte em que conhece a Leila tem o seu quê de ciúmes, mas a Ananna consegue ler muito bem a situação e perceber as nuances da relação entre o Naji e a Leila.
O Naji (bem, duvido que ele se chame assim... creio que as palavras dele são "podes chamar-me Naji", o que implica que não seja esse o seu nome) é o assassino. A sua atitude ao longo do livro intrigou-me e fez-me um pouco de comichão, porque passou o tempo a esconder coisas e a não contar outras à Ananna, e era muito calado e sempre a cismar. Mas o ser tão fechado também torna as coisas mais divertidas no sentido em que é recompensador quando o leitor/a Ananna percebe alguma coisa. (Como quando a Ananna percebeu como ele se sentia em relação às cicatrizes ao vê-lo com a Leila.) E suspeito que o tipo de magia que alguém pratica esteja relacionado com o feitio da pessoa. No caso do Naji, magia do sangue (mais negra) leva a um feitio mais fechado. Com a Ananna, magia da água, e um feitio mais volátil mas adaptável.
O que esperar do segundo livro? Para já, que a Ananna e o Naji se empenhem nesta coisa de quebrar a maldição através das tarefas impossíveis. (Para depois se darem conta que afinal, não queriam mesmo separar-se... oh, a minha cabeça encheu-se de possibilidades quanto ao desenrolar do final do livro, cada uma mais dramática e provavelmente ridícula que a outra.) Achei divertido que a Ananna visse o quão facilmente podia resolver uma das tarefas, o que lhe deu esperança para as outras, mas acho que muita tinta ainda há de correr quanto a este assunto. Espero que seja uma boa sequela, com todos os ingredientes que me fizeram adorar este livro.
Páginas: 304
Editora: Strange Chemistry (Angry Robot)
Olá,
ResponderEliminarResumindo uma leitura bastante agradável e que parece ter um enredo interssante, fiquei curioso :D
BJS
Uma história bem gira, cativante e a puxar para algumas fantasias épicas mais exóticas. ;) Fico animada em saber que te aticei a curiosidade. :D
EliminarNunca pensei que o Naji fosse tão vaidoso. xD só quando chegam à beira da Leila é que se percebe. Um assassíno tão poderoso não devia ser tão sensível quanto à aparência. Já não me recordo, mas não ficámos a saber como é que ele ficou assim pois não? Ainda por cima se era tão jeitoso. Mmm, ali há coisa.
ResponderEliminarBem, ele usa a máscara, e em grande parte das vezes as pessoas não o devem ver aproximar-se, por isso o aspecto dele não tem grande influência para o trabalho como assassino. Mas por outro lado aquela bruxa passa o tempo todo a mandar-lhe piadas, não admira que o rapaz se sinta inibido quanto ao seu aspecto. :P
EliminarA sensação com que fiquei foi que eles terminaram a sua ligação depois dele ficar assim, o que denotaria que a Leila é uma grandessísima interesseira. Grrrr... xD
A autora acabou de publicar um prequela conto/novela/whatever, pela sinopse suspeito que nos vai responder a muitas destas perguntas sobre a Leila e a cicatriz.
Mmm, às tantas a cicatriz é culpa da Leila... le b*tch. Ele pode ter feito alguma cena marada/perigosa por ela e acabou por sair magoado...?
EliminarCom sorte a prequela vem como bónus no segundo livro. :D